Ciro culpa PT pela divisão da esquerda







Ciro culpa PT pela divisão da esquerda
Com um discurso recheado de críticas ao pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, acusou o partido do adversário de “incompetente e sem propostas para o País” e definiu Lula como o “candidato derrotado”. Ciro passou três horas, ontem, no Recife, antes de seguir para Campina Grande e João Pessoa (PB). Ele responsabilizou o PT pelo fato de a esquerda não ter conseguido se unir em torno de um único palanque e disse que é impossível continuar apoiando o partido.

“Todos nós ajudamos o PT. Agora, chega! É hora de eles ajudarem o País. O PT deveria fazer um apelo à unidade, ao invés de impor a candidatura de Lula. Deveriam aceitar outras variáveis, pois Lula está cada vez mais fragilizado. O PT não percebe isso e teimosamente, com seu mesmo candidato e seu mesmo não-programa, virou a oposição escolhida para perder”, disse, avaliando a relação José Serra (PSDB) e Lula como simbiótica. “A simbiose é um tipo de parasitismo onde dois corpos, embora antagônicos, dependem um do outro para sobreviver.”

Ciro Gomes descredenciou o resultado da pesquisa divulgada anteontem pela Sensus/CNT, apontando empate técnico entre a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e Lula, além do crescimento de Serra. “Esse instituto é dirigido por um cidadão do PFL, Clésio Menezes. Não tem credibilidade e está aí para fazer o serviço do PFL”, disparou. Sobre as demais pesquisas, que sempre o apontam com variáveis de 7% na intenção de votos, Ciro disse que “pesquisa é coisa para marqueteiro, não para político”.

A aliança entre o PT e o PL também serviu de munição para a artilharia pós-comunista. “Todos têm que fazer aliança para governar. Porém, o PT passou a vida inteira de forma sectária, excludente, querendo ter o monopólio moral. Não concordo misturar igreja com política e Lula estava, na última semana, orando de mãos dadas com o bispo do PL”, criticou, ressaltando, porém, que o PL sempre agiu de forma íntegra quando esteve no seu palanque, em 1998.


TSE muda a regra das coligações
Respondendo a uma consulta, TSE decide, por cinco votos contra dois, que as coligações estaduais terão que seguir as alianças nacionais

BRASÍLIA – A menos de oito meses das eleições de outubro, e contra a vontade da maioria dos partidos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mudou ontem à noite as regras do jogo, obrigando a repetição das coligações nacionais nos Estados. De norte a sul do País, os partidos já faziam alianças nos Estados completamente descasadas das coligações nacionais. A decisão foi tomada a partir de consulta feita, em agosto, pelos deputados do PDT Miro Teixeira (RJ), Fernando Coruja (SC), Pompeo de Mattos (RS) e Roberto Batocchio (SP).

Agora as negociações voltam à estaca zero e as conseqüências são imprevisíveis: tanto pode forçar a formação de uma ampla aliança em torno dos candidatos a presidente, quanto inibir essas alianças em nível nacional, para dar liberdade às regionais.

O governador do Rio, Anthony Garotinho, pré-candidato do PSB à Presidência, considerou a decisão um duro golpe. “É um verdadeiro AI-5. A decisão muda as regras do jogo no meio do campeonato”, disse. Ele quer uma reunião dos partidos para tentar mudar a decisão e avisa que o PSB recorrerá ao Supremo Tribunal Federal.

O PT reagiu da mesma forma: “Isso é uma arbitrariedade, antidemocrático, ilegítimo, um casuísmo. Vamos recorrer ao Supremo disse o presidente do partido”, deputado José Dirceu (SP).

O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse que a pré-candidata do partido à Presidência, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, não será abalada. “Quem ganha eleição é voto, não regra. Roseana tem voto. E ganhará com qualquer regra”, disse.

O presidente do PTB, José Carlos Martinez, disse que não fechará alianças regionais e lançará candidatos em todos os Estados. O presidente do PL, Waldemar Costa Netto, disse que a mudança é inconstitucional e favorece o PSDB. “O PSDB tem a máquina, tem o poder nas mãos. Daqui de Brasília pode, usando a força, fazer a coligação nacional que melhor atenda aos interesses do seu candidato.”

Antes mesmo de conhecer a decisão do Tribunal, o Congresso já havia entrado em ebulição na tarde de ontem, depois que representantes de sete partidos de oposição (PT, PSB, PPS, PCdoB, PL, PSC e PRTB) visitaram o presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, e ouviram dele que a mudança era iminente.


Serra está de volta ao senado
De volta ao Senado, após mais de quatro anos no Ministério da Saúde, José Serra (PSDB-SP) deixou claro que atuará mais como candidato à Presidência. Mesmo sendo especialista em temas econômicos, ele elegeu a violência como prioridade. Depois de anunciar que pretende criar o Ministério da Segurança Pública, se eleito, disse que já leu os 256 projetos sobre o tema que estão na Comissão Mista de Segurança Pública.


Convenção do PMDB será dia 8
A Executiva Nacional do PMDB marcou para 8 de março, em Brasília, a convenção extraordinária. O encontro servirá para confirmar ou não as prévias, previstas para 17 de março, que definirão se o partido terá candidatura própria à sucessão de FHC. Hoje à tarde, o governador Itamar Franco, o senador Pedro Simon e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, vão à sede do partido para registrar suas candidaturas.


Siqueira procura acalmar oposição
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), afirmou, ontem, que a unidade das oposições é condição à sobrevivência política das esquerdas no Estado. Ele disse que os partidos de oposição têm “força equivalente” para o pleito. Siqueira disse que desconhece o papel que o deputado José Queiroz, do PDT, deseja atribuir ao PCdoB no processo de costura da unidade, mas adiantou que os comunistas já vêm exercendo um pouco a função de mediadores.


Jarbas convoca tropa de choque para reunião
Governador se reúne hoje com os líderes dos partidos aliados na Assembléia para ouvir as queixas da base. Para o encontro, convocou Mendonça Filho, Dorany Sampaio e Sérgio Guerra

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) convocou a sua tropa de choque para a reunião de hoje com os líderes dos partidos aliados na Assembléia Legislativa. Ontem, durante a inauguração de um posto do Expresso Cidadão, em Olinda, Jarbas disse que o encontro de hoje servirá para aparar as arestas na base e que, para isso, contará com a ajuda do vice-governador, Mendonça Filho (PFL), do secretário de Governo e presidente do PMDB, Dorany Sampaio, e do secretário de Projetos Especiais e homem forte do PSDB no Estado, Sérgio Guerra. “Mandei convocar os três, que representam partidos grandes e vão me ajudar durante a reunião”, explica.

O governador diz compreender as “inquietações” na base, principalmente em relação à composição da chapa proporcional, mas afirma que os deputados precisam ter um pouco de paciência. “Ainda não tenho uma definição sobre o chapão. Tenho um prazo, que está acabando. Mas com calma vamos chegar ao final de março ou início de abril com o assunto resolvido”, garante.

Apesar de ainda não ter tomado uma posição, Jarbas afirma que já tem mantido conversas em relação à composição da proporcional. “Eu iniciei as minhas conversas. Tenho falado com algumas pessoas, mas ainda há muito o que dialogar, muito a conferir”, afirmou o governador

O maior problema para a composição da chapa proporcional está no fato de o PSDB e o PPB – que fecharam um acordo no ano passado – não aceitarem compor com o PFL e o PMDB, que defendem o chapão. “Sou favorável a uma chapa única. Esse negócio de um aqui e três acolá não dá certo. Ou sai tudo junto ou é cada um por si. Essa é a posição do PMDB”, ameaçou, por sua vez, o secretário de Governo, Dorany Sampaio.

Pela manhã, antes de o TSE analisar a consulta sobre a verticalização das alianças – que prevê que os acordos fechados nacionalmente têm que ser reproduzidos nos Estado –, Jarbas criticou a possibilidade de a medida ser aprovada, o que terminou acontecendo no final da noite de ontem. “Da forma como está apresentado sou contra. A medida fere a Constituição, que determina que qualquer mudança na Lei Eleitoral só pode ser feita um ano antes do pleito. Sou a favor das coligações, mas que sejam feitas de negociações e não impostas de cima para baixo”, atacou o governador.


Colunistas

PINGA FOGO - Inaldo Sampaio

Desarrumação geral
Está nas mãos do ministro Nélson Jobim, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o destino de muitos candidaturas às eleições de outubro próximo, particularmente em Pernambuco. Até amanhã, no máximo, o TSE deverá posicionar-se oficialmente sobre esta consulta formulada há um ano por três deputados do PDT: é possível fazer uma coligação nacional de um jeito e em nível estadual de outro?

O ministro antecipou ontem para os presidentes dos partidos de oposição que o Tribunal está dividido em relação a esta matéria: três ministros são contrários às coligações verticais e outros três são a favor, cabendo-lhe portanto o voto de minerva, que será pela obrigatoriedade de se reproduzir no âmbito dos estados as mesmas coligações que forem celebradas para as eleições nacionais.

Se a decisão for realmente esta, vai complicar a vida de muita gente, a começar pela do governador Jarbas Vasconcelos, salvo se houver aliança no plano nacional entre o PSDB (Serra), o PFL (Roseana) e o PMDB (?). Isso pela impossibilidade de haver coligação entre os partidos políticos que o apóiam. Quem não ficará muito prejudicado é Roberto Freire (PPS), Carlos Wilson (PDT) e José Queiroz (PDT) porque poderão reproduzir aqui a mesma aliança nacional.

De novo o Ceará
Pela 2ª vez em uma semana o deputado pefelista Geraldo Coelho foi à tribuna da Assembléia Legislativa tecer elogios ao Ceará. Destacou o fato de existirem no interior daquele Estado duas faculdades de Medicina (Sobral e Crato), aeroporto, estradas e hotéis de 1º mundo, e uma enorme barragem (Castanhão) sendo construída com recursos da União. Sobre o Porto de Pecém, que recebeu até agora R$ 300 milhões do OGU, já havia falado na semana passada.

Cabelo e bigode
Por 37 votos a favor e nenhum contra, a Câmara de Vereadores do Recife vai conceder o “título de cidadão” ao ex-governador Miguel Arraes. O projeto foi de João Arraes (PSB). O “velho” já estava muito satisfeito porque a Assembléia Legislativa aprovou sua prestação de contas de 96, que englobava os polêmicos precatórios. Com mais essa agora...

Essa é novidade...
Carlos Lapa (PSB) não deixa passar oportunidade para fustigar o governo estadual. “Já vi de tudo nesse estado ao longo de minha vida pública, mas, avião atolado, só no governo do doutor Jarbas”, disse ele. Referia-se ao boeing da BRA Transportes, que não conseguiu decolar do aeroporto de Caruaru porque uma das rodas afundou na pista.

Filha do prefeito fica em 5º lugar no 1º vestibular
O prefeito Fernando Rodovalho (PSC) estava ontem feliz da vida porque no 1º vestibular da 1ª faculdade que se instalou em Jaboatão (Administração e Marketing) sua filha, Renata, obteve o 5º lugar. Ela já estuda Economia na UFPE.

Prefeito tira licença e passa cargo para o vice
O prefeito de Igarassu Yves Ribeiro (PSB) licenciou-se ontem por 8 dias e passou o cargo para o vice Severino Souza Filho. Já em Paulista o prefeito Speck (PMDB) não pode fazer isto. Brigou com o vice Aguinaldo Fenelon (PPS).

Não sabe o que diz
Do ex-interventor de Jaboatão, Byron Sarinho (PPS), rebatendo a acusação de Nílton Carneiro (PST) de que teria deixado a prefeitura “inadimplente” perante o governo federal: “Não dou a mínima importância a essa acusação absurda. Além de não saber o que é inadimplência, ele é notoriamente um inimputável”.

Discípulo de Serra
O ex-ministro Serra fez escola. Raro era o domingo em que não aparecia na TV para difundir sua candidatura a presidente da República. Agora é a vez do ministro Jungman (PMDB). Ele vai falar hoje, a partir das 7h, durante cerca de 4 minutos, em cadeia regional de emissoras de rádio. Com a mesmíssima finalidade.

“Discurso de liso”, bradaram em coro, ontem, vários deputados estaduais, depois que João Braga (PV) foi à tribuna da Assembléia Legislativa pedir providências à Justiça Eleitoral contra os chamados “boqueiros de urna”. Segundo o deputado “verde”, até o preço do “boqueiro” já está tabelado no Recife: entre R$ 15,00 e R$ 20,00.

A Celpe tem 1,9 milhões de consumidores em Pernambuco e 150 postos de atendimento personalizado para ouvir os reclamos da sociedade. Já a Telemar, com 1,1 milhão de usuários, tem apenas 25. Como esse número é insuficiente, o verdadeiro “balcão de reclamações” contra a empresa é o Procon.

Cansado de tanto “nhém nhém nhém”, o prefeito do Cabo, Elias Gomes (PPS), resolveu agir por conta própria para tentar unir as oposições. Vai propor ao PT que retire a candidatura de Humberto Costa, tal como fez o PSB com Eduardo Campos, para “zerar” o processo sucessório. O senador Roberto Freire apóia esta iniciativa.

O deputado José Marcos (PFL) apareceu ontem pela 1ª vez na Assembléia Legislativa depois que tornou público o seu propósito de não se candidatar à reeleição. Está um pouco mais magro e com os cabelos tingidos e ainda indefinido quanto ao candidato que irá apoiar. Mas o assédio dos colegas é grande.


Topo da página



02/27/2002


Artigos Relacionados


Serra culpa Ciro pela crise

Ciro: ‘Sou o único de centro-esquerda’

Garotinho culpa Ciro por desemprego

Lauro Campos culpa FHC pela crise do Senado

Malan diz que Fazenda não tem culpa pela crise de energia

Lauro Campos culpa FHC pela crise no Senado