Aliança tenta segurar Jarbas



 





Aliança tenta segurar Jarbas
Dirigentes do PSDB, PFL e PMDB insistem que candidatura à reeleição do governador é fundamental para a manutenção da aliança estadual

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) não tem sucessor natural dentro da aliança governista, e nenhum dos partidos admite perdê-lo para a Vice-Presidência da República na chapa do tucano e ministro da Saúde, José Serra (PSDB). Essa é a posição de líderes das legendas aliancistas, que não acreditam, não concordam e não incentivam Jarbas a deixar de se candidatar à reeleição. Sinceridade ou estratégia para segurar a aliança no Estado, tucanos, peemedebistas e pefelistas coincidem no discurso, utilizado como forma de ganhar tempo – até a definição do governador – sem por em risco a unidade.

O secretário de Projetos Especiais e Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Sérgio Guerra (PSDB), principal responsável pelo ato de campanha pela candidatura de José Serra, segunda-feira, em Passira, reforçou ontem o argumento pela preservação da aliança. “Estou convencido da relevância , para a coligação, da candidatura de Jarbas à reeleição. O nome que une é o dele. Sucessor natural não existe”, sintetiza.

Guerra chega a subestimar o poder de rápido crescimento do candidato José Serra, com percentuais convincentes, que dêem segurança a Jarbas para se decidir. “Não acredito que Jarbas saia em março ou abril do Governo para ser vice de um candidato que até então não estará com indicador de vitória, um projeto que não terá nitidez até lá”, diz. Segundo Guerra, o crecimento de Serra será “estrategicamente gradual, sem espasmos”.

O presidente estadual do PFL, deputado e secretário de Produção Rural, André de Paula, também constata a inexistência de um sucessor natural, na hipótese de Jarbas vir a aceitar o convite de Serra. “O candidato natural é Jarbas, líder da aliança. Outro nome, por mais razoável que seja, não passa de hipótese.”

André afirma que nem mesmo um nome do próprio PFL pode ser ser considerado, no momento, como opção mais provável, por não contribuir para a unidade e por ser prematuro. “Nenhum partido pode falar em pessoas, não se pode especular”, alega. O pefelista entende que impasses e cenários nacionais, que influenciarão na aliança estadual, precisam ser definidos, como as prévias do PMDB e o grau de intervenção do presidente Fernando Henrique na campanha. Tem certeza, porém, de uma questão: “Qualquer que seja a opção de Jarbas, ele só a fará se conseguir manter a aliança no Estado.”

Guerra revela que, na “hipótese improvável de Jarbas sair para a vice de Serra”, cria-se um cenário que não pode ser analisado hoje, porque será nacionalmente alterado. “Por exemplo, que papel terá o PFL?”, pergunta. O presidente estadual do PMDB e secretário de Governo, Dorany Sampaio, recorre à resposta mais clara, prática e objetiva: “Não me consta que tenha havido convite (de Serra), nem dá para acreditar nisso. Não é o momento oportuno”, diz. As razões são também objetivas: o PMDB vai realizar prévias para a indicação à Presidência, em março, aprovadas, inclusive com o voto de Jarbas. “Ele não iria atropelar isso. É uma questão de ética.”
Um tucano ainda eufórico pelo ato em Passira, e que prefere o anonimato, diz que “se o PFL apoiasse Serra, ficaria mais fácil apoiá-lo aqui”. E diz ter uma certeza agora: o PSDB se coloca da mesma forma que PMDB e PFL. “Qual partido faz o que fizemos para um candiato com 7%? O PFL tem força, mas não une tanto.”


Governador reforça articulação para levar PMDB a apoiar Serra
O governador Jarbas Vasconcelos reforçou ontem a articulação para levar o PMDB a apoiar a candidatura presidencial do ministro José Serra (PSDB). Em conversa telefônica com o deputado federal Geddel Vieira Lima (BA), líder peemedebista na Câmara, Jarbas trocou idéias sobre o cenário político e agendou um encontro para depois do Carnaval, em Brasília.

A exemplo do governador pernambucano, Geddel Vieira é contra o lançamento de uma candidatura própria do PMDB. Na semana passada, ele chegou a condenar as prévias marcadas pelo partido para o dia 17 de março, quando seria escolhido o candidato da legenda. Foi desautorizado pelo presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que, entretanto, já passou a admitir o cancelamento das prévias.

Ao mesmo tempo que articula internamente para abortar as prévias do seu partido, Jarbas trabalha para garantir a manutenção da aliança PSDB/PMDB/PFL/PPB em nível nacional. Também depois do Carnaval, ele terá um encontro com a governadora do Maranhão e pré-candidata do PFL, Roseana Sarney. Antes, vai se reunir com o 1º vice-presidente nacional do PPB, deputado pernambucano Pedro Corrêa. O PPB ensaia a candidatura do ministro Pratini de Moraes (Agricultura), mas deve se integrar ao palanque de Serra.

Sobre seu rumo político – se aceita a convocação para ser o vice de Serra ou se disputa a reeleição –, Jarbas mantém a mesma posição: só decidirá no final de março.


Luciano Bivar entra na briga pelo Senado
O deputado federal Luciano Bivar (PSL) anunciou ontem, em entrevista por telefone ao JC, de São Paulo, que seu projeto político para as eleições deste ano é disputar um mandato de senador. Disposto a ocupar uma vaga majoritária no palanque que deve ser encabeçado pelo deputado federal Eduardo Campos (PSB), Bivar frisou que tem o respaldo do seu partido e da executiva regional do PL, legenda que vem sendo cobiçada pelo PT e o PSB. Além disso, destacou que os socialistas, até agora, não esboçaram nenhum tipo de resistência à sua candidatura e que as negociações nesse sentido estão sendo feitas “diretamente” com o deputado Eduardo Campos (PSB).

“O que eu quero é concorrer ao Senado e esse é o objetivo do meu partido e também do PL de Pernambuco. Já tive conversas preliminares com Eduardo Campos e estamos caminhando para um entendimento. Esse entendimento seria a minha participação, como candidato ao Senado, na chapa liderada pelo PSB”, revelou Bivar.

O parlamentar anunciou sua intenção um dia após o senador Roberto Freire (PPS) ter questionado seu nome como o outro candidato ao Senado na chapa de Campos, alegando que Bivar não tem “perfil político” oposicionista. O PPS e o PSB já fecharam um acordo que garante a Freire a candidatura à reeleição numa coligação liderada pelos dois partidos.

Mesmo incomodado com a avaliação do pós-comunista, o deputado Luciano Bivar preferiu não fazer restrições à candidatura de Freire. Mas não desperdiçou a oportunidade de ironizar a “retórica” do senador.

“Não faço nenhum restrição a Freire, acho que ele até pode tirar conclusões sobre a minha posição política, mas definir esquerda ou direita é uma estratégia retórica de alguns políticos que só querem se manter no poder. O povo não quer ideologia, quer feijão na panela”, devolveu Bivar.


Freire quer agora “ampliar” o palanque
O senador Roberto Freire (PPS) avaliou ontem que o acordo entre o seu partido e o PSB no Estado não será um entrave para uma futura aliança com as demais forças de oposição à aliança PMDB/PFL/PSDB/PPB. Segundo Freire, o problema maior está no PT que, internamente, tem dificuldade de se unir em torno de coligações. “A cultura do PT é a do isolacionismo”, comentou o senador. O pós-comunista destacou, ainda, que a aproximação com o diretório regional do PDT figura, agora, como prioridade “essencial” para sustentar o palanque que deverá ser encabeçado pelo deputado federal Eduardo Campos (PSB).

“O PDT é essencial para a nossa aliança (PPS/PSB), assim como os outros partidos também. Não queremos fazer po lítica de exclusão, queremos somar forças a um projeto que está, cada vez mais, se concretizando.”

Em relação à sucessão presidencial, Freire disse que não existe nenhuma negociação em curso que pudesse unir o PPS aos setores dissidentes do PMDB, como o grupo ligado ao governador mineiro, Itamar Franco. Além disso, ele frisou que a união PPS/PSB no Estado não sofrerá interferências do palanque nacional, apesar de ambos os partidos investirem em candidatos distintos ao Palácio do Planalto: o ex-ministro Ciro Gomes (PPS) e o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB).

“Quem está o procurando o PMDB é o PT, que já andou conversando com o (ex-governador paulista) Orestes Quércia. Já o PSB é sintonizado conosco, apesar de estarmos tratando de nossas candidaturas nacionais de forma isolada. Mas isso não é empecilho para que tenhamos em Pernambuco uma boa relação”, assinalou.

Freire confirmou, ainda, que terá um encontro com o deputado Eduardo Campos e o ex-governador Miguel Arraes (PSB) na próxima semana.

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), declarou ontem que a aliança entre o PPS e o PSB tende a dificultar o diálogo para a construção de um palanque único das esquerdas. “Conversei com Waldemar Borges (secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e filiado ao PPS) e ele me assegurou que não há nada oficial. Porém, se o acerto for concretizado, respeitaremos. O diálogo ficará mais difícil, mas os partidos têm o direito de costurar suas alianças”, comentou.


Eduardo Campos procura evitar ruídos com o PT
A divulgação do acordo PSB/PPS no Estado irritou o deputado federal e potencial candidato ao Palácio das Princesas, Eduardo Campos (PSB). O vazamento da informação contrariou o parlamentar, que vem atuando ofensivamente nos bastidores, estruturando o palanque socialista para as eleições de outubro. Além de evidenciar, mais uma vez, seu nome na disputa majoritária - ainda não oficializada pelo PSB - a união firmada anteontem entre as duas legendas provocou outro efeito indesejável para o deputado: o possível surgimento de ruídos na negociação com outras legendas oposicionistas.

Um dia depois de reconhecer que a “aliança com o PPS em Pernambuco já havia ficado implícita desde outubro do ano passado”, Campos procurou negar que a coligação tivesse sido sacramentada com os pós-comunistas. Enquanto isso, o senador Roberto Freire (PPS) confirmava sua entrada no palanque socialista e já se dispunha a ampliar as forças políticas em torno da candidatura do deputado.

Apesar do receio de que o trabalho formiguinha de Campos, na construção de uma chapa a ser comandada pelo PSB, ficasse comprometido graças à exposição da aliança com o PPS, os líderes dos demais partidos da oposição não recriminaram a união entre os dois partidos. O senador Carlos Wilson (PTB), escolhido pelos petistas para disputar o Senado na chapa que será encabeçada pelo secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), reconheceu a “legitimidade” das negociações travadas entre socialistas e pós-comunistas.

“Essa aproximação foi importante porque deixou tudo mais claro. Dessa forma, fica bem mais fácil negociar. Antes não existia clareza e acho positivo que o PSB tenha preferência por Freire (para o Senado), assim como o PT tem preferência por mim”, comentou.

Seguindo a mesma linha, o presidente regional do PT e prefeito de Camaragibe, Paulo Santana, não recriminou a aproximação PSB/PPS, mas pediu maior sintonia entre “os palanques” oposicionistas. “A aliança PPS/PSB é natural e positiva. Ruim seria se o PPS fosse para o lado governista, como insistiam alguns. O importante agora é estarmos juntos para combater o inimigo comum, mesmo que as esquerdas estejam trabalhando em dois palanques distintos.”


Inocêncio festeja o resultado. Itamar reage com ironia
BRASÍLIA – O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, festejou o resultado da pesquisa Confederação Nacional dos Transportes/Instituto Sensus, divulgada ontem. O levantamento mostra que a pré-candidata do partido, governadora do Maranhão, Roseana Sarney, passou de 6,7% para 10% no voto espontâneo.

O publicitário Nizan Guanaes também comemorou o desempenho de Roseana Sarney nas pesquisas. Nizan, que é responsável pela divulgação da imagem da governadora, disse que ela deverá se firmar ainda mais depois da transmissão, amanhã, em cadeia de rádio e televisão, do programa nacional do PFL. “As pesquisas qualitativas que fizemos indicam que o nível de empatia dela com o eleitor é muito forte”, disse.

Guanaes acrescentou que a governadora deverá intensificar viagens pelo País, se expondo mais ao debate político “para mostrar que tem consistência, substância e que faz um bom Governo no Maranhão”.

Ontem, o ministro da Saúde, José Serra, percorreu, em campanha, municípios do interior de Alagoas. Ele disse que não está preocupado com a sua posição nas pesquisas de opinião. Para ele, o mais importante é a pesquisa das urnas no dia 3 de outubro.

ITAMAR – O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), reagiu ontem com ironia aos resultados das pesquisas eleitorais que registraram queda de seu nome em relação às intenções de voto para a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. “Do jeito que esse pessoal de pesquisa vai, eu vou acabar devendo”, disse. O governador ainda sugeriu que sua resposta será dada nas eleições. “Minha pesquisa é a de outubro.”


Artigos

Épica existência
Fátima Quintas

Minha alma chora uma existência indefinida. Sou tão pouco nesse mundo imenso que me perco a meio do caminho. Há muitas pedras, Drummond - quantas! -, como hei de contar? Ultrapasso algumas, outras se transformam em picos inalcançáveis. A estrada me impossibilita de engendrar qualquer retorno. Prossigo no firme propósito de divisar uma doce e extensa planície. Sento-me à beira de um atalho e confio na minha capacidade de debelar obstáculos. Talvez consiga sorver o necessário oxigênio da ventania que me habita. Há tanta coisa escondida que ainda não veio à tona! Parte de mim se conserva inexplorada. Deixar-me-ei rebentar ruidosamente. Não recearei a tempestade dos desejos.

Quero que a vida por mim passe. Que as marcas registrem as fugidias felicidades. Olhei-me de relance ao espelho. Tomei um susto. Era outra. As rugas já expressam um calendário vitorioso ou derrotado. Urge cultivar o gosto de ser. Somente através de um desmatamento corajoso atingirei a essência do eu. As buscas encorajam a vontade de conhecer-me cada vez mais, seja em linhas paralelas que não se tocam, seja em traços que se cruzam, apontando indivizíveis entroncamentos. O conjunto, um tanto surrealista, forma um desenho transbordante em cor e em rabiscos incompreensíveis. Em nome do que serei daqui para frente converto as pedras em símbolo da batalha. Afinal, a vida é épica. E os campos de embate são diários, quase contíguos, enfileirados em etapas ou ciclos temporais.

Carrego o meu modo de sentir. Não sei se corresponde à real intensidade dos anseios. Por enquanto, diz do meu jeitos de ser e de conceber um universo que sequer me enxerga. Distante. Arrogante. Indiferente. Tão poderoso que nele não me percebo. Claro, do tomanho que sou, acabo me extraviando da própria existência. Tenho tantos débitos comigo mesma! Como hei de saudá-los?

Já sei. Inventarei uma forma de fingir que existo. Assim enganarei a mim e aos que me cercam. Não é difícil imaginar a existência. Difícil mesmo é existir. O monóculo me amplia, então cresço e me agiganto. E não sou eu. Sou tão-somente uma sombra alongada de El Greco, a driblar as pedras que me impedem de avançar. Mas arrisco, ainda que minha pobre artilharia me decepcione. Recorro a outras armas. Guardo em g avetas secretas reforços que renovarão o arsenal bélico. Com especial maneio, arremato os disfarces para garantir um suspiro de existência. Não me perguntem nada. Não saberei responder. Em plena guerra de sentimentos, resta-me um campo minado. Andarei quase voando. O chão que piso apresenta grandes vulnerabilidades. Não há outro, todavia.

Eis-me na trincheira perigosa dos desejos. Hesitando. Num ir e vir assimétrico. Ora me arvorando numa valentia incontrolável. Ora me solapando em desdenhosas covardias. As ondulações persistem no areal das dunas, um belo espetáculo que me excita. Mas não me completa. Careço de existência para provar quem sou eu. Senão que farei de mim?

“Não me venha com conclusões”. Construo planos inacabados para acomodar a cadeia de retalhos. Divido-me em frações. Desiguais. Em nenhuma me julgo completa. Se eu fosse outra pessoa me alcançaria facilmente. Melhor não sê-lo para evitar um confronto nessa batalha renhida. Levantarei o troféu quando galgar as pedras do caminho. A paciência oriental servirá de guia à insistente e louca procura. Não estanco a busca. Se o fizesse, desistiria de existir. Darei o primeiro tiro no alvo do nada. Quem sabe surgirão alvos rareados do tudo?

Saudarei os mistérios. Que os enigmas se multipliquem e me outorguem a liberdade de errar. Falhando, falhando, falhando depositarei em mim mesma uma larga parcela de crédito. Não me burlarei com ilusórios acertos. Existo. Sou humana. Sou eu. Entre pedras, seixos, rochas, a batalha se trava. “Sim, sei bem/ Que nunca serei alguém./ Sei de sobra/ Que nunca terei uma obra./ Sei, enfim,/ Que nunca saberei de mim./ Sim, mas agora,/ Enquanto dura esta hora,/ Deixem-me crer/ O que nunca poderei ser.”


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

Lento e gradual
O título acima não tem nada a ver com o presidente Ernesto Geisel e a geopolítica de Golbery do Couto e Silva para devolver ao Brasil a sua democracia. Nada mesmo, a não ser que a expressão “lenta e gradual” cabe como uma luva neste jogo de xadrez que se tornou a sucessão pernambucana - uma jogada de longo alcance.

O que, na verdade, está dizendo Jarbas Vasconcelos quando não admite ser candidato à reeleição, embora já tenha dito que gostaria de tentar o Senado, e nem confirma, oficialmente, que aceita ser o vice de José Serra (PSDB)? O que não era considerado, agora pode ser uma explicação: Jarbas estaria cedendo às pressões do PMDB para continuar no cargo já que não precisa se desincompatibilizar para concorrer à reeleição.

Assim procedendo, arrumaria a aliança no Estado para se dedicar com mais atenção a cumprir o que anda prometendo: buscar a unidade em torno de Serra e levar o PMDB ao tucano. E se a hipótese for ser vice de Serra? Teria de deixar a aliança local bem arrumada para não correr o risco de perder em casa, mesmo que fique sem o apoio do PFL na aliança nacional. Se essa for mesmo a jogada, o PFL que se cuide: tem tudo para perder para o PSDB o lugar que tem na aliança local.

Com Serra na cabeça
Antonio Moraes está animadíssimo com José Serra. Em Passira, ao tentar explicar que o PSDB estava tomando todos os cuidados para “não misturar” o ato administrativo ao comício, o deputado não se conteve. Acabou rindo ao colocar um boné com a inscrição “Competência, Serra Presidente”. Mas nem todos acharam Serra bom de palanque. Houve quem cronometrasse até que o ministro citou 13 números de uma estatística, em apenas um minuto, aos agentes de saúde.

Devolução real
Por unanimidade, a 2ª Câmara do TCE julgou irregulares as contas de 1991 da mesa diretora da Câmara Municipal do Paulista. Todos os vereadores, na época, terão de restituir o dinheiro recebido a mais. Entre eles, Fernando Antonio da Silva (R$ 101.797,52), Cláudio Russel Wanderley (R$ 88.890,73) e João Pereira Leite Neto (R$ 87.973,52).

BB em cultura
O vice Marco Maciel acertou com o presidente do Banco do Brasil, Eduardo Guimarães, a aplicação de R$ 1,9 milhão para instalar no Recife o primeiro Centro Cultural Banco do Brasil no Nordeste. Ficará na Rua Benfica, no Sobrado da Madalena, do século 19. As obras de adaptação têm prazo de oito meses e o centro terá novo teatro com 180 lugares.

Inocêncio diz que o nome de Roseana já pegou
Inocêncio Oliveira classifica como extraordinários os resultados conseguidos até agora por Roseana Sarney nas pesquisas. E lembra: o PFL não fechou ainda coligação com nenhum partido. Logo, conclui, o mérito é só da candidata.

Lavareda vai ter agência só para políticos
A revista Meio&Mensagem especula no seu último número que o pernambucano Antônio Lavareda irá comandar a ressurreição da agência MPM, agora nas mãos de Nizan Guanaes, para tratar só com governos estaduais. E precisa?

Curto e grosso
Waldemar Borges (PPS) tem opinião formada sobre esta longa história de aliança entre o PPS e o PSB. “A respeito do chamado acordo entre o PPS e o PSB, admito que melhorou muito. Afinal, as mesmas pessoas anunciaram na semana passada que o acordo era entre o PPS e o PFL”, alfineta o secretário de João Paulo.

Astral limitado
A MCI, responsável pelo CD com o Hino de Pernambuco em ritmo de frevo, forró e mangue beat, tem recebido tantos pedidos de cópias que a agência garante que o CD não será vendido nas lojas. O Governo Jarbas vai distribuí-lo apenas com escolas, ONGs e instituições culturais no País.

O prefeito de São João, Antônio de Pádua, diz que foi obrigado a assinar decreto de “calamidade administrativa” para ter “crédito extraordinário” de R$ 11,5 milhões para este ano. Os vereadores rejeitaram a sua proposta orçamentária e, em convocação extraordinária, rejeitaram a aprovação de crédito especial.

Romário Dias, presidente do Legislativo, vai passar o Carnaval em Porto de Galinhas, mas já agendou algumas prévias. Estará apenas nos camarotes do Parceria, próximo domingo, em Boa Viagem; e no Galo da Madrugada. Depois, deixa o celular ligado enquanto estiver na praia porque o ano é eleitoral e ninguém resiste a um apoio prévio.

O professor Rafael Brasil Filho desafiou o prefeito de Caetés, José Luiz Sampaio (PT), a morar, com residência fixa, pelo menos seis meses no município que administra. Rafael diz que o prefeito passa mais tempo no Recife que em Caetés. O desafio foi feito através do jornal Correio Sete Colinas, de Garanhuns.

O deputado federal José Múcio Monteiro, hoje no PSDB de Sérgio Guerra, foi um dos políticos mais festejados pelo vice-presidente Marco Maciel no lançamento da candidatura do ministro José Serra no Centro de Convenções. José Múcio deixou muitas lembranças no seu antigo partido, o PFL.


Editorial

A REFORMA DO JUDICIÁRIO

Ganha forma no Congresso Nacional uma mudança profunda do Poder Judiciário, com inestimável repercussão na vida dos brasileiros. Talvez seja muito cedo para soltar rojões festejando a modernização de uma instituição ainda atada a formalidades não muito distantes do Direito Romano. Do Judiciário se dizia, até há pouco tempo, que seu maior avanço tinha sido a máquina de datilografia.

Da simbologia crítica que associava o Judiciário à escritura a bico-de-pena, resta o caminhar lentíssimo que compromete a crença da Nação em uma instituição indispensável à democracia. Não há mais nenhuma dúvida de que nosso Judiciário padece da morosidade e isso se reflete na vida de todos os brasileiros que esperam solução para seus litígios. Quando a solução não vem, instala-se a descrença nas instituições.

A Reforma do judiciário, cuja proposta de emenda já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, deve significar a superação desse gravíssimo entrave a o exercício da democracia plena, com a aplicação da prestação jurisdicional obedecendo aos princípios mais elementares de segurança, certeza e celeridade.

Algumas questões ainda vão provocar muita discussão e é natural que assim seja, porque a reforma implica em mexer com uma estrutura que parecia cristalizada em sua intangibilidade, mesmo quando eram, e são evidentes e agressivas as deficiências. Pois se a Justiça não anda, a tendência pode ser, até, o crescimento de uma forma condenável de dizer o direito como se fazia no passado: a solução privada dos litígios.

Uma das questões mais polêmicas é a que propõe a súmula vinculante, que gera, dentro do próprio Judiciário, o temor da supressão da liberdade dos juízes, e isso é um fato. Mas a ele se antepõe a necessidade imperiosa de fazer com que o Judiciário ande e não fique refém – como acontece hoje – das procrastinações. O que fazer? Aí entra o grande debate nacional, para o qual todos devem estar acordados, a fim de que tenhamos a melhor das reformas.

O que se busca com esse trabalho renovador, é em última instância, um novo ciclo civilizatório, marcado pela consolidação da cidadania. É muito significativo constatar que esse esforço não é privativo de deputados e senadores, mas fruto, inclusive, do clamor da sociedade organizada, de entidades ligadas à realização do direito, à fiscalização da aplicação da lei, tanto quanto de organizações de trabalhadores e empresários, de instituições religiosas e, mesmo, de magistrados nos mais variados níveis.

Aqui mesmo, em Pernambuco, a Associação dos Magistrados vem cobrando atitudes transformadoras do Poder Judiciário, desde a postura ética ao reconhecimento da urgência em adotar mecanismos que agilizem a prestação jurisdicional, para dar resposta mais rápida às questões da sociedade que paga o salário de todos os que fazem os Poderes da República.
Esses são elementos alentadores nas expectativas que podemos ter para nosso País no novo ano que se aproxima, carregado de tensões internacionais. E porque repercutem tão intensamente em nosso cotidiano, é mais do que urgente trabalharmos para aprimorar as relações internas. Veja-se, como mais um exemplo, a questão dos precatórios. A Reforma aponta na direção de transformá-los em títulos de sentença judicial, o que fará com que o credor possa ver seu crédito pago em tempo certo, extinguindo-se de vez esse instituto com freqüência visto como um calote que compromete a atividade econômica.

Outras iniciativas são politicamente recomendáveis em qualquer setor da vida nacional, como é caso do combate ao nepotismo. Se esse é um instituto condenável noutros segmentos, quando se trata do Judiciário ganha conotações de escândalo, porque da magistratura se espera sempre, por princípio, uma dignidade que está acima de qualquer suspeita. Ao propor meios de combater o nepotismo, a Reforma do Judiciário faz avançar nossas crenças e esperanças de que, enfim, a base da democracia deverá ser fortalecida.


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01/30/2002


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