ADEMIR PREVÊ CAOS COM A ATUAL POLÍTICA CAMBIAL



A desvalorização do real, que deve proporcionar a redução das importações e o direcionamento da produção nacional para as exportações, vai, na opinião do senador Ademir Andrade (PSB-PA), gerar um cenário de aumento da inflação e redução da oferta, com contenção de consumo.- Essa situação vai levar o país ao caos social. Não há como a inflação ficar em um dígito este ano. Os juros vão aumentar, assim como o desemprego e a violência. Já há falta de produtos, como óleo e leite, no interior do país - declarou Ademir, que defendeu a adoção do sistema de currency board, em que o real teria uma taxa de convertibilidade em relação ao dólar.Durante a sabatina a que se submeteu na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente interino do Banco Central (BC), Francisco Lopes, concordou com a análise do senador de que a inflação é prejudicial à população e que, por isso, o governo tem que evitar que a mudança da política cambial tenha como conseqüência a alta dos preços.- Minha conclusão, porém, é diferente da do senador. Para conter a inflação temos que apertar a política monetária. Gostaríamos de reduzir os juros agora, mas uma política mais apertada a curto prazo vai permitir uma situação mais tranqüila a longo prazo - disse Lopes.Na avaliação do presidente do BC, o efeito inflacionário será transitório e "tanto menor, quanto mais decididos nós formos na política monetária". O currency board foi descartado por Lopes pelo fato de o Brasil não ter as condições básicas para fazê-lo funcionar. Segundo ele, esse sistema pode implicar um regime monetário "duríssimo", em que as taxas de juros não têm limite.Ademir considera que o Brasil está "praticamente repetindo" a política econômica do país entre 1982 e 1990 em que a balança comercial chegou a ter um superávit de US$ 16 bilhões, mas a inflação era "galopante".- O senhor diz que moratória é uma coisa nefasta, mas não podemos continuar com essa política de manter compromissos que não podemos pagar - afirmou Ademir, dirigindo-se ao presidente interino do BC.

26/01/1999

Agência Senado


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