CÂNDIDO ANALISA CAUSAS DO DESEMPREGO NO BRASIL



Ao analisar as causas do desemprego no Brasil, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) afirmou que "a política defendida pela coligação conservadora que está no governo aprofunda a desnacionalização da economia brasileira, deprecia a poupança feita por várias gerações e concentra a renda nas mãos de poucos".
Citando pesquisas feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Unicamp, o senador disse que entre 1990 e 1998 a concentração de renda aumentou. Segundo os dados, no início da década, os 50% mais pobres detinham 12,7% de toda a renda brasileira, enquanto os 20% mais ricos concentravam 62,8%. "É fácil concluir, pois, que o desemprego é a conseqüência maior da concentração de renda" - afirmou o senador. ".
A pesquisa da Unicamp, disse o senador, revela que o Brasil já tem 5% de todo o desemprego mundial, ou o equivalente a sete milhões de desempregados. "Isso nos coloca em quarto lugar no mundo em número de desempregados, atrás de países como Índia, Indonésia e Rússia e caminhamos a passos largos para assumir a segunda posição na lista". ".
Embora reconheça que o avanço tecnológico exige novas qualificações para os trabalhadores, o senador lembrou que "isto sempre existiu, porque o capitalismo está sempre revolucionando as bases da produção". Para ele, o avanço tecnológico explica parcialmente o desemprego, mas não explica o desemprego global verificado hoje. ".
- Para os capitalistas, a causa do desemprego seria o alto custo da mão-de-obra no nosso país, devido à excessiva regulamentação. A solução seria, então, tornar o emprego mais fácil - e mais barato - para o capitalista, como se o Brasil não fosse, já, um dos países com os menores custos de trabalho do mundo; como se não fosse o próprio alto nível de desemprego a causa do achatamento ainda maior dos salários. Trata-se de reduzir os já poucos direitos que os trabalhadores conquistaram em décadas de lutas. E ainda dizem que isto é para o bem dos trabalhadores - protestou o senador. ".
Cândido também abordou o surgimento do "desemprego intelectual", que ocorre quando uma pessoa passa a trabalhar em uma área diferente daquela para a qual estudou, em empregos piores ou cai no mercado informal. "Estatísticas da Unicamp revelam que os trabalhadores informais representam hoje a metade do mercado brasileiro. São 25,2 milhões de pessoas, ou 48,4% do total", disse o senador. Ele sugeriu como solução para o desemprego a redução da jornada de trabalho, o aumento dos salários e a limitação das horas extras.

21/10/1999

Agência Senado


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