Armínio Fraga prevê crescimento de 4% ao ano a partir de 2004



O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, previu que a economia brasileira crescerá 4% ao ano a partir de 2004. Para este ano, o presidente do BC previu uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, chegando a 3,5% no ano que vem. Nos últimos cinco anos, porém, a média de crescimento do PIB brasileiro foi de 2,01%, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE).

A previsão de Armínio Fraga foi feita em audiência pública da Comissão Mista do Orçamento (CMO), como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. A norma legal dá prazo de 90 dias, após o encerramento de cada semestre, para que o presidente do Banco Central apresente a avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, apresentando o impacto e o custo fiscal de suas operações. A reunião foi aberta pelo presidente da CMO, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT).

O presidente do BC qualificou sua previsão como conservadora, já que, para ele, é muito grande o potencial de crescimento da economia brasileira. Ele também foi otimista com relação à redução da taxa de juros reais, prevendo uma taxa média em torno de 11,5% para este ano e 8% para 2003. Atualmente a taxa está em 18,5%.

Armínio Fraga reconheceu que o Banco Central não cumpriu as metas de inflação para o ano passado, fixada em 4% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com possibilidade de variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. A taxa ficou em 7,7%. O descumprimento da meta foi atribuído a fatores conjunturais desfavoráveis ocorridos no ano passado, como a crise argentina, a recessão global e a crise de energia.

O presidente do BC também admitiu certo insucesso no controle do aumento da dívida líquida do setor público em relação ao PIB, que aumentou 1, 72% - passou de 51,64% para 53,36%. Armínio Fraga mostrou aos parlamentares um gráfico atestando um crescimento ininterrupto da dívida em relação ao PIB desde 1996, mas que aponta projeção de declínio a partir deste ano, com previsão de chegar a 35,9% em 2010.

Ele destacou o aumento do prazo médio de vencimento da dívida mobiliária federal, que saltou de 27,3 meses em janeiro de 2000 para 35,6 meses em janeiro deste ano. Lembrou que um quarto da dívida ainda tem prazo de vencimento de um ano, mas ressaltou que o percentual dos Estados Unidos é bem próximo ao brasileiro, em torno de 20% da dívida total daquele país.

Em relação à política cambial, Armínio Fraga destacou que as intervenções diárias no mercado, da ordem de US$ 50 milhões, feitas a partir de 5 de julho do ano passado, ajudaram a diminuir "o pânico e o exagero no mercado", decorrentes dos fatores conjunturais como os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos e a aversão, pela comunidade internacional, ao risco representado pelos países emergentes.

O presidente do BC ressaltou ainda a diminuição da percepção do risco Brasil, que caiu de 1.256 pontos em 8 de outubro de 2001 para 755 pontos em 4 de março deste ano. Assinalou que o gráfico da taxa de risco do país é muito semelhante ao gráfico da variação cambial. Armínio Fraga citou ainda a diminuição da taxa média de desemprego, caindo de 7,1%, em 2000, para 6,2%, em 2001 - embora, na comparação direta, novembro e dezembro de 2001 tenham apresentado índices maiores do que os mesmos meses de 2000.



02/04/2002

Agência Senado


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