Ciro substitui Martinez e vice também pode sair









Ciro substitui Martinez e vice também pode sair
Coordenador-geral da campanha deixa cargo após denúncia do seu envolvimento com PC. O vice na chapa de Ciro, Paulinho, também alvo de denúncias, pode ser o próximo a renunciar

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO SP – O candidato à Presidência da Frente Trabalhista (PPS/PDT/PTB), Ciro Gomes, assume a coordenação-geral de sua própria candidatura.

O anúncio foi feito em São José do Rio Preto, Interior de São Paulo, após a oficialização da renúncia do coordenador-geral da Frente, José Carlos Martinez (PTB-PR). Nos próximos dias, uma nova reviravolta poderá afetar a campanha de Ciro. Ontem, havia rumores de que o vice da Frente Trabalhista e ex-presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também poderá sair da disputa.

Aliados do presidenciável analisaram a saída de Martinez como um sinal claro de que Ciro está determinado a evitar desgastes na sua candidatura, e poderá vir a trocar Paulinho. Mas, por enquanto, a ordem no comando da campanha é defender o ex-sindicalista das denúncias que vem sofrendo.

Tendo que se explicar sobre o empréstimo feito a PC Farias, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello, Martinez preferiu sair para evitar um desgaste maior na campanha.

Também para não dar munição aos adversários que usariam o caso já no primeiro debate que vai ocorrer no domingo, na TV Bandeirantes.

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, encaminhou ontem parecer ao Supremo Tribunal Federal opinando que devem prosseguir as investigações sobre a suposta prática de vários crimes que teriam sido cometidos por Martinez. Ele é acusado de cometer crimes de falsidade ideológica e contra a ordem tributária, falso testemunho e evasão de divisas.

PAULINHO – As acusações contra Paulinho envolvem desvio de verbas num possível caso de superfaturamento de um projeto de assentamento agrário na Fazenda Ceres, em Piraju (SP). Ontem, nova denúncia veio à tona. A conclusão da investigação da Controladoria-Geral da União sobre o desvio de recursos do FAT pela Força Sindical é mais um fator que poderá apressar a saída de Paulo Pereira da Silva do cargo de vice-presidente na chapa de Ciro Gomes. O relatório foi enviado a Paulinho, na última terça-feira. Ele tem 15 dias úteis para explicar as denúncias e apresentar sua defesa.

O presidente do PPS, senador Roberto Freire, afirmou que a Frente Trabalhista está
convencida do gosto requentado das denúncias contra o candidato a vice de Ciro Gomes. “Nada desabona a honra de Paulinho.”


Paulinho prepara dossiê contra Serra
GUARULHOS (SP) – O candidato da Frente Trabalhista a vice-presidente, Paulo Pereira da Silva (PTB-PDT-PPS), o Paulinho, recebeu ontem, em Guarulhos, na Grande São Paulo, do diretor-geral do Aché Laboratórios Farmacêuticos, José Eduardo Bandeira de Mello, um diagnóstico do setor no País, e disse que o usará contra o candidato José Serra (PSDB-PMDB). “Pegamos informações para metralhar o Serra”, afirmou Paulinho. “Quem mandou o Serra falar que, cada vez que o Ciro abre a boca, uma fábrica fecha? Vamos mostrar os números do setor farmacêutico para mostrar que quem fechou empresas foi o Serra, quando esteve no Ministério da Saúde”, adiantou.

Paulinho, que esteve na fábrica do Aché, ontem, onde tomou café com os funcionários e pediu votos, revelou que os dados do setor serão usados pelo candidato da Frente Trabalhista a presidente, Ciro Gomes (PPS), no primeiro debate entre os candidatos, domingo, às 21h30, na TV Bandeirantes.

Entre as informações que recebeu, o candidato da Frente Trabalhista a vice-presidente deu atenção especial à diminuição de 49.600 empregos do setor, em 1999, para 48.100, em 2000. “Esse número caiu em maior proporção de 2000 para 2001, e, de 2001 para 2002. Em torno de cinco mil demissões foram constadas no acumulado dos dois períodos”, estimou Mello.

“Meu negócio é arrumar problema para o Serra”, disse Paulinho. Para isso, passará para Ciro outra informação colhida, a ser usada no programa: o posicionamento do Brasil no ranking mundial de aquisição de remédios por governos, atrás de Portugal, conforme o levantamento da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica.

Segundo Mello, a implementação dos medicamentos genéricos no País e o controle de preços, duas políticas adotadas por Serra, “prejudicaram demais” as indústrias do setor. “Além disso, a permissão do Ministério da Saúde para a importação de genéricos trouxe desemprego por causa da ausência de uma isonomia competitiva entre as empresas.”

GAROTINHO – O quarto colocado nas pesquisas de intenção de voto será o primeiro a falar no programa eleitoral gratuito. O presidenciável pelo PSB, Anthony Garotinho, foi sorteado ontem à noite para estrear a propaganda no dia 20 de agosto. Os programas gratuitos serão apresentados três vezes por semana até as vésperas da eleição, e os candidatos se revezarão na ordem de aparição da estréia. No primeiro dia, após Garotinho será a vez de o candidato do PSTU, José Maria, falar na propaganda eleitoral.

Em seguida, o líder das pesquisas, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Rui Costa Pimenta, do Partido da Causa Operária (PCO), é o quarto na ordem de apresentação, seguido pelo tucano José Serra. Ciro Gomes, atualmente segundo colocado nos levantamentos, encerrará o primeiro dia de programa gratuito.


Aliados de Serra debatem propostas para Estado
Fortalecer a atividade canavieira, a avicultura e o turismo, através de incentivos fiscais e da formação de cadeias produtivas, que beneficiem não apenas uma empresa, mas o segmento econômico como um todo, serão algumas das propostas que o candidato à Presidência, José Serra (PSDB), irá defender para o Nordeste. As propostas para o Estado foram discutidas, ontem, na primeira reunião do comitê suprapartidário de apoio a Serra com empresários e secretários de Governo no Centro Debate, escritório político do governador-candidato, Jarbas Vasconcelos (PMDB).

“A necessidade de investimentos na infra-estrutura, como a duplicação da BR-101, de Natal a Maceió, a construção da Transnordestina e a utilização de energias alternativas para evitar a futura crise energética, prevista para os próximos três ou quatro anos, foram apontados como prioridades em Pernambuco”, comentou a assessora técnica do Programa de Governo para o Nordeste, a economista Mônica Amorim. O documento proposto por José Serra deverá ser apresentado nos próximos dez dias para que a sociedade conheça e dê sugestões.

Segundo a economista Elba Rego, que integra a equipe responsável pela elaboração do Plano de Governo, o presidenciável pretende usar o incentivo fiscal como uma política econômica temporária. “Os incentivos fiscais existem para compensar o investidor que opta por áreas sem infra-estrutura. A proposta é reduzir gradativamente os incentivos fiscais que são apenas paliativos”, explicou.

Na próxima quinta-feira (8), será inaugurado o comitê do presidenciável tucano, em Boa Viagem. A presença de Serra ainda não foi confirmada, mas a candidata a vice, Rita Camata, já garantiu sua participação no evento.

REBELDES – O PSDB estadual ainda não “engoliu” o apoio crescente dos pefelistas à candidatura do presidenciável Ciro Gomes (PPS). Ontem, o ex-secretário estadual de Saúde e coordenador da campanha de José Serra no Estado, Guilherme Robalinho, criticou os pefelistas rebeldes, dizendo que “aqueles que foram para os braços de Ciro não foram movidos pelas qualidades do candidato. Na realidade, eles não estavam prontos para trabalhar na proposta de avanço que Serra quer implementar no País”.

Em Pernambuco, o candidato a deputad o federal Joaquim Francisco já oficializou seu apoio a Ciro Gomes e o também candidato à Câmara Federal Inocêncio Oliveira caminha para a mesma direção. Na próxima semana, Inocêncio deverá se reunir com a cúpula do PPS para oficializar a mudança de palanque.


Jarbas com 65% no Ibope
Favoritismo do governador, que já havia sido apontado na pesquisa Exatta/JC, é reforçado no primeiro levantamento do Ibope para a Rede Globo

A primeira pesquisa estimulada Ibope/Rede Globo sobre a sucessão estadual, divulgada ontem à noite pela emissora, reforça o favoritismo do governador-candidato Jarbas Vasconcelos para as eleições de 6 de outubro. Candidato a um novo mandato pela coligação União por Pernambuco (PMDB/PFL/PSDB/PPB), Jarbas obteve 65% das intenções de voto contra 10% do vereador do Recife Humberto Costa, concorrente da Frente de Esquerda (PT/PCdoB/PCB/PL/PMN/PST).

Com margem de erro de 3,1 pontos percentuais (para mais ou para menos), a pesquisa foi realizada entre os dias 27 a 30 de julho, antes da renúncia do candidato socialista Humberto Barradas, da Frente Popular de Oposição (PSB/PRP/PTdoB/PRTB).

Barradas, que foi substituído há dois dias por Dilton da Conti (PSB), obteve 1%, mesmo percentual da candidata Ana Lins (PSTU). Os outros cinco postulantes (Ilo Jorge, PDT, Maurílio Silva, PCO, Flávio Lapenda, PTC, e José Carlos Andrade, PGT) não foram citados.

O Ibope ouviu mil eleitores em 45 municípios pernambucanos e, desse total, 10% informaram que pretendem votar em branco ou nulo e 11% se mostraram indecisos.

Hoje, à noite, a Rede Globo divulga os resultados da pesquisa para o Senado.

O amplo favoritismo de Jarbas no primeiro levantamento Ibope/Rede Globo foi apontado, também, na primeira pesquisa Exatta/JC, divulgada no último domingo (28) e que registrou 60% das intenções de voto para Jarbas, contra 13% de Humberto Costa. Ao comentar os números da nova pesquisa, o governador analisou que a pesquisa Exatta pode ter “puxado” os números do Ibope, uma vez que o levantamento começou a ser realizado justamente no dia da divulgação da pesquisa do JC. Preocupado em evitar o clima de “já ganhou” e garantir a energia dos militantes na campanha, Jarbas disse que não há nada decidido e que, a exemplo dos adversários, aposta muito no guia eleitoral, que começa no próximo dia 20.

Humberto Costa, por sua vez, afirmou que os números não mudaram muito e que não alteram em nada sua tática eleitoral. “Continuaremos com a nossa campanha nas ruas, animando a nossa militância. As alterações só se darão a partir da metade do guia eleitoral”, avaliou.


PPS quer espaço e já preocupa o PFL
Recém-aliado do governador-candidato Jarbas Vasconcelos (PMDB), o PPS começa a “cavar” seu espaço num possível segundo Governo jarbista. Hoje, a tropa de choque do partido – o presidente nacional, senador Roberto Freire, o presidente estadual, Elias Gomes, e o prefeito de Petrolina e maior articulador da aliança com Jarbas, Fernando Bezerra Coelho – estarão reunidos com o governador para discutir a participação da legenda na campanha e na administração, além de sugerir projetos.

“Pretendemos avançar da aliança eleitoral para a aliança política. Há ajustes necessários e naturais para um segundo mandato e podemos contribuir nesse processo”, declarou Elias Gomes. Fernando Bezerra disse que defenderá a construção da Transnordestina e maiores investimentos em Saúde e Educação.

Até mesmo a participação do PPS no palanque de Jarbas já está sendo avaliada. Elias não só confirmou a presença do partido na inauguração do comitê do governador, amanhã, como acrescentou que o PPS subirá nos palanques “neutros”, ou seja, aqueles que não tiverem a presença do presidenciável tucano José Serra, que tem o ‘apoio oficial’ de Jarbas e dos partidos da aliança governista (PMDB/PFL/PSDB/PPB).

Integrantes do PFL consideram uma afronta o comportamento dos pós-socialistas. Nos bastidores, o grupo assegura que para se manter no Governo é preciso mostrar força política e eleitoral. Não são poucos os que avaliam que esses requisitos o PPS não conseguirá satisfazer. Os insatisfeitos garantem, porém, que não farão retaliações, pois o projeto maior dos pefelistas no Estado é a eleição do vice-presidente Marco Maciel ao Senado.

Nacionalmente, a convivência PFL/PPS também deverá ser conduzida de forma civilizada, a partir de agora. Roberto Freire, que tem em Antônio Carlos Magalhães (PFL) um dos seus principais desafetos, teria dito aos correligionários que irá engolir o apoio do senador baiano ao presidenciável Ciro Gomes (PPS), desde que o PPS aja de forma mais agressiva (com o comando) na campanha presidencial. O primeiro passo para acentuar a participação dos pós-comunistas será dado no próximo dia 8, em Brasília, quando Elias Gomes vai lançar o Movimento Popular Pró-Ciro, que criará comitês populares em todo o País.


Comitês aproveitam debate para começar a aquecer militância
Os comitês dos candidatos majoritários do Estado vão aproveitar o primeiro debate entre os presidenciáveis, realizado pela TV Bandeirantes, para começar a esquentar a militância. O confronto, no domingo às 21h30, será acompanhado em clima de festa, com direito a telão e distribuição de bebida e comida. O único palanque que ainda não tem nada previsto é o do tucano José Serra. O deputado estadual Sérgio Pinho Alves (PSDB), um dos coordenadores da campanha do presidenciável, em Pernambuco, disse que, por enquanto, nada foi organizado.

Já a coordenação da campanha do petista Humberto Costa, candidato ao Governo, colocará dois telões na frente do comitê (Rua Visconde de Albuquerque, 297, Madalena) para que a militância possa acompanhar as propostas do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Toda a chapa majoritária estará presente.

A mesma programação acontece no comitê do candidato a governador do PSB, Dilton da Conti, na Avenida Santos Dumont, 599, Rosarinho. O desempenho do presidenciável do partido, Anthony Garotinho, será acompanhado pelos candidatos da majoritária, com exceção do vice, Anchieta Patriota. No caso da Frente Trabalhista, que apóia o candidato a presidente Ciro Gomes (PPS), o telão está garantido, mas sem a presença dos candidatos majoritários. A militância se encontra no comitê de Ciro Gomes, na Rua José de Holanda, 481, Torre.


Artigos

Um gringo no banheiro
José Paulo Cavalcanti Filho

As trapalhadas do Ministro da Economia dos Estados Unidos, dizendo o que não devia, lembram episódio ocorrido em 1985. Tanto tempo faz que me sinto liberado para contar - rezando só para não estar cometendo, agora, esse mesmo pecado. Respondia, então, pelo Ministério da Justiça - que o titular, Min. Fernando Lyra, andava por Oropa, ou França, ou Bahia. Recebi o embaixador dos Estados Unidos, Diego Ascênsio. Com ele vindo um gringo baixinho, sarará, cabelo cortado rente, que já nem mais sei o nome.

O Governo tinha então (ainda hoje tem) um problema grande. Que a coca nativa brasileira - epadu, variedade de erythroxylum c. - é diferente de suas primas andinas, que mais se assemelham a arbustos. Atingindo, por aqui, 8 metros de altura. E convivendo bem com a copa das árvores amazônicas - razão pela qual não podem ser detectadas por satélites. Como a macaxeira, só podendo ser extirpadas com arranques de suas raízes. A solução do baixinho era aplicar um desfolhante nas áreas amazônicas de maior concentração de epadu. E ele estava ali para vender esse produto milagroso.

Mas a lembrança do Vietnnam, onde o napalm se usava para desfolhar vietcongs, era ainda forte demais. Disse que sequer conversaria sobre o assunto. Só que notícia ruim corre como o vento. E logo a secretária veio informar qu e, amontoados no corredor, havia mais de vinte indignados jornalistas. Comecei a suar frio - como explicar a presença, ali, daquele baixinho? E Ascêncio “não se preocupe”. Ele insistia na venda.

Disse que só não o jogava pela janela, porque isso talvez afetasse as boas relações do Brasil com um país amigo.

Foi quando o embaixador colocou o baixinho no banheiro, trancou a porta e me
entregou a chave. Recomendando soltar o homem só depois da saída do último jornalista. Mandei entrar o pessoal. Ele pediu a palavra: “Meu governo estava preocupado com os riscos de napalm sobre a floresta amazônica. Mas recebi, do amigo Cavalcanti, garantias de que ela é intocável. Estou satisfeito”. Completando: “Algum outro assunto?” A palavra certa, na hora certa. Após o que olhou para mim, sorrindo, e disse - “viu como é?”

Comparo o Ministro àquele baixinho preso no banheiro. Falando, ambos, sobre uma realidade que conheciam bem - no caso do Ministro O’Neill, ele foi Presidente da Alcoa (aqui pertinho, em Alagoas, embora isso os jornais de Rio e São Paulo soneguem).

Textualmente, os recursos do FMI devem ser “aproveitados, e não apenas sair do país direto para uma conta da Suíça”. Palavras que, dependendo do contexto, podem até fazer sentido. Por exemplo, se seu alvo forem os especuladores estrangeiros - gente que talvez aproveite esses dólares para realizar posições na bolsa e voltar com seus ricos dinheirinhos para a Suíça. Ou, mais provavelmente, para Miami - onde quase todos residem.

Mas de boas intenções o inferno anda cheio. E a declaração, como foi feita, acabou
sendo mesmo destrambelhada. Sobretudo por conta do cargo que ocupa. Não é por nada não mas seria bom, para o governo de W. Bush, que seus ministros fizessem um cursinho com o amigo Ascêncio.

P.S.: Pensando bem, se o Ministro O’Neill tiver a desventura de acabar trancado em algum banheiro, não custava nada jogar a chave fora. Porque então ali, na solidão de um local assim insólito, ele talvez compreendesse as vantagens de pensar, antes de dizer besteiras.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Palanque duplo
Uma das dificuldades de José Serra para consolidar-se politicamente como o “candidato do governo” à sucessão de FHC é a divergência em muitos Estados entre os dois principais partidos da sua base de sustentação - PSDB e PMDB. Em vez de somar convergências, o que seria natural para fortalecer a sua aliança, o candidato do governo perde aliados praticamente todos os dias por tentar adicionar as divergências.

Dois exemplos nordestinos: Paraíba e Ceará. No primeiro, Serra se esforçou o quando pôde para tentar juntar no seu palanque políticos inconciliáveis: o tucano Cássio Cunha Lima, ex-prefeito de Campina Grande e candidato favorito ao governo estadual, e o ex-governador e candidato ao Senado José Maranhão. Tentou, mexeu, conversou, confabulou, mas em vão. Maranhão e todo o seu grupo político, incluindo o ex vice e atual governador, Roberto Paulino, negaram-se a compor com os “Cunha Lima” e fecharam em bloco com o candidato do PT (Lula).

No Ceará o caso é mais grave. Serra não conta com Tasso, que de coração torce por Ciro, nem entrega o comando de sua campanha ao peemedebista Sérgio Machado, inimigo figadal do tucano. Daí a conclusão de Tasso, que valerá também para Pernambuco, em 2004: “Foi um erro essa coisa de palanque duplo. Quem tem dois não tem nenhum”.

Mudança no quadro
Mais duas alterações no quadro político de Paulista. O vice-prefeito Aguinaldo Fenelon (PV), que rompeu com o prefeito Speck e lançou-se candidato a estadual, foi impugnado no TRE. E o vereador João Mendonça, que também era candidato a estadual pelo PSD, renunciou. Enquanto isso, o presidente da Câmara, Cláudio Russel, que é candidato a estadual com apoio de 12 vereadores, inaugura amanhã às 15h, o seu comitê, na antiga fábrica da Sentinela.

Tiroteio 1
Como já foi dito aqui nesta coluna, não será fácil para Ciro Gomes, caso seja eleito presidente, conviver com ACM e Roberto Freire. “Ele é golpista, é sempre governo.

Espero que Ciro tenha consciência disso. Não temos que fazer aliança com o PFL. O apoio dele (ACM) é apenas eleitoral”, disse o senador pernambucano ao “Correio Braziliense”.

Tiroteio 2
ACM, que nunca gostou do presidente do PPS, um dos poucos que lhe enfrentavam no Senado, senão o único, rebateu o ataque: “Ele (Roberto Freire) é um fujão. Teve medo de disputar a reeleição ao Senado e faz uma aliança espúria com o governador Jarbas Vasconcelos e o Marco Maciel para ver se consegue a eleição para deputado”.

Candidato de Brizola afasta-se do páreo no RS
Imprensado entre Antonio Brito (PPS) e Tarso Genro (PT), o vereador José Fortunatti (PDT), que era o candidato de Brizola ao governo do Rio Grande do Sul, renunciou à candidatura. Brizola não decidiu ainda o que irá fazer.

Imposto único começa a ser debatido no país
A proposta do “imposto único”, de autoria de Luciano Bivar (PSL), foi tema de debate entre economistas e tributaristas no auditório da “Folha de São Paulo”. Segundo o Datafolha, 63% dos que conhecem o projeto o aprovam.

Com a aliança
Por meio do deputado José Marcos (PFL), coordenador-geral de sua campanha, Inocêncio Oliveira confirmou que teve um “encontro casual” com Carlos Wilson (PTB), em Serrita, domingo. Mas desmente que tenha liberado os seus liderados para votarem nele para senador. Está com Sérgio Guerra e Marco Maciel.

Dupla reunião
No “Debate”, escritório político de Jarbas Vasconcelos, haverá hoje duas reuniões. Uma do governador com Roberto Freire, Fernando Bezerra Coelho e Elias Gomes para tratar da campanha de Ciro. E outra de Guilherme Robalinho com dois emissários de Brasília para tratar da campanha de Serra.

Não é apenas Jarbas Vasconcelos que processa jornalistas quando publicam notícias que lhe desagradam. Maluf processou Clóvis Rossi, Ricardo Teixeira (CBF) processou Armando Nogueira e Quércia, que já privou da amizade do governador, também foi à Justiça pedir a punição de jornalistas. Os três, como se sabe, estão acima de qualquer suspeita.

Para provar que sua Secretaria não faz investimentos em infra-estrutura levando em consideração “questões políticas”, José Arlindo (planejamento) dá 2 exemplos: gastou R$ 3 milhões para levar água até Sertânia e incluiu Tracunhaém no projeto piloto do “Promata”. Ambos os prefeitos, disse ele, são do PSB.

Amanhã, às 20h, com a presença de Antonio Moraes (PSDB), o prefeito de Itapissuma, Paulo Volia, estará inaugurando 4 km de rede elétrica ligando a entrada do seu município à saída de Igarassu, beneficiando quem faz turismo em Itamaracá. Na obra, a prefeitura investiu R$ 62 mil, com recursos
próprios. Em parceria com a Celpe.

Um sertanejo de Tabira (Aristides Santos) poderá ser eleito neste domingo para a
presidência da Fetape. A eleição acontecerá durante o congresso que será aberto hoje, no Centro de Convenções, com a participação de 900 delegados de 163 sindicatos rurais. O candidato da oposição é João Santos (Vitória).


Editorial

SUSPEIÇÃO INACEITÁVEL

É inaceitável a suspeição generalizada lançada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O’Neill, sobre o Brasil e suas autoridades econômicas. O presidente Fernando Henrique Cardoso, interpretando a opinião pública nacional, tomou a atitude que deveria ser tomada ao recusar-se a receber o funcionário americano, a não ser que ele se retratasse. O Governo dos EUA, através de sua embaixadora em Brasília, já pediu desculpas ao Governo brasileiro. O porta-voz da Casa Branca, em comunicado oficial, também apresentou s uas desculpas. Mas, se é para derrubar ainda mais nossas bolsas e nossa credibilidade internacional, seria melhor que O’Neill ficasse em casa mesmo. A empáfia e falta de informação do secretário nos parecem mais estranhas ainda num momento em que, não apenas gigantescos grupos empresariais e financeiros americanos, mas também a cúpula do Governo dos EUA, estão sob suspeita de negócios fraudulentos ou, no mínimo, antiéticos. No domingo passado, o ex-presidente Bill Clinton afirmou que, durante seu Governo, o atual xerife de valores mobiliários liderou o impedimento de investigação, no Congresso, sobre o mercado que hoje comanda.

Com a precária informação e preconceito que caracterizam boa parte da atual administração dos EUA, O’Neill confundiu funcionários do nível de Pedro Malan, Armínio Fraga, com alguns empregados públicos marginais que se locupletam com o dinheiro público, enviando-o a porto seguro em paraísos fiscais. Comportamento que seria muito menos corriqueiro se o cerceamento de investigações, a impunidade, não fossem como que instituições nacionais. Leve-se em conta, porém, que freqüentemente o FMI tem aparentemente socorrido países emergentes, mas para
salvar o dinheiro de investidores dos países ricos em bolsas periféricas.

Quem sabe, o objetivo de O’Neill tenha sido tumultuar ainda mais a nossa situação econômica e o processo eleitoral; o que tem sido feito sistematicamente por altos funcionários do Governo Bush, contribuindo para fazer desabar as bolsas brasileiras e a avaliação financeira internacional sobre o País. Talvez acreditem que, agindo assim, estariam exorcizando o risco EUA (que inclui os riscos Enron, Worldcom, Morgan etc.), ao ampliar artificialmente o que eles chamam de risco Brasil. Eminentes economistas, inclusive americanos, garantem não existir esse risco. Seriedade e responsabilidade é o que temos o direito de exigir dos que governam um país da magnitude da superpotência americana, na economia, na política, em todas as atividades do mundo todo.

É preocupante ver que, num momento crucial como o que estamos vivendo, um país do porte dos EUA está sendo governado por uma equipe tão pouco confiável como a que o presidente Bush foi buscar entre seus amigos do Texas e executivos de empresas hoje sob suspeita de fraudes contábeis e outras, que só fazem aumentar o risco EUA. Um risco que mexe com os destinos globais da humanidade. Uma superpotência mundial merece, e deve ter, líderes mais qualificados em seu Governo.

O presidente está sob suspeita; o vice Dick Cheney está sendo processado por denunciada participação em maquiagem contábil de empresa de que foi diretor. Sendo assim, O’Neill não tem autoridade moral para nos dar lições sobre como cuidar de dinheiro.

Fica bem patente o preço que estamos pagando por uma política econômica que mandou para a estratosfera a dívida brasileira (externa e interna), estagnou, quando não fez regredir, a produção, a geração de empregos, o bem-estar nacional; e aumentou exageradamente nossa dependência externa de importações, de capitais, de obediência a uma ortodoxia liberal do século 18, imposta pelo FMI somente aos países emergentes e periféricos, que seriam os únicos de risco.


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08/02/2002


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