Brizola leva apoio do PDT a Ciro Gomes









Brizola leva apoio do PDT a Ciro Gomes
Presidenciável do PPS tenta ganhar mais fôlego com o apoio dos trabalhistas, que será formalizado amanhã

BRASÍLIA – O apoio do PDT de Leonel Brizola à candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República deve ser anunciado amanhã, no Rio de Janeiro. Brizola elogiou ontem a candidatura de Ciro Gomes e afirmou que o partido poderá apoiar a candidatura do ex-governador Antônio Britto (PPS) ao Governo do Rio Grande do Sul. As declarações do presidente nacional do PDT foram feitas às vésperas de um novo encontro com Ciro Gomes e os presidentes do PPS, senador Roberto Freire (PE), e do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR). Eles vão se reunir amanhã, no Rio, e a expectativa é de que Brizola manifeste-se formalmente a favor da candidatura Ciro, fechando a aliança PPS/PDT/PTB.

“Nós estamos procurando construir esta aliança trabalhista. O Ciro está preparadíssimo para ser um bom presidente, para administrar o País e encarar os seus problemas. Ele é o mais bem preparado de todos os candidatos que estão aí apontando a cabeça”, disse Brizola em entrevista à rádio Gaúcha.

Ao defender Ciro, Brizola aproveitou para voltar a criticar o candidato do PSB, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. “Desconsiderando esta figura do Garotinho... a rigor é até uma vergonha para um País como o nosso admitir a candidatura de um demagogo que nós conhecemos. Nós lamentamos termos contribuído para a ascensão deste personagem”, atacou.
Para a candidatura Ciro, o apoio de Brizola é um fato político positivo. O presidenciável vem despencando nas recentes pesquisas de intenção de voto. A aproximação também é uma bóia de salvação para o PDT. Rompido com o PT e afastado do PSB por causa da candidatura Garotinho, Ciro é a única alternativa de aliança do partido.

Embora as afirmações de Brizola tenham sido bem recebidas no PPS e no PTB, poderão provocar polêmica no PDT, onde há resistências ao apoio a Ciro.


José Jorge diz que crise não abala aliança estadual
Segundo o ministro, o mal-estar entre o PSDB e o PFL, depois que Serra convidou Jarbas para a vice, não abala a aliança estadual. Ele garante, ainda, que Roseana Sarney não desistirá da eleição

O ministro das Minas e Energia, José Jorge (PFL), afirmou ontem, com convicção, que, independetemente do número de candidaturas à Presidência da República na base governista, a aliança local não sofrerá abalo. “É lógico que com as eleições conjugadas, como a deste ano, a conjuntura federal repassa algum condicionante. Mas nem todos os Estados cabem no mesmo paletó. A situação de São Paulo é diferente de Pernambuco ou Bahia”, argumentou o ministro, acrescentando que não acredita no rompimento “em hipótese alguma”.

Segundo José Jorge, a aliança PMDB/PFL/PSDB/PPB em Pernambuco “já está consolidada” e mesmo que o governador Jarbas Vasconcelos decida não disputar a reeleição, a base governista encontrará um nome que una todas as forças. “O candidato não precisa necessariamente sair do PFL, mas o nosso partido tem ótimos nomes, como o vice-presidente, Marco Maciel, ou o vice-governador, Mendonça Filho”, destacou o ministro.

José Jorge ainda aponta outro motivo para a manutenção da aliança: a forte polarização política existente no Estado. “Já ficou comprovado que, em Pernambuco, não cabe uma terceira via. O senador Carlos Wilson tentou fazer isso por duas vezes – nas eleições para o Governo, em 98, e para a Prefeitura do Recife, em 2000 – e não deu certo. Portanto, temos dois grupos definidos: a aliança governista e a oposição.”

Sobre o ‘namoro’ entre os tucanos e Jarbas – para que o governador ocupe a vaga de vice na chapa do ministro José Serra (Saúde) à sucessão de FHC –, o ministro preferiu minimizar, afirmando que é natural que todos os pré-candidatos procurem apoios. “Jarbas Vasconcelos é um nome de peso, que todos querem ter ao seu lado. O PSDB iniciou as conversas com o PMDB. O senador Jorge Bornhausen (presidente do PFL), também vem conversando com outras legendas, inclusive com o PMDB, em busca do apoio à pré-candidatura da governadora Roseana Sarney (MA) à Presidência”, lembrou José Jorge.

O ministro fez questão de afirmar que o PFL não abrirá mão da candidatura de Roseana ao Planalto. “Pelo que tenho visto na imprensa, dá a impressão que o PFL está em situação difícil. Pelo contrário. Temos uma candidata forte e que está bem colocada nas pesquisas. O PMDB é que está complicado, pois tem três pré-candidatos, mas nenhum deles tem o apoio da cúpula do partido. A candidadura de Roseana é para valer”, destacou José Jorge.


Jarbas avisa que não vai procurar Roseana
O apoio público do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) à pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra (PSDB), para presidente da República continua provocando arestas na aliança governista. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a governadora do Maranhão e pré-candidata pefelista à Presidência, Roseana Sarney, não pretende mais se encontrar com Jarbas para discutir a sucessão. Da próxima segunda-feira até o dia 24, Roseana estará de licença do Executivo para realizar visitas políticas e empresariais. A idéia é conquistar novos apoios à sua campanha.
Jarbas informou ontem que não há nenhum encontro agendado com a pré-candidata pefelista e que “não pretende procurá-la”. “Ela (Roseana) me ligou e insistiu para um encontro. Se ela desistiu, o problema é dela. Isso, porém, não impede que conversemos com outros partidos”, disparou.

Sobre as declarações do ministro das Minas e Energia, José Jorge, que assegurou não abrir mão da candidatura própria do PFL, já que Roseana aparece bem nas pesquisas como a segunda mais votada, com cerca de 20% das intenções de voto, o governador foi mais ameno. “Não serão essas opiniões, até mesmo as da governadora Roseana, que irão impedir o desejo maior, que é construir a união dos partidos. Temos bastante tempo para isso.”

ATAQUE – Jarbas também aproveitou para criticar a estratégia do PT estadual, que desde ontem passou a veicular novas inserções na TV, nas quais destaca a violência e o desemprego no Estado. “O PT deveria apontar a violência no País. Falar só de Pernambuco é uma coisa distorcida, típica do PT”, disparou, após participar da solenidade de posse do novo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Napoleão Tavares.

As inserções duram 30 segundos e reafirmam a vinculação dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Humberto Costa, que disputam, respectivamente, a Presidência da República e o Governo do Estado. Durante 18 dias, Humberto e Lula aparecerão na TV com críticas aos Governos Jarbas e Fernando Henrique.

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), rebateu as declarações do governador dizendo que o partido está fazendo “uma crítica política”, e que as inserções não estão vinculadas à campanha eleitoral deste ano. “Não podemos negar que a violência é um problema no Estado, e que a segurança é uma questão estadual e federal. O município não tem poder de polícia, mas estamos implementando políticas públicas, como colocar 23 mil crianças em sala de aula, para diminuir a violência”, declarou João Paulo.


Roriz pede vaia a “crioulo petista” e enfrenta ação
BRASÍLIA – Em discurso inflamado na periferia de Brasília, o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), chamou de “crioulo petista” uma pessoa que estava presente no ato de entrega de escrituras de casas populares. Em tom agressivo, Roriz já havia mandado os moradores expulsarem pessoas que se manifestaram contra ele. Em seguida, pediu vaias ao suposto adversário.

“Ali está um crioulo petista que eu quero que vocês dêem uma salva de vaias nele”, disse o governador, que comete freqüentes erros de português. O discurso, feito no final da tarde de ontem durante programação do Governo Itinerante na cidade-satélite de Brazlândia, a 60 quilômetros de Brasília, foi gravado pela rádio CBN.

No início do pronunciamento, Roriz disse que os moradores “deveriam expulsar pessoas que portavam faixas” contra ele, porque elas “são financiadas pelo Governo anterior, prejudicam os moradores de assentamentos e levam o mal”. Antes de Roriz, o Distrito Federal foi governado pelo petista Cristóvam Buarque.

A declaração do governador foi condenada, em nota oficial, pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. A nota aconselha ao governador uma retratação pública. O PT entrou com representação na Procuradoria-Geral da República contra Roriz por crime de racismo.
Em outros discursos, o governador já havia dito que “os vermelhos corriam risco de vida”. Na semana passada, os partidos de oposição, motivados pelo assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, levaram esses discursos ao conhecimento do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, e ao Tribunal Superior Eleitoral.


Investigação sobre morte de Daniel pode estar perto do fim
SÃO PAULO – O fim da investigação sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), pode estar próximo. Policiais informaram extra-oficialmente que cinco dos seis suspeitos detidos desde anteontem já confessaram a participação no crime. Oficialmente, no entanto, a Polícia Civil, até a noite de ontem, negava as confissões. Um dos acusados, Manoel Dantas Santana Filho, 30 anos, conhecido como Cabeção, teve a prisão temporária de cinco dias decretada pela Justiça.
Há informações de que a polícia estaria mantendo sigilo para não atrapalhar a prisão de outros envolvidos, o que poderia ocorrer ainda neste fim de semana.

Manoel é acusado de liderar uma quadrilha, cuja base fica na Favela do Jardim Pantanal, na divisa com Diadema, onde foi encontrado o cativeiro na quinta-feira. Neste mesmo dia, Manoel foi preso por policiais da 2ª Delegacia de Crimes contra o Patrimônio do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic).

O suspeito teria denunciado os cinco comparsas, que foram presos ontem de manhã, por policiais da Divisão de Roubo a Bancos da Polícia Civil na região da Favela do Jardim Pantanal. Eles foram presos com armas. Segundo dois policiais, o bando é formado por ladrões de banco que passaram a praticar seqüestros, e durante a confissão teriam fornecido detalhes que só poderiam saber se tivessem participado do seqüestro e assassinato de Daniel.

A localização do cativeiro foi possível graças a duas ligações feitas pelos seqüestradores para o celular de Celso Daniel, rastreadas pela polícia. O sinal foi retransmitido de uma antena na região do Jardim Miriam, num raio de um quilômetro, que inclui a Rua dos Guaicuris, na Favela Pantanal, onde os policiais encontraram o cativeiro.

Apesar das novas evidências, o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Domingos Paulo Neto, estava cauteloso e não descartou a hipótese de o canhoto do recibo de pagamento de um plano de saúde do prefeito ter sido colocado na casa com a intenção de despistar as investigações. Segundo ele, os peritos vistoriaram o lugar no dia 21 passado, depois do encontro de uma Blazer verde queimada na mesma rua. “Aquele papel pode ter sido colocado depois”, afirmou.

Entretanto, o diretor do DHPP assegurou que os indícios mais consistentes colhidos até o momento, apontam para aquela região da cidade.


Faltou debate no 1º dia do fórum
Preocupação em tornar o Fórum Social Mundial mais propositivo, em contraponto ao do ano passado, cheio de protestos, acabou amenizando o tom das discussões ontem

PORTO ALEGRE – No primeiro dia de seminários do 2º Fórum Social Mundial (FSM), que pretende ser mais propositivo que o do ano passado, o que se viu novamente foi a ausência de debates. Na maioria dos programas, predomina um uníssono: sobre os mais diversos assuntos, ouvem-se basicamente as mesmas idéias. Como existiu uma avaliação dos organizadores de que o fórum de 2001 terminou ofuscado por seu caráter midiático – era o primeiro fórum, houve teleconferência com seu antípoda Davos, José Bové invadiu plantação de transgênicos, etc. –, tentou-se convertê-lo, em 2002, num fórum com mais discussões e propostas.

Mas, na dúvida entre ser um evento e ser um congresso, o fórum deste ano começou previsível. Além de contar com poucas personalidades políticas, além das do PT e de socialistas franceses, ele não trouxe muitos intelectuais de renome, nem estrangeiros – daí Noam Chosmky ter sido convertido em estrela solitária – nem brasileiros. E os políticos do PT estão, naturalmente, preocupados em fazer campanha eleitoral.

Então o resultado é a coincidência de opiniões, mesmo que o fórum deste ano tenha o dobro de custos e de convidados e tenha se dispersado por vários pontos da cidade.

O seminário sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), realizado ontem à tarde no auditório da Assembléia Legislativa, é um dos exemplos. Teve na mesa o candidato a deputado federal José Dirceu, o vice-governador do RS, Miguel Rossetto, o sociólogo Emir Sader, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e também Luiz Inácio Lula da Silva, que não falou e se retirou na metade do seminário.

A concordância sobre a questão da Alca foi total. José Dirceu disse que se trata de um programa de anexação da América Latina por parte dos EUA; Rossetto qualificou-o de entrega da soberania; Sader falou em consolidação da hegemonia militar americana; e Guimarães definiu-a como projeto de colonização.

Houve também uma série de propostas comuns nos seminários realizados de manhã, dentro do eixo temático A produção de riquezas e a reprodução social. Foram propostos, em termos genéricos, o controle dos fluxos financeiros, a substituição de importações, a interrupção da abertura das economias a multinacionais, o perdão da dívida externa e a ajuda a países pobres como os africanos. Na realidade, são as mesmas propostas do ano passado.


Artigos

O presidente e o embaixador
Celso Rodrigues

PIEDADE – O pernambucano tem motivos para se orgulhar desta terra. Orgulhar-se da sua bela e guerreira história. Da sua cultura. Dos seus valores. Dos homens públicos, em sua maioria. É um culto que necessário se faz transmitir às novas e futuras gerações. É possível que muitos moços desconheçam o que fomos e continuamos representando para este País, apesar de todos os atropelos que vêm de fora, isto é, do Sul do País. Já vi, por exemplo, o sr. José Serra afirmar, na televisão, que o Nordeste é “uma região inviável”. E repetiu, então, o mesmo e surrado conceito do então ministro Delfim Neto. Assim é que nos olha o paulista com o poder nas mãos. A esta altura, não. Candidato oficial à presidência da República, o sr. José Serra é ameno, solidário com as nossas dores, e até literalmente risonho... Até em Passira. Deve ter ouvido o belo Hino de Pernambuco, em ritmo de frevo, cantado por Alceu Valença, e não resistiu. Dançou, dizem as más línguas. Estamos às vésperas do Carvanal, e no começo de um ano de malandragem, de demagogia, de impostura. Afinal, vamos escolher o novo presidente da República, e muitos dirão aos eleitores incautos que não leiam nunca mais o que eles disseram e escreveram sobre o Nordeste. Repetirão o caráter de Fernando Cardoso.

O estudante de hoje sabe que Pernambuco fez a Revolução Pernambucana de 1817, tida por Oliveira Lima como “a mais importante do Brasil Colonial? ” E o Guararapes? E à Academia Brasileira de Letras, a começar por um dos seus fundadores (Joaquim Nabuco), chegaram 21 pernambucanos? Um deles, Celso Vieira, nasceu em Garanhuns. A propósito do caruaruense Álvaro Lins, o poeta Carlos Drummond de Andrade deu-lhe a coroa de “imperador da crítica literária brasileira”. E leio, com justo orgulho, o destaque que Álvaro Lins mereceu do escritor Claudio Bojunga, no “JK – o artista do impossível”, livro considerado como um “fascinante ensaio político sobre a mordernização do Brasil no século 20”.

Reafirma-se, em quatro páginas, com foto de Juscelino ao lado de Álvaro, na Academia Brasileira de Letras, o caráter do admirável intelectual, quando embaixador do Brasil em Lisboa. Escreveu Bojunga que “no início as coisas passaram bem entre Álvaro Lins e os portugueses: o crítico literário conhecia Portugal, havia ministrado cursos em universidades, era intelectualmente respeitado. Mas os amigos de Álvaro em Portugal eram os opositores (os tolerados, os outros estavam na cadeia ou no exílio, não os aliados do salazarismo. Havia uma agravante: embora não fosse diplomata de carreira, Álvaro dedicava-se com afinco às tarefas da embaixada, delegando pouco a secretários e auxiliares. Com o tempo foi percebendo a estratégia portuguesa e as vantagens que Salazar auferia com servil subordinação brasileira a seus interesses ultramarinos. Álvaro considerava Salazar um homem medieval, profundamente autoritário, dotado de uma cruel e onipresente polícia política, exercendo na África um colonialismo abjeto e excludente. Sentia que o Brasil nada lucrava com aquela sabujice e os que os interesses portugueses nas colônias colidiam parcialmente com os do Brasil”.

O relacionamento diplomático entre o embaixador Álvaro Lins e o governo Salazar complicou-se quando o general Humberto Delgado, candidato à presidência da República pela Oposição foi derrotado, e Delgado, ameaçado de prisão, exilou-se na embaixada brasileira. Recebeu o apoio e a solidariedade de Álvaro. Mas “seguiu-se extenuante braço de força entre Álvaro Lins e as autoridades portuguesas. Álvaro não cedeu. Para ele, a embaixada era território brasileiro e qualquer tentativa de invasão equivaleria a uma declaração de guerra. Os portugueses não aceitaram o asilo, argumentando que o Brasil não tinha tratado específico com Portugal. Álvaro estudou o assunto e concluiu que mesmo sem tratado, há jurisprudência: Plínio Salgado, após o golpe frustrado de 1937, foi recebido por Portugal.” Cresceram as pressões contra Álvaro no Brasil e Lisboa. “Os jornais passaram a atacar Álvaro no Rio. Ser pró ou contra Álvaro passou a ser pró ou contra Salazar. Não era o que o governo brasileiro esperava do embaixador: Álvaro tornava-se líder da oposição de um regime aliado e acirrava o anti-salazarismo no Rio. O embaixador sentiu que estava sendo abandonado por Kubitschek.”

“Os aliados de Álvaro, no Rio, todos de esquerda, confirmaram que o embaixador estava isolado: ele recebeu moção de apoio da UNE, encorajando-o a não abrir mão do asilo concedido, e de jornalistas, como Joel Silveira. Alvaro acabou rompendo com Juscelino”.

Concluiu Bojunga que “em outubro de 1959, Álvaro Lins foi exonerado da embaixada de Portugal, devolveu ao governo português a condecoração da Grã-Cruz da Ordem de Cristo, e recusou-se a aceitar de Juscelino outras missões e cargos. Regressando ao Brasil, o mestre da crítica continuou sua luta em favor dos povos oprimidos, a democracia, a liberdade e a justiça social. o golpe de 65 o atingiu em cheio. Seu apartamento invadido no Rio de Janeiro, livros destruídos (o que ainda resta se encontra em Caruaru). Afinal, no dia 5 de junho de 1970, a depressão matou tão belo e corajoso pernambucano a serviço da cultura e da inteligência deste País. Ficou o vazio.


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

Maluf concorda?
O ministro José Serra fez a sua parte quando pediu ajuda a Jarbas Vasconcelos para tentar atrair o PPB para a sua campanha presidencial. É natural que sendo o quarto colocado em todas as pesquisas ele queira atrair para a sua campanha as mesmas forças políticas do Congresso que sustentam o governo de Fernando Henrique. Mas o deputado Pedro Corrêa, malgrado a sua condição de vice-presidente nacional da legenda, não é o interlocutor mais credenciado para falar pelo partido e sim o ex-prefeito Paulo Maluf.

Natural também que Pedro Corrêa tenha ouvido com uma enorme boa vontade a proposta levada por Jarbas Vasconcelos, pois o mandato de deputado federal em que ora se encontra investido ele deve ao governador. Contudo, ele próprio tem absoluta consciência de que o ex-prefeito de São Paulo rechaçará de pronto essa sugestão porque é pré-candidato ao governo daquele estado e tem no governador tucano Geraldo Alckmin o seu principal adversário.

O PPB tal como o PFL tem uma irresistível vocação para ser governo, mas costuma agir com pragmatismo. Se Serra decolar nas próximas pesquisas pode até deixar a porta aberta para um futuro entendimento. Caso contrário, deverá marchar com Roseana.

O segundo de todos
Senador em final de mandato, Carlos Wilson já está trabalhando com a mesma estratégia de 94: quer ser o segundo das outras chapas. Naquela eleição, ele teve os votos casados com Maurílio Ferreira Lima (PMDB), seu então companheiro de chapa, e foi a segunda opção de muitos eleitores que não queriam votar em Armando Monteiro. Nesta, ele quer ser o 1º do PT, e o segundo do PSB (em lugar de Luciano Bivar) e do PFL (em lugar de Sérgio Guerra).

Haja violência
De repouso em casa por causa da dengue, Roberto Magalhães (PSDB) divide o seu tempo entre a leitura e os noticiários de televisão. Disse ele: “Estou espantado com tanta violência e mais espantado ainda com uma afirmação feita pelo general Alberto Cardoso, três anos atrás, de que o crime organizado, no Brasil, começa a criar um estado paralelo”.

Pisada de bola
Setores do PMDB dizem abertamente que Jarbas Vasconcelos “pisou na bola” ao precipitar seu apoio a Serra (PSDB). “Ao se declarar serrista”, disse um parlamentar da bancada federal, “ele interrompeu o diálogo com a cúpula do PFL e inibiu Roseana de vir a Pernambuco exclusivamente para procurá-lo. Foi uma atitude de amador”.

Ex-prefeito de Belo Jardim não está mais no PPS
O ex-prefeito Cintra Galvão (Belo Jardim) mandou avisar ontem por sua assessoria que não se encontra mais no PPS e sim no PTB. É um aliado a menos de Ciro Gomes, que a cada dia está mais enfraquecido no Estado de PE.

Garotinho se diz o 2º tanto do PT quanto do PFL
Em Brasília, o vereador Clóvis Corrêa (PSB) perguntou a Garotinho (RJ): “Governador, o Sr. está mesmo convencido de que pode chegar lá?” - “Como dois e dois são quatro. Sou a 2ª opção do eleitor de Lula e também de Roseana”.

Influência externa
De Hélio Urquisa (PMDB) sobre as versões que circulam em Olinda de que só abdicaria da reeleição para deputado estadual se fosse convidado para ser secretário: “Querem pautar a mim e a Jacilda. Na hora oportuna saberemos decidir, levando em conta o que for melhor para nós e, consequentemente, para o partido”.

Espumas ao vento
Do ministro José Jorge (minas e energia) sobre o suposto convite de Serra a Jarbas para ser seu vice-presidente: “Nós, do PFL, somos pragmáticos sobre essa questão. Trabalhamos apenas com uma única hipótese: a candidatura do governador à reeleição. O resto, para o nosso partido, não passa de espuma”.

Zé Jorge disse a Marco Maciel que ficará no governo até o seu final, mesmo que o PFL entregue os cargos por conta da candidatura de Roseana (MA). “Se eu deixar o ministério não vou convencer jamais os jornalistas de que o PFL irá para a oposição. Então, por que sair? Além do mais, não so u candidato a nada em 2002”, afirmou o ministro.

Observação de um influente tucano sobre o PMDB nacional: “Ficou muito pior sob a presidência de Michel Temer (SP). Quando era comandado pela banda podre (Jáder Barbalho, Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha) a gente tinha interlocutores confiáveis e os acordos funcionavam. Hoje é um saco-de-gatos”.

Diferentemente de muitos tucanos, que não apostam um tostão furado na candidatura Roseana (MA), Joaquim Francisco (PFL) crê na ascensão dela depois do programa do PFL levado ao ar anteontem à noite . “Enquanto Lula, a cada dia, fica menos novidade, ela é a única coisa nova desta eleição”, disse o ex-governador.

Depois de um longo período de afastamento, Miguel Arraes (PSB) e Roberto Freire (PPS) irão se encontrar na próxima semana. É para conversar sobre as eleições. Arraes não morre de amores pelo senador mas, entre apoiá-lo à reeleição e entregar o comando da esquerda a um petista, fica com a 1ª hipótese.


Editorial

UM BANCO SOCIAL

Entre os pontos positivos do atual Governo Federal, pode-se somar certamente a interiorização dos serviços da Caixa Econômica Federal (CEF ou simplesmente Caixa). Historicamente, ela se concentrou nas principais capitais dos Estados e outros grandes centros urbanos, parecendo mais uma repartição pública convencional, sem dinamismo. A partir dos anos 70, no bojo do chamado ‘milagre econômico’, assumiu o caráter de banco estatal voltado para o social, permanecendo o Banco do Brasil voltado para o econômico e atividades bancárias normais. Mais tarde, nos anos 80, o BNDES ganhou uma banda social, para grandes projetos de desenvolvimento. Nos anos 90, a CEF foi diversificando suas atividades, atuando em todos os segmentos bancários, e multiplicando seus correntistas, poupadores e mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Com a extinção do Banco Nacional da Habitação (BNH), herdou suas agências e incumbências.

Nos últimos anos, atua com todos os serviços de um banco comum e reviu sua concepção de administração gerencial, dinamizando e modernizando as gerências regionais, e partindo para a terceirização de alguns serviços e a interiorização das agências. A falência virtual e a extinção dos bancos estaduais criaram um vazio a ser preenchido. Esse tipo de banco, com raras exceções, tornou-se um modismo nos anos 70, funcionando mais como uma espécie de caixa-2 dos governos estaduais e servindo a várias empreitadas de corrupção. Com o fechamento das muitas agências desses bancos, as pequenas cidades do interior se viram privadas das únicas agências bancárias que atendiam aos sertões e grotões deste imenso país, onde não há interesse para a rede bancária privada. A CEF percebeu aí, então, uma oportunidade de expansão de sua oferta de serviços bancários e de incremento a sua destinação social.

A terceirização de serviços está sendo um sucesso. Hoje, num posto lotérico, pode-se, por exemplo, pagar contas de energia, telefone e outras. Além disso, a Caixa começou a espalhar, por municípios distantes e de difícil acesso, os chamados correspondentes bancários, estabelecimentos comerciais autorizados a realizar transações bancárias e pagar benefícios sociais, como aposentadorias, bolsa-escola etc. É a rede Caixa Aqui, que está levando terminal de computador e até antena parabólica a cerca de 2 mil municípios brasileiros que não possuem agência desse banco nem casa lotérica. Os primeiros municípios beneficiados foram Solidão, em Pernambuco, e Normandia, em Roraima. A rede constitui importante contribuição à proteção social que leva benefícios como os do INSS aos mais desprotegidos locais do país. A meta da Caixa é chegar ao fim deste primeiro semestre do ano com pelo menos um ponto de atendimento em todos os municípios sem banco.

A farra dos bancos estaduais não foi nada positiva. Mas, um trabalho como o que a CEF está realizando, para atender aos brasileiros que estão entre os mais pobres, é muito construtivo e merece o aplauso de todos. Melhor ainda seria que a rede financeira do poder público tomasse distância da política partidária e se tornasse cada vez mais pública e menos estatal. Pois pode acontecer que uma nova administração mude de idéia e decida que a CEF não deve ser mais um banco social, mas um banco puramente de resultados; o que extinguiria avanços como os da rede Caixa Aqui, com sua terceirização e interiorização, seu reforço à proteção social, sua ação pioneira e progressista nos mais longínquos rincões da nossa Pátria. Não devemos esquecer também a importância da sua nova concepção de estabelecimento eficazmente atuante nos diversos segmentos bancários, o que lhe dá respaldo para seu trabalho social.


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02/02/2002


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