Bancada capixaba quer mudar decisão do Cade



Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (11) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para discutir a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que impediu a compra da empresa Chocolates Garoto pela Nestlé, no Espírito Santo, o senador Magno Malta (PL-ES) pediu ajuda do governo federal para solucionar o problema. Malta defendeu a reversão da decisão do Cade, uma vez que o país precisa de empregos e de atrair investimentos.

- A parte técnica tem valor, mas não é definitiva. O negócio envolve US$ 150 milhões e 3 mil empregos. O governo federal com certeza não quer ver o desemprego. Nenhum investidor internacional gostaria de investir em um país onde há decisões como essa.O que vamos fazer agora com a Garoto? - questionou.

Magno Malta lembrou que a nova empresa formada com a fusão da Brahma e da Antártica, a Ambev, ficou com cerca de 75% do mercado. Esse negócio foi autorizado pelo Cade. Garoto e Nestlé juntas tem 55% do mercado. Mas o Cade proibiu a venda. O senador questionou ainda o que acontecerá se não aparecerem em 150 dias os pequenos compradores para a Garoto, exigência do Cade. O senador capixaba acredita que os estados são tratados de maneira diferente na federação.

Em resposta a Malta o presidente do Cade, João Grandino Rodas, afirmou que a decisão foi tomada pensando em um mal menor. O conselheiro do Cade, Thompson Almeida Andrade, respondeu que caso não apareçam empresas menores para comprar a Garoto, o Cade terá que examinar a questão e então decidir como agir. O diretor de assuntos corporativos da Nestlé, Carlos Faccina, afirmou que a multinacional contratou 300 funcionários enquanto administrou a fábrica capixada. Disse que a empresa respeita as decisões do Cade, mas não concordou com o parecer do conselho. A Nestlé, apesar da decisão do conselho econômico, continua querendo investir no Espírito Santo e aumentaria empregos e investimentos, afirmou o diretor.

O senador João Batista Motta (PPS-ES) disse que há dois pesos e duas medidas nas decisões do Cade. Na opinião do senador, a decisão do Cade serviu a interesses escusos, contrários ao Espírito Santo.

- O Cade foi criado para evitar fusão de duas grandes empresas que objetivem ter monopólio de um mercado. Não é o caso - garantiu.

O senador lembrou que a Garoto era uma empresa familiar que enfrentava um período de decadência quando foi comprada pela Nestlé. João Batista Motta acha que é preciso sensibilidade dos conselheiros do Cade para decidir a questão e que o conselho deu uma "grande rasteira nos trabalhadores e no Espírito Santo". Motta afirmou que os empresários brasileiros estão em pânico e os investidores internacionais também.

O presidente do Cade, João Grandino Rodas, disse a João Batista Motta que é preciso haver um recurso oficial de forma que o Cade possa rever sua decisão. O conselheiro Thompson Almeida de Andrade informou que a exigência da compra da Garoto por empresa que não detenha mais do que 20% do mercado de chocolates não é impossível de ser cumprida, uma vez que pode ser uma instituição de outro setor. Segundo Thompson Andrade, Nestlé, Garoto e Lacta detém 90% do mercado de chocolates no Brasil.

Em resposta ao senador Efraim Morais (PFL-PB), o conselheiro Thompson Almeida Andrade disse ainda que o negócio firmado entre a Nestlé e a Garoto teria que ser inteiro, independente e sustentável envolvendo fábrica, marcas, direitos e rede de distribuição. "Isso é importante para preservar empregos", afirmou.



11/02/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


Governo capixaba deve entrar em juízo contra decisão do Cade

Secretário capixaba diz que Cade errou ao impedir venda da Garoto

Bancada evangélica tenta mudar perfil

João Batista Motta quer capixaba na diretoria da ANP

Motta critica decisão do Cade

ACM DIVULGA DOCUMENTO EM QUE MÉDICOS CRITICAM DECISÃO DO CADE