Jarbas exige unidade da aliança








Jarbas exige unidade da aliança
Para aceitar ser vice de Serra, Jarbas exige a unidade da aliança estadual e o apoio, sem problemas, do PMDB nacional. O senador Pedro Simon (RS) já trabalha contra

Tranqüilo, mas visivelmente cansado depois de passar uma noite sem dormir, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) admitiu publicamente, ontem, que aceita o convite para ser o vice-presidente na chapa encabeçada pelo ex-ministro José Serra (PSDB) - candidato do Governo Federal a presidente da República. O governador, no entanto, colocou duas condições para concretizar esse projeto nacional: aparar as arestas internas entre os partidos da aliança (PMDB/PFL/PSDB/PPB) para manter a coligação no Estado sem que ele dispute à reeleição, e obter a aprovação do PMDB nacional com o compromisso de sustentar sua candidatura, independentemente das facções e dos dissidentes.

“Resolvendo os meus problemas internos e os problemas do PMDB, tendo a clareza de que o partido sustente essa decisão após 5 de abril (prazo de desincompatibilização do cargo), não tenha dúvida (que aceitaria o convite)”, sentenciou. Antes da entrevista, Jarbas conversou longamente com os principais líderes da aliança, no Palácio, começando a impor sua força de maior cacique da coligação para garantir a unidade. E depois esteve com os secretários. Nos dois encontros, assegurou que a aliança tem nomes que podem disputar a eleição estadual sem a presença dele na chapa majoritária.

Pela primeira vez, Jarbas admitiu que uma crise se instalou dentro da aliança estadual porque ela foi formada lastreada unicamente em seu nome. “A aliança não pode girar em torno de uma pessoa só. Quando ela gira dá nisso”, justificou. Para encontrar a solução, o governador preferiu cancelar a viagem que faria a Portugal na próxima semana. Também marcou uma reunião com o atual vice-presidente, Marco Maciel (PFL), para a próxima segunda-feira.

A disposição do governador surpreendeu até os auxiliares mais próximos porque quando ele foi a Brasília, na última terça-feira, a posição era de recusar o convite de José Serra e concorrer à reeleição. Mas o governador terminou optando por um outro projeto defendido pela cúpula nacional do PMDB, que já enfrenta a resistência aberta do senador Pedro Simon (RS), que voltou a defender a candidatura próprio do partido. Simon decidiu retomar sua candidatura depois da desistência do governador Itamar Franco (MG), manifestada anteontem.

Em Pernambuco, a missão de Jarbas é escolher o nome que garantirá a manutenção da aliança apesar das diferenças partidárias. Ele se negou a comentar as informações que saíram ontem na imprensa de que o PSDB e o PPB estariam articulando uma candidatura própria, isolando o PFL. “Não faço política pelos jornais”, desconversou, num recado aos tucanos. Jarbas, no entanto, não deu apoio total à candidatura de seu vice-governador, Mendonça Filho (PFL), defendida como natural pelos pefelistas. “Ele pode ser candidato, tem todas as credenciais. Também temos Roberto Magalhães, Sérgio Guerra, Raul (Henry), Carlos Eduardo (Cadoca)”, frisou.


Governador reúne aliados e dá o ‘murro na mesa’
...E o governador Jarbas Vasconcelos deu o ‘murro na mesa’ e fez os aliados começarem a andar, com a perspectiva de estarem desgarrados dele. Na primeira reunião do governador, ontem, para falar claramente, olho no olho, sem o vai-e-vem do noticiário, não poderia ter sido da melhor forma. O efeito foi imediato. Tucanos e pefelistas estavam irreconhecíveis. Nem pareciam àqueles que, até anteontem, declaravam-se em guerra e se anunciavam no páreo para a disputa pelo Governo do Estado, se a aliança não se repetir no formato atual.

“Se antes, com Jarbas, era importante estarmos unidos, sem Jarbas é mais importante ainda”, reconheceu, ontem, um governista, horas depois da reunião no Palácio do Campo das Princesas.

O governador não fez nenhum milagre. E a metáfora do ‘murro na mesa’, citada acima, não traduz, de forma alguma, nenhuma postura sua de agressividade. Pelo contrário. Jarbas apenas dividiu com os partidos a responsabilidade de decidir o seu futuro político e, por tabela, o da aliança governista.

“Vocês acham que é importante para Pernambuco, para o futuro da aliança, essa candidatura a vice-presidente?”, questionou. Silêncio total. Não poderia ser diferente. Mas, muitos saíram dali com uma disposição, que talvez prescinda em que posição o governador estará: a de trabalhar pela manutenção da aliança.

Talvez o governador Jarbas nem precisasse ter chegado a tanto. É claro que esse chamamento dele remove a emoção, que tomou conta da base, e impõe a frieza da racionalidade. Mas o que fala, em alto e bom som, em favor do diálogo, é que agora, concretamente, a possibilidade de Jarbas ser vice de Serra é perfeitamente possível. Não se vive mais a doce ilusão de que ele será, de todo jeito, candidato à reeleição porque ele, Jarbas, entende que só assim, a aliança sobrevive.

Um dirigente de um dos partidos aliados já revelava, ontem, que “há um entendimento generalizado de que o projeto de manutenção da aliança exigiria, mais cedo ou mais tarde, capacidade de renúncia de alguém”. Nada como a dureza dos fatos, sacudida por um ‘murro na mesa’.


Não me interessa o que o PFL acha de Serra”
Os problemas na aliança estadual podem me impedir de sair daqui. Tenho que resolver isso. E Sérgio Guerra vai se encarregar de acalmar os tucanos. Os de bico grande e os de bico pequeno

O CONVITE DE SERRA
“Não aceitei ainda ser o vice da chapa de José Serra. Tenho o convite dele, mas isso tem um ritual dentro do PMDB. Pertenço a um partido que tem diversas facções e ainda há uma dissidência. As coisas não são fáceis dentro do PMDB. Tenho um prazo para me afastar do Governo até 5 de abril. Tenho que resolver os problemas de Pernambuco. Deixei claro isso para o PMDB e para José Serra”.

OS OBSTÁCULOS
“Seria não somente passar dentro do PMDB, como resolver os meus problemas aqui no Estado. Não posso deixar a base desarticulada. Ela não está articulada, e uma saída minha traz desarranjos que podem ser momentâneos, mas traz. Tenho que resolver isso para responder se sou ou não candidato a vice”.

AS COSTURAS
“Já tive uma reunião longa, hoje (ontem) pela manhã, com o PFL, o PMDB e o PSDB, as pessoas dos partidos. Coloquei tudo isso que estou colocando para vocês (da imprensa). Não há nenhuma novidade. Tenho um convite, a direção nacional do partido (PMDB) quer essa solução. Pelo menos a maioria. Mas não tenho condições de responder afirmativamente. Tenho que resolver a questão do PMDB (nacional) e da base de Pernambuco”.

OS PROBLEMAS DA ALIANÇA
“A aliança (estadual) não pode girar em torno de uma pessoa só. Quando ela gira, dá nisso (divisões). Acho que a gente tem quadros, tem nomes que podem resolver sem a minha presença, necessariamente, na chapa. Eu também posso, por exemplo, ajudar José Serra como cidadão, político, sem, no entanto, participar da chapa”.

OS RISCOS DA VICE
“Política se faz com risco. Acho que o problema não é esse. É ver as coisas dentro da ótica da aliança, dos partidos que a compõem. Não pertenço a um partido uniforme. O PMDB tem facções, tem dissidências. Depois, tenho que resolver os problemas da minha base”.

O ATAQUE DE SARNEY A SERRA
“Não vou responder, não. Deixa o senador (do PMDB-AP) pra lá. Tenho coisas mais importantes para cuidar”.

PUXÃO DE ORELHA NO PSDB
“Ninguém, na reunião da manhã (com os partidos), me colocou isso (posicionamento externado por dirigentes do PSDB estadual de que, com Jarbas na vice de José Serra, o partido lança candidato a governad or em Pernambuco). Não faço política pelos jornais. Faço de conta que isso não existe. Só existe quando as pessoas dizem para mim. Não faço política assim”.

AFAGOS AOS LÍDERES ALIADOS ATRÁS DA UNIDADE
“Mendonça Filho (PFL) tem todas as credenciais para isso (ser candidato a governador). É o vice-governador, merece toda a minha confiança. Como também Roberto Magalhães (PSDB), Sérgio Guerra (PSDB), Raul Henry (PMDB), Carlos Eduardo (Cadoca/PMDB). Todos eles são pessoas que podem, eventualmente, disputar a eleição (na hipótese de Jarbas ser mesmo o vice de Serra, desistindo da reeleição)”.

VONTADE DE ACEITAR A VICE
“Resolvendo os problemas internos e os problemas do PMDB nacional, tendo a clareza de que o partido vai sustentar essa decisão após 5 de abril, não tenha dúvida (de que aceitaria o convite). Nunca disse isso a José Serra com a clareza que estou dizendo a vocês (repórteres). Sempre disse a Serra que a questão da vice é um ato final. Necessariamente não precisa compor agora. Mostrei que seria necessário trazer de volta o PFL, o que está difícil. Pode ocorrer, mas não vai ser nesse momento. Resolvendo os problemas da base – são quatro grandes partidos, não é fácil administrar isso – e do PMDB (nacional), que é um pouco um saco de gato, então tenho condições de responder afirmativamente. Hoje não tenho isso”.

DESENCANTO COM O PALÁCIO?
“Não tem a questão de encanto e desencanto. Fui eleito por uma maioria esmagadora e tenho obrigações de governar o Estado. A decisão que eu vou tomar tem que levar isso em consideração. Isso é fundamental para mim. Não posso fazer nada que contrarie os interesses do Estado. Tenho pesquisas em que apareço em uma posição altamente confortável (na sucessão estadual). Recebi uma quando cheguei hoje (ontem) de madrugada. Um setor considerável da população não quer que eu saia daqui, que eu seja vice-presidente da República. Cabe a mim explicar. Mas isso não será obstáculo. Meus problemas são o da composição interna e o do PMDB”.

ALIANÇAS/VERTICALIZAÇÃO
“O que se fala muito é que isso vai mudar (a decisão do Tribunal Superior Eleitoral). Acredito que não. Mas aqui (em Pernambuco) a gente tem uma base tão sólida que pode fazer alianças sem ser formais. Isso não é obstáculo, poderá dificultar, mas não é um obstáculo intransponível”.

VICE EM OPOSIÇÃO AO PFL
“Para mim isso não vale nada. Vale o conceito que tenho de Serra. É uma pessoa séria, honesta e competente. O que o PFL acha de Serra não me interessa (referindo-se às acusações do partido sobre o suposto envolvimento do ex-ministro com a devassa que a Polícia Federal fez no escritório de uma empresa da governadora do Maranhão, a presidenciável Roseana Sarney)”.

GUERRA ACALMA OS TUCANOS
“Os problemas (nos partidos da aliança estadual) podem impedir que eu saia daqui. Tenho que resolver essa situação. Sérgio Guerra (maior cacique do PSDB estadual) vai se encarregar de acalmar os tucanos. Os de bico grande e os de bico pequeno”.

A DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
“Se eu deixar o cargo, não faço isso deixando uma incógnita. Não posso fazer isso com a opinião pública. Se sair, vou dizer no mesmo momento o que vou fazer (deixará definido seu rumo nas eleições de outubro).


Aliados já sinalizam para entendimento no Estado
Partidos que mais se atritam na aliança governista, PSDB e PFL tentam chegar a um acordo que garanta a manutenção da unidade em Pernambuco e assegure a vaga do governador na vice de José Serra

Passado o impacto inicial do convite e quase aceitação do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) em ocupar a vice na chapa presidencial do tucano José Serra (PSDB), abdicando da candidatura à reeleição, PSDB e PFL – partidos que mais se atritam na aliança governista – já acenam com a possibilidade de entendimento, em Pernambuco. O objetivo comum seria permitir que Jarbas diga sim ao convite, garantindo a unidade estadual, condição maior para atender a Serra e à cúpula nacional do PMDB.

Os presidentes estaduais do PSDB, Sérgio Guerra, e do PFL, André de Paula, que, pela manhã, receberam um apelo do governador pela unidade, ao lado de um pedido de posição de cada partido, revelaram à tarde que as legendas não vetam nenhum nome. Um discurso bem diferente do dia anterior. Guerra e André de Paula, respectivamente, secretários estaduais de Desenvolvimento Urbano e de Produção Rural, disseram que apenas querem discutir primeiro os critérios para a preservação da aliança. “Não acho que o PFL só queira a aliança se o candidato for dele. Ninguém me disse isso”, destacou Guerra.

A principal condição estabelecida pelo governador Jarbas Vasconcelos para aceitar o convite do PSDB nacional, a da continuidade da aliança no Estado – além de esperar o apoio definitivo do PMDB –, não é uma questão só de afirmação de liderança local. Jarbas não quer correr dois riscos ao mesmo tempo: o da disputa nacional com José Serra e o da aliança concorrer fragilizada em seu Estado de origem. O secretário e presidente pefelista, André de Paula, afirmou que a coligação governista vai ter que demonstrar que existe com base em um projeto para Pernambuco e não, exclusivamente, em torno da presença de Jarbas. “Ele é o maior fator de convergência, mas não é o único. Há outro, e que deve se sobrepor, que é a percepção da importância da unidade para o projeto de desenvolvimento iniciado em Pernambuco, e não em cima de episódios em eleitorais. Acho que os três partidos têm noção disso”, assinalou André de Paula.

O tucano Sérgio Guerra entende, porém, que a aliança estadual está mais do que nunca condicionada às definições nacionais. E cita duas questões hoje fundamentais para a preservação da coligação no Estado, além da verticalização imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral: para onde vai o PFL? Que destino terá a candidatura à Presidência da República da governadora pefelista maranhense, Roseana Sarney?


“Não fazemos oposição a Mendonça Filho”
O PSDB não rejeita Mendonça Filho como sucessor de Jarbas, na aliança, para a disputa do Governo. Quer, porém, discutir critérios para a continuidade do acordo, antes de falar em nomes. É o que anuncia o presidente tucano, Sérgio Guerra. Embora considere que tudo está na dependência de definições nacionais, como o destino da candidatura Roseana Sarney e a direção do PFL, Guerra diz que não é fundamental que o candidato seja do PSDB.

JORNAL DO COMMERCIO – A aliança tratava o vice-governador Mendonça Filho como sucessor natural de Jarbas. O PSDB diz, agora, que, sem Jarbas, a base terá de discutir o sucessor. Por que o vice pefelista não agrada aos tucanos?
SÉRGIO GUERRA – Essa não é a questão. O PSDB tem objetivos, projetos e quadros, e deseja que eles prevaleçam. Tem, também, tanto quanto o PFL, quadros para disputar o Governo do Estado. Há dificuldades de alianças nas nossas bases (PSDB/PMDB/PFL), mas não há oposição a Mendonça Filho.

JC – O governador demonstra entusiasmo com o convite de José Serra para ser o vice. Disse que só precisa arrumar aliança estadual. O que será preciso?
GUERRA – Unir a base em torno de uma chapa majoritária e de um candidato ao Governo. Não é fundamental que seja do PSDB. Precisa é que seja resolvido em mesa de negociação e sob critérios, particularmente dois: primeiro, qualquer partido pode indicar o candidato ao Governo, depois, quais os candidatos que mais ampliam a aliança?

JC – Os atritos entre tucanos e pefelistas pernambucanos são por princípios políticos ou por espaços eleitorais?
GUERRA – Um é liberal e o outro social-democrata, e temos bases que, muitas vezes, disputam os mesmos espaços eleitorais. Não somos a mesma coisa.

JC – Quem o PSDB pode acei tar do PFL para o Governo?
GUERRA – Não discutimos nomes. Será a última etapa na mesa de conversação. Quando se tem um nome acima dos outros, como o de Jarbas, a discussão pode se dar sem se colocar outros. Mas, agora, não! É preciso discutir os nomes.


Últimos comentários:
Anderson: Jarbas, que tal antes de deixar o cargo, nomear o restnate d s agentes da polícia civil,que vc ia nomear no come& cedil;o deste mês, pois só assim vc vai poder dizer que fez algo pela Polícia Civil na sua campanh !!!! E não venha com essa de Lei de responsabilidade fiscal!! Todos os outros concursos tiveram o edital compelt do!

Edmilson Morais: Jarbas, sua importância para nosso Estado é bem maior do que como Vice Presidente, pois Pernambuco precisa ar continuidade nos seus Projetos e trabalhos

Pedro Henrique: Pelo amor de Deus Jarbas, não entregue o poder do est do ao PT, fica aqui e ganha deles porque sem você fic dificil, perdemos uma eleição para prefeito anha, não abandone nosso estado na hora em que ele m is precisa de você.


“Nós não praticamos a política do veto”
O PFL não fará vetos a qualquer nome para suceder Jarbas, na disputa do Governo estadual, pela aliança. É o que revela o presidente da legenda, em Pernambuco, André de Paula. O pefelista diz que o convite do PSDB ao governador, para que ocupe a vice de José Serra, é importante para o Estado, que manterá um espaço no Poder central. André diz que vai trabalhar para que o partido responda positivamente ao desejo de Jarbas de preservar a aliança.

JORNAL DO COMMERCIO – Jarbas pediu a posição dos partidos aliados sobre o convite de José Serra, mas antecipou a sua satisfação e preocupação. Ele conseguirá manter a unidade?
ANDRÉ DE PAULA – Esse convite mantém a Vice-Presidência para Pernambuco. O PFL vai sinalizar que, aqui, está disposto a fazer o possível, até mesmo a coligação branca, para firmar a aliança, e que ele possa dizer sim a Serra. Vou trabalhar para o partido responder positivamente. Se será possível, não sei. É uma questão de acomodação. Não vejo obstáculo intransponível. Os entraves nacionais podem ser superados por um projeto maior para Pernambuco.

JC – A incompatibilidade latente entre PFL e PSDB pode ser imobilizada?
ANDRÉ – É muito mais uma questão de divergências nas bases que de princípios políticos. Ambos sofrem uma influência grande do humor das bases (deputados, prefeitos e vereadores). Hoje, há conflitos em grande número de municípios, mas a lógica deve fazer prevalecer o fator nacional sobre o local. Se tivermos essa compreensão, vamos responder positivamente, se a realidade local for mais forte, diremos que a aliança não será possível.

JC – O PFL e o líder tucano Sérgio Guerra vivem se chocando. O maior veto pefelista é a ele?
ANDRÉ – O PFL não faz a política do veto. Não se pode sentar para discutir uma aliança e vetar alguém. Não vetamos ninguém. Ele é o líder maior do PSDB no Estado, seria inconcebível vetá-lo. O PFL vai sentar para discutir a tese, depois se colocam os nomes.


PFL reage à aliança nacional entre PSDB e PMDB
BRASÍLIA – A cúpula do PFL ameaça expulsar quem votar contra a orientação partidária – punição que, consumada, impedirá o parlamentar de concorrer a qualquer cargo eletivo na eleição de outubro. A decisão, tomada ontem pela executiva nacional do partido, vale enquanto durar o Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. “O PFL é um partido independente e vai mostrar isso”, disse o presidente nacional da legenda, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC). Por trás da decisão do PFL está também uma reação à aliança entre o PSDB e o PMDB para a formação de uma chapa presidencial.

A radicalização do PFL chegou a tal ponto que, a partir de agora toda medida provisória e toda proposta de emenda constitucional ou de projeto de lei que nascer no Executivo será examinada antes pela direção nacional, que fechará questão contra a sua aprovação, caso não a considere relevante para o País. “A punição para quem desobedecer a orientação partidária pode ser a advertência, a suspensão ou a expulsão”, disse Bornhausen.

O partido já fechou questão contra duas propostas enviadas pelo Governo ao Congresso. A primeira é o aumento das contribuições pagas pelas empresas prestadoras de serviços, previsto na medida provisória que reajusta em 17,5% a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. O partido votará apenas a favor da correção da tabela, mas contra a compensação imaginada para compensar a queda de receitas que será provocada pela mudança. A legenda também decidiu mudar a medida provisória que, para reduzir as perdas das distribuidoras com o racionamento, aumenta o preço da energia elétrica.

Na própria direção pefelista há os que consideram a medida radical demais, porém, entendem que pode manter a unidade partidária. “Estamos dando um alívio para deputados e senadores muito próximos do Governo, que ficam constrangidos em votar contra projetos que normalmente apoiariam”, afirmou o deputado José Carlos Aleluia, secretário-geral do partido.


Colunistas

PINGA FOGO - Inaldo Sampaio

O processo zerou
Desde que o PFL rompeu com o presidente da República e se declarou “independente” em relação ao governo, o processo político virou um furacão. Os fatos estão se sucedendo a cada minuto e tendem a continuar nessa mesma velocidade, até que sejam esclarecidas as dúvidas dos partidos sobre coligações, que se encontram nas mãos do STF. A provável renúncia de Jarbas ao governo estadual para ser candidato a vice na chapa ancabeçada pelo ex-ministro José Serra também se insere nesse contexto.

Como se sabe, o circo estava todo armado para que o governador de Pernambuco fosse candidato à reeleição. De repente o PFL rompe com o governo e a facção peemedebista que é contrária à tese da candidatura própria assume o controle do partido e reivindica a vice do tucanato. Serra concorda com o noivado mas pede que a data do casamento seja transferida para o mês de junho, quando o PMDB fará a sua convenção para oficialmente posicionar-se.

Enquanto isso, o que parecia arrumado em Pernambuco para a próxima sucessão estadual virou literalmente pelo avesso. E as oposições que estavam divididas e sem rumo já começam a admitir que agora têm chance, porque, segundo elas, o processo zerou.

Divergência local
Preocupado com a possibilidade de Mendonça Filho (PFL) assumir o governo e ser o candidato da aliança à reeleição, o deputado peemedebista Marcantônio Dourado, histórico adversário dos “Mendonça” no município de Lajedo, disse ontem a Jarbas, olho no olho: “Por aí eu não posso caminhar, governador, porque tenho certeza de que serei esmagado!” O governador pediu-lhe calma porque dispõe ainda de três semanas para organizar o seu exército.

Jogada infeliz
Passado o “episódio Roseana”, o PFL começa a se dar conta da besteirada que cometeu: romper com o presidente da República, abrindo mão de quatro ministérios e da presidência da Caixa Econômica. “Fui a maior vítima desse processo”, reconhece o ex-ministro José Jorge, que foi obrigado a deixar a pasta em solidariedade a Roseana/Murad.

Início da transição
Ontem, depois da reunião com os seus principais auxiliares e os presidentes dos partidos que fazem parte da aliança, Jarbas e Mendonça Filho almoçaram sós. Foi uma preliminar da transição, já que o governador que deixar tudo acertado com o seu vice antes da renúncia em 5 de abril, inclusive os nomes dos futuros secretários.

Presidente da Câmara responde ao ex-prefeito
Do vereador Dílson Peixoto (PT) em resposta a Roberto Magalhães, que o desafiou publicamente a apontar irregularidades no seu governo: “Se os aliados dele não deixarem de lado as picuinhas, temos, sim, muitas coisas pra denunciar”.

Marco só ficará impedido até o primeiro turno
Informa a assessoria de Marco Maciel que ele só estará impedido de substituir FHC no período compreendido entre 6/4 e 6/10, já que é candidato a senador. Depois disso, poderá tranquilamente substituí-lo no governo.

Terra sem dono
Presidente regional do PSD, o vereador Sílvio Costa foi ontem ao gabinete de Sérgio Guerra estimular o PSDB a romper com o governo Jarbas. “Pernambuco”, disse ele, “não é condomínio de nenhum grupo político. O candidato a governador, seja ele quem for, tem que passar pelo PSDB, com quem nós estamos aliados”.

Qual a diferença?
Roberto Freire (PPS) achou inconsistente o discurso de Sarney na tribuna do Senado em defesa da filha, Roseana. “Quando prenderam Jáder (PMDB) por causa do escândalo da Sudam ninguém protestou. Ao contrário, muita gente até aplaudiu. Por que com Roseana (PFL) tinha que ser diferente?”

Apavorada com a renúncia de Jarbas, toda a bancada estadual do PSDB foi ontem à noite à Secretaria de Sérgio Guerra (projetos especiais) para saber como ficará o quadro. Os tucanos estão literalmente desesperados porque não querem apoiar Mendonça Filho nem têm um candidato forte no partido para disputar o governo estadual.

Em seus 7 anos e três meses de governo, FHC fez 122 viagens ao exterior. Ao todo, foram 341 dias ausentes do Brasil. Significa que Marco Maciel já passou mais tempo na chefia do país do que o ex-presidente Jânio Quadros, o qual pressionado pelas “forças ocultas” (?) governou menos de sete meses.

Do ministro Ney Suassuna (integração nacional) negando que Jarbas já tenha sido escolhido pelo PMDB para ser o vice de José Serra, conforme noticiaram os jornais de ontem: “A imprensa às vezes erra! Dia desses eu estava em casa, com dengue, e um jornal noticiou que eu fui visto no casamento de uma filha do senador (Édson) Lobão”.

Toda vez que se aproxima o período de promoções na PM-PE o “QG” do Dérby se agita. Agora mesmo há um grupo de capitães insatisfeitos porque o 1º da lista para ser promovido a major, por merecimento, em 21/04 (José Carlos Gonçalves Rodrigues), foi da Casa Militar no governo de Arraes.


Editorial

MEDICAMENTOS CONTAMINADOS

Face à irresponsabilidade com que muitas autoridades tratam de problemas sérios, como a banalização da morte, já tivemos ocasião de comparar certos casos que acontecem no Brasil ao conto de Gabriel García Márquez Crônica de uma morte anunciada. As mortes que estão ocorrendo em Pernambuco, atribuídas ao uso de soro contaminado, se enquadram, certamente, na categoria de mortes anunciadas. A contaminação de medicamentos, sua falsificação mesmo, não ocorrem apenas em Pernambuco e no Brasil. Em países mais desenvolvidos e organizados também ocorrem. A diferença é que aqui a fiscalização e vigilância são ineficientes, freqüentemente inexistentes; e os culpados por contaminação ou falsificação gozam da impunidade característica do nosso País, que facilita e fomenta a perpetuação de ações criminosas. Há cinco anos, 23 pessoas morreram em hospitais de Pernambuco e muitas outras foram contaminadas, tendo sido a contaminação atribuída ao consumo de soro fabricado pelo laboratório Endomed. Ninguém foi punido. O laboratório continua funcionando a produzindo o mesmo soro, provavelmente sem a necessária fiscalização. Não poderia dar outra coisa. Novamente, pacientes são contaminados, morrem. Dessa vez, a contaminação é atribuída a soro similar, o Ringer Lactato, produzido pelo laboratório Farmace Indústria Químico-Farmacêutica Cearense. Pelo que conhecemos dos nossos costumes, pode-se esperar nova onda de contaminação nos próximos anos, a permanência do laboratório em funcionamento, sem fiscalização, e a impunidade de seus responsáveis. Uma semana após a notícia dos primeiros casos de contaminação e morte, em Caruaru, o secretário de Saúde do Estado, Guilherme Robalinho, anunciou a suspensão da comercialização e uso de outros produtos injetáveis fabricados pela Farmace, como os soros glicosado e fisiológico. O lote suspeito do Ringer Lactato já havia sido interditado pelo Ministério da Saúde. O secretário baseou-se em comunicação do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz, de que havia constatado quantidade excessiva de uma toxina liberada por bactérias encontradas em amostra de lote do soro Ringer Lactato. Mesmo com a suspensão, Robalinho afirmou que, apesar do elemento suspeito, “não podemos afirmar que o soro foi o responsável pelas mortes. Há outros sete medicamentos em investigação”. Ficou-se sabendo que o teste do INCQS mostrou que aquele soro, no lote em questão, tem o dobro da quantidade de toxina tolerada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é de 0,5 unidade por mililitro. É reconhecida a competência e retidão do secretário Guilherme Robalinho. O Ministério da Saúde também conta com técnicos capazes e honestos. É, contudo, difícil, para a opinião pública, aceitar a repetição periódica de casos como esse, a burocracia que tolhe iniciativas e perpetua negligências fatais, a tolerância da proliferação de laboratórios sem condições para controlar a qualidade de seus produtos e mais preocupados com faturamento. Não é somente no Nordeste que acontecem casos como os que comentamos. Em regiões mais ricas, também. Agora mesmo, noticiam-se casos de mortes suspeitas de bebês na Santa Casa de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo. Não são apenas medicamentos contaminados que causam intoxicações e mortes. Instalações, aparelhos e instrumentos de muitos hospitais são precários, uma porta aberta para a temida infecção hospitalar. A queda vertiginosa das verbas destinadas à área de saúde, nos últimos anos, também contribui para o estado calamitoso da assistência médico-hospitalar no Brasil.


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03/22/2002


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