Senadores cobram de Fraga posição brasileira sobre dolarização



Além de assegurar aos senadores que o governo Fernando Henrique não tem intenção de dolarizar a economia do país, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, deixou claro que o fato de outros países latinos-americanos adotarem a moeda americana não representará dificuldades para o relacionamento brasileiro com esses países. Ele respondeu diversas questões sobre o assunto elaboradas pelos senadores que participaram do seminário Dolarização Versus Pluralismo Monetário, promovido pela Comissão de Assuntos Econômicos e presidido pelo senador Bernardo Cabral (PFL-AM), nesta quinta-feira (dia 22).

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que apoiava a decisão do governo de não querer trocar o real pelo dólar. Na opinião de Suplicy, essa postura deveria ser manifestada aos demais países da América Latina como forma de marcar uma posição e provocar a reflexão sobre o tema. Fraga respondeu que o fato de o Brasil estar acertando a sua economia já seria um sinal para os outros e até mesmo um exemplo.

Já o senadores José Fogaça (PMDB-RS) e Jefferson Péres (PDT-AM) revelaram preocupação com o impacto da possível dolarização argentina na questão do Mercosul. O presidente do Banco Central disse que não encarava a dolarização como um fenômeno que estivesse acontecendo em todo o mundo, acrescentando que a integração regional é uma tendência mundial. "As questões comerciais estão presentes, já a unificação monetária é mais difícil", explicou.

Ainda respondendo a questionamento do senador Fogaça, Armínio Fraga esclareceu que não concorda com a manutenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pois entende que ela onera o capital e afugenta os investimentos externos. Sobre esse assunto, levantado também pelo senador Paulo Hartung (PPS-ES), o economista disse que a revisão do sistema tributário é uma das prioridades do governo, bem como a revisão das atribuições da instituição que dirige.

Também os senadores Roberto Saturnino (PSB-RJ), Ademir Andrade (PSB-PA) e Pedro Simon (PMDB-RS) dirigiram perguntas ao presidente do Banco Central quanto aos aspectos sociais relacionados com a política econômica do país. Fraga sustentou que a estabilização da economia está resultando em uma melhor distribuição de renda, mas reconheceu que ainda falta muito para o Brasil atingir sua meta de desenvolvimento.

22/03/2001

Agência Senado


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