Bernardi e Fetter questionam ideologização



Bernardi e Fetter questionam ideologização Os pré-candidatos a governador pelo PPB, Celso Bernardi e Fetter Júnior, disseram em Vacaria, sexta à noite, e em Soledade, sábado pela manhã, durante os debates que antecipam a prévia, que o Rio Grande do Sul não tem motivos para comemorar os 20 anos da reforma agrária no Estado, que coincide com o surgimento do Movimento dos Sem Terra (MST). Segundo eles, o PT deve estar satisfeito, pois a maior conquista desse período foi a ideologização do pequeno produtor rural. Bernardi, que é presidente licenciado do PPB estadual, declarou que nas mãos do PT o homem do campo deixou de ser agricultor e se constituiu como massa de manobra e instrumento de fazer política. Indignado com a forma como o PT trata os pequenos agricultores, Bernardi disse que a data poderia ser aproveitada para que o MST informasse o destino dos quase R$ 3 bilhões aplicados na implantação da reforma agrária no Estado. Fetter Júnior também não vê motivos para comemorar a data. Segundo ele, é inadmissível que num estado considerado celeiro do país, 10% da população, mais de 700 mil gaúchos, ainda passem fome. O resultado dessa situação, acredita, é o crescimento dos cinturões de miséria nas grandes cidades. Informou que Porto Alegre, em 1980, tinha 7% de miseráveis e hoje está chegando a 12%. Para aumentar a produção agrícola do Estado e atender às principais necessidades do homem do campo é que, tanto Bernardi como Fetter, incluíram a agricultura como uma das prioridades a serem atendidas pelos seus projetos de governo. Os pré-candidatos voltam a debater hoje à noite em Bento Gonçalves. Rede confirma: Tarso concorre A decisão indica a disponibilidade do prefeito para disputar com Olívio A Rede, corrente interna do PT fundada pelo prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, definiu, durante encontro estadual no sábado, lançá-lo ao governo do Estado, logo após as eleições que escolherão os novos dirigentes municipais, estaduais e nacional do partido, no dia 16 de setembro. Ao marcar data para o lançamento de Tarso, o grupo confirma a disponibilidade do prefeito para disputar internamente com o governador Olívio Dutra a vaga à reeleição do PT ao Palácio Piratini. O argumento dos integrantes da Rede, que tem o apoio do PT Amplo e Democrático e do Movimento de Construção Socialista, é de que não existem candidatos naturais no partido. Referem-se, claramente, às candidaturas de Olívio e da senadora Emília Fernandes. 'É preciso ampliar o debate interno para todas as instâncias partidárias a fim de que os filiados tenham, democraticamente, a oportunidade de indicar os quadros políticos que melhor representam o projeto estratégico do PT e reúnam as melhores condições de levarem o partido à vitória', justifica a resolução da Rede. O secretário municipal da Indústria e Comércio, Cezar Alvarez, um dos coordenadores da Rede, acredita que a decisão de abrir o debate sucessório, após 16 de setembro, será salutar para o partido porque permitirá avaliação e correção nos rumos administrativos de forma crítica. O grupo defende também a realização de prévias entre os filiados para escolha, além dos candidatos à Presidência da República e ao governo, dos concorrentes a vice-governador e às duas vagas ao Senado, que em eleições anteriores foram definidos por convencionais. Os integrantes da Rede conversarão com o deputado federal Paulo Paim para tratar de sua pré-candidatura a senador e da possível adesão do grupo de Tarso. A Rede reafirmou ainda o apoio ao presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Planalto, reconhecendo a legitimidade de outras candidaturas. Fortunati fixa prazo para decisão O vereador José Fortunati afirmou ontem que a sua decisão de permanecer ou sair do PT ocorrerá somente dentro de dez dias. Ele salientou que ainda está refletindo sobre um possível desligamento do partido. Informações de que já teria deixado o PT são mentirosas, garantiu, e plantadas por integrantes do partido que desejam o seu afastamento. O vereador declarou que está decidindo o seu futuro político com tranqüilidade e a posição tomada será exclusivamente pessoal. 'Alguns companheiros fazem jogo duplo, dizendo publicamente que querem minha permanência. Porém, internamente eles pressionam e vendem notícias falsas', enfatizou. Sobre a desistência da candidatura à presidência nacional do PT, na sexta-feira, Fortunati ressaltou não ter relação com a indecisão em permanecer no PT. Porém, alegou que os apoiadores de sua chapa, os candidatos do Fórum Socialista Solidário, corrente que lidera no Estado, e as direções municipais e estadual estão sendo prejudicados pela sua posição. De acordo com o vereador, há também muita cobrança nos debates à presidência nacional sobre a sua possível saída, enquanto a discussão deveria ser o futuro do PT e os seus problemas internos. Fortunati lembrou que na prévia que disputou, em 1999, contra Tarso Genro e Raul Pont pela candidatura à Prefeitura de Porto Alegre, foi alvo de acusações por companheiros do partido que tinham, segundo ele, o objetivo de prejudicá-lo. Jader enfrenta outra acusação O presidente licenciado do Congresso, Jader Barbalho, do PMDB, poderá enfrentar nova acusação por quebra de decoro parlamentar, que também o exporia a processo de perda de mandato. Desta vez por, supostamente, obstruir a investigação da Casa em que aparece como principal suspeito. Ele teria engavetado pedido de informações solicitado pelo senador José Eduardo Dutra, do PT, ao Banco Central sobre possível desvio de recursos do Banpará. Jader poderá ser cassado se isso for confirmado, segundo entendimento do senador Jefferson Peres, do PDT. Em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, na semana passada, o presidente licenciado disse que foi a mesa diretora que não deu andamento ao pedido. MALUF Para 73% dos 1.069 paulistanos ouvidos pelo Instituto Datafolha na sexta-feira, o ex-prefeito Paulo Maluf tem conta bancária na ilha de Jersey, no Canal da Mancha. Porém, o fato influi pouco quanto à intenção de votos para governador daquele estado. Num dos cenários, Maluf caiu dois pontos (de 22% para 20%). Em outro, a queda foi de quatro (de 22% para 18%), ficando atrás do governador Geraldo Alckmin Oposição articula a derrubada de vetos Os vetos do governo à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ao projeto que cria a universidade estadual passaram a incluir a lista de 17 matérias que trancam a pauta dos trabalhos na Assembléia Legislativa, desde o final de agosto. O governo vetou 37 itens da LDO, entre as 131 emendas apresentadas. O deputado Cézar Busatto, do PMDB, disse que a oposição se articula para derrubar alguns vetos, como o que exige do governo reserva de recursos para repor o caixa único e o que prevê reajuste salarial aos servidores. O deputado Ivar Pavan, do PT, lamentou que a oposição não leve em conta aspectos legais e garantiu que o governo ingressará na Justiça contra a derrubada dos vetos. Artigos SUCESSÃO Fernando Affonso Gay da Fonseca Faltando mais de ano e meio para a eleição que escolherá os novos dirigentes da Nação, já se sente o clima de campanha eleitoral. Na órbita do Executivo federal, já se identificam candidatos dos mais diversos matizes, sem que isso queira dizer que sejam representativos de ideologias definidas. Uns são candidatos experimentados: sempre candidatos. Alguns se definem como tal, outros esperam convocação das assim chamadas áreas de sustentação, as quais só deles são conhecidas. O desencadeamento precipitado do processo sucessório, com a presença de postulantes, deve-se muito à fragilidade do governo, que vem embalando crises sem conseguir superá-las. O desencanto do eleitor, a apatia dos dirigentes e a falta de um apelo concreto faz surgirem nomes que não teriam condições de serem lembrados, não só pelas posturas que assumem como também pela inexpressividade de vivência partidária que oferecem. É doloroso registrar que, com a exceção do candidato do PT, com o qual não sintonizo, mas respeito, os demais não exprimem definição ideológica, nem posições doutrinárias. Esses últimos, talvez, não saibam o que prega a sigla sob a qual, eventualmente, se abrigam. Um dos pleiteantes já posou em várias legendas, não dando ao eleitor a confiabilidade que merecem. Tal fenômeno, lastimavelmente, se registra também quando apreciamos as candidaturas ao Legislativo, pois o 'pula-pula' de um partido a outro é triste apanágio de alguns legisladores. O mais grave é que nesse caos estamos todos nós, envoltos nas indefinições programáticas e ideológicas. Essa inexistência de comprometimento dos partidos e as indefinições de ideologia e programas levam ao esvaziamento dos mesmos e, o que é mais relevante, do próprio regime democrático que se sustenta na vitalidade das agremiações partidárias. Democracia sem partidos se esvazia e se fragiliza, também, na medida que os mesmos forem desprestigiados. Estão, os candidatos, mais preocupados em conquistar apoio pelo que prometem do que pelo que pregam e pelas soluções que deviam apontar e assumir. O registro que aqui faço é pessoal, mas as eventuais repercussões atingirão o país, que é de todos nós. Colunistas Panorama Político/A. Burd DATA MARCADA Ao definir uma data para lançar o prefeito Tarso Genro ao governo do Estado, após as eleições partidárias, em 16 de setembro, a Rede contraria a vontade do Palácio Piratini, que prefere deixar para o final do ano qualquer definição sobre a disputa eleitoral de 2002. A justificativa para deflagrar o confronto interno é simples, porém dura: o vice-governador Miguel Rossetto e secretários do primeiro escalão já estão em campanha aberta pró-Olívio Dutra no interior do Estado. Favorável à candidatura de Tarso desde o começo do ano, a Rede decidiu tornar pública a disposição do prefeito por estar em clara desvantagem. A corrente não se limitará à escolha do candidato, quer também um debate crítico sobre os rumos do atual governo. SÓ COM GARANTIA Difícil acreditar que a senadora Emília Fernandes não negociou com o PT a reeleição para ingressar no partido. Quando trocou o PTB pelo PDT foi com a garantia de concorrer ao governo gaúcho, em 1998. NA SUPERFÍCIE Debates entre os candidatos à presidência nacional do PT se encerraram sem aprofundar problemas internos e crescentes divergências. Os ataques de sempre ao governo federal prevaleceram. VINGANÇA - O resultado da convenção nacional do PMDB, no próximo domingo, já é conhecido: Michel Temer assumirá a presidência do diretório, numa vitória do Planalto. Porém, até lá, o eixo Belo Horizonte-Brasília vai trepidar. Mesmo sabendo que não tem chance, o grupo de Itamar Franco incomodará. O líder mineiro chegou a anunciar que se licenciaria do cargo para fazer campanha. Teve de recuar e vai cobrar caro por isso. MUNIÇÃO O Fórum das Desigualdades Regionais, que começará dia 13, servirá para subsidiar a oposição na disputa eleitoral do próximo ano. O evento organizado por Assembléia Legislativa, Famurs, Coredes e Uvergs promete radiografia das disparidades nos municípios gaúchos. SEM SABER O vereador José Fortunati saiu da disputa à presidência nacional do PT sem comunicar aos adversários. Sexta-feira à noite participou normalmente do último debate, em Recife. Os companheiros de disputa ficaram sabendo só no fim de semana, através de apoiadores no RS. MALA E CUIA Motivos pessoais fizeram o secretário municipal do Planejamento, João Motta, deixar o cargo. Vai para o Rio de Janeiro, acompanhando a esposa, que inicia doutorado. CHAPA DOS SONHOS Preocupado com a recuperação do governador Olívio Dutra no Interior, o PMDB articula o que há pouco tempo seria impensável: a aproximação com o PDT, com vistas a 2002. As conversas começaram na Assembléia Legislativa, e peemedebistas garantem que há receptividade. 'A chapa dos sonhos', como vem sendo chamada, incluiria o PTB. NAMORO O PMDB passa a fazer parte da administração do prefeito de Passo Fundo, Osvaldo Gomes, do PFL. A aproximação é indício forte de que sonha em retornar à antiga legenda, sua adversária na última eleição. O RETORNO Vinte anos depois, Beto Albuquerque, hoje secretário dos Transportes, voltou a Encruzilhada Natalino. À época, conheceu a localidade militando na juventude franciscana. APARTES A prefeita de Maceió, Kátia Born, está hoje em Porto Alegre participando de debate preparatório ao congresso nacional do PSB, em novembro. Comissão de Finanças da Assembléia não tem data definida para votar a subcomissão do caixa único. Vice-prefeito de Cidreira, Atelir Oliveira, deixou o PTB e entrou no PSDB. Leonel Brizola voltou ontem com seus famosos tijolaços em jornais do Rio. Ataca urna eletrônica. Pacote ético precisa de 308 votos para aprovação. Haverá tantos deputados abrindo mão das benesses? Líder do PT na Câmara, Estilac Xavier, garante que não haverá desavença entre ele e Fortunati. Circunstância inédita para uma mulher no país: Roseana Sarney está em 2O lugar na pesquisa ao Planalto. Começa novo round na Assembléia entre oposição e governo: votação dos vetos da LDO e da Uergs. Editorial SIGILO FISCAL E PATRIMONIAL O tal Código de 'tica e Decoro Parlamentar, com origem na Mesa da Câmara dos Deputados, criava, na redação original, a figura da quebra obrigatória das garantias constitucionais de sigilo fiscal e patrimonial das pessoas eleitas para a deputação. As lideranças, com o PT à frente, não se mostraram de acordo com essa exigência, e novo texto foi redigido ficando apenas a obrigação da declaração de bens no ato de posse. Não era necessário submeter os setores políticos ao vexame de serem considerados, porque se elegeram, suspeitos potenciais de irregularidades. Muito menos de corporativismo os atuais integrantes da Câmara que se rebelaram contra o dispositivo. Aos olhos do povo, agiram em proveito próprio, pois corre uma tendência preconceituosa contra a política e os políticos, especialmente se parlamentares forem. Embora medida de abrangência geral estatuída em lei, a quebra dos sigilos pressupõe desconfiança, no mínimo. Em nome dessa palavra tão pronunciada no meio político, e infelizmente tão agredida na prática, que é a transparência, o texto original do código cometia um exagero, uma demasia, tal como redigido. Felizmente, o bom senso predominou a tempo de evitar a discriminação imposta aos cidadãos, todos eles, que aceitarem integrar as listas de candidatos partidários a cargos parlamentares. Basta, para ressalva da dignidade, a definição patrimonial no instante da posse, com publicação no Diário Oficial; o mais é demais. Só serviria aos homens de honradez como um fator a mais para afastamento da vida pública, com ênfase especial pela obrigatoriedade da divulgação das informações. Está aí um atentado ao direito que as pessoas têm da preservação de imagem, garantia constitucional. Será injusto e injurioso dizer que as lideranças que se rebelaram contra o excesso de exposição pública que se alvitrava estejam defendendo condições de possibilidade para a prática, no exercício do mandato, de prevaricações e deslizes. Não há de ser pelo constrangimento legal que os cidadãos serão, in casu, mais honestos e virtuosos. Topo da página

09/03/2001


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