ÁLVARO DIAS: CAE DEVE SUSTAR VENDA DA PETROBRÁS
O assunto deverá ser tratado pela CAE na semana que vem, segundo Álvaro Dias, que recebeu em plenário o apoio do senador Ramez Tebet (PMDB-MS). Para o parlamentar sul-matogrossense, a venda de ações da Petrobras, assim como a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, são atos que atentam contra os interesses nacionais.
Dias entende que a Petrobras é um patrimônio do país com potencial enorme de crescimento, o que daria caráter prejudicial à alienação das ações por R$ 8 bilhões. Conforme os planos do governo, esses recursos seriam usados para abater a dívida do Tesouro Nacional em títulos, com economia relativa à diminuição da conta de juros calculada em R$ 1,3 bilhões ao ano. No final da operação, a União ficaria com 50% mais uma das ações com direito a voto (ordinárias).
- O ganho é muito pequeno, especialmente se observarmos que há uma corrida ao petróleo brasileiro, com 50 empresas fazendo pesquisa em território nacional. Podemos estar abrindo mão de receitas monumentais. Além disso, já vendemos muitas empresas para abater uma dívida que continua crescendo - disse o senador.
O senador não criticou apenas a venda das empresas do ponto de vista negocial. Sob o aspecto socioeconômico, a operação levaria o governo a abrir mão da possibilidade de fixar preços de combustíveis. Consequentemente teria um instrumento a menos para fomentar o desenvolvimento, quando o País fosse auto-suficiente em petróleo. Ao agir assim, o governo transferiria ao capital estrangeiro importante parcela de poder - o senador não acredita que seja viável a idéia do governo de pulverizar as ações entre pequenos compradores, já que estes dificilmente resistiriam a propostas de compra por parte de grandes investidores - mesmo com o bônus oferecido pelo governo pelo prazo de um ano.
- Sou do partido do governo, mas não posso apoiar o governo quando erra - disse o senador, que leu dados fornecidos por entidade sindical ligada ao setor de petróleo com números favoráveis à Petrobrás. O faturamento da empresa chegou a R$ 26,8 bilhões em doze meses, com lucro de R$ 1,7 bilhão.
19/04/2000
Agência Senado
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