Ciro e Serra partem para o ataque no debate da Record








Ciro e Serra partem para o ataque no debate da Record
Um debate mais agressivo do que os outros registrados antes do início do programa eleitoral gratuito foi realizado, ontem pela Rede Record (transmitido pela TV Pampa para o RS). O mediador do programa, o jornalista Bóris Casoy, teve dificuldade para dirigir os trabalhos, principalmente pelos ataques mútuos entre os candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) e as alfinetadas de Anthony Garotinho (PSB) aos demais concorrentes. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais calmo entre os quatro.

Na primeira participação, Ciro esqueceu do tema “programa de governo” e acusou Serra de “tentar denegrir sua imagem, acusando-o de não ter controle emocional”. Serra retrucou e disse que, “como tudo o que Ciro fala, é mentira” e disparou: “Você é que é especialista em acusar e não provar. Tanto que foi condenado pelo TSE a me dar direito de resposta: “Você é um homem acostumado a fazer a rasteira política a sua forma de atacar os seus adversários”. Serra cobrou de Ciro propostas para melhorar o SUS (Sistema Único de Saúde) e reclamou das suas acusações sobre desvio de dinheiro da saúde “é dado” à iniciativa privada e que “a saúde da população tornou-se uma mercadoria do atual governo”.

Lula não entrou muito nas discussões. Ele ouviu de Garotinho acusações de não cumprimento de contratos pelo PT. “Como a Ford no RS e o governo de Benedita da Silva no RJ”. Lula chamou Garotinho de mal-informado. “A Ford não ficou no Sul porque o governo federal não quis”, contestou.


Vale mais destruir o outro candidato do que mostrar as qualidades do seu
A ressurreição de José Serra A(PSDB), que empatou tecnicamente com Ciro Gomes (PPS) em menos de duas semanas de propaganda eleitoral na TV, acirra a disputa entre os publicitários das três principais campanhas. Os marqueteiros Duda Mendonça (Lula), Einhart Jacome da Paz (Ciro) e Nizan Guanaes (Serra) deverão se render, com intensidades diferentes, à vedete da estação: a campanha negativa, na qual vale mais destruir o outro do que vender qualidades do seu candidato.

Não é só Ciro que passou a se preocupar com Serra. Para Lula (PT), é preciso combater o tucano desde já. Lula tentará "desconstruir" a pregação serrista pela criação de 8 milhões de empregos, ponto no qual também Ciro baterá. A estratégia de Einhart deverá ser apimentada. Após tentar evitar revides a Serra, recorreu à Patrícia Pillar, que respondeu às peças de Nizan que mostraram um Ciro desequilibrado. Agora, Lula dividirá com Ciro o fogo cerrado de Nizan, que deseja enfraquecer o petista.


PPS intensifica ataques ao PT
O presidente estadual do PPS, Nelson Proença, anunciou ontem que, "imediatamente, será lançada uma campanha denominada: Diga Não as Mentiras do PT". A intenção dessa ação, contou ele, "é por fim as inverdades que o PT está dizendo no programa eleitoral gratuito". Segundo Proença, a sugestão da campanha e do nome, foi colhida junto à comunidade gaúcha. "Vamos criar um disque-denúncia das mentiras do PT e mostrar nos nossos programas o quanto o Partido dos Trabalhadores mentiu em 1998 e está mentindo", relatou ele.

Proença afirmou que nenhuma pesquisa eleitoral será levada em conta, porque não representa perigo aos candidatos da Frente e destacou: "Perigosa é a manipulação da verdade, feita pelo PT, que repete uma mentira várias vezes para torná-la uma verdade”.

Integração - O Conselho Político da coligação O Rio Grande em 1º Lugar se reuniu ontem, na sede do PPS, para definir ações para a etapa final da campanha. Entre elas, foi aprovada a integração do PDT e PTB nas equipes de mobilização política, roteiro, agendas e programa de governo.


TSE concede liminar contra Ciro
O TSE concedeu liminar ao presidente José Serra determinando da expressão "é tudo mentira" do programa eleitoral de Ciro Gomes (PPS) veiculado no sábado. Também tramita no TSE pedido direito de resposta do presidente e FHC no programa de Ciro.

O advogado da coligação de Serra alegou que o quadro apresentado faz referência ao Projeto Segunda-Feira, apresentado pelo tucano, que promete criar 8 milhões de empregos e se valeu de "expressão injuriosa" ao exibir uma pessoa desconhecida afirmando que o projeto é mentira.


Ele virou o xodó dos empresários. Hoje, Lula aqui
É uma cena que tem se tornado cada vez mais comum na campanha e seria impensável em eleições anteriores: Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência, cercado por empresários engravatados, com adesivos colados à roupa, implorando para tirar uma foto como recordação ao lado do seu novo ídolo político. Lula virá hoje ao Rio Grande do Sul onde realiza comícios em Passo Fundo e Caxias do Sul e Porto Alegre. Nas três cidades, manterá concorridos encontros com empresários.

Esse clima podia ser observado mais uma vez na madrugada de sexta-feira, numa churrascaria superlotada da Barra da Tijuca, onde mais de 700 empresários, alguns com suas famílias, foram recepcionar o candidato. Na blusa de algumas mulheres, a estrela do PT bordada com lantejouIas. A platéia estava ali para ouvir o discurso apontando rumos para a economia brasileira. É justamente usando a palavra, que Lula tem atraído a simpatia de gente que sempre o rejeitou.

Nada é aleatório. Quem ouve as propostas do candidato nota logo um cuidadoso trabalho de assessoria. Lula já decorou estatísticas e projeções que costuma expor com desenvoltura.

Sua fala tem um eixo principal: o Brasil precisa retomar o seu desenvolvimento e não pode continuar produzindo sobretudo matérias primas para serem exportadas a preço vil e depois beneficiadas por outros países.


Pesquisa põe em dúvida “efeito Patrícia
O tiro que o presidenciável Ciro Gomes (PPS) deu na última quinta-feira ao exibir, pela primeira vez, o depoimento de sua mulher Patrícia Pillar no horário eleitoral pode ter saído pela culatra.

Esta foi a percepção dos grupos de pesquisa qualitativa analisados por Luciana Fernandes Veiga, doutora em Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense.

Segundo ela, os argumentos apresentados pelos grupos mostram mais pontos negativos que positivos em relação à participação da atriz. "Os eleitores apontaram quatro pontos que repercutem negativamente para Ciro Gomes contra apenas dois que podem surtir efeito positivo para a candidatura dele", avalia Luciana.

Os dois primeiros recaem sobre a credibilidade e a veracidade dos relatos de Patrícia Pillar. Para os eleitores, "ela é atriz, e podia estar apenas lendo um texto, interpretando". E ainda, "ela é suspeita para falar justamente por ser mulher dele, estava legislando em causa própria".


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA

Religião
O deputado estadual do PTB Eliseu Padilha acredita que será derrubado hoje o veto ao projeto de sua autoria que determina regras relativas à religião nas seleções para a função pública.

Pedágio
Na reunião da Comissão de Finanças e Planejamento, hoje, será discutido o projeto do deputado estadual do PDT Kalil Sehbe que pretende permitir cobrança de pedágio apenas em rodovias com perfeitas condições.

Dona-de-casa
Candidata a deputada estadual pelo PT, a vereadora Maristela Maffei defende a criação da aposentadoria para a mulher dona-de-casa, por serem as maiores administradoras da economia e da sociedade do país.

LDO
A Assembléia deverá apreciar hoje o veto do governo à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Das 127 emendas aprovadas pelo relator, o deputado estadual do PSDB Adilson Troca, 15 foram vetadas. Entre elas, a que prioriza a criação do Fundo para Inde nização das Vítimas de Violências.

Energia
A Comissão de Economia se reunirá amanhã para avaliar o pedido do deputado estadual do PPB Érico Ribeiro, que solicita audiência pública sobre o uso do carvão como alternativa no Estado.

Apoio
O secretário estadual de Estado da Cultura, Luiz Marques, formalizou apoio à candidatura de Raul Pont à Assembléia Legislativa. O ex-prefeito foi o responsável pela compra pelo município de Porto Alegre do prédio da Cia de Arte por gestão de Marques.


Editorial

EXEMPLO DE CIVILIDADE

Pode-se dizer tudo do presidente Fernando Henrique Cardoso: que ele endividou o Brasil, que deixou o país nas mãos de organismos internacionais, que perdeu o controle sobre o déficit da Previdência, que permitiu a evolução da dívida pública, que não se empenhou na aprovação de uma verdadeira reforma tributária, que não gerou tantos empregos quanto necessário.

A única coisa que não pode se dizer, porém, é que o nosso presidente não agiu com civilidade. O chefe do Executivo federal merece nota 10 em boas maneiras. Não só fora do país, mantendo um relacionamento cordial com todos os importantes líderes mundiais, inclusive presidentes, mas também internamente. FHC tem sido um gentleman com todos os seus possíveis sucessores, até mesmo os 'inimigos políticos' - expressão com a qual certamente ele não concordaria.

O presidente vai entrar para a história com o gestor da transição mais tranqüila do país. Nunca se viu nada semelhante no Brasil. Prudente de Moraes, que sucedeu Floriano Peixoto, foi obrigado a tomar posse em um palácio vazio. João Baptista Figueiredo deixou a faixa em cima da mesa à espera de José Sarney. O Rio Grande do Sul tem um exemplo recente de sucessão desconfortável. O ex-governador Antônio Britto não compareceu à posse do atual, Olívio Dutra. O vice, Vicente Bogo, fez as honras da casa e entregou a faixa ao vencedor das eleições.

O nosso presidente sociólogo até já organizou e foi anfitrião - de encontros com os presidenciáveis. A pedido do presidente, o ministro do Planejamento, Guilherme Dias, reuniu-se com assessores indicados por cada um dos candidatos e repassou-lhes informações sobre o Programa Plurianual de Investimento. Os técnicos da União estão organizando uma agenda com todos os compromissos já marcados do próximo presidente nos primeiros cem dias de governo.

FHC sugeriu que, logo depois das eleições, o novo governante indique quem será o presidente do Banco Central para que ele possa assumir a instituição antes mesmo da troca do governo. Também serão criados cargos de primeiro nível para serem preenchidos com pessoas de confiança do presidente eleito. Elas poderão acompanhar o funcionamento do Palácio do Planalto e dos ministérios.

O presidente faz isso, também, porque sabe que o novo comandante do país tem pela frente uma dura missão. Não será nada fácil equacionar a queda da arrecadação com as despesas que estão por vir.

A perda de receita é estimada em R$ 10 bilhões em 2003. Por outro lado, o governo terá de manter um superávit primário de R$ 40 bilhões e resolver despesas como os R$ 50 bilhões da Previdência do funcionalismo público. Não há dúvida – o novo presidente precisa agir rápido.


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09/03/2002


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