Serra tenta, com Jarbas, alavancar candidatura
Serra tenta, com Jarbas, alavancar candidatura
Ministro chega com FHC para um ato festivo. No entanto, a visita deverá ter um outro objetivo: convencer o governador Jarbas Vasconcelos a ser o vice na chapa encabeçada pelo tucano
O ministro da Saúde e pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, chega hoje à tarde ao Recife acompanhado do presidente Fernando Henrique Cardoso para participar de um ato festivo e tentar fazer decolar, em Pernambuco, sua candidatura. Nos bastidores, comenta-se que a visita tem, ainda, outro objetivo: convencer o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) a aceitar vaga de vice. Fontes palacianas asseguram que a pressão dos caciques nacionais do PSDB/PMDB tem sido muito forte para que Jarbas aceite o convite de Serra. Publicamente, no entanto, o governador mantém o mesmo discurso, o de só discutir eleições a partir de março.
As negociações entre os dois partidos para a composição da chapa estão mais avançadas do que admitem os dirigentes tucanos e peemedebistas. Prova disso foi a consulta formal assinada pelos presidentes das duas legendas - Michel Temer (PMDB) e José Aníbal (PSDB) –, que está no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para saber se os tucanos podem antecipar as suas inserções gratuitas na TV, trocando as datas com o PMDB.
Mais um sinal foi dado ontem. Enquanto apresentava seu pré-programa de governo, o ministro do Desenvolvimento Agrário e pré-candidato do PMDB à Presidência, Raul Jungmann, reafirmou que desiste da disputa se Jarbas ficar na vice da chapa de Serra. “Seria excelente para Pernambuco. Mas antes de maio o cenário político não se define”, avaliou.
Jungmann acrescentou que o PFL tende a convergir para o PSDB e que, portanto, o PMDB ficará cada vez mais isolado. “O PMDB precisa e vai ter candidato próprio. Caso contrário, ficará como os animais em extinção”, comentou.
Jarbas participa junto com o presidente Fernando Henrique Cardoso e José Serra de um evento no Centro de Convenções, em Olinda, para festejar o sucesso do Programa Agentes Comunitários, condecorando o agente de número 150 mil. Na ocasião, FHC apresentará um projeto para regulamentar a profissão.
Jarbas não participará, oficialmente, do ato político que o PSDB realizará em favor da candidatura de José Serra. Após uma entrevista coletiva, o ministro segue, já sem Fernando Henrique, para Passira, no Agreste do Estado, onde vai acompanhar o andamento do Programa Alvorada no município. Na ocasião, o PSDB realizará um ato público em defesa da candidatura de Serra à Presidência da República.
Garotinho festeja resultado de pesquisa
RIO – O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, candidato à Presidência da República pelo PSB, festejou ontem o seu crescimento nas pesquisas eleitorais e creditou o resultado ao seu aparecimento no horário de propaganda política na TV. “O meu maior adversário era ser desconhecido da população brasileira”, explicou ontem. “A partir do momento em que pude aparecer e mostrar um discurso coerente, recebi adesões.”
Divulgada no sábado, a pesquisa realizada pelo Ibope mostra o socialista em terceiro lugar, com 15% das intenções de voto, em empate técnico com a governadora do Maranhão e presidenciável do PFL, Roseana Sarney (18%. Lula continua liderando as pesquisas, com 28%. Na quarta posição aparecem empatados o ministro Ciro Gomes (PPS) e o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), ambos com 7%. O governador de Minas, Itamar Franco (PMDB) aparece em sexto, com 5% das intenções de voto.
Durante uma coletiva ontem, atribuiu seu crescimento, também, à decisão antecipada do PSB de lançá-lo candidato à Presidência ainda em dezembro, e à coerência do discurso desde sua candidatura ao Governo do Estado. “Sempre defendi o crescimento, a estabilidade com juros baixos e denunciei a ditadura dos bancos.”
Satisfeito com os resultados de sua campanha, ele pouco mudará sua estratégia de campanha. Deixarei o Governo em 4 de abril. “Até lá, vou passar 90% do tempo no Estado e o restante em contatos nacionais”, adiantou.
O candidato do PSB anunciou que amanhã haverá uma reunião, no Rio, da Executiva Nacional do partido com todos os presidentes regionais do partido, dos 13 candidatos a governador já escolhidos e da direção nacional. “Esse encontro vai definir as estratégias nacionais e as coligações”, anunciou. Garotinho disse que o pouco tempo de televisão que seu partido terá não será empecilho para o crescimento de sua candidatura. “Terei 2m44 em cada um dos dois blocos e isso é suficiente para um discurso coerente e direto. Desde 1989 ficou provado que tempo de televisão não ganha eleição. Lula e Collor tinham menos tempo que o PFL e o PMDB e foram para o segundo turmo e, em 1994, o Orestes Quércia tinha o tempo maior e só ficou na frente do Eneas.”
Jungmann apresenta programa de governo para o Nordeste
Quinze dias após apresentar o esboço de seu programa de governo para a Nordeste, o pré-candidato do PMDB à Presidência da República e ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, detalhou ontem as suas propostas para a Região. Entre as principais propostas estão “tirar todas as crianças das ruas; assegurar que nenhum sertanejo passe fome; e elevar para de 46% para 70% o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da região, em dez anos”.
Jungmann apresentou números da situação atual e defendeu o Nordeste como “uma questão nacional”. No entanto, não conseguiu explicar como obter o apoio necessário do Congresso para aprovar os projetos. Outra meta é conseguir que 30% dos recursos da União sejam investidos no Nordeste, que comporta 30% da população do País. “No jogo democrático o presidente não decide sozinho. Será um jogo duro, que vai de encontro a diversos interesses. Porém, se não lutarmos para colocar essas idéias em prática continuaremos assim, com um Nordeste de inúmeros problemas e a maior concentração de miseráveis.”
Sem querer tecer críticas ao Governo Federal, Jungmann declarou que sua proposta é de continuidade da administração FHC, mas também de descontinuidade. “Nenhum Governo consegue fazer tudo. Nós ampliaremos o que deu resultado e mudaremos o que for preciso”.
Jungmann defendeu, ainda, a criação do Ministério Extraordinário de Desenvolvimento do Nordeste, por um período de 20 anos, para coordenar os investimentos na região e uma reestruturação na coordenação da Sudene, assegurando, assim, recursos para os municípios mais pobres.
IC divulga hoje laudo sobre suposto cativeiro
SÃO PAULO – O Instituto de Criminalística de São Paulo (IC) deve começar a divulgar hoje à tarde os resultados de exames que podem dar novo rumo às investigações do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).
O instituto está analisando amostras de terra encontradas num cativeiro em Embu, na Grande São Paulo, e confrontando com a que foi recolhida dos sapatos do prefeito. Também vai comparar as duas amostras com o solo do local onde o corpo de Daniel foi encontrado. A polícia tem informações de que esse cativeiro, descoberto na noite da sexta-feira passada, é a casa de Cleiton Gomes de Souza, 20 anos, acusado de ser um dos homens que usaram um helicóptero para resgatar, no último dia 17, dois detentos do presídio de segurança máxima de Guarulhos.
No local foram encontrados um Santana azul, semelhante a um dos carros usados pelos seqüestradores de Celso Daniel, um envelope do Restaurante Rubayat, onde o prefeito jantou na noite do crime, e pedaços de um tecido bege, cor da calça que Daniel usava. No porta-malas do Santana foram achados fios de cabelo grisalho, como os de Celso Daniel.
Se os exames indicarem que a terra encontrada nos sapatos dele é seme lhante à recolhida no cativeiro ou que os fios de cabelo no carro são do prefeito morto, a possibilidade de o assassinato ter sido um crime político perde força. Além do Santana, a perícia do IC também está analisando duas Blazers encontradas queimadas.
Gás valoriza gesso do Araripe
Responsáveis por 95% da produção gesseira do País, as indústrias do Sertão do Araripe apostam em duas novas estratégias para ampliar os negócios: o uso do GLP (o gás de cozinha) na queima da gipsita para fabricar o gesso e a criação de consórcios de exportação. Os grupos estão levando o produto pernambucano para a Europa.
Para viabilizar a evolução do setor, o Sindicato da Indústria do Gesso (Sindusgesso) defende a construção de um gasoduto que leve o gás até a região. Mas apesar das vantagens do GLP, a maior parte das fábricas ainda usa métodos artesanais (como a queima com lenha), o que prejudica a padronização do produto. Muitas delas não possuem recursos para adaptar seus fornos e substituir a fonte energética.
Os novos rumos e o potencial da indústria gesseira de Pernambuco são os assuntos abordados na segunda reportagem da série sobre a economia do Sertão do Araripe, que o JC publica hoje.
A indústria gesseira do Sertão do Araripe, responsável por nada menos que 95% da produção nacional de gesso, deu dois importantes passos recentemente. O primeiro deles foi a aposta na inovação feita por cinco fábricas, que substituíram o óleo BPF por gás (GLP, também conhecido como gás de cozinha) na queima da gipsita para elaboração do gesso. Além ser um sistema limpo, o gás é responsável por uma elevação de, em média, 6% na produção. O GLP chega à região em cilindros, transportados por caminhões. Outro passo importante do setor foi o início da exportação em grupo para a Europa. Este mês, um consórcio formado por 19 empresas resultou no envio de 24 toneladas de gesso para a França. A partir de março, a quantidade deve ser elevada para 52 toneladas mensais.
Apesar dos avanços alcançados, muitas das 73 indústrias gesseiras do Araripe são de pequeno porte, conservam uma produção artesanal com queima a lenha e têm dificuldades para mater o padrão de qualidade dos produtos. O calor gerado pela lenha nos fornos é pequeno, o que torna a produção irregular.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Gesso de Pernambuco, (Sindusgesso), Josias Inojosa, que também é proprietário da Supergesso, as empresas têm ganho de produção com a troca do óleo pelo gás porque o processo torna desnecessária a parada na produção dos fornos para a limpeza dos tubos queimadores, que antes ficavam entupidos com a sujeira do óleo.
Além disso, a queima pode ser feita diretamente no produto, o que economiza gás. No caso do óleo, a queima é feita indiretamente, através de um cilindro, que esquenta o gesso. Para que o calor seja ideal para o processo, uma grande quantidade de óleo é utilizada.
Seja com gás ou com óleo, a produção da Supergesso é toda computadorizada, o que permite o controle da temperatura interna do forno e resulta em um produto padronizado. “Com a queima inteiramente computadorizada, ganhamos na uniformização do produto”, explica Inojosa.
PRODUTOS – No Sertão do Araripe, o gesso é produzido em forma calcinada (pó), em placas (muito usadas em tetos rebaixados) e em blocos (destinados à parte mais estrutural e pesada da construção civil). Por mês, são industrializadas, em média, 120 mil toneladas de gesso calcinado, de 150 mil a 200 mil metros quadrados de blocos e 4 milhões de metros quadrados em placas.
O gás é vendido pela empresa Minas Gás, que se responsabiliza pelo ônus da adaptação do forno e pelo transporte do gás até a região. As cinco empresas que optaram pela substituição – Trevo, São José, Supergesso, Gesso Forte e Ingessel – possuem uma capacidade de consumo de 600 toneladas de gás por mês.
De acordo com o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Matheus Guimarães, o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil possuem linhas de financiamento de até R$ 70 mil para as empresas que desejam fazer a substituição. O investimento, segundo ele, tem retorno em até dois anos.
De acordo com o diretor da Supergesso, Josias Inojosa Filho, a empresa investiu R$ 12 mil para fazer a adaptação. “Produzimos 14 mil toneladas mensais, das quais 3% são exportadas principalmente para o Mercosul. A meta é elevar a exportação para 10% da produção este ano”, adianta Inojosa Filho.
Com o fim do subsídio no preço do gás dado pelo Governo Federal, o valor do produto está sendo elevado, o que vem elevando o custo da produção do gesso no Araripe. A tonelada do GLP passou de R$ 16,40 em dezembro passado para os atuais R$ 17,30. “Até o ano passado, o valor do gás e do óleo era semelhante, mas o gás era mais vantajoso porque proporcionava uma produção maior. Esperamos que a concorrência do mercado baixe o preço novamente”, diz o presidente do Sindusgesso.
Sindicato defende a construção de gasoduto
A construção de um gasoduto para levar o gás diretamente ao Araripe e substituir de vez a queima a lenha ou a óleo BPF pelo GLP continua sendo a maior reivindicação do Sindicato da Indústria de Gesso de Pernambuco (Sindusgesso). Segundo o Sindicato, o investimento traria o barateamento da produção de gesso para todas as indústrias do Sertão do Araripe, que teriam maior facilidade de utilizar o gás. A reivindicação, porém, não agrada todas as indústrias, que acham que ficariam à margem dos benefícios trazidos pela obra.
Hoje, o gasoduto chega ao Recife, João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. “Chegando até o interior de Pernambuco, desenvolveria toda a economia do caminho, margeando a BR-232”, argumenta o presidente do Sindusgesso, Josias Inojosa.
Embora o projeto de viabilidade do gasoduto esteja pronto do Recife até Caruaru e a elaboração do projeto até o Araripe tenha sido aprovada no final do ano passado, o presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Romero Oliveira, diz que a demanda no Araripe ainda é pequena para justificar a construção.
“Do Recife até o município de Vitória, o custo do gasoduto é estimado entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões. Até Caruaru, custaria R$ 40 milhões. Mas até o Araripe, onde existe a produção do gesso, o custo total da obra seria de mais de R$ 100 milhões”, adianta o presidente da Copergás.
Apesar de achar que a construção do gasoduto traria progresso para o Estado, ele diz que a realização da obra depende de uma ação federal conjunta dos Ministérios de Minas e Energia (para diversificar o uso de energia), do Meio Ambiente (para evitar o desmatamento da região para utilização da lenha na queima de algumas fábricas) e da Integração Nacional (para levar o gás ao interior).
Um dos sócios da Gesso Moderno, Valdeir Carvalho, diz que a obra está fora da realidade da maioria das indústrias, que não teriam condições de fazer a queima com o gás. “Temos de ser realistas. O projeto está fora da estrutura econômica da maioria das indústrias. O que o Governo deveria fazer era dar subsídio para as empresas menores”, justifica Carvalho.
Colunistas
CENA POLÍTICA - Márcio Didier (interino)
Panela de pressão
A idéia do governador Jarbas Vasconcelos de só discutir as eleições em março está, a cada dia, descendo pelo ralo. Apesar de oficialmente ser uma visita festiva, a vinda do FHC e do ministro e presidenciável José Serra hoje ao Recife terá pauta política: ambos usarão todos os argumentos para convencer o governador a ser vice na chapa do Planalto.
Jarbas pode tentar desconversar. O fato é que o Governo Federal tem pressa para fechar a chapa, porque demorou muito para colocar o nome de Serra na rua. Além disso, o Planalto também corre contra o tempo para mudar a imagem de antipático ao Nordeste que acompanha o ministro – Jarbas na vice cairia como uma luva.
Não bastasse a pressão federal, o governador enfrenta o desconforto da base no Estado. Ninguém trabalha com a hipótese de ele não ser candidato à reeleição, mas, se não for, a aliança vira uma saco de gatos. Com esse cenário, será muito difícil o governador adiar a discussão sobre as eleições. Corre o risco de a pressão ficar forte e a panela estourar, sobrando pedaço da base para todo o lado.
João Paulo e os Judas
O prefeito João Paulo (PT) não é Cristo, mas parece estar cercado de Judas. Há alguns dias foi à imprensa reclamar que pessoas da PCR estariam vazando informações. Agora, um dos mais discretos aliados dele disparou: “O Governo João Paulo é igual a uma bicicleta ergométrica. Você pedala, pedala e não sai do canto”. Eita base complicada!
E tome Judas
A prefeita Luciana Santos (PCdoB) também tem seus Judas. Um deles, ao chegar no Baile Municipal de Olinda, na última sexta-feira, destilou seu veneno. “A decoração tá muito bonita. Principalmente as bolas amarelo PFL e azul Roberto Magalhães. Pra completar ainda tem show de Alceu Valença, que fez campanha para Joaquim Francisco.”
Como um garotinho
O deputado Eduardo Campos (PSB) estava feliz da vida no baile do bloco Amantes de Glória, no sábado. O celular não parava de tocar. Eram os socialistas informando sobre a pesquisa do Ibope, na qual o pré-candidato do PSB a presidente, Anthony Garotinho, aparece em empate técnico com Roseana. Parecia uma criança que ganhou chocolate.
Legislativo se prepara para o ano eleitoral
O presidente da Assembléia, Romário Dias, se reúne amanhã com os diretores da Casa para definir as ações para 2002. Ele quer evitar que funcionários do Legislativo sejam pressionados pelos deputados que tentarão a reeleição.
Livro retratará atual legislatura da Assembléia
A Assembléia lançará no final deste semestre o livro A última Legislatura do Século XX. Escrito pelo jornalista Marcos Cirano, a publicação tem caráter documental, com o objetivo de deixar um registro do que foi a atual legislatura.
Haja dificuldade I
O secretário de Imprensa de Olinda, Inácio França, está com um grave problema de comunicação. Nada com o lado profissional. Às voltas com a organização do Carnaval da cidade, ele está com ar de doido, pois só dispõe de um telefone celular e um convencional na sua secretaria para dar conta de todo o trabalho.
Haja dificuldade II
Inácio França conta que tem outra linha para ser instalada, mas o problema é que o prédio da Prefeitura é tombado e não se pode rasgar as paredes para colocar a tomada. Uma solicitação já feita ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para que a alteração fosse realizada, mas ainda não houve resposta.
O senador Roberto Freire (PPS) não ficou nem um pouco preocupado com a pesquisa do Ibope, na qual o pré-candidato do partido à Presidência da República, Ciro Gomes, aparece em quarto lugar, com 7% das intenções de voto, ao lado de José Serra. “É normal. Quando a campanha começar nós cresceremos.”
Segundo Roberto Freire, o resultado do Ibope se deve apenas à exposição na mídia de Lula, Roseana Sarney e Anthony Garotinho, que “vivem aparecendo na TV”. “Inclusive se eu fosse Lula e Roseana começaria a me preocupar, porque eles começaram a cair, apesar do espaço que têm. Por isso, a posição de Ciro (Gomes) não me incomoda.”
Não é só o prefeito João Paulo que deve estar tomando aulas de dança para não fazer feio no período de Momo. Durante o fim de semana os políticos bateram ponto em todas as prévias carnavalescas. Em ano de campanha, os mais afoitos tentaram mostrar intimidade com o frevo, mas o resultado...
A Executiva Nacional do PT se reúne hoje para definir o novo coordenador do programa de governo do pré-candidato do partido à sucessão de FHC, Lula. Substituirá o prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto na semana passada. O nome mais cotado é o do prefeito de Ribeirão Preto (SP), Antônio Palocci.
Editorial
REDAÇÃO NO VESTIBULAR
Há uma queixa generalizada quanto ao preparo que proporcionam as escolas de ensino fundamental a seus alunos. Geralmente, eles chegam à universidade sem uma boa base para seguir satisfatoriamente os cursos que escolheram. Isso se deve a várias causas, como a decadência da escola pública, uma excessiva mercantilização do ensino, despreparo e falta de motivação de professores com baixos salários, falta de equipamentos modernos. O esforço que o atual Governo Federal tem feito para melhorar, e levar a todos, ensino e educação ainda não é suficiente para mudar o quadro, pois os erros e omissões vêm de longe, e a solução só poderá vir em longo prazo.
Entre as queixas e críticas de que tratamos, sobressai a que se refere à má qualidade do ensino da língua pátria. Aí não se trata apenas das causas, a que nos referimos, do despreparo. Existe por trás desse quadro uma tradição cultural colonialista, de exaltação de tudo o que é estrangeiro, língua, literatuta, cinema, cultura em geral. Para muita gente, inclusive da elite que comanda o país, é muito mais importante saber falar e escrever bem o inglês do que o português, conhecer as grandes mecas do turismo internacional do que as nossas cidades históricas, a Amazônia etc.
A fala comum do brasileiro vai se enchendo de expressões estrangeiras, com predominância absoluta do inglês. Isso seria normal se ocorresse como ocorreu e ocorre entre povos, culturas e línguas em geral, através, por exemplo, da assimilação de vocábulos das línguas de outros países. Além de sua base latina, a língua portuguesa tem milhares de palavras de origem árabe, assimiladas durante os séculos em que a Península Ibérica esteve sob domínio dos árabes. A língua portuguesa falada no Brasil assimilou também uma grande quantidade de palavras das línguas indígenas e africanas.
O que ocorre hoje, porém, não é uma assimilação, um aportuguesamento, de vocábulos de uso internacional, mas uma cópia fiel de palavras e expressões sobretudo do inglês, ipsis litteris e sem nenhum critério. O que constitui não mais intercâmbio cultural, mas contrabando mesmo. Esse contrabando é, na maioria dos casos, desnecessário, quando temos perfeitos equivalentes em português. É o caso da maioria dos vocábulos usados na informática e de expressões como shopping center, flat, resort, playground, water park, entre muitíssimas outras. Conforme o caso, pode ser ignorância, mentalidade colonialista, incapacidade ou preguiça de traduzir ou mero pedantismo. Seria chique e cosmopolita falar inglês e, assim, muita gente emprega essas palavras estrangeiras mesmo sendo ignaro no idioma de Shakespeare.
A propósito, merece apoio e aplausos a nova determinação do Ministério da Educação para que a redação de português seja incluída em todos os exames vestibulares do país; o que já vinha sendo exigido nos vestibulares da UFPE e da UFRPE. Como é um item que não pode ser ‘chutado’, os vestibulandos terão a obrigação de cultivar o gosto pela leitura e a reflexão, para poderem se sair bem na redação do texto proposto pelos examinadores.
Para que o estudante recupere o gosto pela leitura e a reflexão, uma providência paralela poderia ser a restauração do ensino da filosofia, que ensina a pensar e a organizar logicamente o pensamento. Também seria decisivamente útil o estudante receber algumas noções da língua latina, mãe da “última flor do Lácio” e boa para dar lógica a pensamentos e textos. Quem sabe, assim, num futuro não muito distante, o brasileiro volte a cultivar e respeitar sua língua , ter orgulho de sua cultura, uma boa ferramenta para uma inserção mais justa num processo de plena e ampla globalização.
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01/28/2002
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