Alívio nas contas com o Leão







Alívio nas contas com o Leão
PMDB, PFL e a oposição fecham acordo para aprovar correção de 20% na tabela do Imposto de Renda .

O PMDB, PFL e partidos de oposição fecharam ontem acordo para aprovar a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física em 20%.
A intenção dos líderes do PFL, Inocêncio Oliveira, e do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, além dos oposicionistas e do deputado Delfim Netto (PPB-SP), que assinaram o acordo, é tornar viável a votação do projeto ainda esta semana. A emenda altera a proposta aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, que determina uma correção de 35,29% na tabela do IR.
O governo é contra a correção da tabela e o Palácio do Planalto informou que o presidente da República deve vetar o projeto, se o Congresso não indicar fontes que substituam a perda de arrecadação.
Os partidos que assinaram o acordo (PMDB, PFL e oposição) somam 330 deputados, número suficiente para aprovar a correção.

Segundo informações da Receita Federal, a correção de 20% vai acarretar uma queda de arrecadação de R$ 3,5 bilhões ao ano.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem, no Congresso Nacional, que "se tiver correção na tabela do Imposto de Renda, os pobres é que vão pagar". De acordo com o ministro, que estava acompanhado do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, a perda com a arrecadação fiscal deverá, obrigatoriamente, ser compensada com o aumento de outros tributos ou com o corte de despesas. "Há muita hipocrisia e jogo para a platéia nessa discussão", disse.
“Hipocrisia é a do ministro (da Fazenda), que manteve a tabela do Imposto de Renda por sete anos sem correção”, afirmou Inocêncio Oliveira, ao responder à crítica de Malan aos deputados.

Texto volta ao Senado
O projeto de correção da tabela do IR, depois de votado no plenário da Câmara, terá de voltar ao Senado para novas votações. Somente depois seguirá para sanção ou veto presidencial.
A oposição tinha pressa em formalizar o acordo, porque o Palácio do Planalto está pressionando os aliados a não aprovarem a proposta.
O PMDB e oposição também querem evitar que os aliados se sintam propensos a apoiar a proposta do governo de mudar as alíquotas do IR, reduzindo a carga tributária de 97% dos contribuintes. "Qualquer coisa além dos 20% é um complicador e vai adiar a votação", disse o deputado Benito Gama (PMDB-BA).

O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior, disse que vai orientar o partido a votar contra a correção,
argumentando que, com a aprovação do projeto, a arrecadação vai cair.
"Se o governo de São Paulo está preocupado com perda de receita, imagine o que vai acontecer em Chorrochó, que depende dos repasses federais", afirmou Jutahy, referindo-se a um município do sertão baiano.


PMDB deve adiar prévias para março
O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, admitiu ontem que as prévias do partido para escolha do candidato à sucessão presidencial, marcadas para 20 de janeiro, deverão ser adiadas para março. Ele informou que recebeu telefonema do ex-governador Orestes Quércia, em que este sugeriu o adiamento. "Acho que, adiando, será útil para o partido, que terá tempo de costurar uma unidade", afirmou Temer.


PSDB pode fazer pré-convenção
O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior, defendeu ontem a realização de uma pré-convenção do PSDB para escolha do candidato do partido à sucessão presidencial. A adoção desse foro para escolher o candidato tucano vem ganhando força tanto entre os partidários do ministro da Saúde, José Serra, quanto dos defensores do governador do Ceará, Tasso Jereissati. A proposta é fazer a pré-convenção no fim de fevereiro.


PT gaúcho rompe com o Caixa Dois
A executiva estadual do PT gaúcho decidiu ontem romper relações com o Clube de Seguros da Cidadania, que intermediou doações para o partido durante a campanha de 1998, acusado de ser o Caixa Dois do PT, e que foi colocada sob suspeita por uma CPI na Assembléia Legislativa. A seguradora comprou o prédio cedido para sede do partido. Agora, os petistas querem fazer uma campanha para comprar outra sede.


Garotinho tenta ficar conhecido
O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), esteve ontem visitando Curitiba e Londrina, com o objetivo de se tornar mais conhecido do eleitor paranaense e para arregimentar um maior número de integrantes do partido para a convenção nacional, que se realizará no fim de semana em Brasília. Os congressistas devem referendar a decisão de candidatura de Garotinho para a Presidência da República, em 2002.


Suspeitos de matar prefeito não saem
O Ministério Público de Campinas (SP) indeferiu ontem o pedido de soltura dos quatro suspeitos da morte do ex-prefeito Antônio da Costa Santos (PT), o Toninho, assassinado com um tiro em 10 de setembro. O indeferimento foi assinado pelos promotores que acompanham o caso, sob a alegação de "cautela" e necessidade de manter os rapazes presos para não prejudicar as investigações sobre o caso pela polícia.


Artigos

A Pax Americana
Cláudio Lysias

Os atentados do dia 11 de setembro em Nova York e Washington não significaram apenas o início de uma nova era para a Humanidade. Serviram também para revogar algumas certezas. A idéia de que a História só se repete como farsa é uma delas. Nem sempre, nem sempre. Ela também pode se repetir como tragédia, o que é mais provável e menos irônico em nossos dias.
George W. Bush que o diga.
Na última segunda-feira, o presidente norte-americano desafiou Saddam Hussein, manda-chuva do Iraque, a abrir seu país para que uma expedição internacional verifique se por lá estão ou não fabricando armas de destruição em massa, principalmente armas químicas. Bush, com isso, deixou em aberto a possibilidade de atacar o Iraque caso Saddam não atenda ao seu desafio. Segundo Bush, o Iraque precisa provar que não está fabricando armas de "destruição em massa" porque países que fazem isso são terroristas (sic).

Bush também voltou a alertar a população dos Estados Unidos sobre a dureza que será essa guerra contra o terrorismo e a possibilidade de ser mais longa do que se imaginava. O que Bush quer dizer é que os Estados Unidos não vão sossegar enquanto a "Pax Americana" não for conseguida, ou seja, enquanto o terrorismo não for banido de vez pelas armas. Bush, no caso, lembra os romanos, dos primeiros tempos do Cristianismo, que não sossegaram enquanto não derrotaram os chamados bárbaros e não implantaram a "Pax Romana" em todo o Império, esforço que afinal foi a principal causa de seu declínio e fim.

O presidente Bush, apesar dos alertas de aliados e de inúmeros norte-americanos, como o escritor Gore Vidal, que conhece bem a história do Império Romano e a do seu próprio Império, não quer perceber que essa paz é impossível nos termos em que está posta. Ou seja, é impossível chegar a ela pela guerra. Bush quer porque quer repetir a História, e não como farsa.
Os Estados Unidos têm a vitória nas mãos. A derrota dos talebans e o recomeço de alguma coisa que lembra vida normal no Afeganistão, concede aos norte-americanos uma espécie de razão histórica, sem precedentes, em toda essa confusão que começou em setembro.

A democracia superou a tirania medieval dos talebans. O terrorismo é, hoje, mais injustificável do que nunca. A maioria das nações do mundo, inclusive as árabes e as que historicamente se opõem aos Estados Unidos, apoiaram a ação norte-americana de acabar com império da loucura dos talebans e de Osama bin Laden.
Se os Estados Unidos, porém, não souberem aproveitar essa súbita popula ridade mundial, repetirão um erro que os livros de História contam em detalhes . A hora das bombas está no fim. Os aliados precisam agora é de uma nova política para a região, em que o ódio dê lugar à solidariedade e à aceitação das (enormes) diferenças.


Colunistas

Claudio Humberto

CPI das ONGs fecha o cerco
Fecha-se o cerco às organizações não-governamentais, suspeitas de lavagem de dinheiro. Depois de Neivo Beraldin (PDT-PR), o deputado Max Mauro (PTB-ES) denunciou à CPI das ONGs tráfico de influência, indenizações superfaturadas e peculato, na desapropriação de área de preservação da Mata Atlântica, de interesse da Fundação O Boticário. A CPI devassa a empresa Scorpius, que administra o grupo e sua ONG.

Nem te conto
O promotor Luiz Francisco Souza daria um doce a quem lhe contasse o que conversaram, há dias, no restaurante “Mosteiro”, no Rio, o senador Jorge Bornhausen (SC) e Anchieta Hélcias, respectivamente presidente e lobista do PFL, com diretores da endinheirada estatal Eletrobrás. Não há a menor hipótese de o Erário ter saído ganhando, nesse encontro.

Quem te viu
O ex-sindicalista e deputado Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) parecia perdido como cachorro em dia de mudança, ontem, no Salão Verde da Câmara. Enquanto militantes da CUT e parlamentares do PT ocupavam o espaço e as atenções da mídia, mobilizados contra a alteração da CLT, ele transitava para lá e para cá, sem que ninguém lhe dirigisse a palavra.

Sorriam, banqueiros
Se FhC substituir os ministros pelos respectivos secretários-executivos, no caso do Ministério da Previdência deixará os amigos banqueiros eufóricos. José Cechin adia a implantação da movimentação do INSS em conta corrente, o que diminuiria os custos do governo, e paga os bancos em dia, com rigor comovente. Ainda vai ganhar comenda da Febraban.

Pontaria ruim
Há dias, o governador César Borges (BA) deixou de comparecer a um evento de seu secretário de Justiça, Heraldo Rocha, para puni-lo. Borges acha que foi Rocha a fonte de notícia aqui publicada sobre a nomeação da beldade Niluschka Brandão, a mando de ACM. Contratada para a Secretaria de Governo, ela está à disposição da Secretaria de Justiça.

Cresce o ranário
Amargando o exílio voluntário após perder o mandato no Senado, Jáder Barbalho recebeu uma boa notícia: vai ser pai novamente.

Bom de papo
Há uma brigalhada dentro do PSB, pois Anthony Garotinho vem conquistando cada vez mais espaço. Os socialistas “históricos” temem que o governador do Rio monopolize o partido de vez. Vai sair fumaça na convenção, neste final de semana, em Brasília.

Quem não comunica...
O Ministério das Comunicações parece pouco familiarizado com próprias atividades ou com os segredos da língua. No texto que resume as discussões do recente seminário sobre a nova lei de radiodifusão, um assessor do ministro Pimenta da Veiga, Eduardo Balduíno, escreve “rádio difusão”, assim, separando as palavras.

Dia do Orgasmo
Nove de maio será o Dia Municipal de Debates sobre o Orgasmo, em Esperantina (PI), caso seja aprovado o projeto do vereador Arimatéia Dantas (PT). É que ele se impressionou quando soube de uma pesquisa indicando que só 28,7% das mulheres atingem a plena satisfação sexual.

Petrosuja
Aos que reclamaram, ok: a Petrobras não está sujando as praias. Sujou.

Curiosidade geral
O senador José Agripino Maia(PFL-RN) sugeriu o périplo internacional de Roseana Sarney, em janeiro, depois de verificar a grande curiosidade, no exterior, em torno da candidata do PFL à sucessão presidencial. Maia esteve no México, há dias, participando de encontro da Internacional de partidos liberais, e todo mundo queria saber detalhes do “fenômeno”.

O brigadeiro na mira
Aberto IPM para investigar as denúncias contra o Catre, unidade da Aeronáutica em Natal (RN) comandada pelo brigadeiro Gromori Vasconcellos de Andrade. Inclui espancamento de civis, improbidade, superfaturamento de obras, tortura e suspeita de eutanásia.

Dois pesos
Pesquisa do ICSS para fundos de pensão atesta: a lei complementar 109, sobre previdência complementar, trata com maior benevolência as entidades de previdência aberta, com fins lucrativos. Impõe multas de até R$ 1 milhão aos fundos, mas limita em apenas R$ 17 mil as multas por infrações de entidades de previdência aberta ao regulamento da Susep.

Bom de boca
Juarez Fernandes Laurindo candidatou-se a deputado estadual pelo PSDB de Goiás, em 98. Ajudou a reeleição do deputado federal Jovair Oliveira Arantes, mandando mala direta aos os colegas dentistas, com santinhos e panfletos. Só que às custas da Câmara. O Ministério Público Federal está processando os dois por improbidade administrativa.

Olívio catarinense
O prefeito petista de Blumenau (SC), Décio Lima, anda com dificuldades para explicar denúncias dos adversários sobre o “comodato” que beneficiou dois amigos, agora prósperos empresários na área de limpeza, e o reajuste em 48% do contrato de uma empresa de recolhimento de lixo, no dia seguinte à sua assinatura.

Poder sem pudor

D. Ruth e a meia furada
No livro “Diáspora - O longo caminho do exílio” (Geração, SP, R$ 28), que acaba de lançar, o jornalista José Maria Rabêlo conta uma história pitoresca sobre o pão-durismo do casal Fernando Henrique/Ruth Cardoso, durante o exílio de Santiago do Chile. Sempre que recebia brasileiro com cara de quem ia pedir dinheiro emprestado, “dona Ruth pegava um ovo de madeira e um pé de meia furado, permanentemente dependurados atrás da porta de entrada, bem à vista de todos” e, “num gesto teatral, começava a cerzir a meia esburacada, transmitindo a impressão de que atravessavam uma situação difícil”.


Editorial

Fraude nos remédios

O Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal fez uma grave denúncia. Segundo o CRF-DF, mais de 140 medicamentos passaram por uma processo de maquiagem, em agosto, para terem seus preços elevados. A maquiagem consiste no seguinte: com pequenas modificações na fórmula, apresentação, posologia (dosagem), embalagem ou concentração, esses fabricantes conseguiram novos registros para velhos medicamentos, e consequentemente, preços mais altos. O Conselho adverte, ainda, que o número de medicamentos submetidos a essa "maquiagem" pode passar de mil se forem analisados novos pedidos de registros desde junho.

A maquiagem de medicamentos, em bom português, significa golpe contra o consumidor e a economia popular. Esse drible no consumidor e na fiscalização, que parece muito fácil de ser driblada, seria grave em se tratando de qualquer produto, mas torna-se escandaloso quando atinge remédios, medicamentos usados por quem precisa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão de regulamentação e fiscalização do Ministério da Saúde, precisa dar uma rápida resposta à sociedade sobre essa denúncia do Conselho de Farmácia. Ela é grave demais para ser tratada burocraticamente ou merecer "rigorosos inquéritos".


Topo da página



11/28/2001


Artigos Relacionados


FHC garante alívio nas contas com Leão

FHC garante alívio nas contas com Leão

Alívio na mordida do Leão está mais perto

Declaração do IR 2012 começa em 1º de março e 25 milhões prestarão contas ao Leão

CAE vota alívio no Imposto de Renda

Plenário aprova alívio no endividamento de estados e municípios