Brasil não é prisioneiro da Alca, diz Jefferson Péres



O Brasil não é prisioneiro da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), no sentido de estar obrigado a aderir a essa proposta do governo norte-americano. Esse fato fica mais evidente a partir da viagem que o presidente Fernando Henrique Cardoso faz à Rússia, país que abre enormes perspectivas de negócios com o Brasil. A opinião é do senador Jefferson Péres (PDT-AM), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), para quem a viagem do presidente já deveria ter acontecido há pelo menos um ano, em vista do elevado grau de complementaridade entre as economias russa e brasileira.

Segundo Jefferson, a Rússia passou por um processo muito severo de transição econômica ao migrar de uma economia socialista para uma economia de mercado e teve que enfrentar uma crise profunda a partir de 1997, que chegou a afetar o Brasil. O país esteve à beira do caos naquela ocasião, diz Jefferson, superando seus problemas mais graves somente após a eleição de Vladimir Putin, quando conseguiu retomar o crescimento. Ao que tudo indica, analisa o senador, a Rússia será capaz de manter esse crescimento de forma contínua ao longo dos próximos anos.

Os russos dispõem hoje de mão-de-obra extremamente bem qualificada, uma população com alto índice de escolaridade e de alfabetização e elevado conhecimento científico e tecnológico, que pode ser transferido para países como o Brasil, explicou o senador. Eles também são detentores de excelente indústria pesada (de bens de capital), complementando-se, portanto, com a indústria brasileira, que tem maior desenvoltura na área da indústria leve, de bens de consumo. O intercâmbio entre os dois países, portanto, avalia Jefferson, tem tudo para se intensificar a partir de agora.

Nessa linha de raciocínio, o senador prega um maior esforço do governo brasileiro na busca de maior proximidade e cooperação com outros dois grandes mercados: a China e a Índia. "São dois países gigantes, com enorme mercado consumidor em potencial e que podem abrir novas e importantes perspectivas para os negócios no Brasil", afirma. Ao mesmo tempo, continuou, o país deve estreitar ainda mais a cooperação econômica com a União Européia, agora fortalecida com o euro, nova moeda forte daquele bloco.

Para Jefferson, essas novas frentes de cooperação econômica entre o Brasil e mercados como os da União Européia, China, Índia e Rússia representam "uma porta aberta" a uma nova dimensão econômica. Assim, comentou, o Brasil tem escolha diante de outras propostas, como a da Alca. Na opinião do senador, as opções brasileiras não se restringem, como alguns têm colocado, a "ou aderimos à Alca ou estaremos mortos".

- Essas novas opções que se abrem para o Brasil, com novos e importantes mercados, mostram que as coisas não são bem assim - concluiu.



16/01/2002

Agência Senado


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