Tarso e Rigotto empatados
Tarso e Rigotto empatados
última pesquisa Cepa-UFRGS do primeiro turno mostra empate técnico entre os candidatos Tarso Genro (PT) e Germano Rigotto (PMDB). Tarso tem 33,6% das intenções de voto, e Rigotto, 31,1% .
A margem de erro da pesquisa é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. O Cepa-UFRGS ouviu 1.750 eleitores em 49 municípios gaúchos no dia 3 de outubro.
Em relação ao levantamento anterior, feito em 24 de setembro, Tarso se manteve estável e Rigotto cresceu 10,2 pontos. Antônio Britto caiu 3,9 pontos e agora é o terceiro, com 18,5%. Celso Bernardi (PPB) baixou de 9,4% na pesquisa anterior para 4,9% na atual e voltou aos índices da metade de agosto.
Britto é o campeão de rejeição, com 42,9%, seguido de Tarso, que tem 33,5%.
Rigotto lidera no segundo turno
Pesquisa Cepa-UFRGS mostra candidato do PMDB com 13,9 pontos à frente de Tarso
Nas simulações de segundo turno feitas pelo Cepa-UFRGS, o candidato Germano Rigotto (PMDB) está com 13,9 pontos percentuais à frente de Tarso Genro (PT). Rigotto tem 53,9% e Tarso, 40%. Na pesquisa anterior, realizada no dia 24 de setembro, Rigotto e Tarso estavam tecnicamente empatados na simulação de segundo turno, com uma vantagem de 1,9 ponto percentual para o candidato do PMDB.
Tanto Rigotto quanto Tarso venceriam com folga se o adversário no segundo turno fosse Antônio Britto (PPS) ou Celso Bernardi (PPB). Britto perderia inclusive para Bernardi, que no primeiro turno é o quarto colocado, com 4,9% das intenções de voto.
Na pesquisa espontânea, em que se pergunta ao entrevistado em quem pretende votar no primeiro turno, sem apresentar um cartão com o nome dos candidatos, Tarso e Rigotto também estão empatados.
Entre os eleitores que assistiram ao debate realizado pela RBS TV no dia 2 de outubro, a avaliação foi de que Rigotto teve melhor desempenho. De zero a 10, a nota média obtida pelo candidato do PMDB foi 6,8. Tarso teve média 6,1.
O Cepa ouviu 1.750 eleitores, de 49 municípios, no dia 3 de outubro.
Tarso e Rigotto trocam farpas em debate
Principais duelos verbais no programa da RBS TV envolveram os candidatos que lideram as últimas pesquisas
Oito dos 12 candidatos ao governo do Estado participaram do último debate da campanha, na RBS TV, na noite de quarta-feira. Mediado pelo jornalista Lasier Martins, o embate foi marcado principalmente pelas farpas trocadas entre os candidatos Tarso Genro (PT) e Germano Rigotto (PMDB), que lideram as últimas pesquisas de intenção de voto. Rigotto, Antônio Britto (PPS) e Celso Bernardi (PPB) fizeram uma tabelinha para atacar o atual governo. Foram convidados para o debate apenas os partidos com representação na Câmara dos Deputados.
A eleição na terra de cada um
Os quatro principais candidatos ao Piratini são de municípios e regiões diferentes do Estado e cada um reage à sua maneira em relação à candidatura dos filhos ilustres. Ontem, último dia de campanha, Tarso Genro (PT) e Celso Bernardi (PPB) visitaram suas cidades adotivas. Antônio Britto (PPS), de Santana do Livramento, e Germano Rigotto (PMDB), de Caxias do Sul, preferiram buscar votos na Região Metropolitana.
Volta à cidade adotada
O showmício do candidato do PPB ao governo do Estado, Celso Bernardi, aliado ao empenho de militantes em conquistar eleitores na reta final, deu fôlego à campanha em Santo Ângelo, ontem. Na terra adotada de Bernardi – ele é nascido em Augusto Pestana, mas construiu sua carreira política e profissional na cidade –, seu jingle tocou a tarde inteira, ao mesmo tempo que o palco na Praça Leônidas Ribas era preparado para o ato, que ocorreu no início da noite.
Enquanto os militantes do PPB esperavam a chegada de seu candidato, cabos eleitorais de partidos diferentes dividiam esquinas e faixa de segurança com colegas para convencer os indecisos. Tudo de forma pacífica. Apesar do empenho e da poluição sonora, há eleitor que não se deixa contagiar.
– Está meio fria essa campanha. Acho que é a decepção com a política – analisava o construtor João Rosinski, 65 anos, que passava pela praça e observava o movimento.
O showmício atraiu santo-angelenses que admiram o conterrâneo adotado. O frentista André Szymansky, 21 anos, passou boa parte da tarde acompanhando a montagem do palco onde o candidato se pronunciaria.
– Eu o admiro desde criança pelo fato de ser daqui e ter uma vida política limpa – contou o frentista, que diz ter se filiado ao PPB estimulado pelo figura do candidato.
O radialista João Ernesto Castro, 45 anos, também estava à espera do comício. Castro conviveu com Bernardi e vota nele desde a primeira vez que concorreu.
Nas mãos dos militantes
A derradeira tentativa de conquistar os votos dos conterrâneos de Santana do Livramento foi deixada nas mãos dos militantes do candidato Antônio Britto (PPS). O próprio preferiu buscá-los na Região Metropolitana, no último dia de campanha.
Ontem, enquanto cabos eleitorais de Britto visitavam os moradores do Cerro do Armour, poucos faziam campanha no Centro. Cartazes, adesivos, placas e bandeiras de outros candidatos são vistos quase com tanta freqüência quanto o material de publicidade do candidato do PPS, que visitou a cidade pelo menos duas vezes ao longo da campanha. Na disputa para o governo estadual em 1998, porém, Britto venceu Olívio Dutra por quase 5 mil votos de diferença em sua terra natal – 7,5% dos 66 mil eleitores de Livramento.
Mais do que os cargos a governador do Estado ou presidente da República, é a propaganda eleitoral dos candidatos a deputado estadual e federal que mobiliza a cidade. Os seis políticos locais que tentam uma cadeira na Assembléia ou na Câmara Federal lutam pelos votos com candidatos de fora que instalaram comitês mais estruturados. Livramento conta com uma senadora que concorre à reeleição – Emília Fernandes (PT) –, mas desde 1994 não elege um deputado.
– É uma vergonha uma cidade com mais de 60 mil eleitores não contar com um representante pelo menos – diz a dona de casa Alcina Duarte, 77 anos, que pretende votar em candidatos de Livramento.
Bandeiraço na despedida
O crescimento de Germano Rigotto (PMDB) nas últimas pesquisas de intenções de voto ao governo do Rio Grande do Sul, que o apontam em segundo lugar, parece não ter empolgado tanto os militantes de sua terra natal. Poucas pessoas participaram, na tarde de ontem, do bandeiraço programado em frente à catedral, no centro de Caxias do Sul, que também abrigaria, à noite, um comício de Tarso Genro (PT). O candidato do PMDB, por sua vez, fez caminhadas na Região Metropolitana.
Entre os peemedebistas, uma eleitora de Rigotto se destacava no ato de ontem. A aposentada Maria Camargo, 75 anos, estava confiante na vitória do seu candidato:
– Enquanto tiver forças e conseguir andar, meu voto sempre será do Rigotto.
O número reduzido de participantes no bandeiraço da coligação União pelo Rio Grande do Sul pode ter sido um recado ao candidato do PMDB por não ter promovido nenhum comício em Caxias do Sul durante a campanha.
As aparições de Rigotto no seu município natal, governado pelo PT desde 1996, se restrigiram a inaugurações de comitês, almoços e jantares.
O presidente do diretório municipal do PMDB, João Carlos Berti, diz que a prioridade foi investir em regiões onde Rigotto ainda não era conhecido.
No comitê do partido, segundo a coordenação, o movimento se intensificou com as últimas semanas.
Reencontro familiar
Assim como o início das mobilizações aconteceu em Santa Maria, em 6 de agosto, o último dia de campanha de Tarso Genro (PT), foi na cidade. Depois de percorrer as ruas em uma carreata, Tarso falou para centenas de pessoas na Praça Saldanha Marinho. Junto ao candidato a vice, Miguel Rossetto, e aos candidatos ao Senado, Emília Fernandes e Paulo Paim, o petista se dirigiu aos militantes como velhos conhecidos.
– Enxergo aqui tanta gente que fez parte da minha história. Meus amigos, vizinhos, o jornaleiro – disse Tarso, ao iniciar o discurso de despedida.
No palanque, o retrato vivo da ligação com a cidade: os pais Elly e Adelmo acompanharam todo o comício. Ela, vestida com uma camiseta da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
– O fato de ele ter começado a vida política em Santa Maria fortalece essa relação – disse o pai do candidato.
Tarso nasceu em São Borja, mas foi morar com a família em Santa Maria aos seis anos de idade. Seu primeiro mandato eletivo foi de vereador na cidade pelo antigo MDB, em 1968.
– Santa Maria é a minha cidade de formação, das minhas amizades mais antigas, mais duradouras, das minhas relações familiares – confessou o candidato na despedida no município comandado pelo PT desde 2000.
Tarso antecipa embate com Rigotto
Candidato da Frente Popular encerra campanha no primeiro turno com comício em Gravataí
O governador Olívio Dutra abriu os discursos no último comício do PT no primeiro turno das eleições de 2002, realizado na noite de ontem em Gravataí, deixando clara a estratégia do partido para combater Germano Rigotto (PMDB).
Olívio associou o principal adversário de Tarso Genro nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio Piratini à gestão de Antônio Britto (PPS).
– Vocês estão lembrados do governo anterior, das privatizações. Não era o governo de um homem só, mas de vários partidos. É como naquelas histórias da mitologia, um dragão de três cabeças – disse, referindo-se também ao candidato do PPB, Celso Bernardi.
Milhares de pessoas reuniram-se no Parcão do Centro, uma área de 19 mil metros quadrados recuperada pela administração do município, para ouvir os discursos de Olívio, Tarso e dos indicados ao Senado pelo PT, Emília Fernandes e Paulo Paim. Há três anos, o local abrigava um lixão.
Tarso, que lembrou a atuação de Rigotto como líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara dos Deputados, disse que será mais fácil vencer o deputado federal do que Britto:
– A elite começou a construir um novo candidato. Já depenamos o primeiro. Vamos depenar o segundo. Esse é mais fracote do que o outro. Ele não tem condições de fazer um debate conosco.
O presidente estadual do partido, David Stival, presente ao evento, confirmou que a estratégia manifestada nos discursos será adotada em um possível segundo turno. Candidatos às eleições proporcionais como Luciana Genro, Flávio Koutzii e Paulo Pimenta estiveram no local.
A comitiva conduzindo a chapa majoritária e o governador chegou ao Parcão às 21h40min. Cerca de uma hora e meia depois, os políticos cederam o palco para artistas convidados, sob uma chuva de fogos de artifício, e retiraram-se às pressas para assistir ao último debate dos candidatos à Presidência do República, promovido ontem pela Rede Globo.
– Não vejo a hora de chegar em casa, tirar o sapato e ligar a TV – disse um assessor de Tarso Genro.
Britto e Bonow se despedem dos eleitores
Com o mesmo tom de emoção e no mesmo lugar onde abriu a campanha eleitoral no dia 14 de maio deste ano, o candidato a governador do PPS, Antônio Britto, despediu-se dos eleitores no início da tarde de ontem.
O cenário foi o terreno em que seria construída a montadora de automóveis da Ford, na Estrada do Conde, zona rural de Guaíba, lugar que virou símbolo da campanha de Britto.
Até chegar ao terreno onde discursou sobre um caminhão de som para centenas de apoiadores, Britto fez uma carreata de quase duas horas pelos bairros de Guaíba acompanhado do candidato a vice-governador Germano Bonow (PFL) e do senador, candidato à reeleição, José Fogaça (PPS), além de candidatos a deputado estadual e federal. Depois de distribuir centenas de bandeiras pelas ruas, chegou ao terreno com a neta Maria Eduarda no colo no exato momento em que um apresentador fazia as honras no último comício do primeiro turno da aliança O Rio Grande em 1º Lugar:
– Estamos aqui onde o PT enterrou a Ford, cansados de tanto trabalhar, mas não vamos nos entregar.
Dois espantalhos de palha e com bigodes pretos – numa alusão ao governador Olívio Dutra (PT) – estavam fixados no meio do capinzal do terreno baldio.
– Eu não gostaria que esse ato fosse de lamento pela perda da Ford, mas de certeza de que o Rio Grande não precisa viver do que perdeu ou de terrenos baldios. Nosso Estado pode e vai ter futuro se nós vencermos a eleição – discursou Britto.
No meio de seu último pronunciamento público desta fase da campanha, Britto anunciou que na manhã de ontem ficou sabendo que sua mulher, Luciana, terá três meninos, que se chamarão Bernardo, Pedro e Caetano. O exame para saber o sexo do terceiro bebê foi realizado ontem.
Britto disse estar fechando com emoção uma campanha a qual considerou “de muita solidariedade dos eleitores” e voltou a repetir que até o dia 6 de outubro irá dormir pouco e trabalhar muito em busca dos votos dos indecisos.
Rigotto tenta evitar excesso de euforia
Crescimento nas pesquisas empolga, mas o candidato não pensa em vitória no primeiro turno
Muita correria e corpo-a-corpo em quatro municípios da Região Metropolitana – Canoas, Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada – marcaram o último dia do candidato a governador Germano Rigotto (PMDB) antes do primeiro turno da eleição. Animado pelo crescimento nas pesquisas, o peemedebista pediu aos apoiadores que não diminuam o ritmo da campanha.
– Estamos preocupados em manter a mobilização para garantir a ida ao segundo turno – afirmou Rigotto.
O trajeto de Porto Alegre a Canoas, no final da manhã, foi feito de Trensurb, e já no trem começou a rotina de abordagem de eleitores. Em Canoas, Rigotto caminhou por cerca de uma hora no Centro, acompanhado pelos candidatos a deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Eliseu Padilha (PMDB). Durante almoço na Sociedade Canoense de Caça e Pesca, pediu votos a cerca de 550 pessoas e disse que é o único candidato capaz de mobilizar o Estado.
– Mesmo se acontecer de o Serra (candidato que apóia) não ganhar, serei um governador capaz de obter recursos federais através da negociação – garantiu.
Depois de um rápido discurso em um baile da terceira idade no Canoas Tênis Clube, Rigotto seguiu para o centro de Cachoeirinha. Na Avenida Flores da Cunha, entrou em lojas e falou com comerciários. Maria Helena Januário foi uma das que receberam a visita do candidato, em quem votará no domingo.
– Avaliei o que o Britto fez e o que o PT fez e decidi votar no Rigotto porque ele representa o novo – disse a eleitora.
Depois de visitar a Vila Nair, também em Cachoeirinha, o candidato fez corpo-a-corpo em Gravataí (no Centro e na empresa Sogil) e em Alvorada. O dia terminou com um jantar para a militância, no Clube Farrapos.
Clima de otimismo
Durante os compromissos de ontem, Rigotto mostrou preocupação em manter o ânimo da militantes e evitar o chamado salto alto com a subida nas pesquisas. Tanto que rechaçou qualquer possibilidade de terminar o primeiro turno na ponta.
– Não tenho a pretensão de tomar a frente agora. Tanto faz ir ao segundo turno com este ou aquele percentual de votos, o que importa é chegar – declarou.
Entre os correligionários, entretanto, a cautela não é tão grande. O prefeito de Canoas, Marcos Ronchetti (PSDB), afirmou ter certeza que Rigotto chegará no segundo turno na frente de Tarso Genro (PT). O candidato a deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB) afirmou que a subida de Rigotto deve ajudar a alavancar a votação nas eleições proporcionais.
– O partido tem o tamanho de 10 deputados, mas a candidatura dele pode trazer um acréscimo a isso – disse.
Bernardi encerra campanha nas Missões
O candidato do PPB Celso Bernardi enfrentou cerca de seis horas de viagem para encerrar em Santo Ângelo sua campanha ao governo do Estado, no final da tarde de ontem.
Sem demonstrar cansaço pelas longas horas passadas dentro do carro, Bernardi justificou a escolha da cidade missioneira para ser palco da despedida pelo valor sentimental que o local tem.
– Comecei minha vida política aqui. Tenho também vinculação afetiva com a cidade. Foi onde eu casei, onde meus filhos nasceram – falou o candidato, enquanto caminhava em direção aos militantes que o aguardavam em um dos acessos à cidade.
Acompanhado de sua vice, Denise Kempf, e dos candidatos a deputado estadual, Valdir Andres, e federal, Augusto Nardes, Bernardi subiu em uma F-1000 e percorreu por mais de uma hora e meia as principais ruas da cidade. Dezenas de automóveis participaram da carreata. Na tentativa de convencer o eleitorado, Bernardi revelou que está incentivando prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de seu partido a correr atrás dos votos dos indecisos.
Após a carreata, o candidato seguiu até a Praça Leônidas Ribas, no centro da cidade, onde ocorreu um comício com a animação do Gaúcho da Fronteira. Em sua manifestação, Bernardi (PPB) fez um balanço da campanha. Segundo ele, apesar dos problemas financeiros e do pequeno espaço na TV, os recursos morais foram inesgotáveis.
– Se vencer, vou semear a semente da paz e proibir as invasões de terra – ressaltou.
Oposição força confronto
Debate dos candidatos a presidente na TV Globo foi marcado pelas críticas ao governo federal
Na fase inicial do último debate entre os quatro principais candidatos à Presidência, transmitido na noite de ontem pela TV Globo, o governo Fernando Henrique Cardoso esteve no centro das críticas dos três representantes da oposição – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB).
Sem conseguir sair da defensiva, José Serra (PSDB) tentou justificar as ações do governo do qual participou até este ano como ministro da Saúde.
O primeiro bloco de perguntas do debate, iniciado às 22h01min, foi aberto por Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto, que questionou Ciro sobre a destinação de cotas para negros no ensino superior público. O tema foi escolhido por meio de sorteio. Ciro reforçou a Lula que sempre estudou em escola pública e por isso defenderia o ensino público de qualidade.
Os candidatos defenderam o esquema de cotas para negros e prometeram ampliar o número de vagas na pré-escola e melhorias salariais para os professores. Lula disse que o país precisa resgatar a dívida com os negros e aumentar o crédito educativo para 186 mil novos estudantes.
No tema seguinte, a aposentadoria dos funcionários públicos, também sorteado, Ciro perguntou a Garotinho como resolveria o problema do rombo da Previdência e lembrou o fato de que 13 milhões de brasileiros não ganham o suficiente para comprar duas caixas de remédio. Na resposta, Garotinho atacou o governo, que não teria enfrentado o problema com seriedade e ainda descumpriria a determinação de que ninguém pode receber menos de um salário mínimo:
– O atual governo teve uma atitude covarde com o funcionalismo e aposentados. No Brasil, é proibido receber menos de um salário mínimo, mas tem gente recebendo isso. Não vou permitir – avisou.
Na réplica, Ciro atacou o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que classificou como “perverso e injusto”.
No segundo bloco do debate, com tema livre, Serra escolheu Lula para perguntar por que as tarifas de ônibus de São Paulo são as mais caras do país. Lula disse que não sabia quanto custava a passagem de ônibus, porque não mora em São Paulo, e deu sua primeira escorregada no debate:
– Se esta fosse uma disputa para a prefeitura a coisa seria mais fácil.
Serra respondeu dizendo que a passagem custa R$ 1,40, e justificou sua pergunta com uma provocação a Lula, dizendo que essa era uma forma “de ver como pesa a questão da experiência”.
Na tréplica, Lula ironizou Serra:
– Engraçado que faço campanha todos os dias em São Paulo e nunca ninguém me reclamou do ônibus. Já você, que não anda, reclama.
O último programa na TV
Um mix de inserções de programas anteriores marcou a despedida dos candidatos à Presidência da República da TV na tarde de ontem. Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma nova investida nos votos dos “quase Lula” – como chamou aqueles eleitores que ainda pensam em votar no petista –, Anthony Garotinho (PSB), Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) apresentaram propostas a aposentados, para combater a violência e para a agricultura.
Lula
Disposto a conquistar votos dos que ainda não estão convencidos em votar no PT, o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu voto aos “quase Lula”, aqueles que, segundo o candidato, “estão quase votando” nele mas ainda não se decidiram, visando a conquistar a vitória já no primeiro turno.
Embalado pelo jingle histórico Lula-lá, o programa exibiu imagens do comício de 1989, em São Paulo, e de artistas que apoiaram Lula em sua primeira disputa presidencial e reunido com líderes políticos mundiais como Lionel Jospin e Nelson Mandela.
A exemplo do programa exibido na terça-feira, ontem à tarde foram exibidas imagens de mulheres grávidas vestidas de branco com o Bolero, de Ravel, ao fundo, e um texto lido pelo cantor Chico Buarque em que ele diz:
– Se você não muda, o Brasil também não muda.
O que disse Lula:
“Só falta o seu voto e na maquininha não existe o botão do quase”
Garotinho
Em seu último programa no horário da tarde, o candidato do PSB a presidente, Anthony Garotinho, também exibiu uma reprise. Voltou a mostrar sua inserção com propostas para os aposentados e pensionistas.
Garotinho disse que quem pagou três salários mínimos terá de receber como aposentadoria o mesmo valor.
O que disse Garotinho:
“Quero fazer Justiça a quem já fez tanto pelo Brasil”
Ciro
A exemplo do que ocorreu na noite de terça-feira, o candidato Ciro Gomes (PPS) apresentou propostas para a área de segurança. Em seu programa, Ciro disse que a eleição ainda não está decidida.
O candidato falou ainda dos ataques que sofreu ao longo da campanha. Ciro disse que “ninguém foi atacado tanto quanto ele”, no momento em que ele “atravessou o caminho dos donos do poder”.
A propaganda terminou com a simulação de um leilão, criticando a proposta de aumento de salário de seus adversários e a mensagem:
– Eleição não é leilão e seu voto não tem preço.
O que disse Ciro:
“Não atacaram a minha honestidade, porque sou honrado, nem minha competência”
Serra
Lila Covas, viúva do ex-governador de São Paulo Mário Covas, apareceu ontem no programa eleitoral gratuito de José Serra (PSDB) pedindo votos ao tucano.
Com cinco minutos e 33 segundos a menos por conta de direito de resposta concedido ao PT, Serra apresentou no programa, mais uma vez, suas propostas para a agricultura, com números de geração de emprego para esse segmento.
No final do programa, foram exibidas gravações com apoios de políticos, incluindo o do governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), candidato à reeleição, e dos candidatos do PMDB ao governo do Estado, Germano Rigotto, e Beto Richa, que concorre ao governo do Paraná pelo PSDB. No total, o PSDB perdeu 8minut os e 6 segundos. A veiculação dos outros dois minutos e 33 segundos estava prevista no espaço da noite.
PT usa direito de resposta no espaço de Serra
Dois direitos de resposta do PT obtidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ocuparam metade do programa de José Serra (PSDB) na tarde de ontem.
O primeiro direito de resposta foi usado pelo presidente do PT e coordenador da campanha de Lula, José Dirceu. Esse direito refere-se a um filmete veiculado no programa de Serra relacionando discurso de Dirceu, em 2000, à agressão sofrida no mesmo ano pelo então governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), por professores em greve.
Dirceu respondeu ao filmete dizendo que foi “escolhido como vítima pela campanha tucana”. O deputado afirmou que sua relação com Covas sempre foi boa:
– Tanto é que Covas participou ativamente da campanha da prefeita petista de São Paulo Marta Suplicy.
Após a fala de Dirceu, algumas imagens de Covas elogiando petistas foram utilizadas. A primeira imagem traz Covas elogiando Marta, quando ela estava concorrendo à prefeitura de São Paulo no segundo turno das eleições municipais contra o hoje candidato ao governo Paulo Maluf (PPB). A segunda imagem traz o ex-governador no programa Roda Vida, da TV Cultura, elogiando o atual candidato ao governo pelo PT, José Genoino.
No segundo direito de resposta obtido contra Serra – referente à crítica feita pelo tucano de que Lula não possui diploma –, o PT usou como apoio uma fala do presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo a inserção petista, as críticas feitas a Lula por não ter diploma foram tão mal recepcionadas e consideradas absurdas que o próprio presidente deu declarações públicas condenando-as.
O programa usou imagem de FH dizendo que tem gente que tem diploma, mas não é preparado para assumir o cargo, e que ter diploma não é prova de capacidade para governar.
Forças Armadas darão segurança
Tropas serão mobilizadas para garantir as eleições nos Estados que solicitarem ajuda ao TSE
O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, assegurou ontem em Brasília que as Forças Armadas vão garantir a realização das eleições de domingo não só no Rio, mas também em outros Estados onde os governadores considerarem necessária a presença de tropas federais.
O Rio Grande do Sul fez solicitação apenas de apoio logístico, o que significa ajuda no transporte de urnas, segundo Quintão.
Ontem, o ministro conversou com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nelson Jobim, para tratar do envio de tropas ao Rio, por solicitação da governadora Benedita da Silva (PT). O ministro falou também com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o comandante do Exército, general Gleuber Vieira, para discutir a situação no Estado, onde traficantes ameaçam tumultuar o processo eleitoral.
– No Rio é diferente, porque é um caso mais de insegurança em decorrência da ação dos narcotraficantes – disse o ministro.
Quintão disse, no entanto, que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estarão nas ruas do Rio apenas no domingo.
– Não há nenhuma possibilidade de as Forças Armadas permanecerem nas ruas depois das eleições. A requisição é para garantir a eleição – avisou o ministro, acrescentando que se for necessária a presença de tropas federais em um segundo turno, novo pedido terá de ser feito pelo Estado ao TSE.
O ministro acrescentou que, apesar das ameaças de traficantes, as forças começam a atuar no sábado à noite e voltam aos quartéis na segunda-feira.
Há grande preocupação no governo federal com a segurança das eleições no Rio. Mas o Ministério da Defesa avalia que não será necessário deslocar tropas de outros Estados. Apenas o Exército conta com um efetivo de 30 mil homens no Rio, e o Estado dispõe ainda do Comando Aéreo Regional (Aeronáutica) e o Primeiro Distrito Naval (Marinha).
Amanhã é o último prazo para que os governos estaduais peçam ao TSE a ajuda das Forças Armadas para garantir a realização das eleições. Mas todas as unidades militares permanecerão de prontidão no fim de semana para atender a algum pedido emergencial.
No Rio, a ação das Forças Armadas será coordenada pelo Comando Militar do Leste, sediado na capital fluminense. Ainda ontem de manhã, o Estado-Maior de Defesa e o Comando de Operações Terrestres do Exército deram início aos preparativos para o envio das tropas. Além da presença de tropas nas ruas, o Estado também pediu apoio logístico para o transporte de urnas, juízes e mesários.
Polícia Federal em prontidão
Todo o efetivo da Polícia Federal – cerca de 7 mil agentes e delegados – será mobilizado para segurança das eleições.
O regime de plantão começa no sábado e vai até terça-feira. Em nota oficial divulgada ontem, a PF informa que participarão da operação as unidades centrais em Brasília, as 27 superintendências regionais e as 75 delegacias da Polícia Federal espalhadas por todo o país.
É tarefa exclusiva da PF atuar como polícia judiciária eleitoral. Os policiais vão agir nas prisões em flagrante de crime eleitoral,atendendo a pedidos de juízes eleitorais e Ministério Público para apreensão de material ilegal e instauração de inquérito. A Polícia Federal estará atuando também com as forças federais (Ministério da Defesa) nos Estados do Rio, Amazonas, Pará, Acre, Bahia, Amapá, Roraima, Piauí, Rio Grande do Norte, Tocantins e Rio Grande do Sul.
Outra tarefa da PF será acompanhar os convidados internacionais do Tribunal Superior Eleitoral. Representantes de 37 países e três organismos internacionais chegam hoje a Brasília para acompanhar o primeiro turno das eleições. Eles acompanharão as eleições em nove cidades brasileiras.
Lula leva a melhor na disputa judicial
A batalha jurídica travada pelos partidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o período da propaganda eleitoral gratuita mostrou que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu sair invicto da refrega. Ele não foi condenado a ceder espaço para adversários em seus programas e ainda conseguiu três direitos para responder a alegadas ofensas.
PM candidato foi morto em Vitória
Há três dias das eleições, o policial militar Edvaldo Furtado Pimentel, candidato a deputado estadual pelo PPB, foi morto com cinco tiros na manhã de quinta-feira ao sair de uma padaria no município de Serra, na Grande Vitória, no Espírito Santo.
Conhecido como PM Alemão, o candidato tinha 36 anos e era suplente de vereador. Até o início da noite de ontem não havia qualquer informação que ligasse a morte do candidato a motivos políticos. A polícia está analisando uma fita de vídeo gravada pelo sistema de segurança da padaria.
Segundo testemunhas, ele estacionou o carro, todo ornamentado com o nome “Alemão”, comprou pães e ao sair, às 6h30min, foi atingido com tiros nas costas e cabeça, todos disparados por trás. Na bolsa que o candidato carregava foi encontrada uma arma. As polícias Civil e Militar trabalham em conjunto na investigação do assassinato, e três pessoas já prestaram depoimento.
De acordo com o Código Eleitoral e com a Resolução de Registro de Candidaturas, os votos que o candidato Alemão receber no domingo serão anulados, não sendo computados sequer para a legenda.
O candidato chamou a atenção no programa eleitoral gratuito na televisão por um erro de português. De propósito ou não, ele encerrava sua aparição com a frase “Ajuda eu”.
Os candidatos quase secretos
Suplentes ao Senado despertam pouco interesse do eleitorado ao longo do pleito
Eles são candidatos quase secretos: ganham votos e se elegem muitas vezes sem ser conhecidos dos eleitores.
Os s uplentes dos candidatos ao Senado despertam pouco interesse na eleição. Às vezes, a desinformação leva o eleitor a votar em um candidato e eleger outro.
Atualmente, 16 suplentes ocupam cadeiras no Senado. Embora neguem que a intenção seja assumir o cargo, os reservas dos quatro principais candidatos a senador pelo Rio Grande do Sul afirmam estar conscientes da possibilidade de serem elevados, de repente, ao cargo.
É o caso do engenheiro agrônomo Humberto Sório (PCB), suplente da senadora Emília Fernandes (PT), candidata à reeleição. Ele não descarta a possibilidade de assumir uma vaga no Senado, caso a titular seja eleita e, posteriormente, convidada para integrar um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
– Quero ser o segundo senador da Emília. Essa é a minha função principal. Mas se ela ocupar algum cargo no governo, vou corresponder com meu trabalho – afirma.
Opinião semelhante tem o professor de Economia da Unijuí Roberto Macagnan, escolhido pelo PC do B para ser suplente de Paulo Paim (PT) na chapa da Frente Popular. No caso de um governo Lula, Paim estaria cotado para ocupar o Ministério da Previdência.
- O importante é eleger o projeto maior: Lula, Tarso Genro (PT), Paim e Emília. Essa é a primeira expectativa. Mas se o Paim for eleito e o Lula também, é bem possível que eu seja chamado para exercer o cargo de senador – admite.
Para um suplente assumir é preciso que um dos eleitos morra, renuncie ou seja cassado. Às vezes nem é preciso algo tão drástico. Aconteceu com o candidato à Presidência José Serra (PSDB). Durante o mandato de senador que agora termina, o tucano foi ministro. Nesse período, assumiu o Senado um empresário desconhecido dos eleitores: Pedro Piva (PSDB).
Quando ocupam o lugar dos titulares, os suplentes ganham todos os direitos de senador: imunidade parlamentar, porte de arma, salário de quase R$ 9 mil e passaporte especial da mesma categoria dos concedidos aos diplomatas.
Principal articulador da campanha de Sérgio Zambiasi (PTB) ao Senado, o presidente estadual do PTB, Cláudio Manfrói, desistiu de concorrer à Câmara dos Deputados para ser suplente do companheiro. Ele teve seu nome confirmado em convenção. O segundo suplente de Zambiasi é Edir Domeneghini (PTB).
Aos 72 anos, o ex-ministro do Trabalhao Arnaldo Prieto (PFL) hesitou antes de aceitar o convite do deputado Onyx Lorenzoni (PFL) para ser suplente de José Fogaça (PPS), candidato à reeleição. Mas viu nele a chance de trocar a aposentadoria pelo Senado. A segunda suplente é a advogada Hilda de Souza, responsável pela elaboração do programa de governo de Antônio Britto (PPS).
– Normalmente o eleitor vota em um candidato e não sabe quem são os suplentes. Eles são candidatos secretos. Eu e a Hilda não esperamos ser senadores. Esperamos contribuir para a eleição de Fogaça – diz Prieto.
O QUE DIZ A LEI
• O suplente é convocado nos casos de vaga, de afastamento do titular do exercício do mandato para investidura nos cargos de ministro, governador, secretário de Estado, prefeito ou de chefe de missão diplomática temporária
• Assume em casos de falecimento, licença saúde, perda de mandato ou renúncia
• Afastamento do titular por mais de 120 dias
SUPLENTES DOS QUATRO PRINCIPAIS CA
NDIDATOS
Cláudio Mafrói (PTB)
1º suplente de Sérgio Zambiasi (PTB)
Há 14 anos no PTB, Cláudio Manfrói é o braço direito do candidato ao Senado Sérgio Zambiasi. Na atual campanha, foi um dos defensores do apoio do PTB à candidatura de Antônio Britto (PPS) ao governo do Estado, em oposição à cúpula nacional, que preferia aliança com o PDT. Secretário-geral e coordenador da bancada do PTB na Assembléia durante 10 anos, Manfrói responde pela presidência do partido no lugar do deputado estadual Iradir Pietrosky (PTB), que se licenciou para concorrer à reeleição. Manfrói foi secretário especial da Região Metropolitana do governo Britto e se desincompatibilizou da Superintendência-Geral da Assembléia.
2º suplente – Edir Domeneghini (PTB)
Advogado criminalista de Veranópolis, foi presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Assistência Social. É o atual segundo suplente da senadora Emília Fernandes.
Humberto Sório (PCB)
1º suplente de Emília Fernandes (PT)
Engenheiro agrônomo e professor de Zootecnia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Sório é filiado ao PCB desde 1964. Aos 61 anos, ele pretende ser assessor direto de Emília Fernandes (PT), caso a senadora seja reeleita. Em 1998, ganhou destaque por integrar a comissão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que discutiu mudança nos índices para desapropriação de terras para a reforma agrária no Estado. Natural de Santiago – mora hoje em Carazinho –, é autor de A Ciência do Atraso, onde aborda os índices de lotação pecuária e o impacto do avanço tecnológico no campo.
2º suplente – João Carlos de Lima (PC do B)
Natural de Alegrete, Moraes é atual diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e um dos dirigentes da federação dos sindicatos da categoria do Estado. É filiado ao PC do B desde 1979.
Arnaldo da Costa Prieto (PFL)
1º suplente de José Fogaça (PPS)
Deputado federal por três mandatos e ministro do Trabalho do presidente Ernesto Geisel, Arnaldo Prieto (PFL), 72 anos, foi convidado para primeiro suplente do senador José Fogaça (PPS) 10 dias antes da convenção do partido, em junho. Ministro aposentado do Tribunal de Contas da União, mora em Brasília. Começou como vereador de São Leopoldo. Em 1963, foi convidado por Ildo Menegheti para a Secretaria Estadual do Trabalho e da Habitação. Como ministro do Trabalho, ficou conhecido por regulamentar profissões, como artista, secretária, jornalista e radialista.
2º suplente – Hilda de Souza (PPS)
Ex-deputada estadual constituinte, Hilda é responsável pelo programa de governo de Antônio Britto (PPS). É professora de Ciências Sociais da Universidade Católica de Pelotas e procuradora aposentada da Assembléia.
Roberto Macagnan (PC do B)
1º suplente de Paulo Paim (PT)
Militante do PC do B desde 1982, foi escolhido primeiro suplente de Paulo Paim pelo perfil diferenciado em relação ao companheiro: enquanto o titular é ligado a grupos sindicais metalúrgicos da Região Metropolitana, Macagnan atua em sindicatos ligados à educação, no Interior. Ex-secretário-geral da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino e tesoureiro do Sindicato dos Professores do Estado, é professor de Economia da Unijuí. Integrante da direção estadual do partido, é um dos suplentes mais cotados para assumir um cargo no Senado caso Paim conquiste uma das vagas.
2º suplente – José Pinto da Motta (PT)
Advogado, foi chefe de gabinete de Paulo Paim durante a Assembléia Constituinte. Foi coordenador da bancada do PT na Câmara (1989-1991). Até julho deste ano era representante do governo do Estado em Brasília.
MAIS PRETENDENTES
ODACIR KLEIN (PMDB)
Lélio Souza (PMDB)
Iara Leite (PMDB)
VICENTE BOGO (PSDB)
Leopoldo Justino Girardi (PSDB)
Cinthia Silveira (PSDB)
HUGO MARDINI (PPB)
João Carlos Cavalheiro Nedel (PPB)
Abel Abreu Dourado (PPB)
JOÃO BOSCO VAZ (PDT)
Sandra Xarão (PDT)
Sérgio Marchesi (PAN)
VALDIR CAETANO (PL)
Sirlei Rodrigues Dalla Lana (PL)
Janete Justina Pagnonceli Tavares (PL)
MARISA MEDEIROS (Prona)
Maria Isabel Severo Teixeira (Prona)
Heloisa Helena Lemos Ferreira (Prona)
OTÁVIO RÖHRIG (PSTU)
André Behle (PSTU)
Lais Sabbado (PSTU)
ÁGIS CARAÍBA (PSC)
Enno Augusto de Almeida (PSC)
Neusa Maria Nunes Vieira (PSC)
MARCOS CITTOLIN (PSB)
Dirnei Vieira de Vieira (PSB)
Madelu Taffarel (PSB)
PAULO BARELLA (PSTU)
Carlos Henrique de Almei da (PSTU)
Adão Vanderlei dos Santos (PSTU)
PAULO CARECA CARDOSO (PV)
Carmem Benites Veiga (PV)
Gilson Pires (PV)
LUIZ GUILHERME GIORDANO (PCO)
Paulo Roberto de Lima (PCO)
Tereza da Rosa Souza (PCO)
RONER ANDERSON (PV)
Jair do Valle Filho (PV)
Marcia Olegario (PV)
OS ATUAIS
Os suplentes dos três Senadores aúchos não assumiram na vaga dos titulares em seus mandatos:
Emília Fernandes (PT) (*)
Luiz Antônio Tirello (PTB)
Edir Pedro Domeneghini (PTB)
(*) durante seu mandato, a senadora foi filiada ao PTB e ao PDT
Pedro Simon (PMDB)
Hermes Zanetti (PSDB)
Eliana Maria Rodrigues da Cunha (PFL)
José Fogaça (PPS)
Guerino Pisoni (PMDB)
Flávio Jekel (PMDB)
Dinheiro para a arte
A ampliação de fontes de financiamento para projetos e a pulverização de atividades culturais para o Interior devem ser os principais focos do próximo governador na área da cultura. O setor é o tema de hoje da série sobre os desafios do novo governo do Estado, a ser eleito este mês
A área cultural gaúcha já se acostumou a dispor de um instrumento importante, e que não é comum em outros Estados: a Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Criada em 1996, a lei permite que empresas invistam em projetos culturais parte do valor devido do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em vez de pagar o imposto para o governo, a iniciativa privada usa o valor para financiar a produção cultural.
Até 19 de setembro, foram captados este ano R$ 24,9 milhões. O Fundo de Apoio à Cultura (FAC), regulamentado este ano, tem um orçamento de R$ 300 mil previsto para 2003 e financia projetos aprovados pelo Centro Estadual de Cultura.
Além do orçamento destinado à Secretaria Estadual da Cultura (Sedac) e dos recursos da LIC, o Estado obteve novas fontes de receita. Para 2002, uma articulação entre o governo e a bancada gaúcha no Congresso garantiu que a cultura fosse incluída no orçamento da União.
Outra preocupação do novo governador deverá ser fortalecer a cultura fora da Capital. No atual governo, foram implementados projetos como o Rodacine e o Rodasom, iniciativas que levam shows e filmes para o Interior.
O presidente da Associação dos Produtores Culturais do Estado do Rio Grande do Sul (Apcergs), Henrique de Freitas Lima, diz que o governo não deve ocupar o lugar da iniciativa privada como produtor de ações culturais, e sim aliar-se a ela. Uma das necessidades seria a instalação de equipamentos culturais no Interior, como salas multimeios.
Para o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, é preciso desenvolver eventos de pouco interesse comercial mas de inegável interesse cultural:
– É necessária a tomada de decisões que envolvam a criação de um corpo de balê e uma companhia de teatro estáveis, que contariam com o apoio privado.
A cineasta Liliana Sulzbach espera que o Estado crie uma produção que “caminhe com as próprias pernas”. Para ela, é fundamental a participação da TV pública para isso.
Empresa patrocina balé
Pela primeira vez em mais de 20 anos, o diretor e coreógrafo do Phoenix Grupo de Dança, Edison Garcia, vai ter um espetáculo em cartaz por seis meses ininterruptos. A montagem Fuga , uma coreografia que reflete questões sociais, obteve um patrocínio de R$ 53 mil da empresa Brasil Telecom, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
Mais de 30 pessoas participam do projeto, que já vai para o segundo mês em cartaz no Teatro do Museu do Trabalho, em Porto Alegre. O dinheiro, que corresponde à metade do investimento total, ajuda a pagar um cachê regular para os nove bailarinos, reformar o teatro e alugar equipamentos.
– A partir do momento em que nossas despesas estão cobertas, podemos reverter os lucros para outras iniciativas, como oficinas e equipamentos para o próprio teatro – observa Garcia.
Propaganda irregular lota depósito
TRE apreendeu na Capital cerca de 20 mil peças, entre panfletos, cavaletes, cartazes e placas
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) precisou de uma casa anexa ao prédio onde funciona a Central de Atendimento ao Eleitor, na Avenida Padre Cacique, para armazenar a propaganda irregular apreendida nas ruas da Capital nos últimos três meses.
Cerca de 20 mil peças, entre panfletos, cavaletes, cartazes e placas foram confiscados. A Justiça Eleitoral anunciou ontem que mais de 2,5 mil PMs devem coibir a boca-de-urna na Capital no domingo.
Ontem, o TRE abriu as portas do local onde armazenou a propaganda apreendida.
– Podemos garantir que 95% de toda a propaganda eleitoral de rua foi colocada de maneira regular na Capital. O volume retido aqui impressiona, mas é mínimo, em comparação ao que vimos de propaganda nas ruas – afirma o coordenador da Fiscalização da Propaganda Eleitoral da Capital, juiz Pedro Luiz Bossle.
Mesmo assim, o juiz acredita que o volume apreendido é o maior das últimas eleições, apesar de não dispor de dados mais precisos para um comparativo.
Entre as irregularidades mais comuns cometidas pelos partidos, estão a colocação de propaganda em postes de luz com transformadores e a fixação de placas e cartazes em tapumes, sinais de trânsito, rótulas e canteiros de avenidas.
No domingo, a boca-de-urna será fiscalizada em todo o Estado, com a ajuda da Brigada Militar (BM), do Ministério Público, da Polícia Federal e dos partidos. Bossle lembra que o objetivo da Justiça é permitir a manifestação individual e silenciosa do eleitor, para evitar qualquer ato que atrapalhe ou interfira no voto:
– A legislação proibiu a boca-de-urna em 1997, e a nós cabe providenciar para que essa conduta seja coibida – diz o juiz.
Pessoas detidas fazendo boca-de-urna ou praticando outras condutas irregulares serão conduzidas pela BM ao Plantão Judiciário, que funcionará no Fórum Central de Porto Alegre.
TSE facilita acesso a resultados
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprimorou um programa que permite a qualquer pessoa, de todas as partes do mundo, acompanhar a apuração dos votos pelo computador no momento em que ela estiver acontecendo.
Basta acessar a página do TSE (www.tse.gov.br), selecionar o selo Vota Brasil e copiar o programa Divnet. O usuário também deve escolher um dos parceiros da Justiça Eleitoral que vão transmitir os resultados, entre os quais a página oficial da Câmara dos Deputados.
O programa já está disponível e é importante que seja copiado o mais rápido possível, para evitar congestionamento na rede do TSE no dia das eleições.
O analista de divulgação de resultados do TSE, Marcos Aurélio Macedo, lembra que não vai ser possível acompanhar a apuração pelo site do tribunal. É preciso que os interessados instalem o Divnet.
O número de acessos à página do TSE quadruplicou na quarta-feira. A média diária de 1 milhão subiu para 4 milhões de usuários. Mais de 80 mil cópias do Divnet foram feitas e a previsão do tribunal é de que a procura aumente com a aproximação das eleições. O primeiro resultado parcial dos votos será divulgado a partir das 17h do domingo.
O Brasil é notícia
O jornal britânico Financial Times afirma em reportagem publicada ontem que um dos grandes desafios de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez eleito, será agradar sua ampla e heterogênea base de apoio.
O periódico comenta que, em encontro com metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, os “antigos colegas de oficina deram a Lula um aplauso contido” quando o candidato mencionou a figura de José Alencar, seu companheiro de chapa e “um magnata têxtil”.
O espanhol El País cita em sua edição de ontem rumores segundo os quais José Serra (PSDB) teria em seu poder um vídeo comprometedor contra Lula, cujo conteú do poderia ser revelado no debate eleitoral da Rede Globo. Segundo o jornal, Serra negou que sua equipe estivesse preparando esse ou qualquer outro ataque a Lula.
Declarações de Anthony Garotinho (PSB) de que ele chegaria ao segundo turno com Lula também são mencionadas na matéria.
Desembarcam hoje em Brasília representantes de 37 países e três organismos internacionais – entre eles, a ONU – para acompanhar as eleições brasileiras.
Eles vêm a convite do Tribunal Superior Eleitoral. Vão conhecer o sistema nacional de votação e apuração e devem apresentar relatórios em seus países de origem.
Os convidados internacionais serão distribuídos por nove cidade brasileiras. Em Porto Alegre, estarão emissários dos governos do Uruguai, Equador, México e Venezuela.
Faceiro
Elle quer voltar. Dez anos depois da votação que levou a seu afastamento da Presidência da República, Fernando Collor diz que não guarda ressentimentos. Em entrevista ao repórter Émerson Maranhão, do jornal O Povo, de Fortaleza, o ex-presidente, hoje candidato ao governo de Alagoas, menciona o sonho de voltar ao Planalto:
– Não tenho pressa, nem angústia – diz.
Pergunta – O sr. guarda alguma mágoa do processo de impeachment?
Fernando Collor – Não, nenhuma. Menos por homenagem aos meus adversários e mais pensando na minha saúde. Guardar mágoas e ressentimentos é uma forma de você se tornar uma pessoa antipática, ressentida, de mal com a vida. Então, não guardo nenhum tipo de mágoa de nada nem de ninguém.
Pergunta – O sr. se sente injustiçado?
Collor – Não. Eu acho que isso faz parte do jogo.
Pergunta – Pretende voltar à Presidência da República?
Collor – Pretendo voltar a ser candidato a presidente. Em algum momento. Não tenho pressa nem angústia. Até porque, como costumo brincar, daqui a 20 anos eu terei a idade que Fernando Henrique tem hoje. Então ainda tem muito tempo.
Pergunta – O sr. poderia declarar o seu voto para a Presidência?
Collor – Ciro. Eu voto em Ciro.
Pergunta – Mesmo que ele não queira o seu apoio?
Collor – Claro.
Pergunta – Quais seus planos no caso de o sr. não ganhar as eleições para governador de Alagoas?
Collor – Eu ainda não cogitei essa hipótese.
Por onde andam
Esther Grossi, deputada federal pelo PT, e Maria do Carmo, deputada estadual pelo PPB, são raros exemplos de políticos que não estão buscando a reeleição. Na contramão da maioria dos colegas, elas desistiram de se candidatar.
– Nesses oito anos fiz o necessário em matéria de legislação em educação. O parlamento para mim foi uma questão temporária. Política não deveria ser profissão, deveria haver mais rodízio – diz Esther.
– Tenho a sensação do dever cumprido. Me orgulho do que fiz aqui, mas é uma etapa encerrada. Vou continuar trabalhando nas questões da sociedade como sempre fiz. Vou abandonar é a política partidária – explica Maria do Carmo.
Artigos
Eleições, democracia e eletrônica
Luiz Carlos da Cunha
O regime democrático moderno subentende a democracia representativa. Uma evolução do senado grego e romano, da revolução francesa e americana. Organiza-se no princípio simples de – sendo improfícuo, quando não impossível –, reunir uma coletividade inteira, escolher um selecionado e restrito número representativo para exercer em nome dos cidadãos o processo decisório. Não se chegou ainda a estabelecer uma proporção ideal de eficiência representativa. Provavelmente, variável de nação para nação. E sendo representativa, implica ser seletiva. A melhor contribuição americana ao sistema republicano representativo encontra-se nos primórdios da colonização da Nova Inglaterra, quando os colonos perceberam que a seleção democrática de governo somente seria válida e salutar se oriunda de um nível razoável de instrução dos eleitores. Para tanto, o Land Act, ao regulamentar as áreas de colonização vendidas aos colonos à prestação, impôs um quadrilátero de 36 quilômetros quadrados a cada assentamento, reservados à escola. Resultado disto, verifica-se hoje na herança cultural dos avantajados terrenos destinados a colégios e universidades americanos. O fato de o nível cultural hodierno do povo americano não corresponder aos ideais dos fundadores daquela nação não invalida o preceito notável que ofereceram ao progresso político republicano. A liberdade de votar protege o domínio da escassez cultural no resultado do pleito. Ninguém é obrigado a votar.
Prevalece assim uma espontânea seleção de qualidade eleitoral. A ponderação democrática entre a quantidade e a qualidade. Coagir legalmente o eleitor ignorante a votar, a decidir a sorte da coletividade, figura a iconografia medieval de um cego a conduzir seus companheiros de infortúnio ao precipício.
Coagir o eleitor ignorante a votar é como fazer um cego conduzir seus
companheiros de infortúnio ao precipício
Concebendo a democracia representativa em um mundo dirigido pela eletrônica, em processo contínuo e progressivo, impelindo do cotidiano às instituições políticas, é bem provável que ainda assistiremos a mudanças radicais na governança republicana. Quando a eletrônica, através das urnas, introduz-se no processo eleitoral, como agora entre nós, aponta apenas a mais rudimentar das possibilidades transformadoras que advirão. Computar votos eletronicamente é comparável à descoberta da roda na evolução da humanidade. Estamos no limiar de uma nova era estrutural dos Estados democráticos. Quando a informática, acessível e obrigatória – não por lei paternalista – e sim como condição de vida, trabalho, lazer, decisão política, através de um computador de pulso adstrito ao relógio, subverterá as atuais organizações parlamentares e executivas. Em princípio: votará quem entende a linguagem de computador e sabe utilizá-la. Não será suficiente assinar o nome e definir-se “legalmente” alfabetizado. A sociedade, como condição cultural de subsistência, exercerá sobre os cidadãos a seleção natural darwinista – a dominância dos mais aptos. No caso, os mais instruídos. Em analogia ao que Darwin descobriu na evolução das espécies, a instituição republicana democrática evoluirá, necessariamente, ao primado do conhecimento na seleção dos parlamentos e administradores de cada povo. Seleção deduzida do voto eletrônico instantâneo, instruído, capaz de interpretar, ponderar, compreender estatística, história, estabelecer necessidades próprias e coletivas, identificar-se com aspirações preservacionistas dos valores sociais superiores. Ou seja: a preservação da espécie. A possibilidade de todo cidadão manifestar de pronto seu voto, sobre qualquer problema a ele submetido em consulta popular, forçará a debilitação da representatividade parlamentar; talvez, até a sua inteira dispensa como parcela da trilogia institucional. Seria a sonhada democracia direta. Vale conhecer a sintomática coincidência de programas neste sentido, que nos trás a Alemanha: dois partidos de postulados confrontantes, o Liberal e o PDS (partido comunista da antiga RDA) apregoam de igual, em seus programas, o recurso plebiscitário, como instrumento para decidir os rumos políticos da nação. Decisões urgentes e polêmicas como a reforma do Código Penal seriam resolvidas pelo voto direto e instantâneo: pena capital e trabalho forçado para crimes hediondos. O plebiscito transformado em praxe: eficaz e econômico, e sumamente democrático – a máxima sociedade eletrônica e democrática.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Contagem regressiva
O debate de ontem, realizado pela TV Globo, encerrou a campanha eleitoral ressaltando de forma definitiva a importância dos meios de comunicação no processo político nacional. Os espaços do horário eleitoral gratuito foram utilizados pelos candidatos para apresentarem suas propostas de governo ou para atacarem adversários. A Justiça Eleitoral foi acionada e o direito de resposta determinado com agilidade, mostrando aos partidos que os excessos não compensam.
O palanque eletrônico foi valorizado pelos candidatos, que compareceram a todos os debates e entrevistas nas principais redes de televisão e emissoras de rádio.
A mídia impressa, da mesma forma, valorizou a campanha apresentando entrevistas exclusivas com os quatro mais importantes postulantes ao Palácio do Planalto. Fernando Henrique Cardoso, reconhecidamente um bom comunicador, se valeu muito do palanque eletrônico e, no início desta campanha, alertava candidatos para a importância desse instrumento no processo de escolha do eleitor.
Pelas contas do secretário de Informática do Tribunal Superior Eleitoral, Paulo Cesar Camarão, à meia-noite de domingo estarão apurados 90% dos votos e, portanto, será possível saber se haverá ou não segundo turno na disputa presidencial. As últimas pesquisas mostram uma tendência para segundo turno ante a estabilização do candidato favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o crescimento da candidatura do tucano José Serra.
As maiores dúvidas, agora, repousam sobre as condições de segurança para o pleito nos dois maiores colégios eleitorais do país: Rio de Janeiro e São Paulo. Bairros importantes dessas duas grandes metrópoles ficaram nos últimos dias inteiramente reféns dos dois grandes grupos que comandam o tráfico de drogas no país, o Comando Vermelho e o PCC. No mais, a certeza é de que o Brasil terá neste domingo mais uma grande festa da democracia.
JOSÉ BARRIONUEVO
Tarso desconhece Olívio e empaca
No último debate na RBS TV, Tarso Genro não citou nenhuma vez o nome de Olívio Dutra, atual governador, do seu partido, a quem derrotou na prévia do PT. Também não citou Miguel Rossetto, seu parceiro de chapa, hoje vice-governador de Olívio. Há descontentamento em algumas correntes em relação à postura do candidato, que antecipa mudanças profundas na equipe de Olívio nas áreas da segurança e da educação.
Excesso de erros
Tarso comete dois erros que podem complicar o desempenho no segundo turno:
1. Exagerou na crítica e tirou da disputa Antônio Britto, que, pelas pesquisas, seria um adversário mais fácil do que Rigotto no segundo turno.
2. Tira da campanha Olívio, que vem melhorando seus índices de popularidade e é o grande líder do PT (fundador, primeiro presidente do diretório, primeiro prefeito e primeiro governador).
Britto do PT
Sem o carisma de Olívio na relação com o partido, Tarso está cometendo o mesmo erro de Britto ao adotar uma postura olímpica. Dá a impressão de que tem uma verdade superior. Para ganhar a eleição, deve descer do Olimpo, espaço que dividia com Britto. Mais: no segundo turno, olho no olho, deve se apresentar como candidato a governador. Dá a impressão de que concorre a secretário-geral da ONU.
Rejeição é ingrediente importante
Ao tentar desqualificar Rigotto, na abertura do debate, colocando o que imaginava ser uma casca de banana, Tarso não se conteve na tréplica e assumiu um tom agressivo. Terminou fazendo escada para o peemedebista, que respondeu com documentos, sereno.
Depois de derrubar Britto, fica antipático assumir o papel de Catão da República, procurando também desqualificar o candidato que se apresenta como adversário do segundo turno.
Quem bate também sofre arranhões.
O resultado: além de não se beneficiar de nenhum voto que tirou de Britto (quase dois milhões, baixou de 40% para 18%), Tarso não consegue atrair os indecisos e está até baixando em relação à última pesquisa – no mínimo estagnado nos 34%, pelo Cepa. Vale observar a distância do índice de rejeição em relação ao peemedebista, que assumiu uma postura humilde, que é o melhor antídoto contra a soberba.
Nova eleição a partir de segunda
Com a provável classificação de Tarso e Rigotto, começa uma nova eleição já na segunda-feira. Da estaca zero. Se Rigotto chega com pinta de favorito para o segundo turno (nas simulações de voto, com 14 pontos acima do petista), vale lembrar que o PT tem duas vantagens neste confronto de 20 dias: a garra da militância e a participação de Lula, carismático, que poderá sair eleito presidente no domingo.
Serra e Lula, Rigotto e Tarso
O segundo turno poderá ter um cruzamento maluco de votos, se houver a classificação de Serra como adversário de Lula, o que beneficia Tarso. Brizola e Ciro vão levar a Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) a apoiar Lula para presidente. Ao mesmo tempo, os três partidos têm fortes divergências em relação ao PT gaúcho: o PDT foi expurgado do governo Olívio, PTB e PPS já anunciaram que vão apoiar Rigotto.
Acontece que Lula estabelecerá parcerias a partir de um governo de coalizão, podendo contar com representantes dos três partidos da Frente Trabalhista na sua equipe de governo.
Disputa parelha na Boca do Monte
PMDB e PT promovem uma disputa à parte em Santa Maria. Serra e Rigotto estiveram esta semana na cidade para apoiar a candidatura do presidente regional do PMDB, deputado federal Cezar Schirmer (D), que perdeu a prefeitura para o PT e pretende dar o troco. Tarso realizou ontem um grande comício na cidade, onde residiu e realizou seus estudos. O ex-vice-prefeito Paulo Pimenta também concorre a federal, com boas perspectivas. Marcos Rolim corre por fora. Ambos do PT.
Vale conferir quem será o mais votado. As apostas correm soltas na cidade.
Tarso evita falar sobre projeto de Berfran
Em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, Tarso Genro não respondeu a três indagações de Armindo Antônio Ranzolin sobre projeto do deputado Berfran Rosado (PPS) que veda a antecipação de receita orçamentária antes da posse do novo governador.
Tarso: Me perdoa, mas eu não vou me manifestar sobre projeto de um deputado que recém está sendo tramitado na Assembléia Legislativa e ela não fez nenhuma discussão sobre isso.
Ranzolin:O senhor admite antecipação de receita?
Tarso: Eu não vou responder a essa pergunta exatamente porque não conheço o projeto e acho que o projeto apresentado é tipicamente eleitoreiro.
Ranzolin: Mas em tese, em tese?
Tarso: Não vou responder também em tese porque se torna uma questão eleitoreira nesse momento em que nós estamos discutindo o processo político no RS.
Ana Amélia: O senhor não respondeu à pergunta que o Ranzolin levantou (...).
O projeto de Berfran Rosado, que deverá ser apreciado pela Assembléia, veda ao governador nos dois últimos quadrimestres de seu mandato a captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo, de cessão de créditos já constituídos ou a qualquer título, desde que a operação comprometa o ingresso de receita do exercício seguinte.
Ruas é mediador do PDT
Presidente do PDT, Pedro Ruas foi designado por Brizola para encaminhar as negociações em relação ao segundo turno, na escolha que o partido fará entre Rigotto e Tarso. Ruas se credenciou ao optar pelo PDT, deixando o cargo de secretário de Estado, no rompimento com o PT.
Como presidente, teve que dividir o tempo entre o comando do partido e a candidatura a deputado federal.
Ontem, Ruas distribuiu rosas vermelhas, o símbolo do PDT.
Trabalho para a Justiça
É pouco provável que o apelo do ex-governador Jair Soares tenha eco. Os candidatos a deputado estão montando forte mobilização de cabos eleitorais para atuarem na boca-de-urna.
Mirante
• Programa de televisão de Lula ontem foi a mais bela produção de todas as campanhas desde a criação dos espaços de programa no rádio e na TV, sem Lei Falcão. Mexeu c om a emoção.
• No confronto entre Duda e Nizan, o marqueteiro de Lula deu capote ontem.
• Collares já avisa que no segundo turno não estará com o PT. Fortunati idem.
• Hoje haverá na Câmara de Vereadores o 3º Fórum para o Bem-Estar dos Animais, a partir das 9h.
• Heinze, Augusto Nardes e Frederico Antunes, do PPB, se credenciam como representantes do setor agropecuário.
• José Otávio Germano espera que os gols de Rodrigo Fabri sejam transformados em votos.
• Os melhores deputados do RS segundo a Folha: Airton Dipp, Enio Bacci, Fetter Júnior, Germano Rigotto, Luis Carlos Heinze, Mendes Ribeiro, Paulo Paim e Yeda Crusius. Dos senadores, somente José Fogaça e Pedro Simon. Nesta ordem.
• Estilac Xavier confeccionou modelos de cola em braile. Politicamente correto.
ROSANE DE OLIVEIRA
A grande surpresa
Quando o PMDB lançou Germano Rigotto para concorrer a governador, o mais otimista dos seus cabos eleitorais imaginava, no máximo, que a duras penas chegaria ao segundo turno. Os amigos achavam que Rigotto estava sendo sacrificado em nome da fidelidade ao PMDB e ao senador Pedro Simon. Foi essa fidelidade a Simon e aos eleitores da Serra a responsável pela permanência do deputado no PMDB. Até a data-limite para a filiação o grupo que foi para o PPS ainda esperava convencer Rigotto a trocar de partido.
A ambição do deputado era concorrer a senador agora e, talvez, disputar o Palácio Piratini em 2006. Com a saída de Antônio Britto, o PMDB ficou sem candidato e passou a pressionar Simon a concorrer. Foi somente depois de vários “nãos” de Simon que o partido passou a buscar um candidato. Feitas as contas, concluiu-se que o nome mais viável era o de Rigotto. O deputado não compareceu ao pré-lançamento da própria candidatura: antes de aparecer, o partido mediria a repercussão de seu nome junto às bases.
O ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha foi dos poucos líderes do PMDB que acreditou nas chances de Rigotto desde o início. Mesmo quando parecia ter estacionado na faixa dos 5%, Padilha insistia que, quando começasse a propaganda na TV, a candidatura de Rigotto deslancharia. Quando Rigotto enfim começou a crescer, Padilha previu o período em que ultrapassaria Britto e vaticinou que chegaria ao dia da eleição à frente de Tarso Genro.
Mesmo que o segundo turno seja uma nova eleição, a pesquisa do Cepa sugere que a situação de Rigotto é bastante confortável. Primeiro, porque chega a 6 de outubro colado em Tarso. Segundo, porque ampliou a vantagem nas simulações de segundo turno. Terceiro, e não menos importante, porque a rejeição de 5,6% é insignificante perto dos 42,9% de Britto e dos 33,5% de Tarso.
O grande trunfo de Tarso será a presença de Lula em seu palanque, como candidato ou como presidente eleito. Se houver segundo turno entre Lula e Serra, a disputa no Rio Grande do Sul será uma reprodução do embate nacional. Com algumas curiosidades: enquanto Ciro Gomes tende a apoiar Lula, Britto e o PPS gaúcho deverão estar com Serra e com Rigotto. E Leonel Brizola, que já prometeu apoio a Lula, terá que administrar a divisão no PDT gaúcho. Uma parte vai de Tarso. A outra já começou a se articular com Rigotto.
Editorial
REFLEXÃO PARA O POVO
Encerrado o período do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e dos debates pela mídia, os candidatos têm oportunidade até a véspera do histórico pleito deste domingo para um último esforço de convencimento no contato direto com a população. É este, igualmente, o prazo para que mais de 115 milhões de eleitores possam fazer uma reflexão final sobre as suas escolhas, antes de digitarem seu voto na maior, na mais disputada e complexa eleição brasileira de todos os tempos, além de ser a primeira inteiramente informatizada. Somadas às dificuldades financeiras enfrentadas pelo país, à preocupação dos credores internacionais com a transição e aos riscos ao processo implícitos nas ameaças de líderes do narcotráfico em alguns centros urbanos, razões como essas justificam o fato de o interesse em relação ao pleito transcender em muito o âmbito interno. Por isso, o país precisa assegurar que a votação se constitua numa verdadeira celebração à democracia.
Num país que se tornou cada vez mais dependente de capital externo para financiar seu déficit público como o Brasil, é natural que a primeira transição depois de duas gestões consecutivas do presidente Fernando Henrique Cardoso acabe suscitando apreensões. Ao longo desse período de quase oito anos, o país conseguiu manter e consolidar a estabilidade, além de se comprometer com algumas premissas que se constituem no seu fundamento. Em compensação, não conseguiu promover o crescimento e a redução das desigualdades sociais, nem evitar uma progressão em níveis preocupantes da dívida pública. O país, portanto, não estará escolhendo apenas nomes e números neste domingo, mas quem vai preservar conquistas e promover mudanças inadiáveis.
O país não estará escolhendo apenas nomes e números, mas quem vai preservar conquistas e promover mudanças inadiáveis
Diante da dupla importância das eleições, tanto para o avanço da democracia como para uma reversão do pessimismo na área econômica, é essencial que o poder público possa assegurar as condições necessárias para um clima de normalidade. A mesma competência demonstrada pela equipe econômica para evitar interferências excessivas das dificuldades financeiras na campanha precisa ser reafirmada agora pela Justiça Eleitoral e pelos organismos de segurança. Mesmo com a complexidade do pleito num país de dimensões continentais como o Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral garante ter tomado todas as providências para assegurar o máximo de lisura e transparência ao processo. Da mesma forma, o governo federal promete se valer de todos os meios constitucionais para impedir qualquer ameaça como as que têm partido de líderes do narcotráfico para tumultuar a votação.
Peças-chave nesse processo, os eleitores devem avaliar todas as informações disponíveis para eleger com o máximo de convicção tanto o presidente da República como os 27 governadores, 54 senadores, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. São esses os que precisarão assegurar um país o mais próximo possível das promessas que permearam a campanha para o primeiro turno.
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10/04/2002
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