Aécio quer alterar Lei de Responsabilidade Fiscal









Aécio quer alterar Lei de Responsabilidade Fiscal
Deputado defende a redução do índice pago pelos Estados

JUIZ DE FORA - O deputado federal Aécio Neves (PSDB), candidato ao governo de Minas Gerais, disse ontem que pretende liderar outros governadores com problemas de caixa em uma campanha nacional por alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), caso seja eleito. Aécio Neves defende a ''redução temporária por três anos'' do índice de comprometimento da receita dos Estados para 6,5% - hoje é de 13% - com o pagamento da dívida com a União. ''Vamos negociar'', reforçou o tucano, que descartou a possibilidade de privatizar a Cemig e a Copasa, as estatais mineiras de energia e água.

Aécio afirmou ainda que tem planos de promover um ''choque de gestão'' na administração pública para devolver a credibilidade ao Estado e superar as dificuldades financeiras do governo. O tucano negou a necessidade de fazer cortes no funcionalismo.

''A situação do Estado é extremamente grave, mas com autoridade política - que será o componente mais importante que incorporarei - estou certo de que é possível resolver os problemas de Minas'', reiterou o presidente da Câmara, em entrevista à tv. Para ele, sua falta de experiência administrativa será compensada pela ajuda de uma ''equipe de intelectuais, além de uma extensa rede de apoio''.

''Se for eleito, acho fundamental ter em torno de mim uma bancada que vá além da bancada mineira, com até cem parlamentares'', explicou o neto de Tancredo Neves.

Apesar de admitir que a situação do caixa do Estado de Minas é bastante delicada, o deputado prometeu aumentar de 2.000 para 3.000 o número de equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). Com a mudança, o número de agentes para atender a população subiria dos atuais 12 mil para 20 mil. Os recursos para viabilizar o projeto viriam, em parte, de uma determinação constitucional que passa a valer a partir do ano que vem, segundo a qual o percentual do Orçamento destinado à área da saúde passará de 10% para 12%.

Uma das alternativas para garantir verba para Minas é buscar empréstimos junto a organismos internacionais. ''Onde houver recurso possível de ser investido no Brasil, garanto que uma parte virá para Minas Gerais.''


Collor de olho no Planalto em 2010
MACEIÓ - O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB), candidato da Frente Popular Trabalhista ao governo de Alagoas, anunciou ontem seu projeto político para voltar à Presidência da República e reafirmou o apoio à candidatura de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB).

''Pretendo governar Alagoas por oito anos e depois sair para disputar a Presidência da República (em 2010), de onde saí por uma série de injustiças. Tenho certeza de que cometi vários erros, mas aprendi muito com a dor e com o processo de linchamento que nenhum político brasileiro sofreu. Agora, vou votar no Ciro Gomes, que tem todas condições para administrar o país'', disse o ex-presidente.

Segundo ele, Ciro estaria sofrendo as conseqüências da ''nacionalização'' da eleição de Alagoas. ''A grande mídia do país nacionalizou a eleição de Alagoas e os adversários de Ciro tentaram utilizar, de forma negativa, algumas das nossas características, mas ao contrário do eles pensavam, Ciro Gomes continuou crescendo nas pesquisas eleitorais.'' A Executiva Regional do PPS não se pronunciou sobre o apoio de Collor a Ciro Gomes.
Para Collor, líder das pesquisas de intenção de voto para o governo de Alagoas, seu prestígio impulsionou o crescimento do candidato à Presidência Ciro Gomes (PPS). ''Desde que a imprensa nacional começou a vincular o nome de Ciro ao meu, vocês vejam, ele cresceu'', disse, em entrevista à TV Pajuçara, retransmissora do SBT. Segundo o ex-presidente, as semelhanças entre ele e Ciro são as responsáveis pelo bom desempenho do candidato à Presidência. ''Sou jovem e o Ciro é um pouco mais jovem que eu. Somos do Nordeste e somos o novo.''


Na Fiesp, Serra diz que será ''caixeiro-viajante''
Apelido foi dado a Bill Clinton por viajar muito ao exterior

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem a empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que pretende ser um ''caixeiro-viajante'' se vencer as eleições. Foi uma referência ao ex-presidente dos EUA Bill Clinton, que ficou conhecido por este apelido devido à suas constantes viagens internacionais com objetivos comerciais.

O tucano prometeu que, se eleito, se empenhará mais do que o atual governo para aumentar o volume de exportações brasileiras. Segundo Serra, apenas uma posição mais agressiva em relação ao comércio exterior irá criar condições para que a economia brasileira volte a crescer.

O candidato evitou fazer criticas ao presidente Fernando Henrique, que nos quase oito anos de mandato já passou mais de 365 dias fora do país. Serra voltou a manter um discurso cuidadoso sobre a sua relação com o governo do presidente. Na Fiesp, ele disse que queria ''falar sobre o futuro, e não discutir ações do passado''.
O tucano destacou como fundamental a assinatura de acordos bilaterais. Ele entrou em terreno polêmico ao afirmar que a tarifa externa comum do Mercosul, que obriga as negociações feitas pelo Brasil a serem aceitas também pelos outros países do bloco, está ''amarrando'' o crescimento do país. ''A tarifa comum do Mercosul está sendo prejudicada, e o bloco econômico está em frangalhos. Podemos pensar na hipótese de suspender temporariamente esta tarifa, para que os países membros possam fortalecer suas economias e, posteriormente, retomar o acordo'', disse.

Serra também afirmou aos empresários que nesta eleição não quer ficar marcado apenas como uma opção para evitar a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. ''Eu venho a esta reunião não como o 'anti-Lula', mas como o 'anti-desemprego'. É assim que eu gostaria de ser encarado''. Serra disse que gostaria de vencer pelas suas propostas, e declarou que se sente melhor preparado que os adversários.


Números desmentem candidatos
Economista de Ciro diz que mínimo em 1995 equivalia a US$ 83, mas poder de compra era de US$ 100

BRASÍLIA - As acusações mútuas de ''desonestidade intelectual'' e de ''faltar com a verdade'', trocadas por Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB), durante o debate da Rede Bandeirantes, permanecem como palavras de ordem. Os sites de ambos reproduzem os ataques. Serra acusou Ciro de ter mentido ao dizer que, durante o governo Itamar Franco, o salário mínimo era equivalente a cem dólares. E Ciro acusou Serra de ter se omitido quanto à pergunta sobre o destino do dinheiro obtido pelo governo federal nas privatizações. De fato, os números apontados por Ciro não existem.

''Quando ele (Ciro Gomes) era ministro da Fazenda, o salário mínimo foi de US$ 82 dólares na média dos meses'', criticou o tucano. De fato, o mínimo era de R$ 70 quando Ciro assumiu o ministério, em setembro de 1994. E o dólar estava cotado a R$ 0,881 para venda no mercado livre, de acordo com dados do Banco Central. O mínimo equivalia então a R$ 79,45. Quando Ciro deixou o governo, em janeiro de 1995, o dólar estava cotado a R$ 0,845, e o salário mínimo era correspondente a US$ 82,84.

O economista Luiz Rabi, um dos responsáveis pelo programa de Ciro Gomes, disse ontem que Serra errou. ''Ele confundiu valor nominal com o valor real, que é o poder de compra da moeda'', disse. ''Nos quatro meses de Ciro no governo, o valor nominal do mínimo era mesmo de US$ 82. Mas a inflação americana de 21%, entre setembro de 94 e junho de 2002, faz com que o poder de compra do mínimo daquela época seja de US$ 99,5 dólares. Ou seja, quem recebia US$ 82 naquela época, teria hoje cem dólares.''

Serra ainda acusou o adversário de ter sido contrário ao aumento, como era o desejo do então presidente Itamar Franco. O tucano citou declarações de Ciro Gomes aos jornais na época, para justificar sua posição desfavorável ao reajuste, temendo o impacto nas contas públicas. No final de dezembro de 1994, Ciro e a equipe econômica discutiram com Itamar a idéia de um abono de R$ 15 para o mínimo. Isso elevaria o mínimo de R$ 70 para R$ 85, equivalente a cem dólares.

Fernando Henrique compareceu à reunião, na condição de presidente eleito. O mínimo só aumentou, de fato, em maio de 1995. Mas, verdade seja dita, não era apenas Ciro quem temia o efeito do mínimo de cem dólares. O presidente eleito chegou a declarar o mesmo. ''Falar do aumento sem reforma da Previdência Social é demagogia'', disse FH ao JB, em 1994.

Outra acusação feita pelo tucano contra Ciro foi quanto aos índices de inflação. ''Ciro diz que a inflação foi zero no primeiro mês do Plano Real e de 6% no segundo, mas a verdade é que foi 6,84% no primeiro mês e de 1,86% no segundo mês'', disse o tucano, sem revelar o nome do índice. Sete taxas de inflação mostram que Serra tem razão. Nenhuma registrou zero em julho de 1994. Mas tampouco apontou os percentuais indicados pelo tucano. O ICP da Fipe foi de 6,95%. O ICV-SP, do Dieese, 7,59%. O INPC, do IBGE, 7,75%. O INCC-DI, 10,45%. O IGP-M, 40% - em real foi de 4,33%. O IGP-DI, 24,71% - em real, 5,47%. O IPC-r, 6,1%.


Conselho repudia censura
BRASÍLIA - O Conselho de Comunicação Social repudiou ontem a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe jornalistas de emitirem opinião sobre candidatos em programas de rádio e tv e vai pedir que a medida seja revista. Além de lamentar a resolução, o jornalista Carlos Chagas a equipara a um ato de censura. Ele lamenta não haver tempo hábil para revogar o embargo antes das eleições. Também membro do Conselho, o jornalista Alberto Dines afirma que a imprensa não pode ficar à mercê de decisões judiciais. ''Não podemos abrir mão de valores democráticos'', afirma. Para ele, mesmo que não seja possível fazer com que o tribunal volte atrás, não há dúvida de que é desejável.

O presidente do Conselho, José Paulo Cavalcante, entende que é necessário garantir o direito de expressão a todos os brasileiros. Embora não considere a decisão do tribunal adequada, ele concorda que não é admissível que determinados conglomerados de comunicação atendam a interesses políticos de grupos específicos.


Técnicos analisam codificação das urnas
BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu ontem técnicos em computação de partidos políticos e instituições. Eles vieram conhecer e avaliar os programas que serão usados nas urnas eletrônicas do próximo pleito. Até esta sexta-feira, os especialistas terão acesso ao código fonte de cada etapa do sistema.

No primeiro dia, foi analisada a criptografia. Responsável por codificar a troca de informação entre as máquinas, o programa foi contestado pelo presidente do PDT, Leonel Brizola. Uma das razões da reclamação é o fato dele ser operado pelo Centro de Pesquisas em Segurança das Comunicações, ligado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Ontem, pela primeira vez, o tribunal abriu o código da criptografia para avaliação dos partidos políticos. Com segurança reforçada no prédio, os participantes assinaram um termo para garantir o sigilo das informações.

O TSE também vai aproveitar para apresentar novidades como a votação paralela. Similar ao exame antidoping no futebol, os partidos poderão escolher duas urnas por estado para serem testadas no dia de eleição.

Outro sistema que será avaliado é o voto impresso. Pelo dispositivo, o eleitor poderá conferir sua escolha impressa numa cédula de papel. Por enquanto, ele será implementado apenas no Sergipe, DF e outros 75 municípios.


Lula é aplaudido por operadores da Bolsa
Candidato quebra protocolo e faz discurso de improviso

SÃO PAULO - O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quebrou o protocolo ontem e discursou no meio dos operadores da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Lula, convidado a dar palestra para investidores e analistas de mercado, foi calorosamente recebido quando chegou ao prédio da entidade. De improviso, resolveu falar aos operadores antes de subir para o auditório da sede. ''Para o país crescer, a Bolsa também precisa crescer'', disse, sendo muito aplaudido.

Ao entrar no meio do pregão, os operadores chegaram a gritar ''É campeão''. Muito à vontade, Lula não demorou para subir ao local onde fica o diretor da Bolsa. Pegou o microfone e discursou por uns três minutos. Os operadores responderam aos gritos de ''eu compro, eu compro''.

Pela primeira vez na Bovespa, Lula lembrou que sua visita tinha um valor histórico. ''Num outro momento, a Erundina (Luiza) tinha estado aqui e não foi tão bem recebida. Esse encontro demonstra que estamos todos amadurecidos''. Coincidência ou não, durante sua rápida fala, a Bolsa de São Paulo - que caia 2,65% no momento em que Lula subiu ao palanque - chegou a reduzir a queda para 2,45% ao fim de seu discurso.

Lula disse que pretende popularizar a Bolsa brasileira. ''Sugiro um grupo de trabalho, que contará com representantes daqui e do PT, voltado apenas para o fortalecimento da Bolsa. No nosso governo, dialogaremos com todos os setores da sociedade. E não será diferente com vocês'', afirmou.

No fim do encontro, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, comentou que foi quebrado um tabu. ''Isso é a democracia. Sinal de que todos nós estamos amadurecendo'', completou.


Rita vai a protesto contra governo
Candidata promete concluir estrada

BRASÍLIA - Candidata a vice na chapa do tucano José Serra, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) foi escalada para fazer o trabalho pesado da campanha. Ontem, participou de um protesto dos caminhoneiros do município de Lucas do Rio Verde (MT), a 350 quilômetros de Cuiabá. Detalhe: era uma manifestação contra o governo federal. Isso, um dia depois de Serra, no início do debate da Tv Bandeirantes, ter procurado desfazer a imagem de um alinhamento automático com o governo FH.

O ''caminhonaço'' reforçava uma reivindicação de 32 anos: o asfaltamento da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém (PA). Rita foi pessoalmente conversar com os caminhoneiros. Os quase 90 veículos são usados para levar milho e soja até o porto de Santarém. Rita assumiu compromisso de que o governo José Serra concluirá a pavimentação da rodovia. ''É um compromisso que nós queremos e vamos fazer. A BR-163 é importante para aumentar as exportações, gerar divisas e empregos'', disse a vice.

A todos os caminhoneiros, fez questão de reforçar: ''Essa é uma obra para o Brasil e pelo Brasil e está dentro das prioridades do programa de governo'', defendeu. Durante o debate de domingo, na TV Bandeirantes, Serra garantiu que concluirá a pavimentação da rodovia. Rita, por sua vez, fez elogios cautelosos ao governo federal. Falou da parceria com o ex-governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), que permitiu ao Estado deixar de ser importador de 75% de energia, para se transformar em exportador de energia.

A BR-163 ainda tem 960 quilômetros sem asfalto. O coordenador do comitê de Serra, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), disse que a iniciativa de Rita Camata tem total apoio. ''O comboio de caminhões vai atravessar a estrada e não fará nenhuma paralisação. É só para chamar atenção para a conclusão da estrada'', argumentou Pimenta.


Rosinha não quer 2º turno
Candidata do PSB se mostra animada depois do acidente de sexta-feira

Uma Rosinha risonha, alegre, brincalhona , com uma ''sensação de grávida'' na barriga. Foi assim que a candidata do PSB ao governo do Estado se apresentou ontem à tarde, em seu apartamento, no Cosme Velho, com muita paciência para mostrar aos fotógrafos e cinegrafistas, inúmeras vezes, o local exato da contusão no abdômen que ainda a incomoda.

Rosinha Matheus não parecia muito interessada em falar sobre as causas do acidente nem sobre os resultados das investigações: ''Não acredito que foi algo premeditado. Acho que ficou muita gente concentrada no mesmo lugar. Todo mundo, incluindo os jornalistas, estava aglomerado perto de mim e do Garotinho. Nos próximos palanques, vamos tomar mais cuidado para evitar tanta gente junta.''

O desempenho do marido no debate da TV Bandeirantes deixou Rosinha satisfeita: ''Ele foi muito bem. E sobretudo mostrou para o Brasil todo que é candidato e que não vai desistir. Quanto a isso não há dúvida''.
Ela confirmou que ligou para Garotinho, no meio do debate, para dar um conselho: que não deixasse de responder a determinadas críticas dirigidas a ele por outros candidatos. Rosinha não quis revelar, no entanto, qual, exatamente, o assunto que a incomodou e o que sugeriu ao ex-governador: ''Isso é segredo''.

Ontem à tarde, a candidata ainda não sabia se iria cumprir a agenda de hoje. O problema principal é que o abdômen ainda está muito dolorido - ''intocável'', segundo sua expressão - e ela teme ser enlaçada no corpo-a-corpo, por algum simpatizante mais afoito. Há um complicador: Rosinha é alérgica a quase todos os analgésicos e antiinflamatórios. O que não ocorre com Garotinho, que teve dores mais fortes que a mulher e ainda sente dificuldades para se locomover

Ao lado da filha Clarissa - que não se machucou no acidente - Rosinha contou que não desmaiou, logo após o desabamento do palanque, como chegou a ser divulgado: ''Só perdi as forças. Minha primeira preocupação foi saber se o Garotinho e a Clarissa estavam bem. Depois, quis informações sobre as outras pessoas, se havia algum ferido mais sério. O importante é que nada de mais grave aconteceu''.

De volta à campanha, a candidata não faz por menos: ''Não vou ficar só comemorando o resultado das pesquisas. Quero ganhar no primeiro turno.'' Diz já estar ''prontinha'' para a entrevista de amanhã no telejornal local da TV Globo e para o debate entre os candidatos ao governo do Rio, domingo , na Bandeirantes: ''Quero, basicamente, mostrar as minhas propostas. Mas se alguém vier para atacar, vai ter resposta'', antecipa.


Alckmin tem impugnação julgada
SÃO PAULO - O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo julga, hoje, o pedido de registro do candidato Geraldo Alckmin (PSDB-PFL-PSD). A candidatura do atual governador foi impugnada por duas coligações: a ''São Paulo quer Mudança'' (formada por PT, PCB e PC do B), que apóia José Genoino, e a chapa ''Resolve São Paulo'' (formada por PPB, PL, PSDC e PTN), do ex-governador Paulo Maluf.

Segundo a argumentação das coligações, Alckmin estaria pleiteando um terceiro mandato como governador, ferindo, dessa forma, a legislação.

Na visão dessas coligações, Alckmin não pode ser candidato à reeleição porque substituiu o governador Mário Covas no fim de seu primeiro mandato (1995-1998) por quatro meses, quando Covas licenciou-se para concorrer à reeleição.

Eles alegam ainda que o atual governador substituiu Mário Covas em várias oportunidades no segundo mandato do ex-governador, e o sucedeu, a partir de 6 de março do ano passado, com a morte do governador.
O pedido de impugnação do atual governador será julgado a partir das 14h por sete juízes do TRE local. O presidente do tibunal, desembargador José Mário Antonio Cardinale, só votará em caso de empate.


Duelo de vencedores
Assessores e correligionários dos candidatos se gabam das atuações dos presidenciáveis na TV

BRASÍLIA - Todos os candidatos foram vitoriosos no debate de anteontem da TV Bandeirantes, na opinião de seus correligionários. Cada um encontrou uma justificativa para valorizar o ''peixe'' e desdenhar do desempenho adversário.

O coordenador da campanha de José Serra (PSDB), deputado Pimenta da Veiga (MG), comemorou o resultado, dizendo que o tom mais belicoso do candidato foi uma estratégia acertada anteriormente com assessores e marqueteiros para demonstrar ''energia e autoridade''. ''Um presidente tem que ser confiável e enérgico. Ninguém delega poderes a alguém que não tenha energia'', comentou Pimenta, acrescentando que Serra soube sair das situações delicadas e impor perdas aos adversários.

Os assessores do candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, disseram que ele está convicto da vitória no debate. Eles avaliaram que o ponto forte da apresentação foi a imagem de serenidade que passou, mesmo ao ser atacado pelos adversários. ''Ele só ficou irritado uma vez em todo o debate'', comentou um assessor.

Os aliados de Anthony Garotinho (PSB) avaliaram que ele centralizou as atenções do debate. ''Foi muito positivo. Praticamente toda a repercussão foi sobre fatos levantados em declarações de Garotinho'', disse o coordenador de comunicação, Fábio Dupin.

Para o coordenador político da candidatura, Roberto Amaral, foi alcançado o objetivo de mostrar Garotinho como um candidato de oposição ao sistema que sustenta o atual governo. ''Garotinho mostrou que é diferente. Fica difícil mostrar mudanças se a sua base de apoio tem pessoas que sustentaram esse sistema até há pouco'', disse Amaral, referindo-se às alianças dos outros candidatos.

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) avalia que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu cativar parte do eleitorado indeciso. Na sua opinião, Lula transmitiu serenidade, competência, preparo para governar e até uma certa autoridade perante seus adversários.

''Lula pode ter sido o grande beneficiado desse debate. Ele pode não ter sido perfeito, mas, só quem tem preconceito ou definição ideológica contra o PT não acha que Lula foi o melhor'', declarou o deputado, também coordenador da campanha petista. O tucano Pimenta da Veiga, porém, foi enérgico: ''Lula foi poupado. E isso pode ter dupla interpretação. Ou ele ficou acima da opinião pública ou ausente da discussão'', atacou, apontando defeitos também na atuação de Ciro e de Garotinho.


Artigos

O México, o Estado e a Igreja
Jarbas Passarinho

O papa João Paulo II visitou o México. Um grande jornal local publica a foto do presidente Vicente Fox, ajoelhado, beijando o anel de ouro do Pontífice. Na legenda, o protesto implícito: ''Que é feito do Estado leigo?'' No Brasil, um importante periódico reproduz a foto classificando-a de polêmica. Há que mergulhar na história do México, para tentar entender a reação do jornal mexicano e o gesto de reverência do presidente, católico praticante.

É preciso voltar, em vôo superficial que seja, ao século XIX. O ditador megalômano Santa-Ana, que no final de sua carreira ordenou honras fúnebres militares para a sua perna perdida em batalha, desencadeou guerra aos Estados Unidos da América, que anexara o Texas. ''Em uma das guerras mais injustas da história - escreve o notável poeta Octavio Paz, em El Labirinto de La Soledad -, já de si negra, da expansão imperialista, os Estados Unidos nos arrebatam mais da metade de nosso território. A derrota produziu uma reação saudável, pois feriu de morte o caudilhismo militar encarnado no ditador Santa-Ana.'' Não de todo, pois depois viria Porfírio Diaz. Deposto o general, os liberais escrevem a primeira Constituição mexicana pós-Independência, em 1857. Se o catolicismo - como ensina o respeitado intelectual mexicano - foi imposto por uma minoria de estrangeiros vitoriosos na conquista militar, o liberalismo o foi por uma minoria nativ a de formação francesa. A Constituição era irrealista. Os conservadores apelam para as armas. Benito Juárez responde com as Leis da Reforma, entre elas a que confisca os bens do clero e separa a Igreja do Estado. Desde então o Estado méxicano é oficialmente zeloso de sua separação rigorosa da Igreja. Mantém (também oficialmente) firme a natureza anticlerical que atravessa o século XIX e consolida-se depois da revolução de 1910. O anticlericalismo consolida-se na Constituição de 1917, agravado pela violenta política radical de Elias Calles, chefe do Partido Nacional Revolucionário, mais tarde Partido Revolucionário Institucional (PRI), que dominou o México por muitas décadas sem chance para a oposição. Sua derrota só se deu com as eleições recentes que elegeram o presidente Fox.

É preciso, pois, levar na devida conta a política mexicana, em relação à Igreja, conquanto importante seja compreender: não basta aprovar leis para que a realidade se transforme. E a realidade está no caráter de um povo medularmente católico, que no dizer de seus próprios intérpretes ama o ritual festivo, celebra cerimônias, homens e efemérides com entusiasmo. As duas visitas do Santo Padre à terra de Montezuma provariam a força da fidelidade ao catolicismo. A primeira visita de João Paulo II preocupou o Vaticano, em 1979. Divulgava-se que o objetivo do papa seria desafiar a norma constitucional num Estado leigo e marcado por uma história de hostilidade à Igreja. Receava-se uma acolhida, se não hostil, fria. De fato, foi gélida. O presidente José Lopez Portillo, do PRI, recebeu-o solene, formal, desejou-lhe as boas vindas e deu-lhe as costas. O papa, que enfrentara os regimes comunista e nazista, não se deu por achado. Beijou o solo do México e logo foi recebido por 10 mil pessoas no aeroporto. Ao deixar o país, nada menos de 4 milhões de fiéis dele se despediram. Voltou, agora, João Paulo II a fazer sua derradeira visita não só ao México mas possivelmente também à América Latina, numa peregrinação que desafia o corpo alquebrado, um motivo a mais para a ovação que recebeu outra vez de milhões de católicos. Ademais, acabara de canonizar o primeiro santo indígena e beatificar dois outros descendentes dos aztecas, o que é absolutamente inédito.

Insisti em salientar a diferença entre o oficialismo anticlerical e a realidade. Viveu-a o Arcebispo de Aracaju, Dom Luciano Cabral Duarte. Contou-me de seu constrangimento, na Cidade do México, em 1972. Desconhecia ele a proibição constitucional de transitar publicamente usando a indumentária de sacerdote. Ao sair do hotel, pediu um táxi. O taxista olhou-o com certa curiosidade e logo lhe disse da proibição, acrescentando que também militares não podiam envergar seus uniformes dentro das igrejas. Quando Dom Luciano se desculpava e retirava-se, o taxista acrescentou: ''Senhor bispo, entre. Vou levá-lo aonde quer ir. Não se preocupe com a proibição. Nós, mexicanos, violamos esses dois artigos da Constituição e o governo viola todos os demais.''


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer

Três mocinhos elegantes
Considerando que a tensão passada, presente e futura entre José Serra e Ciro Gomes não tem nada a ver com deselegância ou falta de educação - sendo, antes, uma coisa de pele, em definição afetada - o debate de domingo na TV Bandeirantes trouxe consigo uma notícia boa: já se pode discutir política no Brasil usando o cérebro.

O fígado e os punhos parecem cada vez mais reservados ao uso dos ressentidos com alta dose de auto-estima e nem uma gota de discernimento.

Lula, Serra e Ciro - respeitados os limites de estilo e temperamento de cada um - comportaram-se à altura do eleitor. Coisa que há muito não se via, até porque há muito não tínhamos um embate dessa natureza.

Em eleições anteriores, o ocupante da dianteira sentia-se seguro (ou inseguro) o suficiente para não comparecer e a presença dos candidatos nanicos não raro tornava o debate um desfile de nulidades dizendo obviedades.

Portanto, muito mais importante e definitivo que o desfiar de impressões sobre quem ganhou ou perdeu, é a constatação de que a política, afinal, dá sinais de apreço pelo avanço.

E foi exatamente isso que tornou tão discrepantes os desempenhos dos candidatos do PT, PSDB e PPS, do show que pretendeu dar o postulante do PSB, Anthony Garotinho.

Chamá-lo de franco-atirador é conferir à sua performance um caráter estratégico que ela não teve.

Tentou ser um animador de auditório, mas revelou falta de graça abissal, zero grau de sensibilidade. À falta de capacidade para ressaltar contradições do adversário com um mínimo de sutileza, recorreu a modulações de tom de voz que soavam artificialíssimas. Às vezes pareceu querer imitar Leonel Brizola naquela ironia mordaz.

Como não tem atributos para tal, exibiu-se apenas dono do descompromisso dos perdedores.

Citou o Rio em todas as suas intervenções, como que a ressaltar a desimportância do resto do país diante do Estado que governou. Como se Ciro Gomes falasse o tempo todo do Ceará, Serra do governo Franco Montoro e Lula das lutas sindicais em São Bernardo do Campo.

Foram todos muito pacientes, mas também bastante resistentes, às tentativas de Garotinho de reduzir o debate ao popularesco.

Preservado, Lula seria injustiçado se se atribuísse apenas à bondade do adversário sua agradabilíssima participação. É certo que Serra e Ciro o querem como adversário do segundo turno e, por isso, deixaram-no em paz agora.

Mas o petista soube aproveitar como nunca a oportunidade. Espirituoso, à vontade, educado, Lula postou-se como um vencedor. Com a vantagem de fazê-lo sem ceder à tentação da soberba e da prepotência.

Foi, devagar, seduzindo a platéia reunida no estúdio da TV Bandeirantes a ponto de, do meio para o fim, provocar observações positivas de vários assessores de José Serra. Houve momentos em que arrancou aplausos entre o tucanato.

O grupo governista começou um tanto tenso com Serra, até que o candidato encontrou a chance ideal de fazer o que tinha ido ali para fazer: iniciar o desmonte de Ciro Gomes e exibi-lo como fraude, por meio da contestação comprovada de vários pontos de seu discurso.

Nitidamente preocupado em se manter sereno - o que conseguiu, não obstante os lábios severamente mordidos a cada ataque de Serra -, Ciro foi pego de surpresa pela virulência e obstinação do adversário.

O tucano, de fato, conseguiu confrontar Ciro Gomes com várias meias verdades que ele diz impunemente. Tanto que, depois de obter o direito de resposta à exposição de Serra sobre dados inverídicos a respeito da época em que foi ministro da Fazenda, Ciro não conseguiu desmentir nenhum deles.

Nessa linha, José Serra (que chamava o adversário pelo nome e sobrenome e era tratado por ele como ''senador'') fez algum estrago na figura de Ciro. Mas pode também ter atraído para si um indesejável reforço na imagem de antipático e obsessivo.

Se este primeiro debate não consolida posições - até porque outros virão - com certeza serve para direcionar as próximas aparições dos candidatos: Lula não permanecerá preservado até o fim, assim como Ciro procurará não se deixar pegar desprevenido outra vez.

Quanto a Serra, tem todo o direito de escolher seu alvo e atacá-lo com as armas disponíveis. Talvez só exagere um pouco quando faz isso com as mãos em garra, passando a impressão de que seu destino é esganar.
E aí o eleitorado pode se assustar. Mesmo sabendo que o pescoço a prêmio veio lá do Ceará.

Trem fantasma
Ex-presidente do PRN que sustentou a candidatura de Fernando Collor, Daniel Tourinho - hoje correligionário de Anthony Garotinho -, entrou no estúdio da Bandeirantes, deu uma olhada em volta e sentiu-se em casa:
- Isso aqui está parecendo Maceió, só tem collorido!


Editorial

DISCUSSÃO INADIÁVEL

O tema segurança ainda não entrou na campanha eleitoral com o vigor indispensável. No entanto, ele é motivo de preocupação de todas as camadas, sem exceção. Dia após dia os índices de criminalidade abalam a opinião pública que exige das autoridades providências urgentes em todos os níveis, do município ao Ministério da Justiça e passando pelos governos estaduais.

Estas providências passam pelo combate implacável do crime organizado e pela limpeza do aparelho policial. Uma coisa sem a outra não funciona. Há um exemplo tocante na crônica policial fluminense que ilustra a impotência da ação policial quando ela própria está comprometida com a corrupção.

No segundo mês após o assassínio do jornalista Tim Lopes, ainda impune, a Secretaria de Segurança criou grupo de elite para investigar a participação de policiais em esquemas de proteção a traficantes - caso de Elias Maluco - e tráfico de armas.

Hoje mais do que nunca se sabe que traficantes, a exemplo de bicheiros, corrompem policiais e os trazem para seu lado do balcão. Os policiais fora do esquema estão fartos de saber disso. Mas para satisfação da opinião pública criou-se o grupo de elite para distinguir as maçãs podres do cesto. Não há como combater a insegurança social sem antes limpar o aparelho policial.


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08/06/2002


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