ALCÂNTARA VÊ RISCOS NO CRESCIMENTO DO CAPITAL EXTERNO NO SETOR BANCÁRIO



O capital externo vai dominar o setor bancário brasileiro? A indagação partiu do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), ao pedir hoje (dia 6), em discurso, providências "enérgicas e rápidas" para enfrentar a "onda" de aquisição de bancos nacionais por instituições estrangeiras.

A ausência de uma legislação que limite essas transações entre estabelecimentos de crédito nacionais e internacionais, na opinião do senador, "está levando a expressiva participação do capital externo no setor bancário brasileiro".

- Evidente que queremos competição, mas qual é o limite dessa competição? Se não houver um limite nessa participação, vamos ver o desaparecimento do capital nacional no setor bancário e, conseqüentemente, assistir ao domínio do capital externo nesse importante segmento da nossa economia - acrescentou.

Para o senador, "fala-se muito em economia globalizada", sem que se saiba onde está o comando dessa globalização. O assunto, a seu ver, poderia ser tratado pelos governos brasileiro e norte-americano durante a visita do presidente americano ao Brasil. Ele disse, entretanto, que a agenda econômica do encontro dos presidentes do Brasil e dos EUA "é muito pobre".

- Diante do volume de capital estrangeiro no setor bancário nacional, como vai ficar todo o esforço de ajustes brasileiros na economia internacional? Nossa balança comercial está com déficits permanentes; a pauta de exportação continua aquém das expectativas - frisou.

Após citar a lista de instituições financeiras nacionais adquiridas por bancos estrangeiros, Lúcio Alcântara explicou que, com a provável aquisição do BCN (Banco de Crédito Nacional) por um grupo espanhol, a participação internacional no setor deverá chegar a 22%."Essa concorrência é perniciosa aos interesses do país", disse.

- O setor bancário é que financia a economia, e, caso não sejam criados instrumentos hábeis e eficazes, o Brasil não terá meios para redirecionar esse financiamento. E o pior: a aplicação desses recursos é instável, o que torna nosso país totalmente vulnerável - alertou.

Em aparte, o senador Josaphat Marinho (PFL-BA) lembrou que, em 1985, quando de discussão em torno do capítulo da Ordem Econômica da Constituição, ficou claro que se "abria caminho para o ingresso desmedido de capital estrangeiro no setor".

Já o senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) disse que "a economia de uma maneira geral está correndo um enorme risco com a entrada de empresas estrangeiras. "Queremos capital estrangeiro, mas não sabemos seo Cade terá comocontrolar essa situação".

- O Senado Federal deve acompanhar, buscar explicações e ver que solução poderá ser dada. A entrada de capital externo deve ser lenta, gradual, e não da forma escancarada como está ocorrendo. Devemos alertar o governo - disse Palmeira.

O senador Humberto Lucena (PMDB-PA) lembrou o projeto de sua iniciativa que prevê limite de participação internacional em diversos segmentos da economia do país. Após esclarecer que o projeto encontra-se "parado" na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Lucena disse que "não se pode entregar de mão beijada toda a economia nacional".



06/10/1997

Agência Senado


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