Brizola recua de apoio a PT e fica com Ciro










Brizola recua de apoio a PT e fica com Ciro
Presidente do PDT volta atrás sobre declarar apoio a candidato petista e deve reafirmar hoje aliança com pepessista

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, recuou da decisão de apoiar o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda no primeiro turno e reafirma hoje o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PPS), disse ontem o membro do diretório nacional do partido e candidato ao Senado Carlos Lupi (PDT-RJ), homem de confiança do ex-governador do Rio.

"Vamos com Ciro até o fim. Amanhã [hoje], às 11h, o Brizola vai reafirmar o seu apoio", disse.

No sábado Brizola disse esperar que o PT o procurasse para discutir o apoio a Lula ainda no primeiro turno. "Eu pessoalmente gostaria de dar um impulsozinho a ele [Lula]", afirmara, ressalvando que o apoio dependeria da decisão de Ciro retirar sua candidatura. No dia anterior, em Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná, Brizola já havia dito: "Num segundo turno entre Serra e Lula, fico com o sapo barbudo. Mas, se sentir que dá para ele ganhar no primeiro, vou orientar para que o PDT vote nele agora".

Segundo Lupi, o presidente do PDT vinha conversando com o candidato do PPS sobre a possibilidade da renúncia. "O que o Brizola falou [que o apoio a Lula] era só se o Ciro acatasse [a sugestão de retirar sua candidatura]."

Brizola chegou a dizer que esperava que o presidente do PT, José Dirceu, ou Lula o procurassem para discutir o assunto. O que não teria ocorrido, segundo o próprio Dirceu e integrantes do PDT.

O fato de o presidente do PT supostamente não ter procurado Brizola teria contribuído para a sua decisão. Anteontem no Rio, Dirceu afirmou que não poderia "desrespeitar a candidatura Ciro Gomes" e que preferia "esperar o segundo turno para ver o que vai acontecer".

Procurado pela Folha, o presidente do PPS, senador Roberto Freire, definiu o aceno de Brizola ao PT como um "movimento apenas exploratório". "Se ele reafirma o apoio a Ciro e trabalha pela candidatura, tudo bem."
Apesar da mudança de posição de Brizola, apoiar Ciro hoje no PDT não é a vontade majoritária das bases, afirmaram à Folha lideranças do partido.

Segundo o deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ), a tendência dominante no partido é de apoio a Lula. Boa parte da militância em vários Estados já está fazendo campanha para o petista, disse outro deputado federal do PDT. Uma importante dissidência seria a de Álvaro Dias, candidato ao governo do Paraná.


FHC critica "voluntarismo" e "bobagens" de candidatos
Para presidente, se mudança dependesse só de decisões de gabinete, "seria fácil"

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem o "voluntarismo" de candidatos à Presidência. Sem mencionar nomes, disse que tem "tanta bobagem" na televisão e que só vontade política não resolve.
Segundo o presidente, não adianta o candidato ter milhões de votos no dia da eleição, porque no dia seguinte não tem mais, é preciso reconquistar a confiança do eleitorado a cada dia.

Durante discurso no Instituto Rio Branco, FHC disse que "o voluntarismo é a explicação de quem não sabe nada". Para ilustrar o que dizia, começou a citar ironicamente frases que costumam ser repetidas por candidatos na campanha, como: "Tudo depende da vontade política" e "tendo vontade política, acaba com a fome, acaba com a miséria, distribui a renda".

Em seguida, comentou: "Ai, meu Deus, haja paciência. Essa é uma visão absolutamente tecnocrática do que é o processo de mudança: imaginar que a mudança depende de decisões tomadas num gabinete, ainda que respaldada por milhões de votos. Se fosse assim, seria muito fácil".

"Bobagem"
O presidente prosseguiu em suas críticas, intercalando raciocínios de terceiros aos seus. "Essa vontade política nos atormenta dia e noite. "Basta baixar a taxa de juros e pronto." É tão bonito ver na televisão, tem tanta lógica... Tanta bobagem. "Basta baixar os juros que resolve tudo: aumenta a produção, barateia o produto, acabou a inflação. É lógico." Tudo errado. Como se fosse possível baixar os juros assim."

O discurso foi feito em solenidade que comemorou os 38 anos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Se o presidente pretendeu atingir os candidatos da oposição, suas críticas se enquadram também no discurso do candidato oficial. O tucano José Serra também vem apontando a redução da taxa de juros como uma das principais soluções para a retomada do crescimento econômico.

FHC afirmou que talvez a transformação mais importante pela qual o Brasil passou nos últimos anos tenha sido o reconhecimento implícito e explícito de que, sem legitimidade, as coisas não funcionam.

"E a legitimidade se renova no dia-a-dia. Não adianta nem termos milhões de votos. Eu tive tantos. Não adianta. Quem pensa que com isso resolve... "Ah, nos cem primeiros dias tem voto e faz o que quer." Não é verdade, é um equívoco. Os votos você tem no dia da eleição, no dia seguinte não tem mais nada."

Segundo o presidente, é preciso reconquistar todos os dias a confiança e a legitimidade. "A oposição, o que ela trata de fazer? Solapar as bases da legitimidade. Isso é do jogo político, isso é normal que seja assim", disse.

O presidente afirmou que o Brasil deve combater a pobreza, a exclusão social e integrar o Brasil crescentemente no sistema internacional, com liberdade e com democracia.

"Imaginar que você pode refluir a uma posição dos anos 50 e fechar a economia outra vez, aumentar tarifas para proteger setores, para que esses setores ganhem dinheiro em nome de dar emprego, isso está errado e tem consequências. Paga-se alto custo a longo prazo por essas visões equivocadas do que é o desafio contemporâneo", disse FHC.

Segundo o presidente, equilibrar as contas da Previdência talvez seja o principal problema do Brasil. "Não vai ter como baixar a taxa de juros enquanto o governo sistematicamente for ao mercado para pedir mais dinheiro emprestado. E o governo não tem como deixar de ir ao mercado pedir dinheiro emprestado porque chegou ao máximo do que ele pode tributar e não chegou ao máximo de endividamento possível."

Para FHC, os gastos com a aposentadoria de servidores públicos são uma máquina de aumentar a dívida do governo. "Um terço do Orçamento fica nas mãos de 3 milhões de pessoas. Será democrático isso?", perguntou.


PT ganha 8 minutos de Serra na TV
TSE também assegura a tucano a utilização de quatro inserções Ciro de 15 segundos cada

A cinco dias do primeiro turno, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral a ceder 8min6s de sua propaganda na TV para direitos de resposta ao PT e ao presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva.

Os advogados de Lula esperam usar todo o tempo amanhã último dia de programa eleitoral- sendo 5min33s no programa das 13h e 2min33s à noite. Serra tem 10min23s em cada bloco.

Os advogados de Serra devem pedir que a veiculação da resposta seja feita somente na sexta-feira.
Lula, o PT e o presidente do partido, José Dirceu, obtiveram vitória em representações que moveram contra o tucano por ataques veiculados no horário gratuito entre 17 e 21 de setembro, quando Serra ensaiou uma estratégia mais agressiva na tentativa de atrair o eleitorado do adversário.

Na madrugada de ontem, o plenário do TSE examinou os processos em conjunto e concedeu três direitos de resposta ao PT, a Dirceu e ao próprio Lula em cinco diferentes representações que haviam sido movidas.
Os ministros consideraram que os ataques de Serra a Lula extrapolaram a crítica política, tolerada pela Justiça Eleitoral, e ofenderam os petistas.

Foram examinadas: 1) a propaganda que relacionou uma declaração de Dirceu a agressões de grevistas ao então governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), em 2000; 2) a que transmitiu o depoimento de Renata Covas, filha de Mário Covas, sobre o episódio, e 3) a crítica do tucano à exigência de diploma de curso superior pela Prefeitura de São Paulo para a função de fiscal de rua.

No último caso, a campanha tucana confrontou a exigência de diploma pela prefeitura com a declaração atribuída a Lula dispensando a necessidade de formação superior para a Presidência. Em seguida, vinha a frase: "Ou ele esconde o que pensa ou não sabe o que diz". O TSE considerou a propaganda preconceituosa, com intenção de humilhar o adversário. Por isso, Lula ganhou um minuto.

No ataque a Dirceu, o presidente do PT aparecia em discurso, dizendo: "Eles [em referência ao governo paulista] têm de apanhar na rua e nas urnas". Em seguida, um locutor afirmava: "O deputado foi atendido. Covas foi agredido". A cena mostrava o então governador sendo agredido em uma manifestação de grevistas.
Nessa parte, foram concedidos 2min33s em conjunto para o PT e Dirceu, em princípio em dois programas, já que a propaganda foi veiculada à tarde e à noite.

O outro direito de resposta foi dado por causa de uma nova versão do tema Dirceu/Covas, veiculada no dia 21, em que a filha de Covas gravou depoimento sobre o episódio da agressão ao pai.

O TSE já havia proibido Serra de veicular a declaração de Dirceu e a agressão a Covas quando o programa tucano voltou ao tema, com o depoimento. Pelo descumprimento da decisão, o tribunal cedeu ao PT e a Dirceu mais 2min.

Serra assegurou ontem no TSE a utilização de quatro inserções do presidenciável Ciro Gomes (PPS), de 15 segundos cada, como direito de resposta por causa da propaganda do candidato do PPS que chamava o tucano de "senhor da guerra" depois de mostrar fotos de Roseana Sarney (PFL), Ciro e Lula sendo metralhadas.
O tempo a ser usado por Serra equivale ao número diário de inserções de Ciro.


Lula chora no ABC e canta vitória no 1º turno
"A partir de domingo, pela 1ª vez, um metalúrgico, torneiro mecânico, vai virar presidente do país", diz em seu último comício

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou ontem ao participar do ato de encerramento de sua campanha, em São Bernardo do Campo.

Foi um evento pensado para fechar com um toque emocional a quarta campanha presidencial do petista. Da concentração na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde ele despontou nos anos 70, até o comício, em frente à igreja matriz da cidade, tudo foi marcado pela nostalgia.

A equipe do publicitário Duda Mendonça gravou todo o evento, que foi acompanhado por cerca de 5.000 pessoas. As imagens devem ir ao ar amanhã, no último programa do horário eleitoral.

Acompanhado pelo governador de Minas, Itamar Franco, Lula fez um "mea culpa" pelo fato de o PT não ter apoiado sua Presidência. Ladeado por cerca de 20 metalúrgicos de macacão -estrategicamente posicionados em frente às câmeras de TV-, Lula fez um discurso pontuado por passagens de sua vida de sindicalista.
Mencionou assembléias tensas, disse que foi chamado de "traidor" por alguns metalúrgicos e relembrou as vezes em que procurou abrigo da repressão no regime militar naquela mesma igreja. Enquanto o petista falava, imagens feitas com raio laser eram projetadas na fachada da matriz.

No momento de maior emoção, Lula interrompeu o discurso e chorou ao microfone, quando comentou a possibilidade de vencer a eleição já no primeiro turno.

"A partir de domingo, pela primeira vez, um metalúrgico, torneiro mecânico, vai virar presidente do país mais importante da América Latina. Acho importante não por mim, mas por vocês. Que ninguém ouse duvidar da classe trabalhadora", declarou.

Diploma
Em seguida, fez referência ao fato de não ter curso superior. "Mesmo se a gente é branco ou negro, homem ou mulher, tem diploma ou não, dependemos só de nós mesmos", afirmou.

Não foi a primeira vez que o petista chorou. Em visita à fábrica da Volkswagen de São Bernardo, em julho, ele também se emocionou ao falar para metalúrgicos.

O petista voltou a criticar o governo federal por ter "transformado o Brasil num cassino" e criticou a indexação das tarifas públicas pelo dólar. "Quem ganha em real não pode pagar contas que sobem por causa do dólar."

Além da projeção de raio laser, houve, no início e final do comício, chuva de papel platinado e fogos de artifício. Um telão exibiu imagens da vida do petista.

O candidato dedicará os dias de hoje e amanhã à preparação para o debate final na Rede Globo.


PT precipitaria crise econômica, diz pepessista
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PPS) disse ontem em Belém (PA) que "o projeto do PT vai precipitar uma crise econômica e de governabilidade" no país, caso o candidato Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito presidente.

"Votar no Lula é um ato compreensivo de revolta e de protesto, mas o projeto do PT vai precipitar uma crise econômica, que já é muito grave, e uma crise de governabilidade", disse Ciro.

Ciro chegou a Belém às 14h30, participou de um carreata e caminhou pelo centro da cidade ao lado de sua mulher Patrícia Pillar, onde cumprimentou eleitores. Às 17h, eles seguiram para Fortaleza, onde fariam o último comício da campanha no primeiro turno.

"Toda visão que eu tenho conseguido ler do PT é um ziguezague. As vezes dizem que mantêm as metas de inflação, as vezes dizem que não. Assumiram compromisso com as linhas básicas do acordo com o FMI [Fundo Monetário Internacional], que é impraticável", disse.

"Na oposição, são muito pródigos em prometer e simplificar as questões, como o Lula está fazendo. E na administração há uma reversão completa."

Renúncia
O candidato da Frente Trabalhista classificou como "puro boato" a suposta renúncia de sua candidatura para apoiar Lula.

Entre os defensores da idéia está o filósofo Roberto Mangabeira Unger, coordenador do programa de governo de Ciro, que divulgou sua posição em artigo ontem na Folha.

"É puro boato e quando a campanha acabar vai correr um boato mais forte ainda. Mas eu sou candidato para ganhar ou para perder e tenho convicção de que nossas chances são muito grande."

O presidenciável também atribuiu o boato de renúncia ao candidato José Serra (PSDB).

Ciro afirmou respeitar a opinião de Mangabeira e disse que os dois continuam amigos, mas negou o afastamento dele da campanha. "Ele [Mangabeira] não participa efetivamente da campanha. Ele participou da elaboração do programa de governo. Respeito a opinião dele e ele continuará onde sempre esteve", disse.


Presidenciável resiste à pressão por renúncia
Apesar de sofrer forte pressão para renunciar à sua candidatura à Presidência, Ciro Gomes (PPS) resistiu e praticamente sepultou as chances de sair da disputa.

A última investida vigorosa para que Ciro deixasse de concorrer aconteceu na segunda-feira, no escritório do presidente do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), em São Paulo.

Na manhã de anteontem, Martinez recebeu para uma reunião o secretário nacional do PDT, Manoel Dias, que viajara a São Paulo a mando de Leonel Brizola. Também estava presente Emerson Palmieri, o braço operacional do PTB na campanha de Ciro e homem de confiança de Martinez.

Houve contato então com o presidente nacional do PT, José Dirceu. Martinez e Manoel Dias, em nome do PTB e do PDT, mandaram informar ao dirigente petista que forçariam a renúncia de Ciro.

Queriam de José Dirceu alguma palavra sobre compensações que essas siglas teriam ao patrocinar tal operação. Dirceu ficou de dar a resposta à tarde.

Por volta de meio-dia, chegou ao es critório de Martinez o presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes.

Paulinho foi ao local chamado por Martinez e por Manoel Dias. Ao tomar conhecimento da proposta, brincou. "Vocês combinaram isso com o Ciro?", perguntou. Ninguém tinha tido coragem de falar com o candidato.

Paulinho, Martinez e Manoel Dias concluíram que era necessário alguém ter uma conversa definitiva com Ciro. Paulinho foi eleito para a tarefa. Ficou acertou que o candidato não seria procurado à tarde. Poderia ficar nervoso, pois à noite Ciro daria uma entrevista ao vivo na TV Record.

Depois do programa, Paulinho abordou Ciro. O candidato percebeu qual era o assunto e reagiu: "Ou a gente pára por aqui ou vai brigar". A conversa foi interrompida e Paulinho saiu do local com a convicção de que a candidatura ficará mantida até o final.

Mesmo que perca, Ciro avalia que seria um desastre político uma renúncia. Ficaria com a fama de não-confiável para próximas eventuais eleições.


Artigos

Primeira pauta para transição
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Se é mesmo para fazer uma transição ordenada e, ao mesmo tempo, defender vigorosamente o interesse brasileiro, sugiro um tema: a briga que o Brasil comprou na OMC (Organização Mundial de Comércio) contra, ao mesmo tempo, as políticas agrícolas dos Estados Unidos e da União Européia.
Parece um assunto menor, até esotérico, mas é importante que o público entenda o contexto.

Ponto 1 - Jamais país algum tentou brigar sozinho e ao mesmo tempo contra as duas grandes potências comerciais do planeta.

Ponto 2 - A irritação com a atitude brasileira, por parte de europeus e de norte-americanos, é enorme pelo que a Folha ouviu. Estão dispostos a impor um castigo exemplar ao Brasil para que ninguém mais ouse tentar ação semelhante.

Ponto 3 - Mas, no mundo em desenvolvimento, há países, como a Índia, em que a mídia está cobrando do governo que entre na disputa ao lado do Brasil (tema de primeira página no maior jornal indiano).

Ponto 4 - A reclamação do Brasil foi apresentada um dia depois da sessão do comitê de Agricultura da OMC em que, de novo, EUA e União Européia deixaram claro que não pretendem mudar grande coisa nos caudalosos esquemas de subsídios aos seus produtores rurais.

Está aí, pois, uma boa causa, uma causa que, vencida, poderá representar dólares legítimos para o país (via exportações do agronegócio) e uma bandeira que permitirá eventualmente ao Brasil liderar o mundo em desenvolvimento, hipótese de que tanto falam os candidatos.

Os candidatos que passarem para o segundo turno, se houver segundo turno, têm a obrigação elementar de juntar-se ao governo desde logo para tentar transformar todo o blablablá de campanha em ação prática, concreta e de efeitos saudáveis a médio e a longo prazo.


Colunistas

PAINEL

Plano boquinha
O PT definiu que entregará um ministério à esquerda do partido no caso de Lula vencer a eleição. A intenção é evitar que o grupo, contrariado com a política de alianças (Sarney, PL etc), se transforme em um foco de oposição ao governo Lula.

Holerite na mão
Além de um ministério, a esquerda terá cargos de segundo e terceiro escalões. Nomes e postos ainda não foram discutidos pela cúpula da campanha de Lula. Os grupos de esquerda representam cerca de 30% do PT.

Xícara de mágoa
O senador José Alencar (PL), vice de Lula, foi vaiado no comício de anteontem em Santa Catarina, Estado onde a esquerda é maioria no partido. Faixa ao lado do palanque pregava: "Lula presidente para romper com o FMI. Alencar é inaceitável".

Promessa de campanha
No comício de SC, Lula prometeu acabar com a desigualdade salarial entre homens e mulheres: "As mulheres vão poder comprar com seu próprio salário. E, no fim do mês, poderão emprestar um pouco para o marido tomar uma cerveja".

Los hermanos
O site do jornal "Clarín" começou uma enquete sobre a influência na Argentina de uma vitória de Lula. Até o início da noite, 53,4% diziam que seria favorável. Para 23,3%, desfavorável. Os demais 23,3% afirmavam que não teria efeito algum.

Mentirômetro
Em debate dias atrás, Lula contou à platéia: "Já pesquei um jaú de 35 kg". Um assessor do presidenciável petista comentou, em voz baixa: "Tomara que a equipe de Serra não tenha filmado isso. Se não, vão querer "desconstruir" o Lula".

Máquina paulistana
O vereador Edivaldo Estima enviou pelo correio, em envelopes com o timbre da Câmara de SP, material de campanha do filho, Fernando Estima (PL), que concorre a deputado federal.

Paz e amor
A campanha de José Serra (PSDB), em seu site na internet, negou ontem que disponha de "material contra a vida pessoal de outros candidatos". Acrescentou que, mesmo se tivesse tal material, "jamais o utilizaria".

Quem diria
Com a possibilidade de Lula (PT) vencer no primeiro turno, o comitê de Serra (PSDB) enfrenta dificuldades de arrecadação. O marqueteiro Nizan Guanaes teve de colocar dinheiro do próprio bolso para pagar funcionários. Fornecedores reclamam de contas atrasadas.

O papo de sempre
Dirigentes do PMDB procuraram o Planalto com o seguinte discurso: Serra só tem chance de chegar ao segundo turno da eleição se a União liberar verbas, hoje retidas, para municípios.

Não basta ser filho
No encerramento de seus discursos em comícios do PT, Suplicy (SP) sempre manda uma lembrança para o público órfão da "Casa dos Artistas": "Para vocês, um beijo do Papito".

Fidelidade partidária
O PTB-SP interveio no horário eleitoral de Antônio Cabrera, candidato ao governo. Impediu que fosse levado ao ar programa com ataques a Alckmin (PSDB). No lugar, apareceu Celso Jatene, o vice da chapa, elogiando Ciro. Cabrera nem foi citado.

Desabafo
Após o assassinato, por pistoleiros, de Sávio Brandão, proprietário de jornal em Cuiabá (MT), o secretário de Segurança Pública, Benedito Corbelino, afirmou em entrevista a uma emissora de TV: "Alguém tem de tomar uma providência!".

Visita à Folha
Michael Klein, diretor administrativo-financeiro da rede das Casas Bahia, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Antonio Salvador Silva, presidente da Casa da Imprensa.

TIROTEIO

De José Alencar (PL), vice de Lula, sobre o governo FHC:
- Não há desapreço pelo presidente FHC. Mas temos de mudar o foco do governo sobre a administração monetária, para usá-la como meio para promover o desenvolvimento.

CONTRAPONTO

Telefone vermelho
Em 96, o deputado Silvio Torres (PSDB) recebeu vereadores e líderes de Caconde (SP) contrários ao fechamento da agência do Banco do Brasil da cidade.
Torres pediu que sua secretária ligasse para o presidente do BB. Ela tentou, mas ele estava ocupado, atendendo a um embaixador. Minutos depois, a secretária disse que o presidente já iria atendê-lo. O deputado pegou o telefone e um almirante pediu que aguardasse. Torres estranhou que um presidente de banco recebesse um embaixador e tivesse um almirante como assessor. Do outro lado da linha, a pessoa perguntou no que podia ajudar. Ao final da conversa, Torres virou-se para a secretária e perguntou com quem havia falado, para que todos os cacondenses pudessem ouvir. E ela:
- Com o Fernando Henrique, é lógico...
A comitiva ficou impressionada. Mas a agência fechou.


Editorial

MODELO EM CRISE

O Banco Central (BC) volta a se mostrar menos ambicioso no combate à inflação. Embora a meta oficial para 2003 continue a ser uma inflação de 4%, devido à alta do dólar o BC já está trabalhando com o objetivo de limitar a inflação a 5%.

A iniciativa não chega a surpreender: a média das projeções de inflação do mercado para 2003 está em 5,5%, meio ponto percentual acima do novo "alvo" do BC. Ressalta, de mais essa flexibilização, que as metas de inflação têm sido alteradas, nos últimos meses, a reboque das circunstâncias. A alta do dólar levou o BC a abrir mão da pretensão de "moldar" as expectativas de inflação do mercado, fazendo-as convergir para a meta oficial. Vem ocorrendo o inverso: o BC reduz sua "ambição" antiinflacionária, aproximando seus objetivos das projeções do mercado.

As metas de inflação são uma peça do modelo de política macroeconômica implantado por FHC. Este modelo se baseou no pressuposto de que o financiamento externo se manteria abundante ao longo do tempo. Por isso colocou, como o elemento central para promover a estabilização e o crescimento, a preservação da credibilidade junto aos financiadores externos. E para tanto um dos fatores seria o cumprimento das metas de inflação (o que não ocorreu em 2001, nem se verificará em 2002).

As metas de inflação foram criadas em seguida à troca do sistema de câmbio semifixo pelo flutuante, em 1999. Essa mudança representou um ajuste nesse modelo, ao torná-lo menos rígido. Mas não significou uma revisão mais profunda. As tensões dos últimos meses deixam patente que não afastou o país dos perigos da vulnerabilidade externa.

Dado o quadro global de elevada incerteza e aversão ao risco, é real a perspectiva de que a oferta de capital para os países emergentes continue restrita por longo tempo. Assim, a articulação de novo modelo de política econômica se impõe.


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10/02/2002


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