CCJ APROVA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aprovou em votação simbólica nesta quinta-feira o parecer do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre o projeto de lei complementar que trata da responsabilidade fiscal nas três esferas do poder público. O projeto, que agora segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), restringe gastos acima das receitas por parte de prefeitos, governadores e do Presidente da República, e prevê punições aos que desrespeitarem a nova legislação.O texto não foi modificado, apesar das emendas apresentadas pelos senadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Pedro Simon (PMDB-RS). Álvaro Dias defendeu a manutenção do texto na íntegra, a fim de que a matéria não voltasse para a Câmara dos Deputados, correndo o risco de não ser aprovada ainda este ano.- Precisamos evitar o abuso nos gastos em decorrência das eleições municipais - explicou Dias. Em quatro emendas, Dutra buscou corrigir o que considerou "infringências" às atribuições constitucionais do Senado. Ele argumenta que o projeto retira do Senado o poder de definir o volume de endividamento dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Simon procurou eliminar do texto a palavra "incentivo" por entender que seria redundante incentivar a participação popular no processo de elaboração das leis orçamentárias. Segundo o senador, " a população está perfeitamente incentivada a participar dos diversos processos de gestão pública."Os senadores também avaliaram o projeto do ponto de vista da sua eficácia. Álvaro Dias o considera a mais importante iniciativa do governo destinada a estabilizar a economia. Ele observou ainda que a nova Lei de Responsabilidade trará resultados do ponto de vista social, uma vez que o endividamento seria a causa do aumentos dos juros e da recessão.- Se não reduzirmos o endividamento, comprometeremos o futuro do País e todo o sacrifício que estamos fazendo será em vão - disse o relator.Mesmo questionando a constitucionalidade de alguns artigos, Dutra elogiou as regras propostas para garantir austeridade no trato dos recursos públicos, mas disse esperar que a nova legislação seja realmente cumprida. Dutra questionou a prioridade dada no projeto ao pagamento da dívida, sem que fossem incluídos deveres constitucionais do Estado como a prestação de serviços médicos e educacionais. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) discordou de Dutra, por entender que o pagamento da dívida dá ao Estado a credibilidade necessária em relação aos seus emprestadores.Para o senador Amir Lando (PMDB-RO), a nova lei é extremamente rígida no estabelecimento de limites de gastos e endividamento, independente do desenvolvimento da região. Ele antevê que os governos federal, estaduais e municipais vão ingressar numa era de muitos conflitos. Simon concorda que o aperto será muito grande e sugeriu uma regra de transição, rejeitada por Dias. O relator entende que o governo federal deve promover, à parte, o saneamento financeiro dos municípios. O senador Luiz Estevão (PMDB-DF) acha que a nova lei deverá ser emendada para corrigir falha de redação que restringe gastos do governo do Distrito Federal em proporção acima dos estados.

24/02/2000

Agência Senado


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