ADEMIR CRITICA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E DESEMPREGO NO DIA DO TRABALHO
O senador Ademir Andrade (PSB-PA) afirmou que não há nada a comemorar no Brasil no Dia do Trabalho. Ao abrir a Hora do Expediente da sessão desta quinta-feira (dia 29), reservada para discursos em homenagem ao 1º de maio, Ademir Andrade lamentou a grande concentração de renda no país.O parlamentar ressaltou que o Brasil detém atualmente o 8º maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os 189 países no planeta. Mas, quanto à distribuição de renda, o país está em 62º lugar no mundo.- É um absurdo o trabalho de uma pessoa valer dez, cem, mil vezes o trabalho de outra - afirmou o senador, lembrando que, na França, o salário de uma empregada doméstica é apenas oito vezes menor do que o de presidente de uma estatal.O senador destacou que, em 1996, 25% dos brasileiros ganhavam menos de um salário mínimo, índice que chegou a 25,7% no ano seguinte. Citou ainda o Banco Mundial, segundo o qual cada ponto percentual de queda na economia brasileira representa um milhão de pobres a mais no país. Com a diminuição da atividade econômica prevista em 3% pelo governo, haverá três milhões de pobres a mais no país este ano, observou.Ademir Andrade também questionou a concentração de terra no país, lembrando que três mil famílias estão acampadas no centro de Belém (PA), esperando ser assentadas. Outra crítica do senador foi dirigida ao setor de habitação. Segundo ele, o governo nada investe em moradia popular.O parlamentar afirmou que o povo brasileiro não tem acesso à saúde e à educação. Disse que a saúde permanece um privilégio dos que podem pagar planos privados, enquanto pessoas continuam morrendo no país devido à malária. Ademir Andrade lamentou ainda o fato de a educação ser inatingível para a maioria da população: 66% dos brasileiros não concluíram o primeiro grau.O mais grave de todos os problemas, disse o senador, é o desemprego, que atingiu, segundo ele, 19,9% em São Paulo. Ademir lembrou que o seguro-desemprego, que qualificou de "pífio", atinge apenas os poucos que puderam trabalhar com carteira assinada.O representante do Pará conclamou os senadores a lutar pela reforma agrária no Brasil. Ele afirmou que a produção agrícola brasileira equivale a menos de 10% da capacidade do país. E concluiu seu pronunciamento, lembrando o artigo da Constituição que estipula que todo brasileiro tem direito a um salário mínimo que atenda a suas necessidades.- Se o povo brasileiro tivesse conhecimento do direito que tem, não estaria tão acomodado, aceitando as condições absurdas em que vivem os trabalhadores brasileiros - afirmou.Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que sua geração foi incompetente para resolver o problema da distribuição de renda no país. Lembrou que, ao contrário de muitos países, no Brasil existe a riqueza necessária para acabar com a miséria, embora não haja determinação para que isto aconteça. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), em outro aparte, enalteceu a necessidade de se dar proteção às regiões mais pobres do país.
29/04/1999
Agência Senado
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