Botelho registra sentimento de perda das famílias retiradas da Raposa Serra do Sol



A retirada dos não-índios da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol está sendo feita de forma pacífica, embora um intenso sentimento de perda predomine entre as famílias que foram expulsas do local e não sabem onde vão morar e o que farão para sobreviver. O registro foi feito nesta quarta-feira (6) pelo senador Augusto Botelho (PT-RR), que entre 20 e 30 de abril esteve acompanhando a retirada das famílias da reserva, por designação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

O senador por Roraima foi autor da ação que questionou o processo demarcatório da reserva no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu pela saída das famílias ao reconhecer a demarcação contínua das terras da região. A retirada seria concluída até o último dia de abril, mas o prazo foi prorrogado pelo tribunal até o dia 16 deste mês para que as famílias expulsas possam fazer a colheita de 50 mil sacas do arroz cultivado na região.

Augusto Botelho disse que a polêmica em torno da reserva não se encerra com a simples retirada dos não-índios. Ele prometeu lutar pelo reassentamento das famílias em um novo local onde tenham condições de sobreviver com dignidade e recomeçar suas vidas. Lembrou a promessa de que os não-índios seriam retirados após indenização justa, mas ressaltou que até o presente momento apenas 60 das 500 famílias que viviam no local foram reassentadas, ainda assim em terrenos sem água e energia elétrica.

- A Nação tem uma dívida com essas pessoas e vou lutar por elas - disse.

Ao contrário do que foi divulgado pela mídia, Augusto Botelho disse que a maior parte dos moradores da reserva não dispõe de recursos e que os arrozeiros são minoria no local, embora deles dependa a geração de 2 mil postos de trabalho na região.

Em aparte, o senador Magno Malta (PR-ES) manifestou solidariedade aos não- índios, dizendo que o reassentamento de suas famílias deveria ser providenciado antes da decisão do STF pela demarcação contínua da reserva.

- É fundamental pensar nos não-índios que ali viveram, criaram seus filhos, seus netos, suas galinhas, seus porcos e vivem do arroz que plantam - disse o senador.

Magno Malta disse ainda que a defesa dos moradores expulsos da reserva deveria ser assumida pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB), tendo em vista que o senador é um dos representantes de Roraima.

- Quem estava radicado na reserva virou indigente. Vai agora viver de cesta básica? O governo do estado fará algum plano emergencial? Se eu sou líder do governo, metia o pé na porta - disse o senador.



06/05/2009

Agência Senado


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