CABRAL PROPÕE DISCUSSÃO SOBRE PROJETO ECOLÓGICO



O senador Bernardo Cabral (PFL-AM) propôs, nesta sexta-feira (dia 10), um debate sobre o programa Sítios Ecológicos, desenvolvido pelo Banco da Terra - Empreendimentos Imobiliários e Negócios Ecológicos Ltda. Baseado na proteção e conservação de terrenos com área mínima de cinco mil metros quadrados denominados "células ecológicas", o programa teria como objetivo explorar frações de terra dentro do princípio do desenvolvimento sustentável e segundo as potencialidades econômicas de cada local. O senador sugeriu ainda ao Senado que, juntamente com diferentes segmentos da sociedade, faça uma análise do Protocolo de Kyoto, que fixou metas para a redução da emissão de gases, visando à formulação de uma política brasileira acerca do aquecimento global.
Cabral abordou o tema a propósito das discussões que se travam em nível mundial sobre os limites à emissão de gases como forma de evitar o aquecimento global. Já foram realizadas diversas conferências (em Berlim, Genebra, Kyoto e Buenos Aires) com o objetivo de implementar os princípios aprovados na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima realizada em Nova Iorque, em 1992.
A posição brasileira frente ao Protocolo de Kyoto é conceder prioridade a projetos nos setores de fontes renováveis de energia, eficiência e conservação de energia, reflorestamento e estabelecimento de novas florestas, redução de emissões, agropecuários e de aterros sanitários. Por tais critérios, estariam excluídos projetos destinados à conservação de florestas ou seu manejo sustentável, como o Sítios Ecológicos.
- O governo considera que, com respeito à proteção de florestas nativas, não há garantia de que essa proteção será incapaz de impedir desmatamentos futuros - explicou Cabral.
O senador citou argumentos em favor da conservação - a preservação dos mananciais hídricos, por exemplo -, mas observou que, do ponto de vista estrito da atmosfera, há opiniões de que conservar uma floresta não contribuiria para diminuir o efeito estufa.
De acordo com o senador, o programa a ser gerenciado pelo Banco da Terra seria sustentado pela emissão de um título mercantil, que constituiria uma forma representativa de promessa de exploração e/ou utilização sustentável dos recursos ambientais. Cabral lembrou que a Costa Rica desenvolve um programa pelo qual são emitidos certificados ambientais que concedem a seus detentores créditos referentes à redução nas emissões de dióxido de carbono por um período de vinte anos. A oferta inicial dos títulos corresponde a um milhão de toneladas por um período de 20 anos, ou 50 mil toneladas por ano. O título é transferível e o preço é de US$ 20 por tonelada/ano.
Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) apontou a Costa Rica como exemplo para o Brasil, já que naquele país o meio ambiente estaria sendo preservado sob uma ótica realista.
- Não podemos mais olhar a natureza guiados pelo mito da floresta intocável - disse Viana.
Também em aparte, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) elogiou a Costa Rica e disse que a Amazônia não pode "ser mantida como jardim botânico, mas também não deve se tornar terra devastada".

10/12/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


CABRAL PROPÕE DISCUSSÃO SOBRE SANEAMENTO AMBIENTAL

Jucá propõe discussão sobre juros

HARTUNG PROPÕE DISCUSSÃO NA CAE SOBRE TERRENOS DA MARINHA

Anvisa propõe discussão sobre produtos derivados do tabaco

Cyro Miranda propõe discussão sobre gastos do governo

ALCÂNTARA PROPÕE DISCUSSÃO ABERTA SOBRE DESENVOLVIMENTO REGIONAL