CCJ aprova indicação de juiz federal para o STJ



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou nesta quarta-feira (30) relatório do senador José Jorge (PFL-PE) favorável à indicação do juiz José de Castro Meira, do Tribunal Regional Federal com sede em Recife, para ocupar o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Caso tenha seu nome confirmado pelo Plenário, ele ocupará vaga do ministro Milton Luiz Pereira, que se aposentou recentemente.

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que conheceu Castro Meira como juiz federal em Aracaju (SE), quis saber qual a posição do juiz sobre as soluções possíveis para resolver o problema da lentidão da Justiça brasileira e do grande número de processos nos tribunais superiores.

Castro Meira destacou que medidas como o efeito vinculante são polêmicas, inclusive dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), já que alguns ministros julgam que o instrumento retira a autonomia da primeira instância de jurisdição. O juiz acredita que a melhor solução seria a de limitar a admissibilidade de recursos ao segundo grau, colocando como condição para apelação, por exemplo, o depósito de 50% do valor da condenação.

Ao senador João Batista Motta (PPS-ES), Castro Meira ponderou ainda que, caso seja necessário o uso da súmula vinculante, o STF deve receber confiança, pois sempre foi parcimonioso na edição de súmulas e no uso de suas prerrogativas. O indicado também disse à senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) que considera possível a convivência da divisão de prerrogativas entre o STF e o STJ no sistema jurisdicional misto de controle de constitucionalidade brasileiro. Porém, ele reconheceu que o tema é polêmico, já que o Brasil é o único país com sistema misto.

Controle Externo

Em resposta ao senador José Maranhão (PMDB-PB), Castro Meira disse que considera a criação dos juizados especiais federais uma -solução revolucionária- para, de forma simplificada, atender aos interesses das partes, com menos recursos e execução mais rápida das sentenças. Porém, o juiz lamentou que os juizados ainda estejam funcionando improvisadamente, já que os cargos necessários ainda não foram criados.

Ele disse a Maranhão que o temor do Judiciário é que o controle externo proposto -traga malefícios, porque muitos podem ficar tentados a usar esse poder para influenciar as decisões do Judiciário-. Castro Meira entende que é preciso compatibilizar o controle externo com o princípio de autonomia dos poderes.

- Todos queremos transparência para que a sociedade acompanhe as atividades do Judiciário - afirmou o juiz, que destacou ser a sua indicação para o STJ a primeira do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, -que está buscando trazer novas esperanças para o país-.

O instrumento do habeas data , criado pelo Constituição de 1988, disse o juiz ao senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), não vem sendo utilizado graças à prática democrática, que passou a fazer parte do dia-a-dia da sociedade. Na Assembléia Constituinte, avaliou Castro Meira, foi prevista a sua criação tendo em vista o regime autoritário, que se recusava a oferecer certas informações aos cidadãos.

O juiz também sugeriu ao senador César Borges (PFL-BA), que a reforma do Judiciário seja analisada por uma comissão permanente do Senado, que possa apresentar soluções em curto prazo para questões da Justiça brasileira. O senador disse esperar que o juiz, apesar de haver passado os últimos anos em Recife, mantenha as ligações com a Bahia, seu estado natal.

Ao senador Almeida Lima (PDT-SE), Castro Meira esclareceu que sempre manteve excelente relacionamento com advogados de Sergipe. Os senadores Amir Lando (PMDB-RO), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) também elogiaram a escolha de Castro Meira para o STJ e desejaram sucesso ao juiz.



30/04/2003

Agência Senado


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