CAMPOS REBATE CRÍTICAS ÀS ESTATÍSTICAS DE AIDS NO BRASIL



O senador Júlio Campos (PFL-MT) rebateu críticas da comunidade científica internacional ao critério utilizado pelas estatísticas brasileiras sobre doenças sexualmente transmissíveis, em especial a Aids. Ele não concorda com a tese de que a contagem de casos feita apenas quando o doente chega ao sistema de saúde gere distorções, uma vez que alguns portadores do HIV podem demorar até 10 anos para manifestar sintomas da doença.

Para Campos, o Simpósio da MAP (uma rede mundial de cientistas que estuda o avanço da Aids no mundo) realizado no Rio de Janeiro, em novembro passado, quando essas críticas foram apresentadas por seu coordenador, Daniel Tarantola, representou uma atitude isolada. "Especialistas em Aids, que trabalham junto à Organização Mundial de Saúde, me asseguraram que o Brasil possui um dos melhores sistemas de informação sobre incidência de Aids entre todos os países da América Latina", enfatizou.

Ele reconheceu ser o Brasil o país mais atingido pela Aids na região. "Houve um crescimento significativo e preocupante da doença entre a população heterossexual, feminina e juvenil e hoje já não se pode falar que ela atinge grupos marginais ou minoritários da nossa sociedade. Por outro lado, é o único país do mundo a garantir aos doentes da Aids o acesso gratuito aos medicamentos onerosos usados no tratamento da doença, que atingem 10 mil reais anuais, por paciente", argumentou Campos.

O senador ressaltou que o controle do avanço da Aids e sua prevenção são prioridades do Ministério da Saúde que vem dando suporte financeiro às ações empreendidas em vários estados e municípios da Federação. "Neste ano de 1998, a vigilância do HIV por 'Rede Sentinela Nacional' deverámonitorar a ocorrência da infecção pela HIV em 150 serviços de saúde selecionados no Brasil inteiro. A metodologia consiste em realizar testes laboratoriais de HIV em amostras de soro colhidas na rotina de serviços".

- Os resultados desses estudos serão complementados com os dados obtidos por notificação expressa dos casos de Aids e pelos serviços de testagem anônima para o HIV. O processo permitirá uma visão mais acurada da infecção pelo HIV e da ocorrência de Aids no país - observou.

Júlio Campos afirmou que, com a descentralização dos serviços públicos de saúde, o controle e monitoramento dos casos de Aids no país - realizado através da distribuição de "sítios-sentinelas" nos estados e municípios - tornarão as estatísticas brasileiras mais seguras, "permitindo um combate eficaz a esse flagelo de fim de milênio".



18/05/1998

Agência Senado


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