Arruda enviará documentação a senadores sobre sua participação no episódio da violação do painel



O senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) anunciou, em entrevista coletiva que concedeu nesta segunda-feira (dia 7) em seu gabinete, que amanhã enviará a todos os senadores um conjunto de documentos que, conforme disse, esclarecerá qual foi a sua participação no episódio da violação do painel de votação do Senado.

Ele afirmou também que, a exemplo do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), vai começar a articular a sua defesa junto às forças políticas com as quais tem contato e reafirmou ter recebido do senador baiano a incumbência de fazer apenas uma consulta sobre a segurança do painel à então diretora do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado (Prodasen).

Na opinião do ex-líder do governo no Senado, as manifestações de apoio que tem recebido de entidades de classe comprovariam que a pena de cassação do mandato é exagerada. Ela equivaleria, a seu ver, a condenar à pena de morte alguém que apenas esteve envolvido em um acidente de trânsito.

O senador comparou a sua participação no episódio com o vazamento de informações confidenciais para a imprensa por iniciativa de parlamentares integrantes de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Para Arruda, esses congressistas teriam cometido o mesmo crime de que ele está sendo acusado.

Quanto à declaração atribuída ao presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de que "a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres Borges foi a única que falou a verdade na acareação ocorrida na última quinta-feira", o senador a classificou de duvidosa, por ter sido transmitida à imprensa por intermédio de um amigo pessoal. O senador disse que prefere acreditar que o presidente considerou a sua atitude digna e corajosa, como afirmou o porta-voz da Presidência um dia antes de Arruda renunciar ao cargo de líder do governo.

Arruda disse ainda acreditar que o fato de ter admitido que não falou a verdade deve servir de atenuante. No seu entendimento, pregar que uma pessoa pública não tem o direito de reconhecer um erro equivale a dizer que ela deve sempre insistir em uma única versão e que, mesmo que existam evidências contundentes de que está mentindo, não lhe é dado o direito de voltar atrás.

Arruda manifestou também sua esperança de que a opinião pública dê ao caso a dimensão que merece e se disse satisfeito por constatar que alguns jornalistas políticos deixaram de lado a análise emocional e tiveram a sabedoria de afirmar que, como ele e Antonio Carlos Magalhães não se envolveram com desvio de dinheiro público, não devem ser punidos com a cassação.

07/05/2001

Agência Senado


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