Ciro diz que Lula aproveita "fascismo"de Serra
Ciro diz que Lula aproveita "fascismo"de Serra
Candidato do PPS nega possibilidade de renúncia e diz que PT comemora ataques do PSDB contra sua candidatura
Em queda nas pesquisas de intenção de voto, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, culpou ontem o tucano José Serra pelos boatos de que estaria renunciando à sua candidatura e intensificou os ataques a Luiz Inácio Lula da Silva, acusando o PT de tirar proveito dos ataques usados pelo PSDB contra sua campanha.
"A quem interessa? Esse boato não caiu do céu e interessa ao candidato do governo que está desesperado, já gastou bilhões de reais, contrata artista, se esconde e mente feito um pinóquio", declarou em São Paulo.
"A resposta básica é: Ciro, mudança ou problema? Mudança para quem precisa mudar e problema para os corruptos", completou, ironizando o slogan que vem sendo utilizado pela propaganda eleitoral do PSDB.
O mesmo tipo de boato atingiu a candidatura do tucano no início de agosto, quando Serra também patinava nas pesquisas. Na ocasião, os tucanos atribuíram os rumores a aliados de Ciro.
O ex-governador voltou a repetir que o PT, por interesses eleitorais, "desertou de seu dever republicano" ao evitar críticas ao PSDB. "Quando parecia que eu virava uma ameaça ao Lula, o PT desertou da luta republicana e passou a comemorar esses expedientes que foram lançados contra mim e até a reproduzi-los. Foi minha decepção final com o PT."
Na entrevista convocada após a intensificação dos boatos de renúncia- fez questão de afirmar confiança na vitória.
Declarou também que as pesquisas que lhe colocam em terceiro lugar estão sendo usadas a favor do candidato do governo, a quem se referiu como um "clone monstruoso e mal-ajambrado" de Fernando Henrique Cardoso, por usar, ao contrário do presidente, "expedientes fascistas".
"Fernando Henrique, com todos os seus defeitos, não é capaz, e essa homenagem lhe faço, de usar os expedientes fascistas dos quais o senhor Serra tem abusado em usar em matéria de destruição de reputações e escutas telefônicas."
Dizendo que não se guiaria pelos levantamentos, chegou a dizer que, se dependesse de institutos de pesquisas, teria de colocar "a viola no saco".
Em sua avaliação, os boatos sobre sua renúncia e sobre trocas em sua equipe de marketing fazem parte de um "terrorismo de mercado". "Tive notícia de que muita gente ganhou e perdeu dinheiro especulando hoje com esse boato. Terrorismo de mercado."
A Folha apurou, entretanto, que integrantes da Frente Trabalhista sugeriram ao presidenciável que seu cunhado, o marqueteiro Einhart Jacome da Paz, seja pelo menos auxiliado nos programas eleitorais. Ciro discutiria o assunto com Paz, conforme relato de seus aliados, ainda ontem.
Quando os primeiros boatos a respeito de sua substituição surgiram, Einhart não descartou a hipótese de ser ajudado.
Já a campanha de Serra preferiu não se manifestar sobre o assunto. Aliados do tucano afirmam que a acusação não tem fundamento porque a eventual saída do pepessista da disputa beneficiaria Lula.
Indefinição
A candidatura do PPS enfrenta uma crise desde o registro da queda de Ciro para o terceiro lugar nas pesquisas. Após sucessivas reuniões, ainda não há uma definição exata da estratégia a ser seguida pelo candidato, principalmente durante o horário eleitoral gratuito da televisão.
Embora afirmem que o mais acertado seja dar continuidade aos ataques contra Serra, não há consenso na campanha sobre a intensidade das críticas.
Enquanto alguns integrantes da Frente defendem o uso de acusações mais pesadas contra o tucano, outros acreditam que o caminho a ser seguido é apenas o da crítica "respeitosa".
Coordenadores da campanha afirmam ainda terem sido "surpreendidos" pela troca de posições entre Ciro e o tucano. "É preciso ter nervos de aço para passar por isso", disse um deles, diante do compromisso de não ter seu nome revelado. Segundo ele, pesquisas da Frente registravam situação de empate técnico.
Na tentativa de manter o ânimo do grupo, os aliados e o próprio Ciro têm se detido aos índices das pesquisas espontâneas nas quais o nome do candidato não é mencionado pelo entrevistador, o que, em tese, reflete um voto mais consolidado.
No Datafolha, o presidenciável do PPS aparece nesse caso com 10%, contra 11% do tucano.
Há quem, entretanto, não esconda a decepção diante da queda. "O fato é que Lula está muito próximo de ser presidente", afirmou um membro do PFL cirista.
Frente Trabalhista diverge sobre destino político de Ciro
A queda do candidato Ciro Gomes (PPS) nas últimas pesquisas eleitorais expôs divergências na Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) sobre o destino político do presidenciável.
Alguns integrantes do PDT e do PTB já discutem a possibilidade de Ciro retirar sua candidatura antes da realização do primeiro turno. Ciro rejeita a hipótese.
O objetivo seria tentar transferir os votos do candidato para Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e provocar a derrota do candidato do governo, José Serra (PSDB), ainda no primeiro turno.
De acordo com um integrante da cúpula do PTB contrário à estratégia, a proposta ganhou força na Frente Trabalhista. A idéia tem apoio maior dentro do PDT, mas esse petebista afirma que ela já é encampada por membros do seu partido e do PPS.
O assunto foi discutido em uma reunião do PDT no Rio no último domingo. Foi tratado como uma solução extremada, caso Ciro não consiga recuperar os pontos perdidos nas últimas pesquisas de intenção de voto, e Serra se consolide definitivamente no segundo lugar da disputa presidencial.
A possibilidade de renúncia também foi tratada, segundo a Folha apurou, em uma reunião anteontem à noite no apartamento do presidente do PDT, Leonel Brizola, no Rio.
O presidente do PPS, senador Roberto Freire, que estava na reunião, disse que Brizola tratou do assunto ligeiramente, ao analisar a possibilidade de ocorrerem fraudes eleitorais.
Freire é contra a retirada da candidatura. "Não existe isso de desistir porque está mal nas pesquisas. Temos um projeto político a perseguir", disse.
Membros do PDT e do PTB afirmam que, para ter o efeito esperado, a retirada da candidatura não poderia ser feita às vésperas da eleição. Fala-se em pelo menos dez dias de antecedência. Aqueles que defendem a proposta dizem que Ciro não teria maiores prejuízos desde que retirasse a candidatura se apresentando como vítima de um processo que não considerou limpo e informando que estaria desistindo para apoiar Lula.
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), admite que a possível renúncia de Ciro está sendo discutida informalmente na Frente Trabalhista, mas afirma que é contra essa medida. "Temos chances de virar, temos esperança. Então, vamos para a luta."
Jefferson argumenta que Ciro não teria motivos para renunciar e apoiar Lula. "O PT lavou muito as mãos. Enfrentamos o Serra sozinhos. Agora o Serra vai para cima para matar. O PT vai ser triturado igual a carne moída."
Na hipótese de uma disputa entre Lula e Serra no segundo turno, o líder do PTB não deverá tomar partido: "Acho o PT hostil, intolerante, odioso. Mas o Serra jogou sujo, chutou na canela. Será a luta entre o demônio e o diabo. Mas vou ouvir a bancada".
Jefferson defende que Ciro continue na estratégia de reconstrução da sua imagem, arranhada pelos ataques de Serra. Mas reconhece que falta tempo para essa tarefa no programa eleitoral de Ciro. Ele responsabiliza Freire pela não inclusão do PFL na coligação que apóia Ciro. "Ele é o responsável por não termos o PFL e os seus oito minutos no horário eleitoral. Com o PFL, teríamos mais tempo que o Serra."
Suspeitos de propina em 96 devem ter s igilo quebrado
Testemunha diz que eventos esportivos eram superfaturados
O Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul deverá abrir o sigilo bancário dos envolvidos no esquema de propinas supostamente existente entre setembro de 1996 e dezembro de 1998 no Departamento de Desporto da Secretaria da Educação do governo gaúcho.
O motorista João Pedro de Oliveira, que diz ter servido de "laranja", denunciou o caso em entrevista para a Agência Folha. De acordo com o testemunho dele, o "staff" do departamento sob o comando do diretor José Loureiro Gomes, conhecido como "Arataca", superfaturava eventos esportivos, criava competições, levava atletas a Porto Alegre superfaturando patrocínios e falsificava notas fiscais.
Relatório
Anteontem, o chefe da Casa Civil do governo gaúcho, Gustavo de Mello, e a secretária da Educação, Lúcia Camini, entregaram ao Ministério Público Federal e Estadual o relatório aberto pelo atual governo sobre o assunto.
Entre os valores investigados, está a liberação de recursos públicos feita pelo governo do Rio Grande do Sul de forma irregular, que totaliza uma quantia de R$ 1.793.210,00.
As acusações atingem Arataca e Iara Wortmann, secretária da Educação na época, no governo Antônio Britto (PMDB, hoje candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PPS).
Dados novos
Procurados pela Agência Folha, os dois, Arataca e Iara Wortmann, negaram qualquer irregularidade cometida à época. Wortmann chegou a dizer que jamais ouvira falar no assunto.
"O relatório traz dados novos. Investigamos esse assunto há 30 dias. Não há explicação para um motorista retirar em uma única vez R$ 600 mil em dinheiro de uma conta pública", afirmou o procurador-geral da Justiça, Cláudio Barros Silva.
O motorista João Pedro de Oliveira ganhava um salário de R$ 747,83.
Lula e Garotinho sobem, diz Vox Populi
Ciro cai três pontos e fica com 17%, atrás de Serra, que continua com 19%
Assim como Datafolha e Ibope, o Vox Populi apurou crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB) na disputa pela Presidência. Cada um subiu três pontos percentuais desde a pesquisa realizada há pouco mais de uma semana.
Lula tem 39%. Garotinho, 12%. Também Ciro Gomes (PPS) se movimentou fora da margem de erro, de 2,2 pontos. Caiu três e agora registra 17%, trocando de posição com José Serra (PSDB), que se manteve com 19%.
À diferença de Datafolha e Ibope, que detectaram Serra isolado no segundo lugar, o Vox o aponta em empate técnico com Ciro, embora numericamente à frente.
Encomendada pelo "Correio Braziliense", a pesquisa foi feita entre terça-feira e ontem.
Marcos Coimbra, diretor do instituto, enxerga "mudanças importantes na estrutura de voto dos quatro candidatos". Destaca a situação no Sudeste, onde Garotinho (16%) ultrapassou Ciro (13%). Nessa região, Serra está com 20%, e Lula, com 39%.
É o mesmo percentual obtido pelo petista nas capitais e regiões metropolitanas, onde seus oponentes estão embolados. Serra tem 17%, Ciro, 16%, e Garotinho, 15%. "No Brasil mais desenvolvido, a disputa pelo segundo lugar está mais acirrada do que na média nacional", diz Coimbra. Outro aspecto é a "cristalização do voto de Lula", perceptível na pesquisa espontânea. Com 35%, Lula está em seu patamar mais alto na série histórica do instituto.
Sem Ciro, PFL tende para Serra no 2º turno
ACM e Roseana são focos de resistência a eventual apoio; para evitar desgaste, seções podem ficar livres para decidir
Em um eventual segundo turno entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB), o candidato tucano terá o apoio majoritário do PFL, na convicção de dirigentes pefelistas consultados pela Folha.
Mesmo a cúpula do PFL, que hoje trabalha pela candidatura de Ciro Gomes (PPS) e não admite que ele esteja fora da disputa presidencial, penderá claramente para Serra -por razões de lógica política-, caso o adversário seja Lula. Os únicos focos de resistência a Serra no PFL de difícil reversão são o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e a ex-governadora Roseana Sarney (MA).
ACM hoje apóia Ciro e disse que, entre Serra e Lula, ficaria com o petista. O pai de Roseana, senador José Sarney (PMDB-AP), que responsabiliza Serra pela derrocada da pré-candidatura da filha à Presidência, formalizou apoio a Lula já no primeiro turno.
A Executiva Nacional do PFL se reúne em 10 de outubro para decidir a estratégia a ser seguida no segundo turno. A cúpula pefelista sabe que o partido só sairá unido se o adversário de Lula for Ciro.
Para evitar que ACM e Roseana sejam transformados em dissidentes do partido se a disputa for entre Serra e Lula, pode ser repetida a estratégia do primeiro turno: não haver fechamento de questão em torno de uma candidatura, ficando as seções estaduais liberadas para apoiar quem quiser.
Se isso ocorrer, a maioria do PFL optará por Serra, porque, mesmo entre pefelistas que hoje apóiam Ciro, a avaliação é que não há divergências fundamentais com o tucano e a recomposição é possível. Até porque se espera empenho de Serra para que haja essa reaproximação, com afagos e compromissos políticos.
Primeiro turno
A ascensão de Serra nas pesquisas não foi suficiente, até agora, para mudar a tendência pró-Ciro dos dirigentes pefelistas no primeiro turno. Na contabilidade do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), 70% da sigla está com Ciro e 30%, com Serra.
Dirigentes estaduais avaliam que uma debandada pró-Serra neste momento seria oportunismo, causando desgaste à sigla.
O que está ocorrendo em alguns Estados é que o apoio ao tucano, discreto quando ele estava em baixa nas pesquisas, passou a ser ostensivo. Um exemplo é o do deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), vice-líder do PFL na Câmara. Ele sempre preferiu Serra, mas chegou a integrar a comitiva que recebeu Ciro em Manaus, em julho, por ser aliado do candidato do PPS a governador Eduardo Braga. Agora, pede voto para Serra até em propaganda impressa.
Eventual vitória de Lula seria um "desastre", segundo vários políticos do PFL, ou "causaria um solavanco muito grande", na definição de outros, mesmo entre aqueles que hoje estão contra Serra. Entre as razões da rejeição a Lula, eles apontam as divergências políticas entre PT e PFL e o receio da falta de experiência do petista para administrar o país.
Um dos principais articuladores da campanha de Ciro, Bornhausen deverá estar afastado do comando da sigla no segundo turno. Por razões pessoais, que se misturam a conveniências políticas, ele irá se licenciar do cargo. Assumirá a presidência o senador José Jorge (PFL-PE), aliado de Serra.
Independentemente de quem vencer, o futuro presidente terá de negociar com o PFL, que deve continuar a ter uma das maiores bancadas no Congresso. Hoje são 97 deputados e 17 senadores.
Serra é extraterreno, Ciro, desequilibrado, diz Garotinho
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, definiu ontem seu adversário Ciro Gomes (PPS) como desequilibrado. "Ele não tem equilíbrio para ser presidente do Brasil."
Empatado tecnicamente na última pesquisa Datafolha com Ciro, Garotinho fez do pepessista seu alvo preferencial em debate ontem no jornal "O Globo".
No dia anterior, no mesmo evento, Ciro ironizou o ex-governador ao dizer que ele não estava preparado para a Presidência por ser "muito garotinho".
"Ele tem dois anos a mais do que eu [Ciro tem 44 anos]. Quando ele foi candidato [à Presidência] há quatro anos, tinha 40. Se da outra vez foi uma brincadeira, saiu candidato sem ser para valer, o problema é dele. Eu não estou brincando."
Ao ser questionado por um dos colunistas do jornal, Garotinho negou que tenha feito qualquer tipo de acordo com Ciro, prevendo a renúncia e o consequente apoio ao que estivesse melhor colocado nas pesquisa, a 25 dias do primeiro turno. "Falei isso antes da convenção, e não antes da eleição. Não há possibilidade de acordo ou renúncia da minha parte."
"Dossiês"
Não é só Ciro quem está preocupado em mirar ataques ao candidato do PSB, na visão de integrantes da coordenação da campanha de Garotinho.
Segundo assessores, nas últimas duas semanas, equipes da campanha do tucano José Serra (PSDB) estiveram em Campos [onde Garotinho foi prefeito] e no Rio em busca de material para "dossiês" contra o ex-governador.
Ontem, inserções nacionais no rádio do PSDB afirmavam que "Garotinho só sabe criticar os outros, mas a segurança no Rio virou caos em seu governo".
No debate, Garotinho chamou Serra de "extraterreno". "Ele promete tudo o que o governo dele [o atual governo federal] não fez em oito anos".
O ex-governador também dirigiu farpas ao adversário Luiz Inácio Lula da Silva, chamando o presidenciável petista de "equivocado". O equívoco de Lula, para o presidenciável, é ter substituído a política pelo marketing. "O marketing existe para potencializar o que o candidato é, e não para esconder sua identidade."
O presidenciável acusou o PT, indiretamente, de ter colaborado com o "esvaziamento" de sua candidatura, por meio da cooptação de candidatos do PSB nos Estados. No Ceará, por exemplo, o PSB tirou apoio oficial a Lula já no primeiro turno.
Garotinho também reconheceu "falhas" na política de segurança em sua administração. As falhas, segundo ele, foram relacionadas a atos que seriam de responsabilidade do governo federal, como a vigilância das fronteiras do país.
"Vocês não queriam que em três anos e três meses [saiu do governo em abril] eu resolvesse problemas históricos do Rio. Se não fiz mais, me perdoem."
Garotinho criticou a metodologia dos institutos de pesquisas eleitorais. Segundo ele, os institutos deveriam considerar também a religião do eleitorado entrevistado, além dos itens usuais.
Evangélico, o presidenciável afirmou que o PSB tem pesquisas internas em que é questionada a religião. Nelas, Garotinho apareceria empatado com Serra em segundo lugar.
Maluf atribui queda a tucano e nega mudança
O candidato do PPB ao governo, Paulo Maluf, evitou ontem avaliações negativas ao comentar seu desempenho na última pesquisa Datafolha. Otimista, disse acreditar que os 35% das intenções de votos que tem, assim como os 40% do levantamento anterior, são suficientes para garantir a ele uma uma vaga no 2º turno.
Para o candidato, a oscilação registrada pela pesquisa ocorreu devido aos ataques feitos a Maluf por Geraldo Alckmin (PSDB), atual governador e candidato à reeleição. Para pepebistas, a queda de Maluf era esperada e não passará dos "32%, 35%" que o pepebista "sempre teve".
"Depois dessa saraivada violenta, cinco pontos? Até que a gente caiu muito pouco", disse Maluf em entrevista, após passar o dia em reuniões com sua equipe.
Segundo pepebistas ouvidos pela Folha, nada muda na campanha, apesar de haver correligionários contrários a atual estratégia "bate-apanha-bate" da campanha. Pepebistas e Maluf também desdenham o fato de a pesquisa ter apontado pela primeira vez uma vitória de Alckmin em um eventual segundo turno.
Alckmin prega voto útil contra rival pepebista
A campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, vai pregar o "voto útil" contra Paulo Maluf (PPB) ainda no primeiro turno.
O crescimento de José Genoino (PT) na última pesquisa Datafolha, na qual ele subiu de 10% para 17% e se aproximou de Alckmin, acendeu o sinal de alerta entre os tucanos, que temem ver migrar para o petista todos os votos do eleitorado anti-Maluf.
O candidato do PPB tem a maior taxa de rejeição entre os concorrentes ao governo -38%, segundo o Datafolha. Maluf lidera com 30% das intenções de voto.
Estável na segunda posição, com 25%, Alckmin já apareceu nos programas eleitorais gratuitos ontem afirmando que é o único com condições de vencer Maluf no segundo turno.
O Datafolha para o segundo turno dá 47% para o tucano, contra 41% de Maluf. Genoino está empatado tecnicamente com o pepebista. Alckmin avaliou como positivo o resultado e disse que não irá ao ataque contra o petista. "Vamos continuar em uma linha de campanha séria e propositiva."
Amin critica ajuda de petistas a Alagoas
Partido deixou de obstruir votação para o refinanciamento de títulos emitidos de forma ilegal, segundo a Justiça
O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), enviou ontem carta ao líder do bloco de oposição no Senado, senador Eduardo Suplicy (SP), criticando o PT por não ter impedido a aprovação no Senado do refinanciamento dos títulos do governo de Alagoas, cuja emissão foi considerada ilegal pela Justiça e pelo Ministério Público.
"A decisão significa passar ao contribuinte, por meio da União, compromisso fraudulento, baseado em títulos fraudulentos, assim reconhecidos pela Justiça brasileira", afirmou Amin na carta. Suplicy viajou ontem para Genebra, Suíça, para participar de encontro sobre renda mínima.
O governador disse que acompanhou a "pregação moralizadora" de Suplicy nos anos de convivência no Senado e, por isso, sabe que o petista "conhece e avalia o conteúdo criminoso dos interesses que o Senado acolheu ao aprovar o refinanciamento" dos títulos de Alagoas. Afirmou que em Santa Catarina "falcatrua similar não será coonestada pelo Senado" e que "Vossa Excelência e o PT não são os mesmos que conheci e até respeitei".
No dia da votação, Suplicy afirmou que o PT deixaria de obstruir a sessão, mas votaria contra a proposta. A resolução foi aprovada em votação simbólica.
Segundo o líder, o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), fez um apelo para que a bancada mudasse de posição, permitindo a votação. O argumento era que isso seria importante para "o clima de respeito" entre o PT e o PSB do governador Ronaldo Lessa (AL).
Lessa disse que apelou a Dirceu. "É preciso que o PT nos ajude. Não é possível que vá ser justamente o PT a nos obstruir, se queremos estar juntos. Fiz apelos a José Dirceu nesses termos", disse Lessa. Senadores interpretaram o entendimento como um gesto para facilitar o apoio do PSB ao presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva, em um eventual segundo turno das eleições.
Além disso, o próprio Lessa, candidato à reeleição, será beneficiado. O valor dos títulos a serem trocados por papéis da União é de R$ 1,16 bilhão. O governador obteve com os credores um deságio de 37% (cerca de R$ 429 milhões). Esses recursos irão para os cofres do Estado a menos de um mês das eleições.
Queima
Entre os governadores que renegociaram as dívidas mobiliárias dos Estados com a União, Esperidião Amin foi o único a anular o montante relativo a títulos emitidos pelo governo anterior- para pagamento de precatórios que, segundo a Justiça, não existiam.
"Anulamos os títulos que estavam em carteira e os queimamos em praça pública, com autorização do Banco Central (BC). Em relação aos títulos que estavam vendidos, nós conseguimos judicialmente desconstituí-los como títulos de dívida líquida e certa. Não pagamos nada e os credores têm que cobrar do Estado na Justiça, por meio de ações", disse o governador Amin.
O senador Romero Jucá (PSDB-RR), vice-líder do governo articulador da votação, disse que "fraudulenta foi a motivação", ou seja, a emissão dos precatórios. Mas afirmou que a dívida existe, uma vez que os títulos foram emitidos e registrados no Banco Central e que os credores os compraram como um título normal.
Em troca do apoio do PT, líderes governistas incluíram na pauta a votação de uma resolução beneficiando o governador do Rio Grande do Sul, o petista Olívio Dutra.
Para candidato, “Lula está a favor da Alca”
O candidato à Presidência pelo PSB, Anthony Garotinho, deu continuidade aos ataques ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em visita a Ribeirão Preto.
Depois de chamar Lula de "Dorotéia Werneck de barba", Garotinho afirmou que Lula está defendendo a entrada do Brasil na Alca. Para ele, Lula abdicou de suas posições em troca do marketing eleitoral e "cedeu" ao aceitar o apoio do senador José Sarney (PMDB).
"O Lula hoje não fala mais nada, tudo é tudo, nada é nada, o Lulinha é paz e amor, não tem mais conteúdo. Não é aquele candidato de oposição. Hoje [ontem] eu li num jornal do Rio que ele está até a favor da Alca", disse.
Artigos
Loucos somos nós
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Informa Janaína Figueiredo, correspondente de "O Globo" em Buenos Aires:
"Na tentativa de limpar a imagem da classe política argentina, o senador e ex-chefe-de-gabinete (da Presidência), Jorge Capitanich, apresentou um projeto de reforma do Código Eleitoral que prevê exigir que todos os candidatos a cargos Executivos e Legislativos façam exames físicos e psiquiátricos".
Pois é: ainda tem gente que acha que seria ruim se o Brasil se transformasse em uma Argentina, perspectiva que o governo andou brandindo contra a oposição, tempos atrás, até ser ele próprio "argentinizado" (no sentido de tornar-se vítima da crise que foi incapaz de conter).
Que nada! É razoável supor que o projeto de Capitanich não irá adiante, mas o simples fato de um político argentino pensar nele já é uma demonstração de vanguardismo político-eleitoral.
No Brasil, a cada temporada eleitoral, fica-se com a sensação de que as portas de todos os hospícios foram abertas e os internados saíram deles diretamente para o horário eleitoral na televisão.
Não que na Argentina não haja igualmente um punhado de malucos disputando postos eletivos. Alguns até se elegem presidente da República, o que é fácil de provar: basta ver o lamentável estado a que foi reduzido o país vizinho.
Mas, por aqui, em especial na disputa pelos parlamentos estaduais e federal, a coisa parece piorar de eleição para eleição. Dá a impressão de que todos os candidatos querem aparecer na melhor coluna política do país, a do José Simão. Por isso não medem esforços para chamar a atenção dele, o que não é nada trivial, dada a formidável concorrência.
O diabo é que, no Brasil, não haveria psiquiatras em quantidade suficiente para examinar já não digo todos os candidatos, mas ao menos aqueles que exibem nítidos sinais exteriores de alguma psicopatia.
Colunistas
PAINEL
Bomba de gasolina
FHC telefonou para Francisco Gros (Petrobras) e lhe disse para tentar evitar ao máximo aumentar o preço da gasolina antes da eleição. Disse que o reajuste agora poderia ser um balde de água fria na campanha de Serra, logo no momento em que o tucano ultrapassa Ciro nas pesquisas.
Prazo eleitoral
Gros disse a FHC que acha ser possível segurar o preço da gasolina até outubro. A não ser que o dólar volte a disparar ou que a iminência de um confronto entre EUA e Iraque provoque aumento no preço do petróleo no mercado internacional.
Emprego virtual
Panfletos apócrifos oferecendo 166 mil vagas de empregos e "ótimos salários" estão sendo distribuídos em SP e no RJ. O texto sugere aos interessados que procurem o "Projeto Segunda-Feira" -nome do programa de emprego de Serra. Os endereços indicados são os das sedes do PSDB nas duas cidades.
Marketing pessoal
Nizan Guanaes, que anunciou que largará o marketing político após a eleição, já fez a mesma promessa antes. Em 98, assessorando FHC, disse que aquela "era a sua última campanha política". Em 2000, o hoje marqueteiro de Serra voltou a dizer que penduraria as chuteiras.
Operária padrão
Elza Pereira, mulher de Paulinho, convidou Patrícia Pillar para fazer campanha para Ciro na porta de uma fábrica. O ato deverá ocorrer no dia 19, pela manhã, em frente a uma empresa fabricante de chuveiros em SP.
Caça às bruxas
Roberto Jefferson, líder do PTB, responsabiliza Roberto Freire (PPS) pela queda de Ciro nas pesquisas: "Estamos morrendo porque não temos tempo na TV para responder aos ataques de Serra. Freire meteu o pé na cara do PFL quando já estava tudo certo para que o partido apoiasse Ciro formalmente".
Pega na mentira
No programa de TV de Lula sobre segurança pública, o antropólogo Luiz Eduardo Soares foi identificado como "ex-secretário de Segurança Pública" do RJ. Na verdade, Soares foi subsecretário e, depois, coordenador de segurança do Estado do Rio. Seus superiores foram José Siqueira e Josias Quintal.
Porta fechada
Os organizadores do plebiscito sobre a Alca pretendem entregar na próxima terça-feira ao Planalto e à Embaixada dos EUA os resultados da consulta. Cerca de 5 milhões de pessoas votaram - 90% teriam se posicionado contra a Área de Livre Comércio das Américas.
Futuro imediato
O PT orientou o diretório do partido no Ceará a poupar o grupo do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) na campanha estadual. Com a queda de Ciro Gomes nas pesquisas, Lula conta com o apoio dos tucanos cearenses no eventual segundo turno contra José Serra.
Máquina azeitada
Funcionários da presidência da Câmara dos Deputados têm feito análises sobre a campanha de Aécio Neves em MG e dado sugestões sobre o comportamento do candidato na disputa. E-mails com dicas ao tucano foram parar acidentalmente em outro endereço da Casa.
Advertência
A assessoria de Aécio na Câmara dos Deputados primeiro disse que as mensagens com sugestões sobre a campanha em MG eram um fato normal. Minutos depois, afirmou que o uso dos e-mails para tais comentários era "impróprio, houve uma falha" e que "o funcionário responsável" fora advertido.
Impróprio para menores
José Ribeiro (PGT-SE), o "Rôla", apareceu no horário eleitoral gratuito em Aracaju (SE) com uma fita crepe na boca e um cartaz com críticas à determinação da Justiça Eleitoral que proibiu o uso do slogan "Rôla Neles" na propaganda do candidato a deputado federal.
TIROTEIO
De Celso Pitta (PSL), ex-prefeito de São Paulo e candidato a deputado federal, sobre a administração da petista Marta Suplicy, sua sucessora no cargo:
- Marta Suplicy é a minha melhor cabo eleitoral.
CONTRAPONTO
Aula retórica
A história, contada anteontem pelo deputado José Aníbal (PSDB) aos jornalistas que cobrem a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), teria ocorrido em 98, na campanha de reeleição de Mário Covas.
Convidado para participar da inauguração de uma faculdade em Sorocaba (SP), Covas teria dito aos organizadores do evento que, devido a compromissos de campanha, tinha que ficar no máximo uma hora na cidade.
O primeiro a discursar foi o reitor, que escolheu como tema a cultura na Idade Média. A fala tomou nada menos que 52 minutos. O prefeito local, sabendo dos compromissos de Covas, abriu mão do seu discurso, passando o microfone ao governador. Covas, então, explicou:
- Eu li num livro que há dois tipos de discurso, o bom e o longo. Por isso, obrigado a todos e boa tarde!
E foi embora.
Editorial
GARRAS DO CRIME
A guerra do tráfico no Rio de Janeiro produziu mais uma batalha sangrenta com a rebelião no presídio Bangu 1, que resultou na morte de figuras bem-posicionadas na hierarquia do crime. As informações ainda são precárias, mas, ao que tudo indica, membros do Comando Vermelho promoveram uma "limpeza", assassinando líderes de outras quadrilh as que também estavam no presídio de segurança máxima.
Aparentemente, a ação foi ordenada pelo traficante Luiz Fernando da Costa, 36, o Fernandinho Beira-Mar. Entre os mortos de gangues rivais estariam os também traficantes Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, Wanderley Soares, o Orelha, Carlos Roberto da Silva, o Robertinho do Adeus, e Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém. É razoável agora supor que a guerra vá se espalhar pelas ruas da cidade, com membros das quadrilhas atingidas procurando vingança contra o Comando Vermelho e mesmo com lutas intestinas para definir quem ascende na hierarquia.
A insurreição em Bangu 1 é a prova definitiva como se ainda fosse necessário exibir uma- de que o sistema penitenciário brasileiro está falido. É inconcebível que as autoridades carcerárias não consigam controlar e garantir a vida de um grupo relativamente pequeno (em Bangu 1 há menos de 50 vagas) de presidiários de alta periculosidade. Mas o fato, inegável, é que não conseguem.
O fenômeno não está evidentemente restrito ao Rio de Janeiro. Em março do ano passado, a organização criminosa paulista PCC organizou rebeliões simultâneas em 29 presídios do Estado, nas quais também procurou eliminar lideranças rivais.
A sensação que fica é a de que presídios como Bangu 1, em vez de serem o lugar onde a sociedade encerra aqueles que representam uma ameaça física para ela, tornaram-se a sede de escritórios do crime organizado. Traficantes como Fernandinho Beira-Mar e seus associados fazem, no presídio, o que bem entendem, desde organizar bailes funk até encomendar mísseis e assassinatos. E isso é intolerável.
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09/12/2002
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