Jarbas costura manutenção da aliança









Jarbas costura manutenção da aliança
Governador confirma que aceita ser candidato a vice do senador José Serra

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) confirmou ontem que aceita ser vice do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, desde que resolva os "problemas internos" da aliança estadual e que eventuais dissidências do PMDB nacional não criem obstáculos para o acordo. Na prática, essas dificuldades dependem apenas de tempo para ser resolvidas. O PPB e o PSDB não querem, em Pernambuco, apoiar uma chapa estadual em que o candidato a governador não seja o próprio Jarbas - na verdade, não querem que o candidato a governador seja do PFL, como deve acontecer se não houver uma grande mudança de rumos. No plano nacional, o PMDB antigovernista nunca esteve tão enfraquecido: anteontem o principal nome desse grupo, o governador Itamar Franco (MG), retirou a pré-candidatura à Presidência.

Em setores majoritários da aliança não se acredita que a resistência do PPB e PSDB possa consolidar-se a ponto de forçar o governador a deixar de disputar a vice-presidência. Ontem o próprio Jarbas sinalizou neste sentido, ao referir-se aos integrantes do PSDB: "Eles acatam minha decisão". Quanto ao PPB, tem uma bancada muito pequena (dois deputados federais) e sua posição está atrelada a dos tucanos.

O líder do PSDB estadual, Sérgio Guerra (deputado federal licenciado e secretário estadual de Projetos Especiais), é quem encabeça a resistência a uma composição em que o PFL seja cabeça de chapa na disputa estadual. Embora estejam no mesmo governo, Guerra e o PFL nutrem um sentimento de desconfiança mútuo. Ontem, Guerra - juntamente com os presidentes estaduais do PMDB (Dorany Sampaio) e do PFL (André de Paula), o vice Mendonça Filho e secretários estaduais - participou de uma reunião com o governador para discutir o novo cenário. No encontro, em nenhum momento ele colocou objeções a uma composição em que o candidato a governador fosse outro que não Jarbas. "Ninguém me colocou isso (a resistência do PPB/PSDB). Eu li nos jornais, mas como não faço política pelos jornais, faz de conta que não existiu. Só existe quando a pessoa diz para mim", afirmou o próprio Jarbas, durante entrevista no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo estadual.

O governador sabe, porém, que uma chapa estadual sem a sua participação é muito difícil de montar. "Não posso deixar minha base desarticulada. Uma saída minha traz desarranjos, que podem ser momentâneos, mas são desarranjos", disse. Para evitá-los ele vai passar os próximos dias em articulações com os aliados. Para isso, cancelou a viagem que faria a Portugal na Semana Santa. E na próxima segunda-feira terá um encontro com o vice-presidente Marco Maciel, no Recife. O anúncio oficial de sua decisão deve ser feito até 2 de abril (a data-limite de desincompatibilização é 6 de abril), no Recife, garantiu.


Mendonça será governador aos 36 anos
Vice assume o cargo em 6 de abril, quando Jarbas sai para campanha presidencial

A partir do próximo dia 6 de abril, Pernambuco passa a ter um novo governador. O vice de Jarbas Vasconcelos (PMDB), o pefelista Mendonça Filho, assumirá o cargo, concretizando antecipadamente uma meta traçada pelo clã dos Mendonça há mais de oito anos. Aos mais próximos, integrantes do grupo comemoram: "É um prêmio". Jarbas deve confirmar até o dia 2 a renúncia, ao mesmo tempo em que oficializará a sua participação como candidato a vice da chapa presidencial do ex-ministro da Saúde, José Serra (PSDB). A aliança que conta com Jarbas na linha de frente foi fechada no início desta semana pelas cúpulas nacionais do PMDB e do PSDB.

Em um contexto nacional onde o PFL está sendo empurrado contra a parede pelos tucanos, a alternativa deixada aos pefelistas pernambucanos ainda é das melhores. Mendonça Filho ficará com a máquina administrativas nas mãos. Terá nove meses para tomar as rédeas do Governo e dar à sua gestão uma cara própria.

O projeto do grupo, chefiado pelo deputado federal José Mendonça - pai do vice-governador - é utilizar o tempo que resta até a eleição de 6 de outubro para colocar nas ruas a campanha à reeleição de Mendoncinha (forma como é chamado no meio político). Terão que ser ágeis na mudança do rumo. O clã previa para Mendoncinha mais quatro anos de gestão como vice de Jarbas. Esperava ganhar tempo para que ele se cacifasse como líder no PFL para disputar a eleição ao Governo posteriormente com o apoio de Jarbas.

RETROSPECTIVA - Mendonça Filho estará recebendo, agora, a "prova de gratidão" que os pefelistas esperavam. José Mendonça andava aos quatro ventos anunciando sua expectativa de empossar o filho como governador ainda este ano, dizem os aliados. Estava mandando um recado a Jarbas. Cobrava, indiretamente, pela sua atuação como principal articulador da aliança União por Pernambuco.

José Mendonça assumiu papel de destaque na aproximação entre o PMDB de Jarbas e o PFL em janeiro de 1994. A aliança entre os dois partidos - que até aquela data seguiam caminhos opostos na política estadual -foi selada na fazenda do deputado, em Belo Jardim. Desde então, a coligação "inusitada" ganhou espaço e força. Passou pela eleição de 94 para o Governo do Estado (quando Gustavo Krause, do PFL, foi candidato, derrotado, ao Governo contra Miguel Arraes, do PSB).

votação - A aliança União por Pernambuco consolidou-se em 1996, com o apoio de Jarbas ao candidato do PFL, Roberto Magalhães e, em 1998, chegou ao seu ponto mais alto. Jarbas lançou-se no pleito, disputando a cadeira do Palácio das Princesas com Arraes, tendo o PFL como aliado principal no Interior do Estado. O resultado: uma vitória histórica. Jarbas obteve um milhão de votos à frente do candidato do PSB. Pela consagração da vitória de 98, o PFL sempre disse ser merecedor de um quinhão. Esperava apenas a sua hora. Muitos acreditam que ela acaba de chegar.


Como Jarbas se tornou vice de Serra
Governador de Pernambuco viveu dois dias de tensão e negociações em Brasília

BRASÍLIA - Na agenda do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, o dia de ontem começou anteontem, quando retornou de Brasília. "Até 2 de abril, tenho um imenso lote de tarefas a cumprir", disse antes de embarcar de volta para o Recife. Ele não pretendia dormir. Convocara reuniões que varariam a madrugada. "Preciso arrumar a casa, e isso não é fácil." Jarbas referia-se à difícil construção de um nome para sucedê-lo no governo estadual que aglutine o seu PMDB, o PSDB do ex-prefeito recifense Roberto Magalhães, o PFL do vice-presidente Marco Maciel e o PPB do deputado Ricardo Fiúza.

Logo pela manhã, o governador pernambucano comunicou a três assessores que havia aceitado o convite para ser vice na chapa presidencial de José Serra (PSDB). Revelou, também, que o anúncio oficial formalizando a dobradinha não seria feito em Brasília. Nem na quarta-feira. "Vai ser no Recife. Como posso anunciar isso aqui? Vão dizer que abandonei o estado." Em seguida, Jarbas telefonou para Serra e desmarcou o encontro que eles teriam no começo da tarde. "Não dá para ser agora. Vão fazer fotos nossas, isso será primeira página de todos os jornais e o que digo lá?", justificou-se com o senador tucano. "Tenho muitos problemas locais." Serra ainda insistiu, mas resignou-se e desligou o telefone, dizendo que entendia. Parte da estratégia do PSDB traçada para abafar os ecos do pronunciamento do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) da tribuna do Senado tinha ido por água abaixo. Mas isso se configuraria uma preocupação boba: o "sim" de Jarbas já tinha se constituído num dos assuntos políticos do dia e concorria para ofuscar, de fato, o discurso do pai da governadora Roseana Sarney (PFL).

A sagração de Jarbas Vasconcel os foi um ritual ensaiado a fórceps pela Executiva do PSDB e pelo presidenciável oficial, José Serra. Eram os tucanos que queriam o pernambucano na chapa de Serra, e não a turma do PMDB. "Olhe, eu não tenho uma afinidade, assim, exata, com a direção do partido", advertiu Jarbas a Serra na penúltima conversa que tiveram antes da confirmação do convite. Era o que o tucano queria ouvir. Era o que ele esperava do governador a quem fez incontáveis sinais de deferência durante a passagem de quase quatro anos pelo Ministério da Saúde. Depois de São Paulo e do Rio de Janeiro, Pernambuco foi o estado da federação que Serra mais visitou como ministro. Nessas visitas, que combinam com a antológica teimosia e compulsão de Serra, começou-se a construir a ponte destinada a fazer o pernambucano transitar do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, para almejar a sucessão do amigo Marco Maciel no Palácio do Jaburu (residência oficial dos vices).

GEDDEL NADA SABIA - Depois de advertir Serra de que não tinha "afinidade" com o comando peemedebista, Jarbas rumou para um almoço com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, e com os líderes do partido no Senado, Renan Calheiros, e na Câmara, Geddel Vieira Lima. Isso ocorreu na última terça-feira. Temer sabia que teria de sair do encontro com o sinal positivo do pernambucano.Renan almejou o posto, mas foi vetado pelo PSDB de São Paulo - quando era ministro da Justiça, trocou tiros pesados com o então governador paulista Mário Covas (morto em 1998, de câncer). Geddel resistiu abertamente aos titubeios jarbistas. "Você tem de aceitar agora, ou temos outro nome", disse. "Quem?", quis saber o governador. "Henrique Eduardo Alves", propôs Geddel. Jarbas Vasconcelos rebateu com um "Pedro Simon é melhor". O diálogo entre os dois é azedo.

Ao sair da conversa inconclusiva com Jarbas, o líder do PMDB rumou para o Congresso. Lá, cruzou com o deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), um dos fiéis escudeiros de Jarbas. Chamou-o para uma sala e trancou a porta. "O que esse cara quer?", perguntou Geddel. Sérgio Guerra estranhou o desrespeito. "Que cara? O governador?", quis saber. "É. Se ele demorar muito perde a vaga." O interlocutor pernambucano do líder peemedebista insistiu na conversa perguntando quem barraria o nome de Jarbas. "Henrique. Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte", explicouGeddel. "Tem ótimo trânsito aqui em Brasília, é da bancada, é nordestino, é bonitão e fotografa bem ao lado de Serra. Diga a seu governador que se decida." Sérgio Guerra deixou incrédulo o gabinete de Geddel e reproduziu a conversa para Jarbas, que sorriu ao ouvi-la. O vice de Serra já era ele, mas Geddel não sabia. "Precisamos construir a solenidade dessa escolha. Essas coisas têm ritual. O PSDB precisa formalizar o convite ao PMDB, e amanhã o José Aníbal vai se encontrar com o Michel", anunciou Jarbas para Sérgio Guerra. O tucano pernambucano confirmou, então, que Geddel pouco sabia.

Um dos rituais exigidos por Jarbas Vasconcelos tinha a ele próprio por protagonista. E precisava ser cumprido com urgência: comunicar tudo a Marco Maciel. Os dois se encontraram na noite de terça no Jaburu. Foi uma conversa franca, longa e pontuada por silêncios. "Ele falou pouco. Tenho certeza que não vai aceitar ser o candidato. E aí vai ser uma zorra difícil de resolver", resumiu Jarbas para um secretário de Estado ao relatar o encontro com Maciel. "São esses problemas regionais que me impedem de deixar Brasília, esta semana, como candidato a vice anunciado e oficializado. Pernambuco é complicado", disse ao Correio Braziliense.

Na hora do almoço de anteontem cumpriu-se outro dos rituais de sagração. O presidente do PSDB, José Aníbal, visitou o colega do PMDB, Michel Temer, e brincou de tornar oficial a proposta de aliança presidencial entre os dois partidos. Como tudo fora acertado com antecedência, não havia muito a falar. A reunião foi rápida e só serviu para uma photo-op.

A coalizão das duas legendas que se separaram em 1988 (o PSDB nasceu de uma cisão do PMDB durante a Assembléia Nacional Constituinte) começou a ser ensaiada em janeiro de 2001, quando elas se uniram para fazer do peemedebista paraense Jader Barbalho presidente do Senado e do tucano mineiro Aécio Neves presidente da Câmara. Com a renúncia de Jader em outubro de 2001, obrigado a tomar essa decisão para não ser cassado por corrupção, Temer ganhou o comando de fato de um grupo expressivo do PMDB.

Tchau, ITAMAR - O terceiro compromisso ritual estabelecido por Jarbas para aceitar a candidatura de vice-presidente na chapa oficial tornou-se público quando o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, renunciou à pré-candidatura presidencial pelo PMDB. José Serra foi o artífice desse anúncio. Num telefonema dado ao governador mineiro e ex-presidente, combinou os termos da rendição. Como moeda de troca, os tucanos prometeram imolar o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB), que deseja voltar ao Palácio da Liberdade desconstruindo a administração de Itamar. Ele foi avisado pelo comando partidário de que não terá apoio oficial nem extra-oficial para tamanha empreitada. O adversário Itamar foi devidamente comunicado disso. E capitulou. "Cumpri os compromissos que assumi com a idéia da candidatura própria do PMDB. Perseguir nesse rumo seria inócuo. Resta-me agora voltar o pensamento e a minha ação política para os interesses de Minas Gerais, que é o que os mineiros esperam", afirmou Itamar em nota divulgada por um assessor.

Agora, resta a Jarbas Vasconcelos driblar a última e mais fácil tarefa ritual: sagrar-se vice de José Serra numa convenção nacional do PMDB. Ávidos por dividir o poder federal, os peemedebistas sabem que essa é a melhor chance de o partido virar sócio de primeira classe da Presidência da República.


Sérgio Guerra rejeita nome pefelista
Tucano rejeita tese de que vice Mendonça Filho é nome natural para substituir Jarbas Vasconcelos no governo e na chapa majoritária da aliança que disputará as eleições deste ano

Ao entregar o Governo de Pernambuco para o vice-governador Mendonça Filho (PFL), o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), estará, na prática, escolhendo o herdeiro político de um espólio que já vinha sendo disputado por diversos aliados que alimentavam projetos majoritários. Há um consenso geral de que Jarbas antecipou uma disputa que ocorreria daqui a quatro anos, quando todos estariam no páreo, porque ele não poderia mais se reeleger e, portanto, não haveria mais o "candidato natural" da aliança. A disputa mais visível estava acontecendo justamente entre Mendoncinha, como o vice é tratado internamente, e o secretário de Projetos Especiais, Sérgio Guerra (PSDB).

A hegemonia do poder estadual está na iminência de ser passada para o grupo Mendonça, que não é do agrado de muitos setores da aliança, inclusive do próprio vice-presidente da República, Marco Maciel, mas foi Sérgio Guerra quem ensaiou o primeiro levante contra esta situação, produzindo conjuntamente com o PPB uma nota contrária ao PFL na cabeça dechapa. E é Sérgio Guerra, na opinião de alguns governistas, quem ainda pode criar mais obstáculos, até pela oposição que sempre fez, internamente, ao PFL, que também sempre teve muitas restrições à sua inclusão na aliança jarbista.

Outros insatisfeitos, como o líder do PFL na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, e os deputados Joaquim Francisco, Oswaldo Coelho, Armando Monteiro Neto e José Chaves, tendem a aceitar calados tudo o que o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) decidir. Um dirigente tucano destacou, por exemplo, que entregar de mão beijada o governo de Pernambuco à forças consideradas atrasadas e representantes das oligarquias regionais é uma incoerência do PSDB nacional, que vem derrubando explicitamente no Brasil inteiro coronéis como o ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães (ACM).

O mesmo dirigente tuca no enfatizou que, por mais que Jarbas precise "arrumar a casa" para ser o candidato a vice de Serra, este seria um preço muito alto apenas para preservar os interesses do PFL e do vice-presidente Marco Maciel. Não por acaso, os tucanos locais continuam a ameaçar montar um palanque com o PPB e lançar candidatos a governador e senador. O fato é que o PSDB é o partido do candidato a presidente de quem Jarbas pode ser o vice, o senador José Serra (SP).

O PSDB tem, assim, toda a legitimidade de reivindicar esse palanque, inclusive com o argumento de que ele servirá para fortalecer a candidatura Serra em Pernambuco. Depois de tentar minar de todas as maneiras a candidatura de Mendonça Filho, Sérgio Guerra resolveu silenciar. Ele esteve com Mendoncinha, ontem, no Palácio do Campo das Princesas, na reunião feita pelo governador, que durou de quatro horas, porém negou-se a falar uma palavra sobre o seu conteúdo.

Na coletiva que concedeu após a reunião, o governador Jarbas Vasconcelos demonstrou claramente que proibiu qualquer vazamento de informação. Mas, para a maioria dos aliados que estão à margem do processo e com grandes incertezas, a fórmula para compor os interesses do PSDB e do PFL começou a ser produzida nesta reunião. Por vários motivos, entre os quais o de quem estava presente. Além de Guerra e Mendonça, o secretário de Educação, Raul Henry (PMDB) também participou.

Ele pode não só ser o candidato a vice de Mendoncinha, como ser o cabeça de chapa da aliança, se as resistências ao vice não forem eliminadas. Mesmo ameaçandocom palanque próprio, Guerra ainda pode se compor e integrar a chapa com Mendoncinha como candidato ao Senado. E Mendoncinha é quase governador do Estado e candidato da aliança.


Deputados vêem PSDB com desconfiança
Pefelistas afirmam que Sérgio Guerra "teve sua vez" quando foi candidato a vice na chapa de Roberto Magalhães e agora não pode reivindicar a indicação do nome para governador

Os deputados da base governista na Assembléia Legislativa continuam apostando no poder de negociação do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) para resolver o impasse criado na aliança PMDB/PFL/PSDB/PPB após sua decisão de disputar a vice-presidência da República. Eles acreditam que Jarbas é o grande comandante da aliança e saberá conduzir a "tropa" sem deixar vítimas. O principal nó da questão é fazer com que o PFL e o PSDB cheguem a um entendimento.

Os pefelistas vêem com desconfiança a movimentação do cacique do PSDB, o deputado federal licenciado Sérgio Guerra. A desconfiança vem desde o período que o tucano entrou na aliança em 1999. Guerra é acusado de não ter ajudado o governador a se eleger, de cooptar parlamentares pefelistas e de ampliar seu partido com deputados do PSB, do ex-governador Miguel Arraes.

Os pefelistas consideram que Guerra já teve sua vez ao ser indicado como vice na chapa do ex-prefeito do Recife Roberto Magalhães. O acordo na época previa que após ser reeleito, Magalhães abririamão do cargo para disputar o governo e Guerra assumiria a Prefeitura do Recife. "Eles (tucanos) não votaram em Jarbas, levaram integrantes de nosso partido e querem se aliar com Jarbas e evitar a gente", afirmou um pefelista em reserva.

Um cacique do PFL declarou que alguns parlamentares tucanos não têm nenhum tato para negociação. "Antes mesmo de sentar para conversar, eles anunciam que não querem ficar conosco. Isso é coisa de político amador", afirmou um pefelista. Para o deputado Antônio Morais (PSDB), é preciso haver bom senso. "A aliança não precisa ser reconstruída porque não está esfacelada. Qualquer coisa que se diga hoje deve ser interpretada como futurologia", afirmou.

Na avaliação de Romário Dias (PFL), o quadro político em Pernambuco está nebuloso. "Vamos precisar da habilidade de Jarbas, de Marco Maciel e Sérgio Guerra para que a aliança não sofra uma reconstrução", afirmou.


Roseana chama opositores de hipócritas
Governadora do Maranhão confirma versão apresentada pelo seu marido, Jorge Murad

SANTA INÊS (MA) - Pela primeira vez, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, falou sobre os R$ 1,34 milhão apreendidos pela Polícia Federal na empresa Lunus: repetiu a última versão de seu marido, Jorge Murad, de que o dinheiro era mesmo para custear as despesas de campanha. Até então calada sobre o assunto, Roseana sustentou que é dessa forma que se faz campanha e chamou de hipócritas aqueles que duvidam da versão.

"O dinheiro que foi encontrado na firma foi dinheiro de campanha. Os políticos que estão aqui sabem que se faz campanha é assim. Sabem que quem está duvidando é hipócrita. Todos os políticos vivem dessa hipocrisia. Alguém tem de assumir", disse a governadora, durante um discurso no município de Santa Inês. Na primeira vez que foi questionada sobre o dinheiro, Roseana havia dito que os R$ 1,34 milhão eram para pagar funcionários da empresa.

A declaração tinha sido feita logo após a operação de busca e apreensão da PF. Na última semana, Roseana repetia que não falaria sobre o dinheiro. Ontem,ela manteve sem explicação a origem dos recursos. Disse que no momento certo os doadores do dinheiro serão indicados. Roseana garantiu que essa arrecadação fora do prazo legal, assumida publicamente na semana passada por seu marido Jorge Murad, não é ilegal. Ela pareceu ignorar a resolução do TSE que proíbe arrecadação de dinheiro de campanha antes da realização de convenções, em junho.


Artigos

Água e cidadania
Aloísio Ferraz

Engenheiro Agrônomo
A água é um elemento de grande significado para a vida humana, animal e vegetal do Planeta e, como conseqüência dessa importância estratégica, as políticas públicas necessitam incorporar essa relevância.

Ao longo da última década, os governos intensificaram suas preocupações na área de recursos hídricos. O interesse maior vem implicando o aperfeiçoamento, a ampliação e a magnitude das políticas públicas. É evidente que a ação governamental vem sendo mais notada a partir dos últimos anos, considerando as mudanças institucionais ocorridas no País sob a égide da Constituição de 1988, que inseriu profundas alterações incorporadas pelos governos estaduais, através de suas Constituições.

Por outro lado, o cidadão brasileiro, nos últimos tempos, passou a ser mais vigilante e exigente com os assuntos ligados ao meio ambiente. Isso é decorrência do aperfeiçoamento educacional, da melhoria do exercício da cidadania e também da gestão pública.

A água tem inserção muito forte sobre a qualidade do ambiente que as pessoas desfrutam, da mesma maneira que as alterações negativas ambientais agridem e comprometem a cidadania. Quando o Governo atua no setor, a impressão que se tem de imediato é de que ele está disponibilizando água para a população. De fato. Este é o produto comum à maioria dos projetos de recursos hídricos em Pernambuco e no Brasil - água para o abastecimento humano e para a produção. No momento em que for aprofundada a análise de projetos na área de recursos hídricos, no que diz respeito aos seus resultados, chega-se às seguintes conclusões: a) quando o homem dispõe de água em condições ideais ele tem cidadania plena; b) água significa saúde para a população e qualidade de vida; c)a oferta de água vincula-se diretamente à viabilização da criação de novos empregos no comércio, serviços, indústria e, sobretudo, na agricultura; d) os investimentos feitos funcionam como elemento estratégico para a construção de uma vida equilibrada e sustentável da sociedade.

Sociedades que se encontram em áreas com volume "per capita" disponível entre 1000 e 1700m2/hab/ano estão submetidas à estresse hídrico periódico e regular. Este é o caso de Pernambuco, que registra 1.270m2/ha b/ano contra 2.276m2/hab/ano, no Ceará; 2.694m2/hab/ano, em São Paulo, e 19.720m2/hab./ano,

no Rio Grande do Sul.

Fica comprovada, com isso, a escassez de água em Pernambuco, sobretudo para promover a expansão das suas atividades econômicas.

Este quadro modifica-se significativamente para melhor quando identifica-se que o Governo Jarbas Vasconcelos investe massivamente em obras estratégicas que estão viabilizando o abastecimento da população nos grandes centros urbanos e de populações difusas, melhorando a qualidade de vida e garantindo cidadania plena à gente pernambucana.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO - Silvia Bessa
Mendonça será governador aos 36 anos

A partir do próximo dia 6 de abril, Pernambuco passa a ter um novo governador. O vice de Jarbas Vasconcelos (PMDB), o pefelista Mendonça Filho, assumirá o cargo, concretizando antecipadamente uma meta traçada pelo clã dos Mendonça há mais de oito anos. Aos mais próximos, integrantes do grupo comemoram: "É um prêmio". Jarbas deve confirmar até o dia 2 a renúncia, ao mesmo tempo em que oficializará a sua participação como candidato a vice da chapa presidencial do ex-ministro da Saúde, José Serra (PSDB). A aliança que conta com Jarbas na linha de frente foi fechada no início desta semana pelas cúpulas nacionais do PMDB e do PSDB.

Em um contexto nacional onde o PFL está sendo empurrado contra a parede pelos tucanos, a alternativa deixada aos pefelistas pernambucanos ainda é das melhores. Mendonça Filho ficará com a máquina administrativas nas mãos. Terá nove meses para tomar as rédeas do Governo e dar à sua gestão uma cara própria.

O projeto do grupo, chefiado pelo deputado federal José Mendonça - pai do vice-governador - é utilizar o tempo que resta até a eleição de 6 de outubro para colocar nas ruas a campanha à reeleição de Mendoncinha (forma como é chamado no meio político). Terão que ser ágeis na mudança do rumo. O clã previa para Mendoncinha mais quatro anos de gestão como vice de Jarbas. Esperava ganhar tempo para que ele se cacifasse como líder no PFL para disputar a eleição ao Governo posteriormente com o apoio de Jarbas.

RETROSPECTIVA - Mendonça Filho estará recebendo, agora, a "prova de gratidão" que os pefelistas esperavam. José Mendonça andava aos quatro ventos anunciando sua expectativa de empossar o filho como governador ainda este ano, dizem os aliados. Estava mandando um recado a Jarbas. Cobrava, indiretamente, pela sua atuação como principal articulador da aliança União por Pernambuco.

José Mendonça assumiu papel de destaque na aproximação entre o PMDB de Jarbas e o PFL em janeiro de 1994. A aliança entre os dois partidos - que até aquela data seguiam caminhos opostos na política estadual -foi selada na fazenda do deputado, em Belo Jardim. Desde então, a coligação "inusitada" ganhou espaço e força. Passou pela eleição de 94 para o Governo do Estado (quando Gustavo Krause, do PFL, foi candidato, derrotado, ao Governo contra Miguel Arraes, do PSB).

votação - A aliança União por Pernambuco consolidou-se em 1996, com o apoio de Jarbas ao candidato do PFL, Roberto Magalhães e, em 1998, chegou ao seu ponto mais alto. Jarbas lançou-se no pleito, disputando a cadeira do Palácio das Princesas com Arraes, tendo o PFL como aliado principal no Interior do Estado. O resultado: uma vitória histórica. Jarbas obteve um milhão de votos à frente do candidato do PSB. Pela consagração da vitória de 98, o PFL sempre disse ser merecedor de um quinhão. Esperava apenas a sua hora. Muitos acreditam que ela acaba de chegar.


Editorial

A VOLTA DA MORDAÇA

A reação do PFL às investigações sobre supostas irregularidades nos negócios da Lunus, empresa de propriedade da governadora Roseana Sarney e do marido, Jorge Murad, avança agora sob impulso de atitude insensata. Por iniciativa do senador Belo Parga, pefelista maranhense, a chamada Lei da Mordaça foi desarquivada para entrar na pauta de votação da Comissão de Constituição Justiça do Senado. A exumação da proposta repõe em cena iniciativa contra as prerrogativas do Ministério Público arquivada há dois anos ante o repúdio generalizado da opinião civilizada do país.

Quer o PFL punir os procuradores que obtiveram do Poder Judiciário autorização para realizar sindicância na Lunus. Em processo regular que corre na Justiça Federal de Tocantins, levantaram-se suspeitas de que a firma fraudara contratos celebrados com a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na busca de documentos, figurou a apreensão nos escritórios da Lunus de R$ 1,34 milhão em notas de R$ 50.

Após seis versões sobre a origem do dinheiro, Jorge Murad explicou que se tratava de doações para a campanha eleitoral de Roseana. Coleta de doações antes da oficialização de candidaturas e sem notificação à Justiça Eleitoral é crime. A mobilização do PFL para cercear as funções do Ministério Público constitui contradição insanável. O certo seria agir para mostrar a inocência da governadora. Os procuradores cumpriram o dever de investigar. A Lei da Mordaça e outro projeto similar pretendem esvaziar as atribuições constitucionais do Ministério Público, conforme previstas no artigo 129 da Constituição. Ambos criam a obrigatoriedade de procuradores, promotores, juízes, membros dos tribunais de contas e delegados de polícia de guardarem silêncio sobre processos em andamento. Abrem a possibilidade de sujeitá-los a processos criminais com punição que pode chegar a dois anos de detenção.

Tão autoritárias são as normas previstas nos dois monstrengos jurídicos que afrontam até a liberdade de imprensa, um dos pilares do regime de franquias democráticas. O princípio fundamental sancionado na Carta Política é o de que as demandas judiciais são públicas.

Ressalvam-se apenas as que devam por lei ou por conveniência do Judiciário correr em segredo de Justiça. A imposição da mordaça impediria a mídia de ter acesso às causas que digam respeito ao interesse público. Não se deve ignorar que a vigilância dos órgãos de comunicação social tem sido decisiva para revelar irregularidades, fraudes, contratos lesivos e identificar os responsáveis.

Antes de pleitear restrições absurdas aos poderes investigativos do Ministério Público, melhor faria o PFL se atuasse para esclarecer o imbróglio e demonstrar que a governadora Roseana Sarney não praticou nenhuma irregularidade.


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03/22/2002


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