Serra muda estratégia para enfrentar crescimento de Ciro









Serra muda estratégia para enfrentar crescimento de Ciro
Os principais aliados que apóiam a candidatura presidencial de José Serra (PSDB) decidiram ontem dar um novo rumo à campanha do tucano. Sob pretexto de que falta organização, as mudanças na campanha servem, primeiro, para tentar colocar Serra em evidência.

As mudanças são resultado da reunião, ocorrida ontem à tarde em Brasília, de integrantes do PSDB e do PMDB governista. A reunião foi convocada depois que pesquisa Ibope de intenção de voto mostrou Ciro Gomes (PPS) isolado no segundo lugar na disputa ao Planalto. A disparada colocou Ciro como principal alvo de Serra (veja quadro ao lado).

A primeira medida tomada é o cancelamento das atividades no Norte do País, programadas para a próxima semana, por eventos no Sudeste. A estratégia é centrar fogo nos três principais colégios eleitorais – São Paulo, Minas Gerais e Rio.

Também na próxima semana, está programada reuniões com governadores e com os prefeitos das 100 maiores cidades brasileiras que apóiam Serra. O objetivo é mostrar que a coligação PSDB-PMDB possui a maior estrutura de campanha e possibilidade de maior sustentação nacional, caso Serra seja eleito.

Não estão descartadas mudanças na coordenação de campanha. Tucanos que integram o governo Fernando Henrique Cardoso podem ingressar na campanha de Serra.

No entanto, os aliados deixaram o encontro de ontem descartando oficialmente a possibilidade de grandes mudanças. "A postura pessoal de Serra está muito satisfatória, precisamos só organizar mais a campanha", disse o presidente do PSDB, deputado José Aníbal.

Os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, Geddel Vieira Lima e Renan Calheiros, respectivamente, saíram da reunião sorridentes. Em declarações à imprensa, Geddel deu o tom da principal preocupação de Serra no momento.

"É uma falácia Ciro dizer que zerou a dívida do Ceará quando era governador", afirmou. "Na prefeitura de Fortaleza ele ficou apenas um ano. No Ministério da Fazenda, só três meses. A não ser que ele seja um gênio não reconhecido, fica difícil adquirir experiência."

Ao término da reunião do seu comitê de campanha, Serra, disse, em entrevista, que não está preocupado com o resultado das últimas pesquisas de opinião em que aparece em terceiro lugar das preferências. "Não estou preocupado com pesquisas, mas ocupado com a campanha", afirmou. De acordo com o tucano, pesquisas de opinião envolvem uma série de fatores, por isso apresentam oscilações.


Lula promete dobrar salário
Candidato diz que isso ocorrerá em 4 anos e que reforma previdenciária não mexerá em direitos já adquiridos

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu que irá dobrar o salário mínimo, em termos reais, em quatro anos de governo. O governo de Fernando Henrique Cardoso conseguiu isso em oito anos.

Lula também garantiu que, se eleito, encaminhará ao Congresso, ainda no primeiro ano de governo, as reformas tributária (que ele espera seja o mais próximo de um consenso nacional) e previdenciária (sem mexer nos direitos adquiridos), além de mudanças na estrutura sindical e legislação trabalhista.

Ainda segundo ele, a reforma agrária e a reforma política "estarão na pauta de discussão" e o Brasil deverá ser "mais ousado" no relacionamento com o exterior, com "um representante comercial em cada embaixada". "É preciso vender melhor os nossos produtos. O Brasil não pode continuar sendo visto como o país do carnaval, do futebol, do desmatamento ou das crianças de rua", afirmou.

Ele chegou ontem a Recife, vindo de João Pessoa, onde participou de comício na terça-feira à noite, quando, pela primeira vez nesta campanha, apareceu ao lado de sua mulher, Marisa. O reforço não é sem motivo, já que Ciro Gomes (PPS) desfila com sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, e José Serra (PSDB) exibe a deputada peemedebista Rita Camata como vice da chapa.

Na capital pernambucana participou de ato em prol da Sudene, na sede da autarquia, e de caminhada pelas ruas centrais e comício na Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife Antigo.
Para o candidato, todas as mudanças prometidas serão possíveis a partir da construção de um pacto social que, segundo Lula, será firmado com toda a sociedade organizada, caso seja eleito. "Fernando Henrique disse que ia fazer um pacto numa cópia do Pacto de Moncloa, de Felipe Gonzalez, da Espanha, mas não conseguiu porque só se faz um pacto se se tiver interlocutores sérios, éticos e com muita moral na sociedade", avaliou.

Frisou que não poderá resolver os problemas brasileiros em quatro anos. "Alguns são crônicos", afirmou, ao citar a Sudene, que foi criada para acabar com o desequilíbrio regional, objetivo que, segundo ele, continua no sonho. Lula se comprometeu a recuperar o órgão, que "voltará a planejar o desenvolvimento da região".


Petista assume empresa de ônibus
Militante do PT agora dirige a segunda maior companhia privada da área de transporte coletivo na capital de São Paulo

Um militante ativo do PT assumiu neste mês a presidência do segundo maior grupo de ônibus da cidade de São Paulo. Willian Ali Chaim, que esteve nas últimas semanas na campanha a deputado federal do petista Ricardo Zarattini, pai do atual secretário dos Transportes da prefeita Marta Suplicy, Carlos Zarattini, foi convidado para comandar as viações São Judas e Santa Bárbara, do empresário Romero Niquini, que controla 12% da frota da capital paulista. As empresas reúnem quase 1.200 ônibus e seis mil funcionários.

A transferência acontece às vésperas das eleições e das principais mudanças no transporte municipal. A prefeitura fará no final deste mês novos contratos emergenciais com as empresas de ônibus, válidos pelos próximos seis meses, e lançará uma licitação para selecionar os operadores que vão prestar os serviços durante 15 anos, a partir de 2003.

O petista representará os interesses de Niquini, que, embora seja novato em São Paulo, onde só entrou na segunda metade dos anos 90, pretende ser líder, superando José Ruas Vaz, dono de 30% do mercado paulistano.

Chaim é amigo de diretores da São Paulo Transporte envolvidos na concorrência e próximo a integrantes do alto escalão do partido, como Rui Falcão, secretário de Governo de Marta.

"O meu objetivo é ser líder em São Paulo, em quantidade e em qualidade. Eu nasci de sete meses, não gosto de nada demorado. Minha meta é para daqui um ano, no máximo um ano e meio", diz o petista que não atuou na iniciativa privada nos últimos 20 anos.

Mas tem experiência em cargos políticos na área de transportes. Na administração de Luiz Erundina (1989-1992), Chaim foi chefe de uma das garagens da extinta Companhia Municipal de Transporte Coletivo. Na prefeitura de Diadema, também petista, dirigiu a Empresa de Transporte Coletivo, de 2001 a abril passado.


FHC sanciona lei que regulariza rodeios
Só faltaram touros e cavalos para transformar os jardins do Palácio da Alvorada numa autêntica festa de peão de boiadeiro. Ao sancionar ontem a lei que regulariza a promoção de rodeios no País, o presidente Fernando Henrique Cardoso vestiu chapéu de caubói, viu dezenas de peões atirarem seus chapéus ao alto em sua homenagem e assistiu a uma apresentação de dança folclórica.

"Rodeio não é para maltratar o animal, o rodeio não é para desconsiderar o peão. Rodeio é uma coisa de quem tem afeto pelo animal e que tem que ser tratado com carinho", discursou Fernando Henrique. Ele admitiu ter ficado encantado com a beleza da rainha e das princesas da Festa de Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), com quem posou para fotos.

Segundo o presidente da Confederação Na cional de Rodeio, Roberto Vidal, o setor gera 3 milhões de empregos e atrai um público de 45 milhões de pessoas por ano, em cerca de 1,8 mil eventos no País. Existem cerca de 6 mil peões no Brasil.


Napoleão cobra mais sorriso
O governador do Piauí, Hugo Napoleão (PFL), sugeriu ontem que o candidato da coligação PSDB-PMDB à Presidência da República, senador José Serra, mude sua forma de agir, passando a "ser mais maleável, sorrindo mais e transmitindo suas mensagens de forma mais aberta". Questionado se achava que Serra passava a impressão de ser antipático, Napoleão se limitou a dizer que o candidato costuma afirmar que é tímido.

Serra, ao tomar conhecimento da sugestão do governador disse: "Acho perfeitamente possível sorrir mais". Em seguida, deu várias gargalhadas para mostrar que é capaz de fazê-lo. Serra anunciou que vai intensificar a campanha de rua, que ele considera mais agradáveis, pois lhe permitem tomar conhecimento dos problemas do País.

Hugo Napoleão, que é um dos principais defensores da ala pefelista que apóia a candidatura de Serra, negou a possibilidade de integrantes do PFL do Piauí se aliaram ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, em decorrência dos últimos resultados das pesquisas de opinião.

Já o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso tem que participar de forma "mais ativa" na campanha de Serra. "Eu apóio o Serra como candidato do governo", disse César Maia, negando a possibilidade de vir a se aliar a Ciro.

O ex-senador José Richa, que participa do núcleo político da campanha, reconheceu que falta movimentação à campanha e que esta conversa de ontem, entre líderes partidários engajados na candidatura Serra, será importante para definir os rumos da campanha.


Copom baixa taxa, mas efeito ainda vai demorar
Embora juro fique em 18%, custo de financiamentos cairá muito pouco e não será feito a curto prazo

O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ontem o mercado reduzindo a taxa básica de juros (Selic) de 18,5% para 18% ao ano. Desde março, o Copom vinha mantendo a taxa no mesmo patamar, com receio da instabilidade do mercado financeiro.

A queda, porém, não significará um alívio imediato para os consumidores, que têm pago taxas de juros proibitivas nas operações de crédito, como mostrado na página 17. A expectativa é de que a redução só seja repassada para a ponta final, a médio prazo. Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), isso só deverá ocorrer entre 15 e 30 dias.

Além disso, Ribeiro acredita que terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito (veja quadros). Ele fez a conversão da taxa anualizada para mensal e constatou que os juros deverão cair de 1,42% para 1,39% ao mês.

Roberto Piscitelli, vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), lembra ainda que apesar da sensação de alívio provocada por qualquer redução de juros, isso não significa que ela será repassada imediata e proporcionalmente para as operações de crédito. "A queda não indica, ainda, uma tendência, e isso deve ser considerado", afirma ele.

Tendo em vista a gordura existente nas taxas de juros cobrada na ponta aos tomadores de crédito, o vice-presidente da Anefac acredita ser possível que os bancos efetuem reduções superiores ao efeito direto da Selic. "Mesmo com taxas de juros menores, precisamos estar conscientes de que ainda estaremos convivendo com patamares muito elevados", destaca Ribeiro.

O grande beneficiado com a redução, no entender de Ribeiro, será mesmo o governo, já que grande parte da dívida pública tem o pagamento dos juros atrelados às taxas de juros básica. "Na medida em que a taxa é reduzida, o custo da rolagem da dívida cai em 0,50 ponto percentual, produzindo economia anual de R$ 1 bilhão".

Quanto mais o governo paga, mais deve
A dívida pública federal aumentou R$ 14,36 bilhões em junho, em relação a maio. O País passou a dever R$ 653,75 bilhões ou 2,25% a mais, de acordo com relatório divulgado ontem pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional.

O Tesouro fez um resgate líquido de títulos públicos de R$ 14,4 bilhões em junho. Os vencimentos de títulos somaram R$ 20,9 bilhões, mas o governo só rolou R$ 6,4 bilhões. Mesmo assim, a dívida cresceu esses R$ 14,36 bilhões.

De acordo com o coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, o resgate evitou que a dívida crescesse ainda mais em junho; se não fosse isso, segundo Valle, o estoque da dívida teria aumentado quase R$ 29 bilhões, mais do dobro do que ocorreu.

O aumento de 12,78% da cotação do dólar em junho e a crise de confiança que se abateu sobre a economia foram os principais culpados do aumento da dívida interna, segundo o relatório.
A participação de títulos com rentabilidade atrelada à moeda americana passou de 30,29% para 33,15% do total, o maior índice desde a crise cambial de janeiro de 1999.

Com a instabilidade do mercado, os prazos de vencimento da dívida mobiliária ficaram bem mais curtos. As operações de troca de títulos de prazo mais longo por papéis com vencimentos próximos, feitas para acalmar os investidores, acabaram reduzindo o prazo médio do estoque da dívida, que caiu de 35,12 meses para 32,86. Ou seja, os títulos vencem mais rapidamente.

De acordo com o documento, 32,67% do estoque da dívida vai vencer nos próximos 12 meses. Em maio, esses vencimentos de curto prazo significavam 27,76% do total.

O volume de títulos que vencem até o final deste ano aumentou R$ 35 bilhões. A maior parte desse aumento – R$ 25,4 bilhões – veio com a troca de títulos que iriam vencer até 2006 por papéis com prazo de resgate em 2002. Por conta de operações desse tipo, houve também uma elevação de R$ 10,8 bilhões nos vencimentos programados para 2003.

Segundo Paulo Valle, essa concentração de vencimentos não traz problemas para a administração da dívida, porque o Tesouro tem em caixa cerca de R$ 60 bilhões – um colchão de recursos usado para o resgate dos títulos, se for necessário.

O chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto do BC, Sérgio Goldenstein, disse que o impacto total do câmbio no estoque da dívida foi de US$ 24,3 bilhões em junho. Mas, descontando os pagamentos feitos ao longo do mês, a elevação do estoque com correção cambial ficou um pouco menor: R$ 23,4 bilhões.


Artigos

Câmara vira agência de viagens
Sylvio Guedes

Como diria a Velhinha de Taubaté, imortal e genial criação de Luis Fernando Veríssimo, "e eu que pensei já ter visto de tudo, meu filho". Não sou tão velhinho nem moro em Taubaté, mas confesso que estou abismado com a criação da agência de turismo informal na Câmara Legislativa.

Sinal dos tempos. O turismo, como quase tudo no mundo, anda se modernizando e se diversificando. Antes, era muito simples. Hoje não. Há turismo ecológico, turismo de aventura, turismo cívico, turismo gay, turismo de solteiros... E a gloriosa Câmara Legislativa do DF, sempre antenada com o futuro, implementou seu programa de turismo político-partidário.

Regularmente, nossos combativos representantes populares solicitam aos cofres públicos a benfazeja dádiva de alguns milhares de reais, para custear sua lídima ambição de desbravar novos continentes, ampliar os horizontes, explorar terras desconhecidas. Como verdadeiros bandeirantes modernos, nossos deputados distritais aventuram-se em eventos os mais estranhos, tudo, naturalmente, para benefício futuro de nós, eleitores-contribuintes.

Os turistas político-partidários acham muito natural um deputado do DF ir participar de um evento que prega "Por um Ceará sem t ransgênicos". Nenhum deles, nem quem pediu e tampouco quem autorizou, achou meio maroto enviar dois brasilienses para ouvir sobre as desigualdades em Londonderry, cidade irlandesa famosa pelas habituais trocas de gentilezas entre protestantes e católicos.

Bom mesmo, quando se faz turismo, é fugir daqueles programas batidos, devem pensar nossos viajandões. Por isso, quem sabe, eles já estiveram nos cinco continentes, inclusive na Austrália, em busca de preciosos subsídios para a sua fulgurante atividade legislativa.

Turista que se preza, aliás, sempre traz fotos da viagem para mostrar. Pena que eu perdi essa sessão da Câmara Legislativa em que nossos bravos parlamentares, no suntuoso plenário, trocavam experiências e fotografias. Imagine a cena: um deputado de bermuda e camisa florida, porque foi a Miami. Outro com sombrero, recuerdo do México. Uma terceira vestindo um chiquérrimo casaco de vison para enfrentar o frio da Europa.

Como eles são muito unidos e desenvolveram uma sólida relação de amizade – assim como os integrantes do Big Brother –, tantas viagens para tantos lugares diferentes acabaram dando uma saudade danada. Por isso, combinaram, como velhos camaradas: na próxima, vamos todos juntos. E não é que eles arranjaram um jeito de mandar oito dos 24 nobres pares para uma mesma conferência. Ê, vidão...


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Vox: Ciro abre 8% sobre Serra
Pesquisa do Instituto Vox Populi, que será divulgada hoje, confirma o crescimento da candidatura de Ciro Gomes (PPS) e a queda de seu principal adversário, José Serra (PSDB). Ciro subiu seis pontos, em relação à pesquisa feita há 15 dias, e agora tem 24% das intenções de voto, contra apenas 16% de Serra, abrindo 8% de vantagem. Lula do PT despencou de 39 para 34 pontos. Garotinho (PSB) caiu de 12% para 11%.

O cadáver de Nizan
A queda livre de José Serra pegou o marqueteiro Nizan Guanaes em Paris, acompanhando a mulher, Donata, nas compras para sua butique de luxo Daslu, de São Paulo. Por telefone, Nizan apelou ao staff de Serra:
- Só não quero que vocês não me entreguem um cadáver, no dia 20...
O cadáver seria Serra e 20 de agosto é o dia que começa o horário gratuito.

Pulando do barco
Frase de um líder pró-Serra no Congresso, após a reunião de ontem em Brasília, para avaliar o declínio da candidatura tucana:
- O Serra não está preocupado com as pesquisas. Está em pânico.

Candidato mascarado
Os políticos aliados de José Serra saíram da reunião de ontem, em Brasília, ridicularizando a pesada maquiagem no rosto do candidato. A máscara de "pancake" tentou disfarçar as olheiras do abatimento. Não conseguiu.

Notícia velha
O mercado já trata Ciro Gomes com a deferência reservada aos candidatos favoritos. Ele foi informado com antecedência de três dias sobre a fusão da Companhia Siderúrgica Nacional e a empresa anglo-holandesa Corus.

Beleza de Justiça
A irmã de Gisele Bündchen, Graziela, foi aprovada para o cargo de juíza do Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre. A meritíssima é muito bonita, com todo o respeito, mas os magistrados estão loucos para saber se a top model irá à posse da mana, dia 5. Vai ter gente babando na toga.

Che Gisele
Gisele fez sucesso em São Paulo desfilando com um biquíni que reproduzia várias vezes o rosto de Che Guevara. Virou Gisele Bundche. Fez lembrar a célebre frase do comandante: "Endurecer, sim, mas sem perder a ternura".

Durango Kid
O candidato do PSTU a presidente, José Maria de Almeida, esteve em Brasília para reclamar da falta de espaço nas TVs. Após encontro com o presidente do TSE, ele correu para um "orelhão" do tribunal para informar o resultado da reunião aos assessores. Zé Maria não tem nem celular.

Computador de pobre...
Em agosto começam a ser vendidos na Índia os PCs portáteis Simputer, com sistema operacional Linux. Criação de uma ONG com empresa de software local, custa US$ 200, tem 32Mb de memória, baterias, traduz por reconhecimento de voz e acessa a Internet. Até analfabetos usam.

...no Brasil, tem vírus
E aquele computador de R$ 300 que o Ministério da Educação prometeu às pessoas de baixa renda, hein? Foi atacado pelo vírus corruptus brasiliensis.

Doação impossível
O superintendente de Relações Institucionais da Aneel, Álvaro Mesquita, até acha justo o pleito do pernambucano Myckon Macêdo, que pediu um computador em troca de sua participação num comercial sobre economia de energia, na TV. Mas a Aneel está legalmente impedida de fazer doações. Na verdade o cano foi da DM9DDB, a agência que produziu o comercial.

Briga no céu
O ministro Francisco Dornelles (PPB-RJ) ameaça "excomungar" o bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivela, dos palanques da candidata ao governo, Rosinha Garotinho. O cacique avisa que o único candidato da coligação no Rio é o pastor Manoel Ferreira, da Assembléia de Deus. E que Crivela, do PL, deve aparecer apenas nos comícios da petista Benedita da Silva.

No ar, dia 11
Entra no ar no dia 11 a TV Justiça, do Supremo Tribunal Federal. Custou US$740 mil, dos quais US$500 mil foram gastos entre 1996 e 2001. A TV "de toda a Justiça brasileira e não apenas dos tribunais superiores", como quer o presidente do STF, ministro Marco Aurélio, será vista pelo Direct TV.

Afundamentos sólidos
O poderoso Alan Greenspan, do FED (o Banco Central de lá) disse que "os fundamentos da economia americana são sólidos". Como isso foi dito antes por Pedro Malan e Armínio Fraga, é de se supor que a sentença vale para economia o que vale em futebol a expressão "o técnico está prestigiado".

Doença na Justiça
O grupo Otimismo, de apoio aos portadores de hepatite C, pediu na Justiça do Rio a prisão do secretário estadual de Saúde, Leôncio Feitosa, por descumprir ordem judicial. Doentes pobres estão sem receber o medicamento Interferon Peguilado, que custa R$ 700 mensais.

Janelão fazendário
A MP 43 virou palavrão. Agora são os procuradores concursados da Fazenda em guerra pela diminuição do salário inicial da categoria. Os sem concurso ganham mais e, sem estabilidade e imunidade, podem sofrer pressões políticas. Nem o procurador-geral, Almir Bastos, fez concurso.

Poder Sem Pudor

Me engana que eu gosto
Ao assumir o governo de Minas Gerais, Francelino Pereira compôs o secretariado com representantes de todas as regiões do estado. Esqueceu exatamente do vale do Jequitinhonha, a região que garantia os seus sucessivos mandatos de deputado federal. Ao receber uma comissão de políticos queixosos, ele usou sua melhor cara de pau para "protestar":
Ora, vocês não têm um secretário no meu governo, mas são os únicos que têm o governador como representante da região!


Editorial

TRIBUTOS DEMAIS

O próximo governo precisa de projetos urgentes de simplificação de impostos, pois a situação chegou ao limite. Enquanto a Receita Federal vê sucederem recordes e mais recordes de arrecadação, a economia real, de empresários e consumidores, pena com os altos e complicados tributos.

De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), os impostos representam, em média, 33% do faturamento bruto das empresas, 47% do total de custos e 52% do lucro. Traduzindo: os empresários poderiam dobrar seu lucro sem uma carga tão pesada. Mas como vivemos numa economia competitiva, a tendência seria o consumidor pagar a metade que paga e ter dinheiro para consumir mais.
Com o governo amarrado pela arrecadação que sustenta as contas públicas, nada muda. E mantêm-se o sistema que pune os legalistas e empurra para a sonegação os espertos ou desavisados. Com tantas taxas e impostos, incidindo em dias diferentes e de forma distinta, a maioria dos pequenos empresários acaba perdendo prazos.

Mantem-se uma estrutura para cumprir com as obrigações burocráticas que representa 1% do faturamento das empresas – o que é um desperdício monstro. Em crise ou não, com desconfiança dos mercados ou não, o próximo governo tem de entrar com decisão na reforma tributária, sob pena de sucatear toda a economia nacional.


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07/18/2002


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