Arthur Virgílio exige explicação sobre declaração do presidente da Câmara



O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), exigiu nesta terça-feira (15) uma explicação do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, sobre declaração divulgada pela imprensa de que o PT teria votado contra as reformas propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso apenas para chegar ao poder. -Ele beirou o cinismo e o desrespeito-, afirmou. O senador pediu que todas as matérias jornalísticas sobre o assunto fossem incluídas nos anais do Senado.

Arthur Virgílio classificou a declaração de João Paulo como -maquiavelismo de província, algo canhestro- e denominou o deputado de -Macunaíma parlamentar-. E condenou o que, a seu ver, é falta de compromisso ético com o país e com as reformas. -Em política, o mais importante é a manutenção da coerência-, advertiu. Segundo o senador, João Paulo teria dito, nas entrelinhas, -dane-se a nação, dane-se a ética, danem-se os famintos. O que interessava mesmo era impedir que o governo Fernando Henrique deslanchasse-.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que ele e muitos parlamentares do PT não concordavam com a declaração de João Paulo, porque ela não reflete a postura e a atuação do partido ao longo da sua existência. Ele lembrou que, em muitas oportunidades, o PT votou favoravelmente a propostas de outros parlamentares, como a do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) que criou o Fundo de Combate à Pobreza.

O líder do PT, senador Tião Viana (PT-AC), lamentou -profundamente- a declaração do presidente da Câmara dos Deputados e que ele -não tenha tido tempo de procurar seus companheiros de partido para explicar-. Ele disse não ter visto -essa intensa crítica ao comportamento do ex-ministro Ricupero-, ressaltando que o ministro renunciou em seguida ao episódio em que uma conversa paralela com um jornalista foi transmitida ao vivo pelas televisões. Arthur Virgílio respondeu perguntando se João Paulo também renunciaria.

- Não devemos passar a mão na cabeça de quem comete um erro comandando um poder, uma das mais importantes instituições do país. Foi um erro grave do presidente João Paulo, um comportamento deturpado do presidente da Câmara dos Deputados - afirmou Arthur Virgílio.

O senador Agripino Maia (PFL-RN) lembrou o slogan de campanha do então candidato Lula logo após a eleição: -A esperança venceu o medo-. E perguntou: -Esperança de quê?- Segundo ele, seria a esperança de ruptura do modelo econômico, ruptura com o Fundo Monetário Internacional (FMI). -O que vem sendo praticado não é o que foi prometido ao eleitor-, afirmou.

O senador Magno Malta (PL-ES) disse que ficou -estarrecido com a vaidade do presidente da Câmara e acrescentou que é difícil acreditar que João Paulo tenha sido movido por -tamanho maquiavelismo político- apenas para chegar ao poder. Ressaltando o aparte de Tião Viana, Magno Malta disse que o -episódio Ricupero- não serve para justificar a atitude de João Paulo. -Um presidente de um poder não pode agir dessa maneira. Quem fala pelos cotovelos, tem que desmentir pela boca depois-, assinalou.

O senador Fernando Bezerra (PTB-RN) reafirmou a posição do seu partido como integrante do bloco de apoio ao governo e a disposição de votar favoravelmente a reformas que ajudem o país e não como forma de buscar o poder. -Ninguém se perde pela palavra que não disse-, alertou. Ele disse ainda não acreditar que João Paulo tivesse a intenção de realmente dizer o que disse, -porque essa não é a intenção real do PTB e do governo-.



15/04/2003

Agência Senado


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