Arthur Virgílio destaca relatório do Cimi sobre abusos contra os índios



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), registrou a publicação, nesta quarta-feira (29), nos principais jornais do país, de dados do relatório divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), segundo os quais o número de assassinatos de índios no Brasil dobrou no governo Lula em comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com relatório, disse o senador, entre 2003 e 2005 houve um aumento de 40,67% na média anual de homicídios de índios.

O relatório informa ainda, disse Arthur Virgílio, que de cada mil crianças indígenas nascidas vivas, 70 morrem em conseqüência da desnutrição e outras doenças endêmicas. O senador destacou a opinião da antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, que qualifica as mortes de crianças indígenas por desnutrição, no Mato Grosso do Sul, em 2005, como "verdadeiro genocídio".

Arthur Virgílio registrou ainda comentário do representante da Anistia Internacional no Brasil, Tim Carril, para quem "os dados do relatório são impressionantes" e contradizem a imagem romantizada do índio divulgada pelo governo brasileiro. "As crianças indígenas vivem entre a fome, a falta de terra e o assassinato" - leu o senador.

O parlamentar acrescentou que 21 indígenas sofreram algum tipo de violência sexual em 2003, sendo que 60% das vítimas eram crianças. Ainda segundo o relatório, em três anos ocorreram mais de 40 casos de violência sexual contra indígenas. Ele citou o caso de menina índia da etnia guarani-caiowá que teria sido estuprada durante tentativa de retomada de terras. No relatório, consta ainda a existência desse tipo de agressão cometida contra menor indígena por funcionário da própria Fundação Nacional do Índio (Funai).

O relatório do Cimi traz ainda, disse Arthur Virgílio, uma lista de adjetivos ofensivos que vêm sendo aplicados aos índios como "vagabundo", "sujo" e "fedido". Das 64 ocorrências de racismo e discriminação contra os índios, de acordo com o documento, somente 30% foram denunciadas ao Ministério Público Federal entre janeiro de 2003 e julho de 2005 e apenas 10% resultaram em alguma medida judicial.

Arthur Virgílio destacou, por fim, declaração do ex-diretor financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Roberto Thimóteo da Costa, constante do relatório, o qual afirmou, em um seminário, que a proteção dada aos indígenas no Brasil "é exagerada", acrescentando que o cacique Marcos Terena "fala inglês e pilota avião, mas, por ser indígena, não paga imposto". Outro articulista e membro da Academia Piauiense de Letras referiu-se aos índios como "ladrões natos, contrabandistas, criminosos e perversos".

Patrulhamento da Amazônia

Arthur Virgilio registrou, em seu discurso, que o almirante-de-esquadra, Roberto de Guimarães Carvalho defendeu em artigo a necessidade urgente de patrulhamento naval da Amazônia Azul contra a ação de terroristas, por entender ser esse um dever do Estado. O almirante teria sugerido ainda que a Petrobras colabore com a Marinha para que a força naval leve adiante projeto de navios-patrulha.

31/05/2006

Agência Senado


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