Ciro admite governo de coalizão








Ciro admite governo de coalizão
Candidato da Frente Trabalhista vê acordo como uma solução para o Brasil

Segundo colocado na corrida presidencial, conforme a última pesquisa Ibope, o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, afirmou que ''seria maravilhoso, seria o ideal para o Brasil'' um governo de coalizão nacional, de que participassem ele e o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Na pesquisa, pela primeira vez Ciro aparece empatado com Lula na simulação para o segundo turno.

O assunto tem encontrado eco no alto escalão da campanha petista, como avaliam assessores próximos ao presidente de honra do partido. Oficialmente, Lula vem dizendo que não se importa com quem travará a disputa à Presidência se chegar ao segundo turno. ''Ciro, Serra ou Zé Maria, tanto faz'', disse o petista, ignorando Anthony Garotinho (PSB).

Ciro, em visita ao Rio, falou ao Jornal do Brasil sobre a possibilidade de uma aliança capaz de editar com o PT um governo que reunisse as duas maiores forças eleitorais que emergissem das urnas em outubro. ''O ideal para o Brasil é uma ampla aliança de centro-esquerda. A mesma que eu propus por escrito a Lula ainda no início do ano'', confirmou Ciro.

Um governo de união nacional, para ele, permitiria também a participação das bancadas federais e estaduais dos partidos que integram as bases eleitorais de ambos os candidatos. ''A possibilidade de uma aliança é bem-vinda, pois os problemas do Brasil são graves e emergenciais'', acrescentou.

Segundo a assessoria de Lula, porém, a preocupação do petista no momento ''é chegar ao segundo turno''. ''Depois é outra história, sobre a qual o candidato prefere não falar neste momento'', afirmou o assessor de imprensa da campanha, Ricardo Kotscho. Mas no âmbito interno, a articulação efetivamente ganha o apoio de segmentos do partido. No comitê, na avaliação de um dos coordenadores, a subida de Ciro não o transformará em alvo. Quem exerce o papel é o candidato do governo, José Serra.

Esse ponto-de-vista é coincidente com o de Ciro. Ele voltou a garantir ontem que não irá atacar Lula. ''Nem agora, nem nunca. Tenho um apreço, uma estima, um respeito tão grande, que minhas diferenças com ele serão discutidas estritamente no campo político'', adiantou o presidenciável do PPS.

A ascensão constante do candidato da Frente Trabalhista nas sondagens não é suficiente para fazê-lo comemorar os resultados. Sequer acenos recebidos por descontentes dentro das coligações rivais. Que não são poucos. ''Quem são, eu não digo'', negou, sorrindo.

O máximo a que o presidenciável do PPS se permitiu foi associar seu bom desempenho a erros dos adversários. ''Temos um planejamento, uma estratégia. Lá atrás, por exemplo, todo mundo foi correr atrás de pesquisa, queimar o tempo eleitoral na televisão, um equívoco. Não se lê pesquisa desse jeito. Por isso pedi que marcassem meus programas para junho'', afirmou. O mesmo planejamento o leva a não temer o início do horário político gratuito.

Ciro insistiu em negar o apoio a Collor na luta pelo governo de Alagoas. ''Uma seçãozinha local do PPS, por conta, dizem eles, da verticalização, fez um acordo na eleição proporcional com o PRTB, que vem a ser o partido do Collor. Antes, agora e sempre, o meu candidato lá era e é o doutor Geraldo Sampaio, do PDT'', disse, classificando a comparação com o ex-presidente de ''suspeição injusta''.


FH tenta socorrer Serra
Pesquisa que mostra tucano em 3° lugar serve de alerta para governo

BRASÍLIA - A partir de agora, o governo será o principal cabo eleitoral do tucano José Serra. Esta é a principal conseqüência dos resultados das últimas pesquisas, que mostram Ciro Gomes (PPS) firmando-se no segundo lugar, enquanto Serra patina ou cai a cada nova avaliação.

Ontem, foi divulgada pesquisa do Ibope que mantém o petista Luiz Inácio Lula da Silva na liderança, com 33%, seguido de Ciro, com 22%, Serra com 15% e Anthony Garotinho (PSB), com 10%. Na pesquisa anterior, no início do mês, Lula tinha 34%, Ciro, 18%, Serra, 17% e Garotinho, 12%. Mas a principal novidade de ontem é que, pela primeira vez na simulação de segundo turno, alguém supera Lula, ainda que num quadro de empate técnico. Segundo o Ibope, Ciro teria 44%, contra 43% do petista. Nas simulações contra Serra e Garotinho, Lula vence por 48% a 37% e por 50% a 32%, respectivamente. Foram ouvidos pelo Ibope 2 mil eleitores entre 12 e 14 deste mês. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

O Ibope divulgou também a avaliação dos candidatos nas entrevistas ao Jornal Nacional, na semana passada. Lula e Ciro foram considerados os melhores por 15%; Serra, por 7%; e Garotinho por 5%. Os demais não sabem ou não viram as entrevistas

Diante das dificuldades de Serra, o presidente Fernando Henrique vai entrar na campanha, além de apressar a adoção de medidas populares nas áreas de emprego e habitação. A proposta de Serra de descontar os juros pagos pelos mutuários da casa própria no Imposto de Renda está sendo avaliada. FH vai, também, concluir até dezembro, obras do programa Avança Brasil.

O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), esteve ontem à noite no Planalto. Na linha do que o comando tucano já decidira, pediu maior engajamento do governo, ''antes que seja tarde''. Geddel foi adiante: ''O governo precisa mostrar que tem candidato para levá-lo ao segundo turno. Isso também vale para Serra'', que teria que assumir, sem reservas, que é o candidato do Planalto.

As propostas de mudança vão no sentido da linha aprovada pelo alto comando tucano. A diferença de sete pontos percentuais separando Ciro de Serra funcionou como alerta, inclusive para o presidente Fernando Henrique, admitem assessores do Planalto. Geddel reclamou da desorganização da campanha, lembrando que no comício de Serra em Barreiras (BA), não foi informado. ''Ele (Geddel) não foi avisado porque em campanha tudo é muito ágil'', disse o deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), coordenador da campanha.
A reação de Pimenta à queda de Serra foi mal disfarçada. Ele classificou o tropeço do tucano como ''uma pequena oscilação que não pode ser caracterizada como queda''. Disse que Serra não ficará fora do segundo turno.

A ofensiva do presidente deu ontem o primeiro resultado. O governador de Rondônia, José Bianco (PFL), candidato à reeleição, tido como certo na lista de Ciro, declarou que apoiará Serra ''por tudo que ele já fez ao estado quando ocupou a pasta da Saúde''.


Candidatos enfrentam ameaça de impugnação
Governadores como o paulista Alckmin estão na lista

BRASÍLIA - Pelo menos 10 candidatos aos governos estaduais e uma centena de pretendentes a outros mandatos já estão na berlinda dos tribunais regionais eleitorais. Na lista, estão os governadores que disputam a reeleição em São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos (o Zeca do PT), no Maranhão, José Reinaldo (PFL), e no Acre, Jorge Viana (PT). O número ainda deve aumentar, porque o processamento de um terço dos 18.151 registros de candidaturas ainda está pendente em alguns TREs, e o prazo de cinco dias para pedidos de impugnação é contado a partir da publicação das listas no Diário Oficial. Não houve pedidos de impugnação para os candidatos à Presidência.

Os motivos alegados para as impugnações, que devem estar julgadas pelos TREs até 23 de agosto, vão do descumprimento de prazos ao abuso de poder econômico e político. A maioria dos pedidos parte do Ministério Público e de partidos adversários, mas também há casos em que os próprios parceiros de legenda tomam a iniciativa. É o caso da direção nacional do PMN, que pediu a impugnação da chapa majoritária do partido no P araná, encabeçada pelo professor Benedito da Silva, para garantir o apoio ao candidato do PT, Padre Roque Zimermann. No Paraná, Beto Richa (PSDB) é acusado de envolvimento em suposto caixa-dois da campanha de reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), e o ex-governador Álvaro Dias (PDT) foi denunciado por usar indevidamente a denominação ''Frente Trabalhista''.

O governador de São Paulo,Geraldo Alckmin, enfrenta processos de impugnação do PPB e do PT, para os quais ele não poderia disputar uma segunda reeleição, uma vez que assumiu o governo nos dois últimos mandatos. Em Mato Grosso do Sul, os dois principais candidatos fizeram denúncias recíprocas: o governador Zeca do PT é acusado de trocar o vice após a convenção; a deputada Marisa Serrano (PSDB) teria participado indevidamente de programa partidário. No Maranhão, o PSDB tenta impugnar a aliança do PMDB com o PFL, que apóia José Reinaldo. No Acre, Jorge Viana é acusado de uso da máquina e abuso de poder econômico. Seus adversários apresentaram mais de 700 evidências, como preservativos e escovas de dentes com símbolos que identificam o governo. No Piauí, Acilino Ribeiro (PPS) pode ser impugnado por irregularidades no Instituto de Terras do Piauí em sua gestão. A candidatura ao Senado do ex-governador, Francisco de Assis Moraes, o Mão Santa, também está ameaçada.


Lula promete reativar a Sudene
Petista fala em conjunto de políticas públicas para acabar com a fome e o desemprego no Nordeste

JOÃO PESSOA - O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu ontem, em João Pessoa, executar o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, reativar o Proálcool e reabrir a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), transformada em agência de desenvolvimento pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele também afirmou que, caso seja eleito, vai implementar um programa com vistas a facilitar o primeiro emprego a jovens brasileiros.

''É preciso um conjunto de políticas públicas para acabar com a fome e gerar empregos'', disse. ''O projeto de transposição está em debate desde 1847 e, até hoje, não foi executado, por questões políticas. Nós precisamos resolver o problema da seca sem brigar com a seca, que é uma coisa de Deus e um problema da natureza'', afirmou.

O candidato do PT pretende reunir especialistas de universidades nordestinas para lhes pedir que apresentem soluções para a seca, entre as quais a transposição. Lula voltou a afirmar que vai reativar Proálcool, sem repetir os erros do passado. Segundo ele, o programa é uma forma de reativar a cultura canavieira, principalmente no Nordeste, gerando empregos e renda.

O candidato petista passou o dia na capital paraibana, onde almoçou com empresários e recebeu o apoio do governador Roberto Paulino (PMDB) e da cúpula peemedebista no Estado. Foi recebido pelo presidente da Assembléia Legislativa, Gervásio Maia, por dez deputados do PMDB e do PFL e vários prefeitos. O petista chegou a João Pessoa às 10h e seguiu em carreata pelas principais ruas da cidade. Ele participaria de um comício na Zona Sul da cidade. Em almoço com os empresários, Lula disse que vai fazer a reforma tributária no Brasil logo no primeiro ano de um eventual governo.

''No primeiro ano de mandato, vou enviar uma proposta de reforma tributária com justiça social, ao Congresso Nacional e quero acabar com o efeito-cascata nos impostos'', disse. ''Se ganhar, vou pegar as experiências de política tributária da sociedade e constituir um núcleo de trabalho, com prazo determinado para apresentar um projeto ao Executivo.'' Ele prometeu alterar os juros e na política de comércio exterior. Repetiu ser contrário à Área de Livre Comércio da Américas (Alca) da forma como querem os Estados Unidos e garantiu que vai criar uma Secretaria Especial de Comércio Exterior para cuidar apenas de exportações.


Benedita caça votos em território inimigo
Governadora visita três cidades na Baixada Fluminense

A governadora do Rio e candidata à reeleição, Benedita da Silva (PT), começou ontem a correr atrás dos votos da Baixada Fluminense. Ela fez corpo-a-corpo com moradores de três cidades consideradas redutos eleitorais da adversária Rosinha Garotinho, candidata pelo PSB, e do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito. Mais novo dissidente do PSDB, Zito se aliou ao candidato da Frente Trabalhista, Jorge Roberto Silveira (PPS-PDT-PTB), concorrente direto de Benedita nas intenções de voto, segundo as pesquisas recém-divulgadas.

''A campanha do PT é uma campanha de rua, independentemente de começar pela Baixada'', disse Benedita, durante passeio no ''calçadão'' de Meriti, ao ser questionada sobre sua estratégia. Antes da caminhada, ela subiu em um caminhão de som e fez um breve discurso para cerca de 400 pessoas numa praça. ''Não sou camaleão, portanto não tenho duas faces. Então coloco em questão o que é possível ser feito. Não fazemos uma política de 'denuncismo'. Estou tranqüila para essa campanha'', afirmou Benedita.

Embalada no discurso, Benedita prometeu lutar para instalar ar condicionado nos trens que fazem o percurso entre a cidade e a capital, uma grita antiga dos moradores da região que se deslocam para trabalhar no Rio.
Sem citar nomes de adversários, ela criticou as pessoas que usam o tema da segurança pública para atacar seu governo. ''O Estado do Rio tem jeito. Aqueles que fizeram o discurso fácil de segurança não foram capazes de colocá-lo em prática. A segurança é uma questão que não é apenas uma responsabilidade do Estado, mas uma parceria com a população'', explicou.

Evangélica, a governadora recorreu à história de Cristo para destacar seu projeto de assistência à juventude. ''Ele era um jovem que pregou e cumpriu sua missão. Temos que ter uma política para os jovens''.


FH promete criar maior reserva tropical mundial
Parque do Tumucumaque (AM) terá 3,8 milhões de hectares

BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu criar, até agosto, a maior reserva de floresta tropical do mundo, o Parque Nacional do Tumucumaque, que ocupará 3,8 milhões de hectares do Amapá. ''Tenho força de persuasão. E, se não tiver, tenho poder'', disse o presidente sobre a legalização da reserva, durante o lançamento da Agenda 21, com metas para o desenvolvimento sustentável. A reserva terá uma área impressionante: o Estado do Rio, por exemplo, ocupa 4,3 milhões de hectares.

Decretos assinados ontem criaram mais de um milhão de hectares em novas reservas. No Amazonas, a Resex do Rio Jutaí, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto em São Paulo e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, na divisa entre Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins. Fernando Henrique pediu a aprovação rápida do protocolo de Quioto no Senado Federal, para ratificá-lo antes da Cúpula de Johanesburgo, ou Rio + 10, em agosto, na África do Sul.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, se a Rússia também ratificar o Protocolo, ele alcançará a adesão de 55% dos países. Isso dispensaria a assinatura dos Estados Unidos para fazer valer o acordo mundial sobre emissão dos gases responsáveis pelo aquecimento global.

O ministro voltou a atacar a tentativa de centrar os debates da Rio + 10 no combate à pobreza, excluindo a discussão dos problemas ambientais causados pelos padrões de produção e consumo dos países desenvolvidos. ''Filantropia internacional não é combate à pobreza'', disse Carvalho. ''É 'perenização' da pobreza''.

Na Cúpula, a América Latina defenderá a proposta brasileira de que, até 2010, 10% da matriz energética global seja extraída de fontes renováveis. No plano nacional, o governo defende, ainda, a aprovação no Congresso do projeto para proteção da Mata Atlânti ca.


Artigos

Assalto intelectual
Octávio Costa

Ganha terreno na internet o debate sobre plágio de conteúdo jornalístico. Pelas infinitas possibilidades que abriu aos usuários, a Web tornou-se caminho ágil e fácil para a apropriação indébita de textos. No site Comunique-se, Mário Lima Cavalcanti informa que o assunto está em ebulição. ''Seja de textos escritos ou de imagens, o número de plágios no meio on line cresce na mesma velocidade que a internet''. Mário adverte que é um engano pensar que aqueles que copiam textos não sabem o que fazem. Dá o exemplo de dois órgãos da imprensa americana que demitiram colunistas porque copiaram parágrafos inteiros sem citar a fonte.

Pela troca de chumbo que o artigo provocou, ficou evidente que o Brasil também foi infestado pelo vírus do plágio. Em seus comentários, vários jornalistas lembraram casos semelhantes nos quais notícias (e até furos de reportagem) foram republicadas sem qualquer preocupação com os direitos autorais. O mal está fora de controle. Os abusos são incontáveis e vão além, muito além, da imprensa. Até teses de mestrado já foram surrupiadas. Vicente Tardin, editor do Webinsider, tentou explicar o fenômeno: ''Existe uma certa confusão entre informação livre e cópia de conteúdo. Quem copia textos de sites de conteúdo está na verdade vendendo um pastel cujo recheio não é dele''.

Não há o que confundir. Na internet ou fora dela, plágio é a apropriação indébita de obra intelectual. É um assalto. E como tal deve ser coibido e denunciado. Se recorro ao texto de Mario Lima Cavalcanti como gancho, tenho obrigação de passar esta informação ao leitor. Infelizmente, porém, alguns jornalistas se fazem de desentendidos. Há alguns anos, surpreendi-me com um colega que copiava parágrafos inteiros de jornais e revistas sem a obrigatória referência à fonte. Perguntei-lhe o motivo e recebi de volta o seguinte disparate: ''Não é necessário. Aqui não temos esse costume''. Costume? Só se é um hábito copiar textos, montar uma colcha de retalhos com trabalho alheio e assumir a autoria. Diante de tamanha desfaçatez, preferi não voltar mais ao assunto.

De minha parte, considero muito estranho que jornalistas copiem textos sem citar a origem. É uma punhalada na profissão (pelas costas). Afinal, vivemos dos textos que produzimos. De nossa capacidade e competência para levantar informações, fazer entrevistas, analisar fatos e emitir opiniões. Quando colegas preguiçosos se apropriam indevidamente do trabalho alheio, a profissão corre grave ameaça. O plágio no jornalismo exerce o mesmo efeito deletério que o CD pirata na esfera da música.

É fundamental que os jornalistas se mantenham bem informados. Hoje, graças à internet, é possível acompanhar edições on line dos principais jornais, como The New York Times, The Wall Street Journal, Clarín, El País, Le Monde, Le Figaro e Financial Times. Para quem não abre mão de exemplares impressos, livrarias e bancas mais sofisticadas vendem revistas como The Economist, Time, Newsweek, Business Week, Forbes, L'Express, Focus, Der Spiegel, Panorama, o suplemento literário Babelia (de El País e o Courrier International.

Fontes não faltam. Mas é um dever citá-las. Quem não o faz acha que o brasileiro é um monoglota, ignorante e otário. Um dia a casa cai. E os plagiadores serão apanhados em flagrante delito.


Editorial

FIM DA ARROGÂNCIA

Apareceu o nome palatável para a extorsão dos empresários de ônibus em Santo André: Ronan Maria Pinto, um dos integrantes do consórcio, confirmou à CPI da Câmara dos Vereadores que havia um encarregado de receber mensalmente dinheiro dos empresários. Mas era ''aporte financeiro'' para ajudar as empresas em dificuldades.

Antes, a operação se destinava a fazer troco para as empresas. O gerente do esquema confessou à CPI que o gerente corria mensalmente os sócios para arrecadar fundos. A CPI apertou a contradição e revelou o fato que obriga o PT a repensar a posição intransigente mas insustentável à luz dos indícios. Os dirigentes do PT retiraram-se do palco antes que a apuração comprometesse, não suas figuras de projeção política, mas gente local no que já caracteriza o esquema de arrecadação de dinheiro ''por fora''.

A lição do episódio é que nenhum partido, quando no exercício do poder, pode se considerar imune às práticas tradicionais da corrupção administrativa. Essa arrogância ética gera a cegueira de que aventureiros e inescrupulosos se aproveitam. Nenhum partido pode jurar pelos que exercem poder público. No caso de Santo André, os dirigentes do partido encamparam um pressuposto de honestidade que está se desmanchando. Não adianta a direção do PT primeiro negar e depois silenciar.

O PT até agora deu a impressão de que a disposição de apoiar a apuração de suspeitas alheias é automática, mas inadmissível quando a situação se inverte e envolve administração sob sua responsabilidade. Toda vez que paira sombra de suspeita na administração de outros, não falta apoio do PT. Convém, no entanto, que seus dirigentes entendam que não pode haver suspeita sem apuração rigorosa. E falem francamente que admitem, apóiam e colaboram no esclarecimento de qualquer caso em que a suspeita tenha o carimbo do PT.


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07/17/2002


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