Brizola mantém críticas, mas ensaia uma aproximação com Britto n
Brizola mantém críticas, mas ensaia uma aproximação com Britto no RS
Presidente do PDT vê Ciro como prioridade
O PDT gaúcho pode se aproximar nos próximos dias do candidato Antônio Britto (PPS), reproduzindo regionalmente a aliança nacional e favorecendo o candidato à Presidência Ciro Gomes.
Por entender que a eleição nacional se sobrepõe à regional, o ex-governador Leonel Brizola (PDT) deve se reunir com o PPS nos próximos dias.
Sem estar dividido entre dois palanques (um do PPS e outro do PDT e do PTB), Ciro poderá subir no de Britto, que, segundo pesquisas, alterna-se com o candidato petista, Tarso Genro, na liderança da disputa ao governo.
A abertura para o acerto entre PDT e PPS ocorreu depois da renúncia do candidato pedetista ao governo, José Fortunati.
""A candidatura de Fortunati" não engrossou", disse Brizola, definindo Britto como ""dissidência" da Frente Trabalhista e mantendo as críticas a ele, mas ressalvando que a eleição nacional de Ciro é ""prioridade".
A cúpula regional do PDT manteve a intenção de reverter o pedido de renúncia de Fortunati. A situação, porém, parece sem volta.
A direção nacional do PTB, que era contra o apoio a Britto, mudou de opinião. ""Fechando a aliança no Sul em torno de Britto e o apoio do deputado Inocêncio Oliveira (PFL) em Pernambuco, criamos dois fatos políticos. Nossa capacidade de conciliar é diferente da de José Serra (PSDB)", disse o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ).
Brizola sempre foi contrário à candidatura Britto.
FHC elogia Serra, sonho e buchada
Presidente comenta disposição de tucano de almoçar em restaurante popular
O presidente Fernando Henrique Cardoso elogiou a iniciativa do candidato tucano José Serra de almoçar num restaurante popular em Samambaia (DF), onde fez campanha ontem.
O elogio foi feito durante conversa com fotógrafos em jantar oferecido pelo governo brasileiro aos chefes de Estado dos países de língua portuguesa que se encontravam em Brasília.
Coube a um fotógrafo, que acompanhou o ato de campanha de Serra em Samambaia, a iniciativa de comentar com o presidente que o candidato, que tem fama de mal-humorado, parecia estar "diferente".
Fotógrafo (para FHC): "O Serra mudou. O candidato era outro hoje [ontem". Deu foto de tudo quanto é jeito, foto boa, imagem boa".
FHC: "Onde ele estava".
Fotógrafo: "Lá no restaurante popular em Samambaia".
FHC: "E ele comeu?"
Fotógrafo: "Comeu".
FHC: "Então tá bom mesmo".
Depois da resposta de FHC, um outro fotógrafo comentou que lembrava de Fernando Henrique comendo buchada de bode em Pernambuco prato que ele comeu durante a campanha eleitoral de 1994".
FHC respondeu: "Não sei por que as pessoas acham que não gosto de buchada. Gosto de buchada e inclusive já fiz aqui no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República e local onde foi o jantar" e gosto de sonho de padaria".
Continuou o presidente: "Dizem que dá dor de barriga, mas eu nunca tive. As pessoas podem achar que não, mas a Ruth pode confirmar. Não dá dor de barriga não. O que dá dor de barriga é a comida do Itamaraty. FHC fez cara de quem não gostou do que comeu". A comida do Itamaraty é muito ruim".
Ciro abre a boca e o dólar sobe, diz Serra
Em nota oficial, candidato do PPS responde que tucanos tentam transferir a culpa pela crise econômica
No mais duro ataque a Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), o presidenciável José Serra (PSDB/PMDB) acusou ontem o candidato da Frente Trabalhista de ser irresponsável e despreparado, ter sido partidário da ditadura militar, não entender de economia e estar contribuindo para agravar a crise econômica do país.
""Toda vez que ele [Ciro" abre a boca, o dólar sobe e uma fábrica fecha", disse Serra. Para o tucano, o presidenciável do PPS está ""assustando" os investidores com suas recentes declarações, como criticar um novo acordo do governo brasileiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e dizer que irá mudar as regras das contas CC-5, caso seja eleito.
Por meio das contas CC-5, empresas multinacionais e brasileiras e pessoas físicas com interesses no exterior podem transferir dinheiro para fora do país.
""Ele Ciro" está jogando no "quanto pior, melhor", com a intenção de faturar eleitoralmente. É uma ação irresponsável, de alguém que já está prejudicando o Brasil", disse.
Serra fez autopropaganda e afirmou que mudanças ""irresponsáveis" poderiam levar o Brasil à mesma crise argentina.
""O que o Brasil precisa é assegurar sua segurança econômica e ter tranquilidade para voltar a crescer o emprego. Eu tenho experiência e preparo para isso. Já vivi na vida muitas situações difíceis. Enquanto outros eram partidários da ditadura militar, eu lutava contra a ditadura", afirmou.
À tarde, em reunião do conselho político da campanha, os tucanos repetiram o discurso. ""Ele [Ciro" joga gasolina no fogo", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA).
O PMDB também cobrou mais firmeza em relação a Ciro. "Não é possível que não se tenha condição de perguntar ao Ciro se ele ainda acha o ACM o próprio galinheiro", disse Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Geddel referia-se a uma discussão ocorrida entre o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o atual candidato do PPS, na qual ACM disse que Ciro era mais sujo que pau de galinheiro, e esse respondeu afirmando que o pefelista era o próprio galinheiro.
As críticas de Serra foram ditas no Distrito Federal, durante visita a um restaurante comunitário da cidade-satélite de Samambaia. Serra e a candidata a vice em sua chapa, a deputada Rita Camata (PMDB), foram levados para almoçar no local pelo governador Joaquim Roriz (PMDB).
Inaugurado por Roriz, o restaurante fornece, em média, 2.200 refeições por dia. O usuário paga R$ 1 e o Governo do Distrito Federal subsidia R$ 1,57 por refeição.
A presença dos candidatos e do governador (cujas refeições foram pagas antecipadamente por um assessor de Roriz, segundo responsáveis pelo restaurante) tumultuou o local, que tem na entrada a seguinte faixa afixada: ""É proibida a manifestação política no interior do restaurante".
Resposta
Após tomar conhecimento das declarações de Serra, Ciro respondeu por meio de uma nota que a crise do país é consequência da política do governo FHC. Segundo o candidato do PPS, "o limite da responsabilidade já foi superado" e as afirmações de Serra são "uma tentativa desesperada de atribuir a outros a própria culpa".
PT e PPS vêem situação gravíssima
A velocidade com que sobe o dólar, sintoma de uma crise econômica aguda, contaminou de vez o ambiente eleitoral, a ponto de os principais economistas dos dois candidatos que lideram todas as pesquisas fazerem avaliações sombrias.
"O Brasil não chega até a eleição, dada a velocidade da deterioração", diz o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP).
Reforça Maurício Dias David, economista que trabalha no programa de governo de Ciro Gomes (PPS): "A situação é gravíssima, e esconder isso não resolve".
É claro que países não quebram, mas as frases indicam que um punhado de empresas, endividadas em dólares, não terá como pagar suas dívidas se elas forem obrigadas a comprar a moeda norte-americana no patamar atual de cerca de R$ 3,50.
"É a moratória do setor privado", diz Mercadante, em alusão ao fato de que, hoje, ao contrário de crises passadas, a dívida externa (no total, US$ 204 bilhões) é mais do setor privado que do governo (54,1% contra 45,9%).
Mercadante até tem uma lista em mãos (é grande e de firmas importantes), mas não a divulga por senso de re sponsabilidade mínimo.
Garotinho
Na terceira campanha oposicionista, a de Anthony Garotinho, há quem tenha pensamentos tão ou mais sombrios.
Tito Ryff, principal assessor econômico do candidato do PSB, fala de dificuldades no sistema financeiro, ressalvando que fala como economista, não como assessor de um candidato.
A Folha pergunta se há hipótese de a situação financeiro-bancária se agravar. Ryff bate na madeira, diz que é melhor nem falar nisso, e acrescenta que essa "probabilidade é mínima".
O que já está ocorrendo, no entanto, basta para indicar a gravidade da crise: "Pela primeira vez em 20 anos, as linhas de crédito comercial de curto prazo estão sendo cortadas", diz Mercadante.
São linhas que financiam importações e exportações.
Reforça Ryff: "Nem em 1987 [o ano em que o governo José Sarney decretou a moratória da dívida externa", os créditos comerciais foram cortados. Agora, estão sendo reduzidos".
"Apreensão"
É natural nesse cenário que, mesmo no QG do candidato do governo à Presidência da República, José Serra (PSDB), se use a palavra "apreensão" para definir o estado de espírito em relação ao cenário econômico.
A avaliação obtida pela Folha na campanha de Serra é naturalmente menos catastrofista do que os cálculos do PT.
O próprio candidato acredita que a extensão do acordo entre o governo brasileiro e o FMI (Fundo Monetário Internacional), que já está sendo negociada, talvez seja suficiente para desanuviar o ambiente.
"O acordo vai amortecer expectativas negativas e as metas nele contidas não vão exigir sacrifícios adicionais", diz Serra.
É uma aposta parecida à que faz Tito Ryff, da campanha de Anthony Garotinho: "Um acordo com o Fundo, mais o câmbio flutuante mais a queima de um pouco de reservas podem criar uma ponte até o fim do ano e até o início do próximo governo".
Condição
Facilitaria o acordo, acha o economista, se ele estabelecesse que a liberação de parcelas futuras de recursos ficaria condicionada à aceitação do pacote pelo governo que vai suceder o do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"É uma ponte também para o início do próximo governo, que decide se quer ou não usá-la", diz.
Mercadante e Maurício Dias David discordam. "Nem que o novo acordo preveja US$ 20 bilhões [em recursos adicionais para o Brasil" será capaz de reverter a crise", diz o deputado petista.
Na negociação em andamento, especula-se que o Brasil receberia US$ 10 bilhões adicionais.
Dias David, depois de dizer que o FMI "não é nenhum demônio", ataca o receituário do Fundo, pelo seu custo social.
Ele teme que continuar a aplicá-lo no Brasil "levaria a uma situação como a argentina".
Eleições
Como era previsível, só na campanha Serra se credita ao fator eleições o agravamento da crise.
Mesmo assim, admite-se que ela se tornou tão grave que, mesmo que Serra passasse à frente nas pesquisas, a reversão não seria imediata. Já na campanha Ciro, Maurício Dias David aponta um só culpado: "Essa crise hoje tem um nome: Fernando Henrique Cardoso".
Tudo somado, parece haver algum consenso de que o próximo presidente da República, qualquer que seja, vai enfrentar um cenário muito negativo.
O que fazer então?
Aloizio Mercadante propõe que o próprio governo Fernando Henrique Cardoso comece, desde já, "a adotar medidas que sinalizem a intenção de gerar grandes superávits comerciais", na altura dos US$ 60 bilhões.
Medidas como uma minirreforma tributária, que desonerasse as exportações, por exemplo.
Pacto
Maurício Dias David fala em "um pacto de governabilidade", que, em sua visão (não necessariamente compartilhada pelo candidato) envolveria o PT e até o governo.
"A crise é tão grave que não dá para resolvê-la com um grupo só", diz o economista da campanha de Ciro Gomes.
Tito Ryff também aposta no aumento do superávit comercial, na redução no que for possível do déficit de transações correntes (que mede, além do comércio, todas as entradas e saídas de recursos do país) e na acumulação de reservas, "para depender cada vez menos dos recursos externos".
Boas ou ruins, tais propostas esbarram num obstáculo cada vez mais visível e cada vez mais comentado nos QGs de campanha: a crise torna 1º de janeiro de 2003, o dia da posse, uma data talvez longe demais.
Ciro dá resposta única a Lula e Serra
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, respondeu ontem, em entrevista dada em Bauru, a críticas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) sobre sua gestão como ministro da Fazenda. Serra e Lula criticaram o Acordo de Ouro Preto, assinado em dezembro de 1994, que zerou alíquotas de produtos comercializados no Mercosul.
"Vejo de novo como um sinal de desonestidade intelectual de um lado e de despreparo do outro. O senhor escolhe onde quer botar [os dois adjetivos"", disse.
Ciro defende-se, dizendo que o acordo incrementou o comércio da região. "Depois disso [do acordo", fui estudar lá fora, deixei a barba crescer e virei acadêmico."
Na cidade, Ciro fez palestra a empresários do setor de agricultura e comércio e uma caminhada na área central. Teve de explicar várias vezes a ausência da namorada, a atriz Patrícia Pillar.
Mais tarde, foi a Adamantina, cidade onde sua família viveu entre 1958 e 1963, antes de se mudar para Sobral (CE). Ele almoçou com sua mãe, Maria José Gomes, que completou 74 anos ontem.
A cidade estava repleta de faixas com mensagens como "bom filho à casa retorna" ou "bem-vindo à sua terra, Ciro". Em palestra no auditório das Faculdades Adamantinas Integradas, o prefeito da cidade, Laércio Rossi (PPS), chamou Ciro de "filho de Adamantina", porque "foi gerado na cidade". O ex-ministro nasceu em Pindamonhangaba (SP), mas sua família morava em Adamantina quando a sua mãe engravidou.
Maria José almoçou com Ciro e Lúcio, seu outro filho, na casa onde moraram. O almoço foi preparado pela atual moradora, a aposentada Íria Albanez, 60, que não tem nenhuma relação com Ciro -além de ser sua eleitora.
O almoço foi a portas fechadas. Na saída, o deputado federal João Herrmann Neto (PPS), disse: "Acabei de ver a cena mais emocionante desta campanha. Quando a mãe do Ciro entrou, os três [ela, Ciro e Lúcio" começaram a chorar".
Depois, Ciro foi a São José do Rio Preto (SP), onde fez carreata com o candidato do PTB ao governo paulista, Antonio Cabrera.
Martinez é intocável, diz dirigente do PTB
A cúpula do PTB comunicou ao candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB) à Presidência, Ciro Gomes, que o deputado José Carlos Martinez (PTB-PR) é "intocável" no comando da campanha presidencial. A sua saída comprometeria a aliança.
O mesmo vale, segundo os trabalhistas, para o candidato a vice na chapa, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também dos quadros da legenda. "Se o Ciro está bem nas pesquisas, ele deve seu desempenho também ao tempo de TV do partido que usufruiu em junho e à estrutura que o partido lhe dispõe", disse ontem o vice-presidente da Executiva Nacional do PTB, deputado estadual Campos Machado (SP).
O segundo homem da hierarquia trabalhista informou que será feito um movimento partidário em todos os Estados em defesa de Martinez e Paulinho. "Não existe no PTB esta coisa de deixar na mão um
companheiro", afirmou. Machado disse que as pressões para o abandono de Martinez têm origem em "cristãos novos" do esquema de apoio a Ciro. Para ele, são políticos que embarcaram na candidatura atraídos pela subida de Ciro nas pesquisas.
Crise na economia eleva temperatura da sucessão
Em mais um dia de nervosismo no mercado financeiro e escalada da cotação do dólar, o debate da sucessão presidencial atingiu uma temperatura inédita, incorporando a s expectativas explosivas a respeito da economia. Economistas ligados a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Ciro Gomes (PPS) avaliam que a crise estoura antes de outubro, conforme relata abaixo Clóvis Rossi.
"O Brasil não chega até a eleição", diz Aloizio Mercadante, do PT, numa alusão ao endividamento em dólar das empresas. Segundo Maurício Dias David, economista ligado a Ciro, "a situação é gravíssima, e esconder isso não resolve". O PT, no entanto, por meio de outro de seus economistas, Guido Mantega, admitiu pela primeira vez discutir um acordo com o FMI, desde que chamado pelo presidente da República.
Fernando Henrique Cardoso rejeita a hipótese de que a crise econômica contamine mais gravemente o cenário político e a sucessão, desembocando em alguma ruptura institucional. O risco de uma "alfonsinização" do governo FHC diante da gravidade da situação foi levantado anteontem pelo líder do PPS na Câmara, deputado João Herrmann. Em 1989, o presidente argentino Raúl Alfonsín entregou o cargo ao sucessor Carlos Menem cinco meses antes da data prevista.
Num dia marcado por trocas de acusações entre os candidatos, José Serra, do PSDB, subiu o tom contra Ciro. "Toda vez que ele [Ciro] abre a boca, o dólar sobre e uma fábrica fecha", disse. O tucano Tasso Jereissati, por sua vez, após ter visitado FHC na noite de anteontem, saiu em defesa de Ciro, identificando um "terrorismo que lembra 64" para associá-lo ao caos.
Artigos
Bem-vindo à Argentina
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Era uma vez um presidente que disse que, se o Brasil elegesse um incompetente, poderia, sim, virar uma Argentina.
Pois bem: ontem, o Brasil virou quase uma Argentina, ao menos do ponto de vista do câmbio.
Como o presidente da frase tem por hábito perder o amigo, mas não perder a piada, sinto-me tentado a seguir a mesma regra e dizer que o Brasil só pode ter eleito um incompetente no passado, não no futuro.
Mas seria injusto e, pior, inútil. O velho sábio desta Folha, que cito vez ou outra, vem dizendo, faz algum tempo, que jamais viu uma crise como a de agora. Achava que ele estava exagerando ou que passava por um surto de pessimismo (em contradição com o seu estado de ânimo habitual).
Ontem, no entanto, o velho sábio passou pelo meu canto e comentou que, olhe-se para onde olhar, não há uma maldita boa notícia disponível. Ainda que tivesse ousadia suficiente para discordar de um sábio, não teria argumentos.
A verdade é que o Brasil vai entrar no período eleitoral para valer neste mês de agosto -com um pé na Argentina, cercado por uma Argentina que se "brasilianizou" (ou seja, piorou muito) e por um Uruguai em franco processo de derretimento.
Para não ficar apenas no lamento, transmito às autoridades competentes sugestão de um agente de mercado que pede anonimato: levantar junto aos grandes exportadores o montante que teriam em exportações a embarcar nos próximos seis a 12 meses -que pudessem ser contratadas antecipadamente (há mecanismos para isso).
De posse desses dados , disponibilizar o montante equivalente em linhas de comércio exterior junto ao Banco do Brasil, criando assim uma oferta significativa de dólares na dependência do tamanho das exportações possíveis.
Pode não ser a salvação da lavoura, mas indica que há coisas para fazer sem ser heterodoxo.
Colunistas
PAINEL
Reforçar o carimbo
O PT convocou os "caras-pintadas" do "Fora, Collor" para atacar Ciro Gomes. Líderes estudantis do movimento, comandados por Lindberg Farias (PT), planejam passeata no dia 15 com o seguinte slogan: "Dez anos depois, elles não podem voltar". "Elles" são os aliados de Ciro.
Tropa de choque
O protesto será acertado numa reunião em São Paulo no próximo dia 8. Lindberg Farias (PT-RJ) e outros três líderes estudantis de 1992 convocaram a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) para participar do ato.
Panos quentes
Ciro, que chama Serra de "dragão da maldade", enviará emissários a Lula e a FHC pedindo "ética" na campanha. Miro Teixeira (PDT) dirá ao PT que Serra é o "inimigo comum". Roberto Jefferson (PTB) avisará FHC que ele será alvo de Ciro se o PSDB continuar a atacar seus aliados.
Questão de gênero
A rejeição no Datafolha de Serra e Ciro é menor entre as mulheres (18% e 11%, respectivamente) do que entre os homens (31% e 17%). No caso de Lula, que não tem ao seu lado nem Rita Camata nem Patrícia Pillar, há o inverso: 35% das mulheres não querem saber dele, contra 27% dos homens.
Engatar a primeira
Serra foi aconselhado por sua equipe de marketing a falar mais rápido em suas entrevistas e discursos no palanque. Consideram que o modo do tucano se expressar passa a imagem de uma pessoa hesitante.
Ironia brizolista
Do pedetista Carlos Lupi, sobre ACM ter dito que há dois anos articula a candidatura Ciro Gomes, em parceria com Tasso Jereissati: "O ex-senador deve ter jogado búzios para saber, com antecedência, tudo o que está acontecendo. Deve ter algum canal direto com Deus".
Faroeste caboclo
O Movimento de Famílias de Mulheres Mortas em Almirante Tamandaré (PR) pretende entregar à ONU, à OEA e ao Ministério da Justiça um dossiê e pedido de providências contra a violência na cidade. Desde outubro de 99, 19 mulheres e 200 homens foram assassinados.
Sem prioridade
O movimento das famílias de Almirante Tamandaré (a 16 km de Curitiba) diz que a Polícia Civil do PR tem só um delegado e um agente investigando a onda de assassinatos na cidade, que tem 100 mil moradores. Os crimes são atribuídos a uma quadrilha com ligações na política.
Tiroteio de fato
O comitê central do senador José Eduardo Dutra (PT), candidato ao governo de SE, sofreu um atentado na madrugada de ontem em Aracaju. Um homem disparou um tiro, provavelmente de escopeta, contra um balão no prédio. A polícia apura.
Contagem de reais
O MST está operando um boicote ao censo dos assentados da reforma agrária no governo FHC, anunciado pelo Desenvolvimento Agrário. João Stedile considera "um acinte" gastar R$ 19 mi para saber os problemas do setor. A idéia é barrar os recenseadores nos assentamentos.
Outro lado
Adilson Laranjeira, assessor de Paulo Maluf (PPB), diz que faltou "ética" à Alltv de SP, TV transmitida pela internet. Como Maluf não pôde conceder entrevista na data sugerida, a Alltv colocou no ar um boneco do pepebista com capuz para "responder" a perguntas incômodas.
Visita à Folha
José Cechin, ministro da Previdência e Assistência Social, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Geraldo Seabra, assessor de imprensa, e de Cezar Augusto da Silva Gurtler, assessor do ministro.
TIROTEIO
Do médico e candidato a deputado federal José Aristodemo Pinotti (PMDB), sobre a saúde pública no governo Geraldo Alckmin (PSDB):
- Em SP há a saúde pública virtual, propagandeada na TV como de primeiro mundo, e a real, da espera e das dificuldades, onde o requinte da perversidade é a segunda porta nos hospitais públicos.
CONTRAPONTO
Produção de imagem
Nos anos 80, o jornalista Augusto Marzagão (que trabalhou com os presidentes da República Jânio Quadros, José Sarney e Itamar Franco e foi vice-presidente da rede mexicana de TV Televisa), participou de uma entrevista com o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, no México.
Reagan, antes de assumir a Presidência dos Estados Unidos (1981-1989), teve uma longa carreira como ator de filmes B de Hollywood, muitos do estilo western.
O jornalista que conduzia a entrevista comentou, logo no início da conversa:
- Presidente, o senhor sempre parecia muito jovem naqueles filmes.
Ronald Reagan respondeu de bate- pronto, provocando risadas gerais entre os jornalistas:
- É que os produtores sempre me colocavam num cavalo velho...
Editorial
À PROCURA DE UM ESTADISTA
Neste momento de pânico nos mercados financeiros, é de sumo interesse do país que as candidaturas que pleiteiam à sucessão de Fernando Henrique Cardoso tomem duas atitudes. A primeira é que cessem de fornecer elementos retóricos que sabidamente contribuem para o nervosismo nesses mercados. A segunda é que se concentrem na crise -e em seus desastrosos resultados em termos de perspectiva para o próximo governo- para que respondam a ela com propostas.
Não é difícil ouvir no meio acadêmico e da boca de analistas mais experientes diagnósticos que classificam a presente crise como uma das mais graves, senão a mais grave, das últimas décadas. Já não se trata de abalos na periferia do capitalismo global, como as que ocorreram entre 1994 e o ano 2000. Agora o abalo se dá no centro financeiro do planeta: Wall Street.
Nos Estados Unidos, profissionais que manejam investimentos em países emergentes já falam abertamente no calote na dívida externa brasileira. Em Brasília, nos bastidores do poder, se menciona -furtiva e algo insidiosamente- a hipótese da "alfonsinização" de FHC. O presidente argentino Raúl Alfonsin, em 1989, diante de uma agudíssima crise hiperinflacionária foi compelido a antecipar em seis meses o final de seu mandato e a transmitir o poder mais cedo a Carlos Menem.
Nesse turbilhão, os candidatos à sucessão precisam demonstrar compromisso firme não com o governo FHC, mas com as instituições democráticas e a governabilidade. Chega da retórica canhestra de apostar na piora do quadro socioeconômico. Chega de pronunciar frases ocas que apenas incendeiam as suscetibilidades dos agentes econômicos.
Para enfrentar os quatro anos difíceis que tem pela frente, o Brasil está à procura não de um piromaníaco ou de um autista incapaz de responder de modo pró-ativo ao momento delicado por que passa a nação. Está à procura de um estadista.
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08/01/2002
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