CCJ aprova relatório de Cabral à reforma do Judiciário



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) deu início nesta quarta-feira (28) à votação da reforma do Judiciário, ao aprovar o relatório do senador Bernardo Cabral (PFL-AM) às propostas de emenda à Constituição sobre o assunto. Para concluir a votação do parecer ainda serão analisados, em reunião marcada para a próxima quarta-feira (5), às 9h, os pedidos de destaque formulados por integrantes da comissão para votação em separado de grande parte das 247 emendas apresentadas.

Na opinião de Cabral, as propostas contidas em seu parecer têm a função de garantir que o Judiciário possa atuar com mais agilidade. Ele ressaltou ainda que o Senado pretende que, paralelamente à tramitação da emenda constitucional, seja aprovada também nova legislação infra-constitucional com esse objetivo.

- O ponto fundamental dessa reforma é combater a lentidão da Justiça. Hoje, a maior praga, segundo todos os que militam no Judiciário, é a morosidade no deslinde das controvérsias e no julgamento das questões - afirmou Cabral após a reunião da CCJ.

Uma das principais mudanças contidas na proposta de Cabral é a extensão dos efeitos da súmula vinculante ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). No texto aprovado pela Câmara, teriam efeito vinculante apenas as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). O relator disse que a medida justifica-se pelo "volume excessivo" de causas que é analisado por esses tribunais.

O Conselho Nacional de Justiça é outra inovação contida na reforma do Judiciário. A sua composição ainda será definida quando for feita a discussão das emendas às propostas de Cabral, mas o relator adiantou que essa é uma "velha aspiração da sociedade" para que exista, no âmbito do Judiciário, um órgão destinado a exercer o controle das medidas tomadas.

PRECATÓRIOS

Outra inovação da proposta de Cabral, fruto de sugestões encaminhadas ao relator pelo STJ, refere-se à transformação dos precatórios judiciais em títulos de sentença judicial. "Essa é uma forma de fazer com que o credor, que passa a vida inteira sendo caloteado, possa agora ver o seu precatório pago em 10 meses", afirmou Cabral.

Diferentemente da proposta da Câmara, Cabral também alterou as normas para nomeação de ministros para o STF pelo presidente de República. O relator sugere que seja adotada uma "quarentena" pela qual só poderá ser indicado para ministro do Supremo quem, nos últimos três anos, não tiver ocupado os cargos de presidente e vice-presidente da República, senador, deputado federal, procurador-geral da República ou advogado-geral da União. Ele afirmou que a medida é importante para que as nomeações para o STF não sejam "timbradas pela amizade que possa haver com o presidente da República".

Cabral destacou ainda que o seu parecer ataca o problema do nepotismo no Judiciário e amplia a autonomia concedida às procuradorias estaduais, pontos que não foram enfrentados na proposta aprovada na Câmara.

- Precisamos ter em mente que o Senado é uma Casa revisora, que precisa, quando não confirmar, melhorar o que veio da Câmara. A reforma avança no Senado, mas acredito que já poderia ter sido votada na CCJ. Há que haver a compreensão de que nem todos os senadores estão ainda, infelizmente, devidamente enfronhados em uma matéria difícil como essa - afirmou Cabral, que espera que a votação possa ser concluída na próxima semana.

28/11/2001

Agência Senado


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