Rigotto supera Tarso; Britto sai da disputa
Rigotto supera Tarso; Britto sai da disputa
O peemedebista Germano Rigotto, 53, surpreendeu e ultrapassou o favorito Tarso Genro (PT), 55, na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. Segundo pesquisa de boca-de-urna do Ibope, Rigotto tem 40%, contra 37% de Genro. Haverá segundo turno.
Na apuração parcial das urnas, o peemedebista obteve 41% dos votos e o petista, 37%. Mais de 98% das urnas haviam sido apuradas até a 1h30.
Antônio Britto (PPS), 50, que ficou em terceiro lugar, com 12%, admitiu a derrota e disse ter ficado contente com o bom desempenho da oposição ao PT no Estado. "O cidadão Antônio Britto estará no dia 27 votando em Rigotto."
O quadro teoricamente favorece Rigotto, que também tem apoio informal Celso Bernardi (PPB). O peemedebista, porém, terá de se expor mais, já que foi poupado na campanha para o primeiro turno, quando Britto e Genro polarizaram.
Rigotto surpreende e ultrapassa petista
Peemedebista cresce, ganha apoio de Antônio Britto (PPS) e vai ao segundo turno
O crescimento de reta final de Germano Rigotto, 53, garantiu ao peemedebista a vaga no segundo turno contra Tarso Genro (PT), 55, no Rio Grande do Sul. Rigotto superou Tarso, e a surpresa ficou por conta do encolhimento da candidatura de Antônio Britto (PPS), 50, que já declarou voto no PMDB no dia 27 de outubro.
Segundo apuração de mais de 85% das urnas, Rigotto teve 41% dos votos, contra 37% de Tarso.
A boa performance de Rigotto poderia estar interferindo positivamente na do presidenciável José Serra, que tinha desempenho acima da média brasileira no Estado: 33,27%, contra 44,3% de Luiz Inácio Lula da Silva às 21h05.
Pesquisa de boca-de-urna do Ibope dava o seguinte resultado: Rigotto com 40%, Tarso com 37% e Britto com 13%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. Foram ouvidas 21 mil pessoas em 21 municípios.
Britto admitiu a derrota e disse ter ficado contente com o bom desempenho da oposição ao PT no Estado. "O cidadão Antônio Britto estará no dia 27 votando em Germano Rigotto", disse.
Ex-governador (94-98) e derrotado numa apertada disputa na eleição passada, Britto chegou a liderar a disputa eleitoral. Ontem, pontuou na casa dos 10%.
Para o segundo turno, o quadro teoricamente favorece Rigotto, que já tem apoio informal dos candidatos Britto e Celso Bernardi (PPB). Há, no entanto, peculiaridades locais que serão trabalhadas por Tarso e Rigotto.
Surge, também, uma nova situação: como Tarso e Britto polarizaram quase todo o primeiro turno, Rigotto foi poupado. Agora, terá de se expor.
Quanto ao PDT, que apoiou Britto no primeiro turno sob o pretexto de que havia interesse maior em relação ao pleito nacional (o apoio a Ciro Gomes -PPS), a situação é indefinida. A tendência é de o partido se dividir.
Rigotto procurou, ao saber da pesquisa de boca-de-urna, manter a ponderação: "Sou a favor de um projeto novo para o Rio Grande. Confronto de idéias é muito natural. Mas espero que o segundo turno seja como o primeiro".
Dizendo ter ao seu lado parte do PDT, Tarso disse ter o apoio de Lula e definiu seu projeto para o segundo turno. "Uma frente em defesa do Rio Grande, de uma articulação regional com o projeto nacional de Lula presidente; do setor público e dos servidores; das nossas empresas, da nossa agricultura e em defesa dos direitos conquistados desde a Constituição de 1988, que tanto tem sofrido sua desconstituição com os governos de centro-direita."
Acompanhado do governador Olívio Dutra (PT) e do vice Miguel Rossetto (candidato à reeleição pelo PT), Tarso votou às 8h10, em Porto Alegre. Rigotto votou em Caxias do Sul (a 120 km de Porto Alegre), às 9h05. Com temperatura em torno de 30 graus, a militância saiu em peso às ruas. Houve poucos incidentes.
Com Maluf fora, 2º turno terá Alckmin e Genoino
O segundo turno da eleição para governador de São Paulo será disputado entre Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT). Dados da Justiça Eleitoral divulgados às 2h09 de hoje -quando a apuração estava em 60%- indicavam que Alckmin alcançou 39,2% dos votos e que Genoino obteve 31,8%, ultrapassando Paulo Maluf (PPB), com 21,5%.
Pesquisa de boca-de-urna do Ibope indicou Alckmin com 34%, Genoino com 33%, e Maluf com 25%.
Até menos de dois meses atrás, o Datafolha apontava o ex-prefeito Maluf com intenção de votos maior do que os dois oponentes juntos -40% contra 34%. Em meados de setembro, foi superado por Alckmin, manteve-se em segundo, mas foi alcançado por Genoino na sondagem de 27 de setembro. Esse resultado se repetiu na pesquisa da véspera da eleição, quando os dois ficaram empatados. Esta é a quarta derrota de Maluf na tentativa de se tornar governador. Ele também perdeu duas eleições para a Presidência e duas para a Prefeitura de São Paulo.
Benedita e Rosinha podem se enfrentar novamente
A eleição para o governo do Rio de Janeiro seguia indefinida até as 2h30 de hoje. Segundo pesquisa de boca-de-urna feita pelo Ibope, Rosinha Matheus (PSB) recebeu 49% dos votos e a petista Benedita da Silva, atual governadora, 22%.
Segundo apuração parcial das urnas, Rosinha tinha 47,5%, contra 26,69% de Benedita e 15,2% do pedetista Jorge Roberto Silveira.
Até o fechamento desta edição, Rosinha tinha chances de se recuperar, já que a apuração na Baixada Fluminense, onde a candidata do PSB liderava de acordo com as pesquisas de intenção de voto, não havia sido finalizada.
Na hipótese de haver segundo turno, assessores de Rosinha, que é mulher do presidenciável Anthony Garotinho, avaliam que ela terá pelo menos o apoio do PMDB, liderado pelo ex-governador Wellington Moreira Franco, que participou do bloco de apoio à candidata Solange Amaral (PFL), que estava em quarto.
Aécio vence e quer ser liderança nacional
O tucano Aécio Neves deve vencer no primeiro turno a disputa pelo governo de Minas. Segundo pesquisa de boca-de-urna do Ibope, ele aparece com 58%, contra 27% de Nilmário Miranda (PT) e 9% de Newton Cardoso (PMDB).
A apuração parcial dos votos no Estado confirmava a vitória de Aécio. Até a 1h30 de hoje, Aécio seguia líder com 57%. Nilmário tinha 31% e Newton, 6%.
Eleito, o tucano pretende, do Palácio da Liberdade, a sede do governo mineiro, exercer uma liderança nacional, alimentando a aura de futuro presidenciável.
Com um discurso de defesa da governabilidade do próximo presidente da República, seja ele quem for, Aécio tem a intenção de se projetar para além do PSDB, onde já desponta como uma das principais lideranças nacionais.
O tucano afirmou ontem ser grato pelo apoio do atual governador mineiro, Itamar Franco, com quem firmou aliança.
Candidata tucana faz Zeca do PT it a 2º turno
O inesperado segundo turno entre José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, e Marisa Serrano (PSDB) deve provocar um realinhamento das forças de oposição ao governador petista. Segundo apuração de 98% das urnas, Zeca do PT teve 48%, contra 42% de Marisa. Pesquisas apontavam a vitória do petista já no 1º turno.
Lessa deve vencer Collor e se reeleger governador
O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) fracassou na sua tentativa de voltar à vida política em Alagoas, segundo apuração de mais de 95% das urnas.
Até as 2h30, o governador Ronaldo Lessa (PSB) tinha 52% dos votos, contra 41% de Collor. Se mantida essa margem, Lessa deve se reeleger já no primeiro turno.
Genoino rejeita Maluf, mas busca malufistas
Petista atribui virada ao efeito Lula e começa a costurar apoio de vários partidos
Enaltecendo o efeito do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva e da militância petista na reta final de sua campanha , o candidato José Genoino já acenou ontem para os partidos que pretende unir em torno de sua coligação no segundo turno da disputa pelo governo de São Paulo.
Entre essas legendas estão PDT, PL e PSB, além de setores de PMDB, PPS e PTB. Quanto ao suposto apoio de Paulo Maluf (PPB), de quem chegou a receber elogios na campanha, a liderança estadual do partido foi taxativa: dos malufistas, só querem os votos, rechaçando qualquer tipo de aliança. Para Genoino, a relação do PT com Maluf continua sendo como "água e óleo".
Mesmo mostrando confiança durante todo o dia, o clima de virada foi intensificado após a divulgação dos resultados das pesquisas de boca-de-urna, já que, até a véspera da eleição, os institutos apontavam empate técnico entre o petista, que no início de agosto tinha cerca de 10% das intenções de voto, e Maluf.
"A força da candidatura Lula foi muito importante exatamente por essa sintonia, porque nós temos um time, um projeto", disse Genoino, durante entrevista, por volta das 19h, na sede do partido.
Já em clima de segundo turno, o candidato petista também agradeceu o apoio de políticos que não puderam apoiá-lo oficialmente devido à verticalização imposta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "Agradeço Fernando Morais (PMDB), Luiza Erundina (PSB), Antonio Cabrera (PTB), Cesar Callegari (PSB) e vários prefeitos."
Genoino afirmou que não teme que os representantes do PIB paulista rumem todos em direção à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) ao temerem eventuais governos petistas na capital paulista, no Estado e no Planalto.
"Eu fiz reuniões com todas as áreas empresariais de São Paulo, e todas as receptividades foram muito boas. Eu quero exercer um governo parceiro da iniciativa privada e parceiro da produção. Eu não encontrei nenhum tipo de resistência", afirmou.
Os contatos com os eleitores tradicionalmente malufistas já começaram na semana passada por meio de Antonio Cabrera (PTB), candidato ao governo do Estado. Cabrera se reuniu com lideranças rurais do Estado, tradicionalmente de direita, tentando puxar votos para Genoino.
De acordo com Paulo Frateschi, presidente estadual do partido, será criada uma frente "democrática e popular" para ganhar as eleições. "É claro e evidente que o Maluf não está nesse projeto democrático e popular. Ele não estará nesse projeto. Se ele [Maluf] e seus eleitores quiserem votar no Genoino, nós vamos ficar muito agradecidos", afirmou Frateschi.
Às 22h30, o candidato deixou o diretório estadual em direção à avenida Paulista, onde cerca de 2.000 militantes o aguardavam. Depois de discursar para o público presente, Genoino foi a um coquetel para convidados, organizado pela direção nacional do PT.
Petista enfrenta bronca de eleitora e choro da filha
O candidato petista José Genoino enfrentou uma votação conturbada ontem em uma escola do Butantã, na zona oeste, por causa dos protestos de uma eleitora dele.
Vestida de camiseta vermelha, a mulher, que disse se chamar Margarete, passou a gritar na fila de votação quando Genoino foi orientado a passar na frente dos eleitores para votar. "Que democracia é essa? Ele tem que esperar como todo mundo. É um absurdo, não pode furar", afirmou.
A orientação ao candidato petista havia sido dada pelo juiz eleitoral Israel Goes dos Anjos, depois de ele se posicionar no final da fila. Anjos queria evitar a situação tumultuada na escola por causa da presença da imprensa.
A reação da eleitora foi até elogiada por Genoino após a votação, mas causou protestos da prefeita Marta Suplicy, com quem trocou agressões verbais. Marta disse que ela devia ser "malufista". Margarete chamou a prefeita de "louca", "maluca", e não aceitou um pedido de desculpas.
"Só voto no Genoino. No resto do PT eu não voto", afirmou. Ela foi convencida a permitir a passagem de Genoino pelo senador Eduardo Suplicy.
"O juiz é que me tirou da fila, que é uma instituição democrática e republicana. Acho que ela fez certo, está no direito dela. O cidadão tem que reivindicar seus direitos e protestar", disse Genoino.
Na mesma escola do Butantã, onde ficou das 10h55 às 11h45, Genoino também passou por um desencontro familiar. O candidato havia acertado com seus filhos Miruna, 21, e Ronam, 18, que os esperaria para votar. Mas, como os dois não estavam lá na hora em que chegou, ele votou acompanhado apenas da mulher.
Ao sair da escola, encontrou com os dois filhos, que, de acordo com assessores, estavam chateados. A filha chegou a chorar, mas não quis falar com a imprensa.
Depois de enfrentar os protestos de uma eleitora, Genoino também se deparou com as vaias à prefeita Marta Suplicy na escola de votação dela. Ele chegou a se irritar com um dos mesários, Carlos Renato Camargo, que, segundo assessores do PT, teria incitado a manifestação contra Marta.
Alckmin usará Marta para atingir Genoino
Bom desempenho do candidato petista deixou governador e cúpula do PSDB em alerta
Para enfrentar José Genoino (PT) no segundo turno da disputa pelo governo paulista, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) pretende mirar suas baterias na gestão da petista Marta Suplicy à frente da Prefeitura de São Paulo.
A administração da petista será utilizada como parâmetro pelos tucanos, que querem mostrar que sabem governar melhor do que o PT. "Vamos comparar as duas gestões porque o PT tem um discurso de palanque, mas quando chega no governo não faz o que promete", disse o presidente estadual do PSDB, Edson Aparecido.
"A Prefeitura de São Paulo será a vitrine do que não deve ser feito", disse o deputado estadual Walter Feldman (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa e um dos principais estrategistas do partido. Segundo ele, os tucanos vão tentar debater com Genoino o que chamam de "ética e compromisso social" dos dois partidos. "Nesses dois campos, vamos muito melhor do que o PT", afirmou.
O governador, no entanto, disse ontem que não baixará o nível do debate eleitoral. "Não fiz e não vou fazer campanha negativa."
Feldman afirmou que uma disputa com Paulo Maluf (PPB) seria mais fácil no segundo turno, mas disse ter certeza de que Alckmin vencerá a eleição contra Genoino.
O coordenador da campanha de Alckmin, João Carlos Meirelles, afirmou que o PSDB não assumirá uma postura conservadora para polarizar com o PT. "Somos socialistas e democratas. Assim continuaremos", disse.
Apesar da confiança dos líderes tucanos, o crescimento de Genoino na reta final do primeiro turno acendeu a luz amarela no comando da campanha de Alckmin.
Ontem mesmo, assim que os primeiros resultados das pesquisas de boca-de-urna foram divulgados, o governador tucano, candidato à reeleição, se reuniu com assessores e secretários na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes para traçar as estratégias visando o segundo turno.
"Eu tinha convicção de que o Genoino seria nosso adversário no segundo turno, mas achava que a diferença do Alckmin para ele seria maior", disse Feldman.
O candidato tucano evitou comentar os índices de Genoino, limitou-se a falar apenas de seu desempenho nas urnas.
"Eu já percebia que a campanha do Genoino estava crescendo mais e evidente que haveria segundo turno, mas me surpreendeu também a minha votação, porque todos os institutos de pesquisa nos colocavam na casa dos 30%. Estou muito contente", disse Alckmin à noite, referindo-se ao fato de, nas apurações iniciais, aparecer com 40% dos votos.
Pela manhã, porém, ele disse que não tinha um adversário "preferido" para a disputa no dia 27. "Quanto ao adversário, tanto faz: nenhum é difícil, nenhum é fácil", disse o governador.
Membros do partido defenderam o afastamento de Alckmin do governo do Estado para se dedicar exclusivamente à campanha. "Isso está descartado. Nós entendemos q ue o governador já criou um estilo ao mostrar que é capaz de governar com ética e fazer campanha", disse Meirelles.
A permanência de Alckmin no cargo significa que a campanha continuará tendo como principal pilar a gestão tucana em São Paulo, iniciada em 1995 com Mário Covas (1930-2001).
PSDB e PT elegem maiores bancadas
Havanir Nimtz (Prona) é a mais bem votada; voto de legenda beneficia partidos
Tucanos e petistas deverão compor as maiores bancadas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para a próxima legislatura (2003-2006).
Até o fechamento desta edição, 57,26% do votos haviam sido apurados. O percentual não permite a verificação da lista completa dos candidatos que serão eleitos.
Os dados disponíveis até o fechamento desta edição também não permitiam a realização de projeções, à medida que muitos candidatos têm sua votações regionalizadas. Por causa disso, alguns deputados que figuram na lista dos mais votados podem não ser efetivamente eleitos.
Além disso, os deputados não dependem apenas de suas votações para serem eleitos -mas também do número de votos recebidos por todos os candidatos de seu partido, além da legenda.
Bancadas
Mas, segundo as parciais de votação dos candidatos a deputado estadual divulgadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo até a 2h20 de hoje, o PSDB e o PT fariam as maiores bancadas.
Os dois partidos também tinham a maior quantidade de votos de legenda: 4,83% para o PT e 3,87% para o PSDB. Além disso, os tucanos tinham três candidatos entre os seis mais bem votados, segundo a última parcial da apuração.
Em coligação com o PC do B, o PT tem hoje 16 deputados estaduais. A expectativa do partido ontem à noite era a eleição de pelo menos 22 deputados estaduais dos dois partidos.
O PSDB, que hoje tem 24 deputados, também esperava aumentar sua bancada para cerca de 28. Na atual legislatura, vários deputados eleitos pelo PSDB mudaram de partido, principalmente em direção ao PPS.
Mais votada
Em todas as parciais divulgadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo até o fechamento desta edição, a candidata Havanir de Almeida Nimtz (Prona) tinha o maior número de votos -mais de 2,5% dos válidos.
Em 2000, ela foi a segunda mais bem votada para o cargo de vereador só ficou atrás de José Eduardo Cardozo (PT). Isso permitiu a eleição de seu correligionário Antonio Paes da Cruz, o Baratão, com apenas 2.023 votos.
Esse fenômeno deverá se repetir. Como Havanir recebeu muito mais votos do que o necessário para ser eleita, sua votação deverá ser suficiente para eleger pelo menos mais um deputado estadual pelo Prona.
Mas o segundo candidato mais votado pelo partido deverá ter um pequeno número de votos em comparação com os eleitos dos outros partidos. Às 2h20 de ontem, o segundo do Prona era Adilson Barroso, com 7.503 votos, e o terceiro, Said Mourad, com 6.346.
Os deputados que haviam obtido pelo menos 60 mil votos no fechamento desta edição poderiam ser considerados eleitos, mesmo sem a conclusão da apuração.
Alves deverá disputar 2º turno
O ex-governador João Alves Filho (PFL), 61, e o senador José Eduardo Dutra (PT), 45, devem decidir, no segundo turno, a eleição para o governo de Sergipe. O resultado parcial da apuração ontem à noite contrariava as pesquisas que não previam 2º turno.
Lula e Serra estão no 2º turno
Votação tem longas filas e atrasa; projação indica novo dia 27
A mais disputada das eleições presidenciais, desde a redemocratização em 1985, terá Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 57, e José Serra (PSDB), 60, na disputa do segundo turno.
O encerramento ou não da eleição no primeiro turno era dúvida até meados da noite, mas, com 80,99% dos votos apurados em todo o país, projeção feita pelo Datafolha ontem indicava que Lula não obterá metade mais um dos votos válidos e que Serra será o segundo colocado na disputa.
Para chegar a essa conclusão, o Datafolha com base na apuração oficial divulgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)- dimensionou o peso de cada Estado e suas sub-regiões, o percentual obtido por cada candidato e projetou esses números para o total de votos. Às 2h20, Lula tinha 46,59% dos votos válidos; Serra, 23,76%; Anthony Garotinho (PSB), 16,73%, e Ciro Gomes (PPS), 12,44%.
A taxa de comparecimento era de 82,03%, as abstenções atingiam 17,97%. O petista obtinha mais da metade dos votos válidos em cinco Estados (Acre, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná) e no Distrito Federal. Os únicos Estados não liderados por Lula eram Alagoas e Ceará, onde Serra e Ciro, respectivamente, apareciam na frente.
O segundo turno será marcado pelo confronto entre oposição e situação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. O PT articula o apoio de Ciro e Garotinho. O candidato do PPS anuncia hoje sua adesão "com entusiasmo" ao petista.
No lado tucano, a estratégia para o segundo turno será colocar Fernando Henrique na linha de frente da campanha e tentar recompor a base de apoio que sustentou seu governo nos últimos oito anos, além de reformular o comando da equipe. A peça fundamental para essa aglutinação é o PFL, partido dividido entre caciques anti-serristas e antilulistas.
O PT tentará impedir que a não-obtenção de vitória já no primeiro turno traga desânimo para a campanha. Após a divulgação do resultado, Lula deve realçar que nunca o PT foi tão votado.
A demora na votação, com o surgimento de filas em várias seções do país, surpreendeu o TSE e colocou em risco a expectativa de rápida apuração dos votos e divulgação do resultado. O presidente do TSE, Nelson Jobim, responsabilizou os eleitores pela demora. "Em nenhuma hipótese permitiríamos que qualquer cidadão, por ter dificuldades manuais, de inteligência ou de cultura, tenha que ser obrigado a votar em um tempo menor", justificou. Anthony Garotinho anunciou que entrará com pedido de impugnação da eleição no Rio, caso o número de votantes tenha sido baixo no Estado em razão dos problemas técnicos nas urnas eletrônicas.
Serra cola em Alckmin na última hora
Presidenciável acompanha governador de São Paulo durante a votação para aproveitar sua popularidade
Colar sua imagem à do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, virtual líder do primeiro turno no Estado com maior peso eleitoral no país, foi a última cartada do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, na tentativa de passar para o segundo turno das eleições.
Ontem de manhã, a partir de uma decisão do comando nacional da campanha tucana, Alckmin acompanhou Serra nos 48 minutos em que o presidenciável esteve no seu local de votação, o colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
A todo instante, os assessores de Serra chamavam Alckmin para ficar colado ao candidato tucano à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
"Cadê o governador? Governador!", gritavam os assessores de Serra cada vez que Alckmin, por causa do tumulto no local, se distanciava do colega e das câmeras.
O próprio presidenciável, ao chegar à fila de sua seção eleitoral e não avistar o governador, perguntou: "Cadê o Alckmin?".
Os dois -e mais a mulher de Serra, Mônica- entraram juntos na sala de votação.
Lá dentro, posaram para votos fazendo o "V" da vitória, e o candidato ao Planalto, na autopropaganda que fez antes de votar, citou o nome do governador ("Agora vou votar em mim e no Geraldo"). Foi repreendido pelo presidente da seção (a 69ª da 251ª zona) instantes depois, voltaria a ser advertido, ao insistir na campanha na sala de votação, proibida pela lei eleitoral.
Na entrevista coletiva que deu do lado de fora do colégio, Serra vol tar a citar Alckmin: "São dois 45 [o número de ambos". Para governador, Alckmin, e para presidente, Serra".
Ao deixar o local, Serra chamou o governador num canto e cochichou, sem concluir a frase: "Desculpe ter te...". Alckmin minimizou o peso da ajuda: "Não, o que é isso. Tranquilo. Não foi nada".
Antes de irem juntos ao colégio, Alckmin visitou Serra na casa do presidenciável. A ânsia de aproximação, porém, foi detonada anteontem, quando o governador alterou sua agenda a pedido do comando de campanha do presidenciável para incluir três atividades com a presença dos dois.
Juntos, eles fizeram uma caminhada no Horto Florestal, foram ao bairro da Mooca e visitaram o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.
A situação é inversa à vivida pelo PT, cujo candidato ao governo de São Paulo, José Genoino, é quem se apóia no candidato à Presidência do partido, Luiz Inácio Lula da Silva.
O forte crescimento de Genoino na reta final do segundo turno se deveu, em grande parte, à "carona" que ele pegou no alto índice eleitoral de Lula.
Gripe e febre
Acometido por uma forte gripe, Serra passou a maior parte do dia em casa. Saiu duas vezes, ambas de manhã e rapidamente.
Notívago incorrigível costuma acordar ao meio-dia-, levantou-se bem mais cedo que o normal, às 8h55.
O resfriado causou uma ligeira rouquidão no candidato, que chamou a fonoaudióloga Marta de Andrada e Silva para ir à sua casa logo cedo, às 9h50. A fisioterapeuta Mônica Tilly também esteve no local teria ido fazer uma massagem no presidenciável.
Na primeira vez que saiu de casa, às 10h30, o tucano abortou uma caminhada até o colégio onde vota, próximo à sua residência, por causa do assédio de cerca de 50 repórteres. Foi de carro.
Voltou para casa às 11h25 e tornou a sair ao meio-dia, para acompanhar os filhos, Verônica e Luciano, que saíram para votar.
Ao meio-dia, questionado sobre seu resfriado, disse: "A gripe continua, mas o ânimo e a alegria são maiores". Ele negou que estivesse com febre. Mas, segundo a Folha apurou, a gripe piorou durante a tarde, e o candidato ficou febril.
A fonoaudióloga voltou à casa de Serra à tarde com um aparelho de inalação, provavelmente para introduzir algum medicamento por via respiratória.
O fato de estar adoentado também fez com que ele falasse pouco. "Hoje não é dia de candidato falar. Quem fala hoje é o povo, que vai dizer nas urnas qual é a sua escolha", repetiu o tucano nas poucas entrevistas que deu.
Serra procurou mostrar confiança no seu desempenho nas urnas. "Vamos para o segundo turno. Serão 20 dias de debate, não apenas sobre os problemas brasileiros, mas sobre como resolver esses problemas. O segundo turno é fundamental para isso."
O candidato se disse emocionado com as eleições. "Toda eleição me toca de perto, porque lutei contra a ditadura militar para que tivéssemos eleições livres no Brasil. E nunca houve uma eleição livre como esta e como a eleição passada. O Brasil está caminhando para o aperfeiçoamento de sua democracia", declarou.
Ciro decide apoiar Lula antes do seu partido
O candidato da Frente Trabalhista, que se considera "traído" por aliados, e o petista se falaram ontem por telefone
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve ainda ontem à noite o apoio formal de Ciro Gomes (PPS) para o segundo turno da eleição presidencial. Os dois se falaram por telefone. Lula discou do comitê de campanha em São Paulo para o apartamento de Ciro em Fortaleza. O contato dos dois foi precedido de uma negociação que envolveu ambas as assessorias.
O candidato derrotado do PPS já havia tomado a decisão de apoiar Lula "com entusiasmo", caso houvesse um segundo turno, ontem à tarde, antes da divulgação dos primeiros resultados das pesquisas de boca-de-urna.
O anúncio formal do apoio de Ciro a Lula acontecerá hoje. O petista dará entrevista às 11h. Convidou o candidato do PPS para estar presente. Ciro analisa a possibilidade de viajar de Fortaleza para São Paulo. Caso não seja possível, dará entrevista no mesmo horário tornando pública sua opção.
Ciro tomou a decisão sozinho. Não consultou nem o presidente de seu partido, Roberto Freire, nem os fiadores de sua candidatura, entre eles Leonel Brizola. Considera-se "traído" por todos.
Ciro decidiu que o apoio não será meramente formal. Quer engajar-se abertamente na campanha petista, subindo em palanques.
Cautela
Os partidos agem mais lentamente. Lideranças do PPS e do PTB, que participa da aliança em torno de Ciro, afirmam que esperam definir seus rumos até, no máximo, quinta-feira.
Reuniões entre líderes das siglas a partir de amanhã, em Brasília, discutirão a conveniência da adesão a uma das duas candidaturas.
A tendência natural do PPS do presidenciável é a de apoiar Lula.
Diante do bom desempenho do petista nas pesquisas e da possibilidade de sua eleição imediata, até mesmo no PTB pró-José Serra (PSDB) já surgem manifestações favoráveis ao presidenciável do PT. ""Sinto uma onda Lula dentro do partido", declarou um líder da legenda que preferiu não ter seu nome revelado.
Até a última sexta-feira, parlamentares da sigla diziam que, apesar da simpatia de seu presidente, José Carlos Martinez, pelo petista, a maioria da legenda era contrária ao apoio a Lula.
Votação
Ciro votou ontem em Fortaleza, depois de acompanhar o voto de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, no Rio. Foi recebido no início da tarde no aeroporto por dois de seus três filhos, Lívia, 18, e Iuri, 13, e por cerca de 200 simpatizantes.
Do aeroporto, seguiu para o colégio Santo Inácio. Depois de uma espera de 20 minutos, dirigiu-se à cabine acompanhado de Iuri. Levou cerca 20 segundos para concluir sua votação.
Marqueteiro da Frente briga com estudante
A votação do candidato à Presidência, Ciro Gomes, ontem, em Fortaleza, foi marcada por briga envolvendo seu marqueteiro e cunhado, Einhart Jacome da Paz, e um estudante, militante do PT. Aluno de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará Marcos Bentes Luna de Carvalho, 20, disse ter sido agarrado pelo braço, atingido com uma bandeira e ter tido os cabelos puxados pelo marqueteiro.
Devido ao episódio, registrou queixa por lesão corporal contra o cunhado do presidenciável no 2º Distrito Policial de Fortaleza. Paz confirma o incidente, mas diz ter se limitado a puxar os cabelos do estudante. ""Briguei com um cara que chamou o Ciro de ladrão. Toda a vez que o chamarem de ladrão na minha frente vai ter porrada", declarou. A briga ocorreu no colégio Santo Inácio, onde Ciro votou.
ACM, Jader e Arruda voltam ao Congresso
Ex-senadores, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Jader Barbalho (PMDB-PA) e José Roberto Arruda (PFL-DF) devem voltar ao Congresso -ACM no Senado, Jader e Arruda na Câmara.
Os três renunciaram a seus mandatos no ano passado para escapar de processos de cassação -ACM e Arruda devido ao episódio da quebra do sigilo do painel eletrônico do Senado e Jader para evitar a abertura de um processo por quebra de decoro.
Até 0h30 desta segunda-feira, os três lideravam as disputas em seus respectivos Estados. Na Bahia, já haviam sido apuradas 70% das urnas. No Pará, 57%. O Distrito Federal tinha contagem mais lenta (35%) até esse horário.
ACM disse ontem que o PFL precisa desenvolver um modelo racional de oposição a um eventual governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Devemos nos opor a Lula e não ao Brasil", disse o ex-presidente do Congresso, que votou em Ciro Gomes.
Para ele, o ideal para o país seria a vitória de Lula no primeiro turno. "Com a vitória do candidato petista, acabam as especulações, e o dólar volta à normalidade."
No dia em que comemorará sua eleição como candidato a deputado federa l mais votado do Pará, o ex-senador Jader Barbalho deve depor na Justiça Federal, em Belém, acusado de fraude no projeto Usimar, com sede no Maranhão e que não saiu do papel.
Há 15 dias, ele teve a prisão decretada pela Justiça Federal do Mato Grosso sob acusação de desvios de verbas na extinta Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), mas conseguiu um habeas corpus.
Na denúncia do caso Usimar, os procuradores afirmam que foram liberados R$ 44,1 milhões para a implantação do projeto, avaliado em R$ 1,8 bilhão. O depoimento de Jader está marcado para às 17h.
José Roberto Arruda esperou ontem duas horas para votar. Segundo sua assessoria, a preferência dos eleitores brasilienses é considerada por ele um fator "estimulante" para a sua volta.
Enéas é o deputado mais votado do país
O presidente nacional do Prona, Enéas Carneiro, obteve ontem a maior votação já conseguida por um candidato a deputado federal em todo o país.
Mesmo sem haver terminado a apuração dos votos, no fechamento desta edição já era possível projetar a votação histórica de Enéas, que se manteve sempre com mais de 6% dos votos válidos para deputado federal.
O recorde anterior era de Paulo Maluf (PPB), que obteve 672.927 votos em 1982 (5,8% dos votos válidos à época). Nem Lula foi capaz de superar a marca de Maluf: o petista obteve, em 1996, 651.763 votos (4,22% dos votos válidos).
Enéas seguramente superará o recorde histórico de Maluf em número absoluto de votos e, muito provavelmente, também conseguirá superá-lo em percentual.
A consequência da enorme votação de Enéas será a eleição de uma bancada de pelo menos três deputados pelo Prona. Como Enéas é o único nome conhecido do partido, seus companheiros de bancada serão as pessoas com as menores votações entre os eleitos como já ocorreu com o mesmo Prona nas eleições para vereador em São Paulo, em 2000.
Mais votados
As parciais de votação dos candidatos a deputado federal divulgadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo até o fechamento desta edição não permitiam a verificação da lista completa dos candidatos que seriam eleitos.
Isso porque muitos candidatos têm áreas em que recebem a maioria de seus votos e, assim, não é possível fazer projeções.
Além disso, os deputados não dependem apenas de suas votações para serem eleitos mas também do número de votos recebidos por todos os candidatos de seu partido, além da legenda.
Os dados parciais permitiam, contudo, a verificação de que o presidente nacional do PT, José Dirceu, será reeleito deputado federal com uma votação expressiva cerca de 3% dos votos válidos para o cargo.
A apuração parcial também indicava que o tucano Aloysio Nunes Ferreira e o peemedebista Michel Temer certamente estariam entre os mais bem votados.
Artigos
Noivados do segundo turno
Vinicius Torres Freire
SÃO PAULO - José Serra (PSDB) vai ao segundo turno. Mas com que roupa? Onde vai buscar forças novas a fim de duplicar sua votação e alcançar Luiz Inácio Lula da Silva (PT)?
Os tucanos venceram no primeiro turno ou irão para a segunda rodada em oito Estados, dois deles com enorme massa de votos e com políticos de repercussão nacional: Minas Gerais e São Paulo. Mas se Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) reafirmarem a fúria antigovernista de suas campanhas e se acertarem com Lula, Serra terá uma frente ampla contra a sua candidatura.
Decerto a barafunda político-ideológica desta eleição superou a confusão habitual, mesmo com a intervenção do Tribunal Superior Eleitoral, que pretendia impor (sua) ordem nas coligações, tiro que saiu pela culatra. É difícil prever o comportamento de qualquer partido.
Mas o fato é que os até pelo menos ontem oposicionistas PSB e a frente cirista (PPS, PDT e PTB) vão fazer governadores como nunca. Esses partidos hoje governam só um Estado. Ontem, devem ter conquistado três governos. Podem ganhar outros três. Enfim, mesmo que um ou outro pefelista vire a casaca, haverá poucos políticos vencedores que possam vir a dar novo combustível a Serra.
O PT vai apregoar o favoritismo de Lula a fim de atrair aliados com o odor de poder. Mais, já deve começar a sua busca desesperada para formar maioria no Congresso. Vai procurar PMDB, Ciro e Garotinho, é óbvio.
Os tucanos estarão do outro lado, em qualquer cenário, pois Serra e Lula vão se bater com fúria, porque o PT faz campanha contra o governo tucano e, enfim, por cálculo político de suas novas lideranças. Aécio Neves, que deve vencer em Minas, e Geraldo Alckmin, com muita chance em São Paulo, são candidatos naturais em 2006 e não devem querer comprometer suas carreiras com um eventual governo do PT.
Garotinho e Ciro estão fora da decisão. Mas, se a cola de suas coligações não era por demais rala, vão ter um peso nada desprezível na disputa presidencial e na reconfiguração do Congresso em 2003.
Colunistas
PAINEL
Imagem valiosa
A prioridade do PT na semana é reunir Lula com os candidatos derrotados no primeiro turno Garotinho, Ciro, Rui Pimenta e Zé Maria até para garantir uma fotografia. Os primeiros contatos foram feitos ontem.
Rota de fuga
Uma reunião com empresários que se aproximaram de Lula em razão da possibilidade de vitória no primeiro turno será marcada para esta semana. O PT quer divulgar, antes do horário eleitoral, uma manifesto em favor do presidenciável. Com a passagem de Serra para a fase final, o partido teme deserções.
Queda-de-braço
O comando de campanha de Garotinho combinou de reunir amanhã, em Brasília, a cúpula do PSB, governadores eleitos do partido e candidatos que foram para o segundo turno. Em pauta, o apoio a Lula. A maior parte da sigla defende que o ex-governador suba no palanque do PT.
Apoio e boquinha
Garotinho pode divergir do PSB e ficar neutro no segundo turno em razão da eventual disputa entre Rosinha (PSB) e Benedita (PT) no RJ. Disse a colaboradores que o PT terá de deixar que "indique muito mais do que o presidente da Petrobras" para pedir voto para Lula.
Fidelidade inesperada
O PT atribui à boa votação de Ciro o fato de Lula não ter vencido no primeiro turno. Os petistas achavam que o candidato do PPS ficaria com uma margem de votação bem menor em razão de um movimento de voto útil na sua base em favor de Lula.
Esforço concentrado
José Dirceu passou os últimos dias antes da eleição em contato com governadores e prefeitos que apoiavam Ciro. Tentou convencê-los a pedir voto a Lula na reta final do primeiro turno.
Socorro pefelista
ACM liberou na última hora seus aliados para fazer boca-de-urna para Lula. Descontente com Ciro, argumentou que, com segundo turno, Serra tem chances de ganhar.
Palanque amplo
Lula terá o apoio no segundo turno dos dois candidatos que passaram ao segundo turno no Paraná: Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PDT).
Governismo útil
Serra deve ir amanhã a Brasília encontrar-se com FHC para definir a nova linha da campanha. Ao contrário do que ocorreu no primeiro, o tucano tende agora a aproximar-se mais do presidente para tentar virar o jogo.
Território amigo
O PMDB se reunirá amanhã para montar uma agenda de viagens de Serra com peemedebistas que tiveram bom desempenho nas urnas. As primeiras escalas sugeridas serão PE (Jarbas Vasconcelos), RS (Germano Rigotto) e AL (Renan Calheiros).
Efeito de atração
Serra irá colar sua campanha em Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP), tucanos que tiveram boas votações para governador de seus Estados e podem ajudá-lo na disputa com Lula.
Túnel do tempo
Antes mesmo da abertura das urnas, o ex-deputado estadu al e amigo Djalma Bom (PT) sugeriu ao petista que seja feita uma posse simbólica da Presidência no estádio da Vila Euclides, celebrizado no final dos anos 70 pelas assembléias de trabalhadores em greve na região do ABC (SP).
Fila da degola
Paulo Maluf (SP), Leonel Brizola (RJ), Newton Cardoso (MG), Iris Rezende (GO), Antônio Britto (RS), Gilberto Mestrinho (AM) e Dante de Oliveira (MT). Em comum, todos esses caciques regionais devem ficar sem mandato em 2003.
Balão meteorológico
O tucano Alberto Goldman não escondia seu pessimismo ontem pela manhã, à porta da casa de Serra. Ao ser questionado por um repórter se haveria segundo turno, respondeu: "É difícil dizer, depende até da chuva. Se chover aqui, ali...".
TIROTEIO
De José Aníbal (PSDB), sobre o segundo turno:
- É uma nova eleição, na qual Lula não terá um jogo de três contra um nem poderá dissimular suas posições.
CONTRAPONTO
Planos exteriores
No último dia 26, o governador de MG, Itamar Franco, conversava com jornalistas no Palácio da Liberdade sobre seu futuro. Uma repórter disse que ele poderia fazer como o ex-governador Hélio Garcia e ir para uma fazenda. Itamar disse que não, que no Palácio das Mangabeiras, residência oficial, fica ouvindo o galo cantar e não gosta.
- Então o senhor quer mesmo é uma embaixada! -, provocou uma repórter.
- Fala para o presidente Lula que eu quero uma embaixada - retrucou Itamar, brincando.
Três dias depois, Lula foi visitar Itamar no Palácio das Mangabeiras, e lá estava a mesma repórter. Quando os dois saíam do encontro, a moça atacou:
- Lula, o governador mandou falar para você que ele quer uma embaixada.
Lula riu e Itamar, também sorrindo, alegou:
- É mentira!
Editorial
LULA CONTRA SERRA
Depois de um processo de apuração que se iniciou na incerteza sobre se haveria ou não segundo turno, soube-se que em 27 de outubro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) disputarão outro turno eleitoral para decidir qual dos dois será o sucessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. O petista esteve próximo de sagrar-se presidente eleito ontem. Mas agora novas perspectivas se abrem para o segundo turno.
Um jogo complexo em busca de alianças começa hoje. O PT deve iniciar a sua peregrinação pelos partidos que historicamente lhe são mais afins: deve ser prioritária a tentativa de angariar os apoios de Ciro Gomes e de Anthony Garotinho. Já José Serra deve partir em busca de uma rearticulação, até onde será possível, da aliança de partidos que elegeu e sustentou FHC. Nesse caminho, provavelmente tentará reagregar fatias do PFL, do PMDB e do PTB que se comportaram de maneira hostil ou simplesmente passiva em relação à chapa governista no primeiro turno.
Porém nem mesmo esse caminho "natural" em busca dos apoios será tão tranquilo. Nesse quebra-cabeças eleitoral, será preciso também pensar o comportamento de cada unidade da Federação, em especial as que contarão com segundo turno para o governo estadual.
Outro flanco de apoios que tende a comportar-se diversamente da fase inicial é o dos empresários e dos representantes do "establishment" econômico de modo geral. Nos últimos dias, houve notório movimento adesista para Lula, como se a eleição já estivesse liquidada. Agora, com José Serra participando da disputa final, é de esperar que muitos desses apoios se revertam, pois o candidato governista sempre foi a primeira opção nesse setor.
Além disso, terá início uma dinâmica diferente de campanha: ampliam-se as possibilidades para um embate franco entre duas candidaturas e para debates mais substantivos.
Depende desse jogo de múltiplas interações saber se Luiz Inácio Lula da Silva conservará o favoritismo que manteve até aqui ou se José Serra conseguirá reequilibrar a disputa.
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10/07/2002
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