Alvaro Dias comenta relatório que alerta para deterioração fiscal das contas públicas



O Brasil está num quadro de contínua deterioração fiscal, populismo, assistencialismo e perda de competitividade. O alerta foi feito pelo gestor de recursos da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), Luís Stuhlberger, no relatório "A angústia de um gestor/Brasil: deterioração de fundamento x Market Timing", cujas principais conclusões foram analisadas pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), na tribuna do Plenário.

Segundo o relatório, a crise internacional serviu como justificativa para o governo cometer vários retrocessos que afetam a consistência da política macro brasileira. Alvaro Dias comentou que o gestor criticou duramente o expansionismo fiscal, sobretudo os gastos correntes, e a tendência de maior intervencionismo na economia. O relatório de Stuhlberger, destacou o senador, é amplamente conhecido no Ministério da Fazenda e no Banco Central.

- Um ponto destacado pelo prestigiado gestor de recursos do Brasil, e que considero de suma importância na sua análise, diz respeito ao que ele denomina 'política parafiscal', ou seja, a expansão de crédito do BNDES e dos demais bancos públicos, empurrada por empréstimos do Tesouro. Para ele, o Ministério da Fazenda 'descobriu uma estratégia para repassar os recursos para os bancos públicos sem afetar a dívida líquida' - afirmou Alvaro Dias.

O senador explicou que a estratégia vem sendo articulada da seguinte forma: a operação entre duas partes do setor público é neutra em termos de endividamento líquido, mas aumenta a dívida bruta. O relatório informa que os repasses do Tesouro para o BNDES somavam R$ 137 bilhões até setembro passado. A dívida pública, acrescentou o senador, teria aumentado de 54,8% do Produto Interno Bruto, em junho de 2008, para 66,5% do PIB em setembro de 2009.

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) observou que está sendo criado um clima no Brasil em que não se pode mais criticar o presidente Lula. O fato de o cantor Caetano Veloso estar sendo hostilizado após uma polêmica declaração a respeito da escolaridade do presidente, está preocupando o senador. Ele recomendou ao presidente que ouça mais as pessoas que o criticam e preste menos atenção aos bajuladores.



26/11/2009

Agência Senado


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