Jefferson Péres: convulsão social na Argentina não afetará o Brasil



O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Jefferson Péres (PDT-AM), afirmou que ninguém pode prever o que irá acontecer na Argentina, caso a população reaja com mais protestos ao novo plano econômico. O parlamentar opinou, no entanto, que embora esses novos protestos possam desembocar em uma convulsão social no país vizinho, esta não deverá afetar o Brasil, que mantém bons fundamentos econômicos.

Em entrevista à Agência Senado nesta segunda-feira (4), o representante do Amazonas afirmou que o ponto frágil brasileiro está no setor externo do país, com o "enorme déficit nas contas correntes". Apesar de um prolongamento na crise argentina vir a prejudicar ainda mais as exportações brasileiras para aquele país, o senador considera que não haverá nada de mais grave, não obstante considere imprevisível o desfecho de uma convulsão social.

- Cabe a nós agora torcer para que a desordem não ganhe as ruas - afirmou o parlamentar.

O presidente da CRE afirmou que os próximos dez dias serão cruciais para se avaliar a reação do povo argentino ao novo plano. Caso o governo de Eduardo Duhalde consiga manter a ordem durante esse período, afirmou o parlamentar, o país deverá voltar aos eixos, embora ele preveja dificuldades ainda maiores em um primeiro momento:

- A Argentina continuará a viver um período difícil, com aumento da pobreza e do desemprego. Além disso, o novo plano beneficia os devedores, mas traz perdas para os credores - disse o senador, para quem "chegou a hora da verdade para a Argentina".

Jefferson disse ser "indispensável uma ajuda substancial e rápida" do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do governo dos Estados Unidos para a solução do problema argentino. O país vizinho faz tardiamente o que já deveria ter sido realizado "há quatro ou cinco anos", disse.

Para o senador, o problema não se restringe à manutenção artificial da paridade cambial, que retirou a competitividade da indústria argentina; é necessário também que o país deixe de gastar mais do que arrecada:

- Somente agora eles vão tentar implantar o ajuste fiscal, que não ocorreu no âmbito federal nem nas províncias - afirmou Jefferson, informando que mantém-se atento aos acontecimentos para, se preciso, trazer a crise argentina para ser debatida pelos integrantes da comissão que preside.

04/02/2002

Agência Senado


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