Rigotto já empata com Britto; Tarso ainda é o 1º









Rigotto já empata com Britto; Tarso ainda é o 1º
O candidato do PMDB ao governo gaúcho, Germano Rigotto, empatou tecnicamente com o do PPS, Antônio Britto, segundo pesquisa do instituto Cepa, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), divulgada ontem pela Rádio Gaúcha. Tarso Genro (PT) mantém a liderança, com 34%. Britto tem 22,6%, e Rigotto, 21,4%.

A margem de erro da pesquisa é de 2,4 pontos percentuais para mais ou menos.

Os institutos de pesquisas que analisam a situação gaúcha já mostravam crescimento de Rigotto e queda de Britto, com Tarso estável.

Pelo Cepa publicado no último domingo pelo jornal "Zero Hora", Rigotto subira de 11,1% registrados no domingo anterior para 17,6%. Britto caíra de 29,9% para 26%. Tarso, o líder, oscilara negativamente de 34,8% para 34,3%.

Rigotto adota uma tática de "paz e amor". Ele diz que manterá sua postura de não atacar os adversários.


Lula, Serra e Ciro recebem espaço semelhante
O monitoramento realizado pelo Datafolha revela um quadro de equilíbrio no espaço dedicado pela Folha a Lula, Serra e Ciro no período que vai de 18 de agosto (data de lançamento do caderno Eleições) a 22 de setembro.

Das 213 páginas ocupadas por noticiário relativo aos presidenciáveis, 60,97 (28,6%) foram ocupadas pelo petista, 61,25 (28,7%) pelo tucano e 58,87 (27,6%) pelo candidato do PPS.

Hoje na fronteira do empate técnico com Serra na segunda colocação das intenções de voto, Anthony Garotinho obteve cobertura menor: 27,19 páginas, ou 12,8% do total.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Francisco Paulino, pondera que a tendência de crescimento do ex-governador do Rio nas pesquisas começou a se manifestar no final do período coberto pelo monitoramento.
Esse fator ajudaria a explicar a expressiva diferença entre seu espaço e os de dois adversários (Serra e Ciro) que estão em patamares semelhantes de intenção de voto.

O cientista político Marcus Figueiredo, que coordena no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) estudo semelhante ao do Datafolha, concorda com a análise de Paulino.

"O novo embolamento no segundo lugar se caracterizou muito recentemente", diz. "As chances de Garotinho cresceram agora, na reta final."

Figueiredo costuma observar que o loteamento do espaço, embora obedeça no geral às posições da "corrida de cavalos", também é influenciado pelo que ele chama de "noticiabilidade" do candidato.

O cientista político acredita, por exemplo, que a condição de candidato do governo contribui para explicar por que José Serra recebeu nos jornais, em vários momentos da atual campanha, espaço maior do que o dedicado a adversários em situação semelhante nas pesquisas.

Também cabe observar que fatores como crises na campanha, recebimento ou perda de apoios, eclosão de escândalos ou mesmo declarações de impacto têm influência sobre a distribuição de espaço, que jamais é inteiramente ditada pela ordenação dos candidatos nas pesquisas.

Textos responderam por 74,1% do espaço dedicado pela Folha aos presidenciáveis no período analisado. Fotos, por 15,3%. Gráficos ficaram com 6,1%, e ilustrações, com 4,5%.


Bornhausen critica apoio de Roseana a Lula Presidente do PFL reafirma apoio a Ciro Gomes (PPS) e diz que seu partido e o PT são "antagônicos" nos programas e "não se misturam"

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), divulgou nota ontem recriminando e desautorizando a manifestação pública de apoio da ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA) à candidatura presidencial do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se verdadeira a anunciada decisão de voto de Roseana Sarney, a decisão carece de visão nacional", diz a nota de Bornhausen, que não teve o cuidado de avisar Roseana antes da divulgação.

Ele alegou que "o PFL e o PT são partidos antagônicos em seus programas e não se misturam", conforme já vinha dizendo em entrevistas ao negar apoio a Lula num eventual segundo turno.

Bornhausen também reafirmou "voto e apoio" para o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), Ciro Gomes, a quem disse considerar "o mais preparado para dirigir o país em momento tão grave". A íntegra de Bornhausen foi reproduzida no site de Ciro.

Foi Bornhausen quem lançou o nome de Roseana à corrida presidencial. E ele se manteve seu fiel aliado durante toda a turbulência que derrubou a candidatura da ex-governadora à Presidência.

No último dia 12, foi a São Luís (MA) para uma conversa reservada com Roseana e seu pai, o ex-presidente José Sarney, do PMDB, o primeiro do clã a anunciar publicamente apoio a Lula.

Nessa conversa, Bornhausen pediu explicitamente a Roseana que não declarasse voto em Lula, já que o apoio de Sarney já significava uma sinalização suficiente para a família e, como ele é do PMDB, preservava o PFL. A ex-governadora aparentemente aceitou. Mas anteontem não resistiu e abriu o voto em Lula em comício.

Bornhausen soube pelos jornais e nem se deu ao trabalho de ligar ontem para Roseana, que estava trancada num estúdio gravando a propaganda eleitoral com crianças. Simplesmente, pediu a um assessor que tentasse avisá-la. Bornhausen tem duas preocupações básicas hoje: 1) evitar que o PFL seja acusado de oportunismo, já que o PT pode vencer no primeiro turno; 2) que o partido perca o velho pragmatismo e se mova unicamente pelo ódio ao candidato tucano, José Serra.

Roseana e seus assessores, porém, cobram coerência. Se o partido liberou seus filiados para votar em quem bem entenderem, por que eles podem votar em Serra, Ciro ou Garotinho, menos em Lula? Bornhausen e os seus respondem sempre com a questão ideológica: o PFL e o PT estão em espectros opostos da política nacional e o melhor lugar para os pefelistas, num eventual governo Lula, será a estréia na oposição.


FHC diverge de Serra em declarações sobre Mercosul
A dez dias do primeiro turno das eleições, o presidente Fernando Henrique Cardoso divergiu publicamente das declarações do candidato governista à Presidência, José Serra (PSDB-PMDB), sobre a importância e o futuro do Mercosul. Em duas cerimônias oficiais com o presidente argentino, Eduardo Duhalde, FHC defendeu enfaticamente a "chama do Mercosul" diante do que chamou de "céticos" e "pessimistas" e disse ter certeza de que seu sucessor dedicará a mesma atenção à aliança com o vizinho.

Anteontem, em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", Serra disse que o Mercosul "não deu certo" porque o Brasil fez concessões demais aos parceiros.

Ele chamou de "monstruosidade" o Tratado de Ouro Preto, que estabeleceu a união aduaneira do Mercosul. Ainda segundo o candidato tucano, a Argentina sempre "pula para trás e a gente aceita", o que inviabiliza ir além da zona de livre comércio.

"Como presidente do Brasil, dediquei muitas horas do meu dia-a-dia à Argentina, à construção da nossa aliança estratégica, ao fortalecimento da nossa confiança. Continuarei pela vida afora com essa dedicação e tenho certeza de que, dentro de poucos meses, meu sucessor estará fazendo o mesmo", disse FHC, em brinde a Duhalde no Itamaraty.

Brasil e Argentina celebraram três acordos ontem, considerados "históricos" por FHC devido às crises financeiras dos dois países: um entendimento de temas econômicos e comerciais, a revisão do acordo automotivo e um convênio de créditos recíprocos entre os dois bancos centrais.

O presidente tratou as cerimônias de ontem como uma demonstração de força dos dois países. Ele fez questão de dizer que reiterava, diante da imprensa brasileira, argentina e internacional, que os dois países vão "continuar juntos" nos objetivos, que incluem a "recuperação" de ambas economias. Duhalde agradeceu FHC, em público e reservadamente, pelo apoio expressivo nos momentos de "decadência" da economia de seu país.
"A cooperação Brasil-Argentina não comporta nem pessimismo nem medo ou desânimo diante das adversidades", disse FHC. Para ele, os acordos "servem de resposta aos céticos e pessimistas".

"Num momento de tanta dificuldade, em que tão poucos acreditavam que nós fôssemos capazes de levar adiante nossas negociações e de manter viva a chama do Mercosul, o documento ora firmado mostra, mais uma vez, que Brasil e Argentina são capazes de resolver suas questões comerciais, ainda que dentro de conjunturas muito desfavoráveis."

FHC afirmou que foi discutida, na reunião privada com a delegação argentina, a possibilidade de fazer a "limpeza da mesa" antes do fim de seu mandato, ou seja, concluir todas as negociações pendentes com Argentina. "Quem sabe nós possamos antecipar o livre comércio, num momento em que todos pensavam que era quase impossível manter esse tipo de negociação firme."

Em posicionamento contrário, Serra disse anteontem que pretende, se eleito, desacelerar o processo de integração dos dois países porque considera que as etapas estariam sendo atropeladas. "Quiseram fazer em quatro anos o que a União Européia fez em 40", disse Serra anteontem.

Outro ponto em que o presidente e o candidato governista discordam é a possibilidade de acordos comerciais entre o Brasil e países fora do bloco, como, por exemplo, a Índia.

O presidente não deixou dúvidas sobre a impossibilidade de excluir o vizinho dessas negociações. "Tomamos a decisão de continuarmos no caminho de Brasil e Argentina disputarmos, em conjunto, terceiros mercados com a China, com a Índia e onde mais seja", afirmou. "O Brasil não contempla nenhuma iniciativa ou projeto regional sem a parceria com a Argentina", disse, incluindo entre as possibilidades as negociações sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e acordo de livre comércio com a União Européia.


Ciro e Garotinho atacam receita do Fundo e descartam arrocho maior
Os presidenciáveis Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) criticaram ontem a receita do FMI de um ajuste maior nas contas públicas do país. Ciro declarou que a combinação de arrocho e carga tributária alta foi o "que matou a Argentina". Garotinho disse que "não é possível nenhum sacrifício adicional ao povo brasileiro".

Em Brasília, Ciro declarou que o país já está com o maior arrocho fiscal da história e que não há como apertar mais: "A carga tributária nominal, que atinge o setor mais formal da economia, já chega a loucos 46% do PIB, embora a carga efetiva esteja se aproximando dos 35%", afirmou.

O pepessista disse que a principal despesa, o salário do funcionalismo, já está há oito anos sem reajuste e citou a crise no setor elétrico: "Estou falando que o desinvestimento já chegou a um limite insuportável. Não há mais como fazer arrocho fiscal".

Questionado sobre qual seria a saída, afirmou: "A saída é não aceitar esse receituário tecnicamente ruinoso. Está provado em muitos experimentos, na Rússia, na Coréia e no mais próximo de nós e mais recente, a Argentina".

Ele deu sua receita: "O Brasil tem que sair dessa lógica de dependência do capital externo, que é o que nos deixa vulneráveis a esse tipo de receituário. O caminho para o Brasil passa por um conjunto articulado de reformas que nos dêem uma estratégia de elevar o nível interno de poupança e eliminar a dependência externa".

Ciro concedeu entrevista na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), onde entregou cópia do seu programa de governo ao presidente da entidade, dom Jayme Chemello. Negou que a campanha esteja em crise e descartou a renúncia: "É tudo boato. Minha candidatura pertence ao povo". À tarde, ele foi a Goiânia.

Garotinho fazia campanha em São Paulo. Ele também descartou um novo arrocho nas contas públicas: "O Brasil precisa crescer". Ele não quis, porém, se estender sobre o assunto: "Não vou tratar com o FMI agora. Só depois de ganhar a eleição". Declarou ainda que não está "preocupado com o mercado, mas com o povo".
O candidato participou de uma sabatina no auditório do jornal "O Estado de S. Paulo". Nela declarou que pretende renegociar com o FMI as metas de inflação na primeira revisão trimestral.

Questionado se manteria Armínio Fraga na presidência do Banco Central, disse: "Absolutamente não. Fraga é um representante do setor financeiro. Queremos um nome do setor produtivo".

Disse ainda que, em eventual segundo turno entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o eleitor teria a "alternativa de votar na oposição genuína ou na oposição Lula Denorex, a que parece, mas não é [bordão de um xampu anticaspa]".


Na TV, Serra acusa o candidato do PSB de mentir sobre mínimo
Alarmada com o crescimento de Anthony Garotinho (PSB) nas pesquisas, a equipe do tucano José Serra decidiu abandonar a trégua nos ataques a adversários no horário eleitoral e concentrou artilharia no ex-governador do Rio.

Na última pesquisa Datafolha, Serra (19%) e Garotinho (15%) aparecem tecnicamente empatados, no limite da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais.

Ontem, a propaganda tucana acusou o pessebista de mentir ao falar, no horário eleitoral, sobre as propostas de Serra para aumentar o salário mínimo em R$ 11.

"Vendo a proposta do Garotinho [sobre o mínimo], duas coisas me chamam a atenção: primeiro, a facilidade com que ele promete; segundo a facilidade com que ele mente", disse Beto 45, analista político fictício do programa tucano de rádio.

Na TV, um texto, intitulado "Direito de Esclarecimento", acusou Garotinho de não dizer a verdade ao mencionar as propostas de Serra para o mínimo. No rádio, foi mais enfático: "Isso é mentira e a campanha está tomando as medidas legais contra o Garotinho".

Os tucanos avaliam que a proposta de aumento para R$ 280 tenha sido fator decisivo para o crescimento de Garotinho.

Ontem, em Araxá (MG), Serra mencionou o assunto. "Garotinho disse que essa proposta de aumentar o salário mínimo a R$ 211 é minha. Eu nunca falei isso. Vamos tentar fazer mais."


Malan insinua que petista pode manter Armínio no Banco Central
O ministro Pedro Malan (Fazenda) deu a entender ontem que ainda não está totalmente afastada a possibilidade de o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, permanecer no cargo num eventual governo petista.

"Há alguma tentativa de responder, neste momento, a uma certa, digamos, necessidade de manter silêncio sobre isso. Não há nada pessoal aí, e de fato há interações e conversações sendo levadas há muitos meses. Não podemos excluir qualquer resultado ainda. O jogo está muito cedo."

O comentário de Malan foi em resposta a uma pergunta feita por um analista do banco suíço UBS Warburg, Michael Gavin, que questionou o ministro sobre suposta hostilidade do PT em relação a Armínio. Malan participou ontem de um seminário sobre a recuperação da América Latina promovido pelo Banco Mundial.
"Quem conhece o Armínio sabe que é muito difícil imaginar que alguém possa ter hostilidade em relação a uma pessoa que não inspira hostilidade em ninguém", disse Malan. Na semana passada, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não manteria Armínio na presidência do BC em seu governo, caso vença as eleições.

O ministro ressaltou que o resultado das eleições ainda não está dado. "As eleições no Brasil não terminaram, as eleições terão lugar em outubro deste ano. Portanto ninguém pode especular a essa altura do jogo como se o resultado estivesse dado e que o futuro presidente já tivesse definido o que ele poderá ou não fazer."

O ministro disse o que espera do presidente eleito para acalmar o mercado. "Acho que é [preciso] reafirmar com clareza, com consistência e com coerência certos compromissos que já foram assumidos [...] É isso que é importante fazer agora. [Dizer] que não haverá aventura, ruptura, grandes mudanças. Porque é limitado a margem de manobra para um país que precisa manter a estabilidade macroeconômica e lançar as bases para um crescimento sustentado", afirmou Malan.


PT admite ser "irreal" criar 10 milhões de empregos formais
Para partido de Lula, quase a metade dos postos criados não seria com carteira assinada

Pouco mais da metade dos 10 milhões de empregos que o PT quer criar em um governo de Luiz Inácio Lula da Silva seriam com carteira assinada. O restante dos postos eventualmente gerados, reconhece o PT, nasceria na informalidade.

De acordo com o economista Antônio Prado, coordenador do programa para geração de emprego e renda de Lula, "não é realista" criar 10 milhões de empregos com carteira assinada no prazo de quatro anos. "Não é a nossa expectativa e nós nunca prometemos tal coisa", declara.

Pesquisador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Prado estima que um crescimento econômico anual de 5% do PIB (Produto Interno Bruto), como promete o programa de Lula, resultaria na criação de cerca de 1,3 milhão de empregos formais a cada 12 meses. Em quatro anos, seriam, assim, 5,2 milhões de empregos formais gerados no país, ou 52% da expectativa.

"Investindo em áreas que favorecem empregos formais, como promoção de exportações, substituição de importações e incremento em áreas sociais, é possível ampliar o coeficiente um pouco", diz ele. Prado não calcula qual seria a elevação, mas adianta que não seria "dramática".

Segundo ele, para que o crescimento econômico possibilitasse a geração de mais empregos formais, seria preciso mudar radicalmente a estrutura econômica, "o que não se faz em um período de quatro anos".
No documento "Mais e melhores empregos", lançado por Lula em 23 de julho, o candidato menciona a necessidade de criação de 10 milhões de empregos, mas não faz a ressalva de que nem todos seriam com carteira assinada.

Na semana passada, em entrevista ao jornal "O Globo", o petista foi instado a definir quantos dos empregos que geraria seriam formais. "Seria pedir muito", respondeu. Em discursos, Lula tem defendido o aumento da economia formal, como forma de evitar um rombo na Previdência.

De acordo com Prado, o partido contempla a geração de 10 milhões de "postos de trabalho" -com e sem carteira. "Emprego, na definição técnica, é com carteira assinada. Mas na linguagem de campanha, acaba virando sinônimo de posto de trabalho", disse.

A geração de milhões de postos de trabalho deflagrou uma guerra entre as campanhas de Lula e de José Serra (PSDB) na TV. Serra, que promete 8 milhões de empregos e também já reconheceu que não seriam todos formais-, acusa o petista de ter desistido de sua meta de 10 milhões.

Recentemente, Lula passou a dizer que a cifra representa uma "necessidade" para o país e tem evitado se comprometer com um número específico. "Não sabemos em que condições receberíamos o país. A cifra de 10 milhões é uma referência", diz Prado.


Para Serra, carteira assinada e emprego diferem
Apesar de ter adotado a carteira de trabalho como símbolo principal de sua campanha presidencial, o candidato José Serra (PSDB) também tergiversa quando solicitado a responder se os 8 milhões de empregos que promete criar nos quatro anos de mandato seriam formais ou não.

"Carteira assinada é uma coisa. Emprego é outra. Temos que convergir as duas coisas", declarou Serra recentemente.

Em seu marketing televisivo, o tucano tem se colocado como o único "que sabe fazer" ao defender propostas de geração de empregos. "Sei como desatar o nó que impede o crescimento", tem dito o tucano.

Para o economista petista Antônio Prado, o tucano não tem "autoridade política" para falar em criação de empregos.

"Serra não tem credibilidade para falar de emprego. Em sua passagem pelo Ministério do Planejamento [95-96], a taxa de desemprego elevou-se rapidamente, como mostram estatísticas de diversos institutos. Já Lula e o PT têm um histórico de defesa do emprego e do salário", declara Prado.


Artigos

O lobo e os ratos
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Dizem que lobo velho perde o pelo, mas não perde a manha. Aplica-se rigorosamente ao Fundo Monetário Internacional.

No mesmo dia em que um grupo de técnicos da instituição dizia que o Fundo impõe exigências demais e acaba impedindo o nascimento de políticas autóctones robustas, o economista-chefe, Kenneth Rogoff, repetia, para o Brasil, as "exigências demais". Pede um ajuste "doloroso".

Nem vou discutir de novo se é necessário ou não mais dor para ajustar a economia brasileira às demandas dos credores externos. Creio que Joseph Stiglitz, com a autoridade que lhe dá ter sido chefe dos assessores econômicos da Presidência norte-americana (primeira fase da era Clinton) e economista-chefe do Banco Mundial, já disse tudo o que havia a ser dito a respeito.

Resta avaliar as possibilidades políticas de implementar mais dor. É fácil ditar regras quando se trata de burocratas instalados em gabinetes confortáveis a milhares de quilômetros de distância, ainda por cima bem pagos (com o meu, o seu, o nosso dinheirinho, aliás, pois o FMI também é "nosso").

Duro é pô-las em práticas, no terreno. A Argentina é a demonstração definitiva de que as coisas não funcionam assim. O Fundo apoiou a barbaridade que foi a manutenção do câmbio fixo. Quando se instalou a recessão, em vez de recomendar medidas reativadoras, não só reafirmou a defesa do câmbio fixo como mandou cortar gastos, o que, como é óbvio, só acentua recessão.

Acentuada a recessão imposta a dor, portanto, não havia mais condições políticas e sociais para seguir adiante na receita clássica. Resultado: a Argentina está condenada ao limbo sem que se reconheça que o presente governo caiu numa armadilha gerada não por ele, mas pelos governos (e receitas) que o Fundo sustentara anos a fio.

Basta de mesmice. Já chega de fazer de países em desenvolvimento ratos de laboratório.


Colunistas

PAINEL

Revisão histórica
Amir Lando, relator da CPI que investigou Fernando Collor, revela no livro "Fora Collor!", a ser lançado no dia 2, que foi visitado em seu gabinete por FHC, José Serra, Luís Eduardo Magalhães, Covas, Mauro Benevides e Ulysses Guimarães para reduzir menções a Collor no texto final.

Alegação diplomática
No livro, de autoria dos jornalistas Sérgio Sá Leitão e Barbara Axt, Lando conta que o grupo de "cabeças coroadas do Congresso" alegou que, se Collor aparecesse muito no relatório, haveria mais dificuldades para aprová-lo. Lando diz ter mantido todas as citações no texto final.

Ex-mentor
O filósofo Mangabeira Unger -guru de Ciro Gomes (PPS) até a semana passada- disse a petistas que anunciará apoio a Lula (PT) nos próximos dias.

Risca de giz
Serra desdenhou do apoio de Eugênio Staub (Gradiente) a Lula. A interlocutores, o presidenciável disse que o empresário nunca foi tucano, apoiou Quércia em 94 e que só aliou-se a Lula por ter relações com Sarney.

Ritmo de final
Lula ficou pouco mais de meia hora no comício de anteontem em Osasco. Alegou que precisava descansar para a entrevista de ontem ao "Jornal Nacional". A maior preocupação no PT hoje é evitar erros na reta final.

Internacional socialista
Luis Favre, namorado de Marta, reclamou com o apresentador do comício de Lula em Osasco, anteontem, por ele ter autorizado a canção da "Oração de São Francisco". "Quem liberou música religiosa?", disse.

Sem licitação
O governo do Maranhão pagou R$ 60 mil ao terreiro de Bita do Barão -aliado da família Sarney. Segundo o edital, o pai-de-santo realiza "relevantes trabalhos para o fortalecimento espiritual e a diminuição das desigualdades sociais".

Trilha sonora
A bandinha do Planalto, em ensaio antes da chegada de Eduardo Duhalde para encontro com FHC, tocou o tema de "E o Vento Levou". Funcionários da Presidência ironizaram: "É bem apropriado, já que o vento levou o dólar e o peso".

Puro marketing
A cena é corriqueira em eventos de auditório da campanha de Anthony Garotinho (PSB), principalmente quando há fotógrafos por perto: na saída, o candidato dá uma boa olhada nas mesas e recolhe todos os santinhos eleitorais que sobraram.

Espelho retrovisor
No programa eleitoral de Ciro Gomes, a arte parece imitar a vida. Ontem, o presidenciável do PPS apareceu na TV tendo Brasília ao fundo. Enquanto falava, o candidato caminhava na direção contrária à da capital.

Mercado do voto
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a tabela de contratação de mão-de-obra para trabalho de boca-de-urna paga em média R$ 25, além de um lanche. Candidatos reclamam que adversários começaram a inflacionar o mercado, oferecendo R$ 50.

Força maior
Motivo do cancelamento das entrevistas que o apresentador Ratinho faria esta semana com os presidenciáveis no SBT: Serra não gostou de saber que seria o primeiro a ser entrevistado e disse que não iria.

Coisas mudam
O comitê de Ciro tentou convencer Ratinho a manter as entrevistas, apesar da desistência de Serra. O apresentador não aceitou. Nos bastidores, fez questão de lembrar que o candidato do PPS, quando estava em segundo nas pesquisas, recusou convite para ir ao seu programa.

TIROTEIO

Do pefelista Cláudio Lembo, vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ao governo paulista, sobre o PT usar na propaganda eleitoral elogios feitos a José Genoino (PT) por Mário Covas, padrinho político do candidato tucano:
- O governador Mário Covas merece mais respeito por parte do PT. José Genoino deve estar citando Covas porque Lula nunca o elogiou.

CONTRAPONTO

Tristes lembranças
Luiz Inácio Lula da Silva lançou na sexta-feira passada, na escola de samba Mangueira, no Rio, seu programa para a área de saúde. O clima era de festa, com a subida do petista nas pesquisas de intenção de voto e a prisão do traficante Elias Maluco, ocorrida um dia antes.
Acompanhado da governadora Benedita da Silva (PT), candidata à reeleição no Rio, Lula posou para fotos com passistas mirins e conversou com dona Zica, da Mangueira.
Quando chegou o momento do discurso do presidenciável, os organizadores colocaram no alto-falante o jingle "Lula-lá", da derrotada campanha de 89. A platéia inteira cantou junto.
Terminada a música, Lula, ao microfone, não perdoou:
- Essa música é mesmo muito bonita. Mas eu queria lembrar aos companheiros que já existe uma outra, para a atual campanha.


Editorial

ALÍVIO LIMITADO

Pela primeira vez em oito anos, o país obteve, em agosto, saldo positivo no balanço de transações de bens e serviços com o exterior. Essas transações trouxeram US$ 316 milhões de dólares ao país. O dado, divulgado ontem, não surpreendeu, pois já se sabia que em agosto o comércio exterior de bens havia propiciado saldo positivo de US$ 1,6 bilhão e poderia mais do que compensar o tradicional déficit do país na conta de serviços. Mesmo assim, a obtenção de dólares por meio das transações correntes chegou a ser saudada como evidência do veloz ajuste da economia à diminuição da entrada de capitais externos.

Visto isoladamente, esse resultado foi sem dúvida positivo. Mas uma visão do conjunto das contas externas é bem menos tranquilizadora. O pequeno superávit em conta corrente ficou longe de compensar o déficit na conta que reúne as transações de capital e financeiras. O resultado global foi uma redução das reservas internacionais líquidas do BC de US$ 2,2 bilhões em agosto.

Dentre os fluxos de capital externo, destacou-se, além da retração persistente da oferta de crédito, a perda de dinamismo do investimento direto. A maior aversão global ao risco está mitigando o ímpeto até mesmo desses fluxos, que desde 1997 vêm sendo o esteio das contas externas e poderiam, em tese, até se acelerar para tirar proveito do barateamento, em dólares, dos ativos brasileiros.

O ponto é que a retração dos fluxos de capital continua muito mais rápida do que a reação dos fluxos de transações correntes. O que mantém vulneráveis as contas externas do país -apesar do fôlego trazido pelo crédito do FMI.

A transição das contas externas para uma posição sustentável demandará um bom tempo, durante o qual o suporte do FMI será necessário para manter a credibilidade na solvência externa do país. A preservação desse suporte não está garantida. Por exemplo, se o FMI exigir, para conter a alta da dívida pública, aumentos recorrentes da meta de superávit primário, poderá surgir um impasse. Um impasse perigoso para todas as partes envolvidas.


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09/27/2002


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Tarso e Rigotto empatados