Ciro troca coordenador citado em caixa dois do PR









Ciro troca coordenador citado em caixa dois do PR
Apesar da substituição, Palmieri deverá manter antigas funções

Citado como receptor de R$ 560 mil nos documentos do caixa dois da campanha à reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), em 2000, Emerson Palmieri, primeiro-secretário nacional do PTB, foi afastado do cargo de coordenador de estrutura da campanha presidencial de Ciro Gomes (PPS).

Palmieri era um dos três encarregados da organização da infra-estrutura da campanha, juntamente com Lúcio Gomes, irmão de Ciro, e Manoel Dias, secretário-geral do PDT.

Foi substituído na função pelo deputado federal Walfrido Mares Guia (PTB), deslocado da Coordenação Política.

Embora a troca de cargos tenha sido revelada apenas depois de a Folha ter divulgado a presença de Palmieri na lista dos receptores de recursos do caixa dois, integrantes do PPS afirmaram que a substituição ocorreu há aproximadamente 15 dias, quando o problema envolvendo o então coordenador teria sido detectado pela campanha de Ciro.

A informação sobre o afastamento também não foi transmitida à reportagem quando tanto o presidenciável quanto Palmieri foram ouvidos a respeito da presença do coordenador na lista paralela da campanha de Taniguchi.

Informado ontem à noite sobre a troca, o ex-coordenador disse não poder se manifestar por estar em reunião. ""Não sei nada disso. Pergunta para o Ciro", limitou-se a declarar o petebista, demonstrando irritação.

Segundo coordenadores da equipe do presidenciável ouvidos pela Folha, Palmieri deverá ser o responsável pelas mesmas tarefas que realizava como coordenador, mas sem a visibilidade do cargo.

A alteração teria sido feita, de acordo com interlocutores de Ciro, seguindo ""orientação" do próprio candidato.

Palmieri nega que tenha movimentado dinheiro na campanha de Taniguchi em 2000 e diz desconhecer a existência de registros paralelos da contabilidade de eleição do pefelista.

Segundo ele, sua atuação na campanha à Prefeitura de Curitiba, quando era presidente do PTB do Paraná, limitou-se ""à movimentação de cabos eleitorais, em busca de votos".

Quando a denúncia foi divulgada, Ciro também afirmou desconhecer a acusação. Declarou que teve contatos esporádicos com o petebista e que se lembrava de já ter visto o presidente nacional do PTB, deputado federal José Carlos Martinez, dando instruções a ele.

""Na minha estrutura só fica gente sem culpa formada. Eu não vou prestar atenção a acusação sem prova ou ataques. Mas quem tiver culpa formada não participa", afirmou Ciro na ocasião.

Um dos principais motes da campanha do PPS tem sido o fato de Ciro supostamente "não ter o rabo preso com ninguém", como ele mesmo insiste em repetir.


Ciro acusa Folha de ser pró-Serra
O candidato da Frente Trabalhista (PTB-PPS-PDT) à Presidência, Ciro Gomes, acusou ontem a Folha de estar "a serviço" do tucano José Serra.

"Vocês estão a serviço do candidato do governo, que está desesperado", disse ele, em resposta a pergunta sobre a relação de seu coordenador de campanha, deputado José Carlos Martinez (PTB), com a família de Paulo César Farias, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

No domingo, a Folha publicou reportagem em que Martinez assume ainda estar pagando parcelas de um empréstimo de U$ 1,6 milhão contraído de PC. O deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmão de PC, confirma a negociação. "Não há relação de dívida com morto. Isso é forçar a barra, vamos devagar com o andor", afirmou Ciro. Ao ser lembrado de que o pagamento está sendo feito a herdeiros de PC, Ciro disse: "Se uma pessoa privada tem uma dívida com outra pessoa privada, o que eu tenho com isso, amigo?".

O candidato teve ontem de manhã, no Rio, uma reunião com coordenadores de campanha, no apartamento do ex-governador Leonel Brizola, em Copacabana.

Após a reunião, questionado sobre a presença de ex-colloridos em sua equipe, o candidato disse que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-ministro da Justiça, e o advogado Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, também trabalharam para Collor.

"Existem dezenas de brasileiros que trabalharam para Collor" e nenhum deles a gente deprecia pelo mero fato de ter tido uma relação com o governo no passado. Então, isso é uma forçação de barra que vocês, da Folha de S. Paulo, procuram fazer porque não encontraram nada", disse.

Ele completou: "Apesar de vasculhar, não acharam nada de objetivo. Por que não dizem de nenhum escândalo comigo? Cadê os dossiês? Cadê uma imoralidade que eu tenha cometido, uma CPI Comissão Parlamentar de Inquérito" que eu tenha respondido, cadê um inquérito?".

Ciro afirmou que não usará os cargos públicos para conseguir a coalizão que busca para governar.
"Não tenho compromisso com cargos com ninguém. O público, para mim, não é lugar de acomodação política, é ferramenta para pôr em prática as propostas."

Ele afirmou que ligaria ainda ontem para Armínio Fraga para marcar um encontro, provavelmente, na quinta-feira. Disse ainda ter proposta "semelhante" à do PT, que pretende conceder um aumento de 20% ao salário mínimo em 2003. Segundo Ciro, sua idéia é aumentar o valor do mínimo para 100 dólares - cerca de R$ 280.


Garotinho perde quatro assessores de campanha
Publicitários vão ser substituídos pela agência Blue Light

O candidato à Presidência Anthony Garotinho (PSB) está perdendo parte da sua equipe de campanha a menos de um mês do início do horário eleitoral. O jornalista Paulo Fona, assessor de imprensa, se demitiu na última quarta-feira e até o final desta semana os publicitários Elysio Pires, Marcelo Brandão e Nei Azambuja, responsáveis pelo programas e inserções em TV e rádios, também sairão.

A Folha apurou que os publicitários serão substituídos pela agência Blue Light, que vinha atuando como produtora dos programas de TV do candidato. Uma das razões da troca é financeira. Pires não quis comentar a saída. Fona confirmou que deixou a campanha: "Já dei a minha contribuição". Segundo o coordenador de comunicação de Garotinho, Carlos Rayel, trata-se de uma "readaptação da campanha no que diz respeito aos gastos".

Fona foi contratado em setembro de 2001 para cuidar da assessoria de imprensa da pré-campanha presidencial, enquanto Carlos Henrique Vasconcelos continuava responsável pela comunicação do governo do Estado.

Ao longo deste período, Fona e Vasconcelos se desentenderam. Rayel, ex-secretário de Comunicação de Orestes Quércia no governo paulista (87-91), entrou na campanha em 14 de junho, chamado por Garotinho para coordenar toda a parte de comunicação com a imprensa. Desgastado, Fona foi aos poucos perdendo funções, até pedir demissão.

Os três publicitários estão com Garotinho desde novembro do ano passado. Eles foram responsáveis pelo programa partidário gratuito de dezembro e de maio e pelas inserções comerciais desde dezembro e ao longo de todo o primeiro semestre, inclusive as inserções regionais em 17 Estados. Foram eles ainda que fizeram os cinco miniprogramas de partidos aliados de Garotinho.

Embora seja real a dificuldade de Garotinho de coletar recursos, o que vem acarretando cortes de despesas, como antecipou a Folha no último dia 17, a saída dos profissionais também está relacionada com os desgastes da campanha, principalmente os causados pela queda nas pesquisas.

Garotinho está em quarto lugar com 13% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Ele chegou a alcançar 18% e a permanecer algumas semanas em segundo lugar em fevereiro, depois dos programas eleitorais de d ezembro e das inserções de janeiro. Manteve este índice até março. Entre abril e junho, oscilou entre 16% e 15%. Caiu no início de julho para 13%.

Ao longo deste período, Garotinho cometeu muitos erros, quase todos provocados por iniciativas dele próprio, que age frequentemente sem ouvir os assessores.

Um dos erros mais graves de Garotinho foi o confronto com a Rede Globo, há duas semanas, por conta da negociação entre a emissora e o candidato para a divulgação de fitas proibidas que o mostram conversando com ex-assessores sobre um suposto pagamento de suborno a um fiscal da Receita Federal, em 1995.

Houve problemas menores, como as várias recusas aos convites para vice-presidente da chapa e a desorganização do PSB em Pernambuco, onde Garotinho fez um comício para apenas cem pessoas.

No dia 16, o presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, recusou um convite para ser ministro em um eventual governo do PSB. A recusa ocasionou novo desgaste. A falta de recursos, os erros de campanha e a queda nas pesquisas vêm alimentando as especulações de que Garotinho pode renunciar. Ele garante que não renuncia.


PSB começa a vender os bônus em SP e MG
Os Estados de São Paulo e Minas Gerais começam a receber nesta semana os bônus de R$ 1 para a campanha do presidenciável Anthony Garotinho (PSB). Até então, a venda estava sendo feita só no Estado do Rio. As capitais São Paulo e Belo Horizonte receberão 100 mil bônus cada, de acordo com o candidato. Outras 100 mil unidades serão distribuídas no interior dos dois Estados.

"Os bônus foram encaminhados no final de semana para que fossem montadas as logísticas. Tem que haver um controle, para que não haja falsificação", disse Garotinho. Ele não informou quantos bônus já foram vendidos.

"A população está compreendendo que é melhor colaborar com o candidato, para que ele seja livre e possa fazer uma campanha limpa e transparente, do que o candidato receber financiamento de bancos e, depois, não poder tomar medida nenhuma porque os banqueiros foram os grandes colaboradores da sua campanha", disse o candidato do PSB.

Garotinho esteve ontem em Campinas (95 km de São Paulo), onde participou de uma entrevista em uma emissora regional de TV. Ao lado do coordenador do movimento "Garotinho Presidente", o pastor da igreja Assembléia de Deus do Rio de Janeiro Everaldo Dias Pereira, o candidato visitou, no final de semana, Sorocaba, Itu e Limeira.

Em relação à corrida eleitoral, Garotinho afirmou que não está disputando "campeonato de pesquisas". Indagado sobre o que fará para reverter a sua posição, Garotinho respondeu: "Não vou dizer para que meus adversários não me copiem. Minha expectativa é de que eu estarei no segundo turno".


Serra defende flexibilização do Mercosul
Para tucano, bloco deveria aprofundar zona de livre comércio para depois aperfeiçoar união aduaneira

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, defendeu ontem a "flexibilização" do Mercosul, tornando-o mais realista e menos ambicioso.

Segundo Serra, o Mercosul deveria primeiro aprofundar a zona de livre comércio entre seus quatro integrantes -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai- para depois aperfeiçoar o caráter de união aduaneira do bloco.

"Tenho como meta prestigiar o Mercosul, agora fazendo um sistema flexível e realista. Às vezes o excesso de ambição faz com que a gente não atinja nem objetivos mais modestos", disse Serra, após reunir-se, em São Paulo, com o comissário (ministro) europeu para o Comércio, Pascal Lamy.

Em uma zona de livre comércio, o componente principal é a eliminação das barreiras tarifárias entre os países membros. A união aduaneira é um passo seguinte, em que também é fixada tarifa externa comum entre os integrantes do bloco e o resto do mundo.

Para Serra, ao tentar ser as duas coisas, o Mercosul não consegue fazer bem nem uma coisa nem outra: "O Mercosul ainda não é uma união aduaneira completa nem uma zona de livre comércio completa. Não completamos a primeira etapa ainda. O prioritário nos próximos anos é completar a integração como zona de livre comércio", declarou ele.

Serra não descarta que o Mercosul eventualmente possa funcionar bem como união aduaneira. Uma alternativa, para Serra, seria haver a flexibilização da tarifa externa comum do Mercosul, de modo a dar ao Brasil maior liberdade para realizar sozinho acordos comerciais com países de fora. "[É preciso" aprofundar a zona de livre comércio, antes de aprofundar a tarifa externa comum, que precisa ser flexibilizada para o Brasil fazer mais acordos comerciais separadamente com o resto do mundo. O Brasil, por seu tamanho, é um jogador mundial."

Serra afirmou que não se opõe à reivindicação da UE de negociar acordos comerciais com o Mercosul como bloco, não com seus países integrantes separadamente.

O candidato pediu a redução das restrições européias à importação de produtos agropecuários, que, segundo ele, estariam custando "empregos e produção" ao Brasil. Ao sair da reunião com Serra, Lamy, que também se encontrou com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), evitou fazer comparações entre os dois candidatos.

Disse apenas que tinha um "forte relacionamento pessoal" com o tucano, em razão de terem trabalhado juntos na última rodada da OMC em Doha (Qatar), em 2001.


Tucano inicia uso de feitos na Saúde em campanha
O presidenciável do PSDB, José Serra, começou ontem a intensificar sua estratégia de campanha para alavancar seu desempenho nas pesquisas, buscando "relembrar" a população de seu período no Ministério da Saúde.

Em visita ontem a um posto de saúde -considerado modelo pelo ministério- na zona leste de São Paulo, ele foi aplaudido, abraçado e chamado de "presidente" por pacientes.

Na esteira dos outdoors "Lembra dos genéricos?", de acordo com assessores da campanha, o presidenciável vai abrir espaço na agenda das próximas semanas para visitar outros postos de saúde no país. Também buscará frisar conquistas de seus períodos como ministro do Planejamento e senador, como a criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que financia o seguro-desemprego.

Na sala de entrada do posto, havia um cartaz da campanha de Serra na parede junto de cartazes de combate à dengue.

"O senhor não sabe o bem que fez por aqui, a gente não tinha médico, tinha que andar a pé até outros bairros atrás de remédio", disse a dona-de-casa Altamea da Silva, 63, abraçada a Serra.

Inaugurado por Serra há um ano, o posto é quartel-general de quinze agentes de saúde do Programa Saúde da Família. O programa é do Ministério da Saúde, com apoio do governo estadual, que chama o programa de Qualis. Atende a cerca de 5.000 famílias do bairro de Guaianazes e outros próximos, com média de atendimento de 900 pessoas por mês.

Segundo a gerente do posto, Ione Aparecida de Barros, 46, durante o ano, não faltaram medicamentos ou médicos no posto. "Graças a Deus, estamos bem assistidos aqui", disse.

"Quando assumi o ministério, tinha 1.500 [agentes de saúde" e quando saí já tínhamos 15 mil, atendendo a 50 milhões de pessoas. Nos próximos quatro anos, vamos duplicar e atender a 100 milhões", disse.

No final da visita, Serra elogiou a beleza de algumas agentes de saúde. E cantou com elas: "Lá vem, lá vem o arrastão. É a família Qualis fazendo a prevenção".


Desafeto de Tasso deve coordenar a campanha de Serra
Uma reunião amanhã em Brasília, que terá na pauta a definição do coordenador da campanha de José Serra (PSDB) no Ceará, poderá ser o estopim para o rompimento definitivo do ex-governador Tasso Jereissati com o presidenciável de seu partido.

O motivo é a ida ao encontro de um dos principais desafetos de Tasso no Ceará, o senador Sergio Machado (PM DB), principal cotado para ser o coordenador da campanha de Serra no Estado, o que faria do PSDB local um mero coadjuvante.

Na semana passada, quando houve uma reunião de socorro à candidatura de Serra, o único cearense presente era Machado, ex-tucano que hoje é candidato ao governo do Estado pelo PMDB. O presidente do PMDB local, deputado federal Eunício Oliveira, confirmou a presença do senador na reunião de amanhã.

O próprio Tasso, que é candidato ao Senado, e o governador do Ceará, Beni Veras (PSDB), afirmam que nem sequer teriam sido convidados para a reunião e que não estão integrados com os rumos da campanha.
O rompimento de Tasso com Serra já pode ser notado implicitamente no discurso do ex-governador. Em entrevistas, ele tem demonstrado desinteresse em relação à campanha nacional e deixa claro que não irá se engajar, "por ter uma campanha muito dura no Estado", afirma. Pesquisas locais de intenção de voto o colocam, porém, com folga na disputa.

Tasso não indicou um nome do partido, até agora, para organizar a campanha de Serra, que ainda não existe no Ceará. Na sexta-feira, ele afirmou que quem deve ser indagado sobre a ausência da campanha presidencial no Estado é Sergio Machado.

Preterido para ser o candidato tucano à Presidência, Tasso teria ficado ainda mais irritado com a cúpula do partido, segundo interlocutores próximos, com a escolha de Machado para presidir a Comissão do Orçamento no Senado no ano passado.

Esse descontentamento já foi explicitado por Tasso em discursos, como fez na convenção do PSDB do Ceará, em que questionou a competência de Machado para, ao mesmo tempo, comandar o Orçamento da União e uma campanha ao governo do Estado.

O ex-governador nem mesmo tem citado o nome de Serra nos comícios que tem feito pelo interior do Estado ao lado do candidato ao governo pelo PSDB, senador Lúcio Alcântara. O candidato a vice-governador, Francisco Maia Júnior, porém, e outras lideranças que apóiam a candidatura tucana, como o ex-governador Adauto Bezerra (PFL), chegam a pedir votos para Ciro Gomes (PPS) no palanque.


PSDB cearense apóia Ciro e ignora tucano
Em comícios no interior, Tasso e Lúcio Alcântara elogiam candidato do PPS e não citam Serra

Há pouca novidade no fato de o ex-governador Tasso Jereissati não fazer campanha para José Serra, candidato a presidente pelo seu partido, o PSDB. Mas essa realidade fica mais chocante quando registrada em vídeo.

Gravações recentes de imagens de comícios no interior do Ceará mostram Tasso falando de forma elogiosa de Ciro Gomes, presidenciável do PPS. No palanque, outros tucanos observam com ar de aprovação. O nome de Serra não é pronunciado.

Mais do que isso: ao lado de Tasso, o candidato tucano ao governo do Ceará, o senador Lúcio Alcântara, pede ajuda para Ciro.

"Espero que cada um de vocês possa nos ajudar nessa campanha. Não só a mim: ao Tasso, ao Ciro, à Patrícia", disse Lúcio em Antonina do Norte (6.000 habitantes), a 480 km de Fortaleza. "Patrícia" é Patrícia Gomes, ex-mulher de Ciro e candidata ao Senado pelo PPS, em aliança branca com os tucanos.

O comício ocorreu na última quinta. O ex-governador Tasso é o primeiro a aparecer na fita. Disputa uma vaga ao Senado pelo PSDB. Na sua fala defendeu a continuidade, lembrou feitos de governos passados e garimpou uma brecha para falar do inimigo de Serra. "Com Ciro no governo, comigo no governo", disse, o Ceará teria conquistado um desenvolvimento maior do que em períodos anteriores.

Em comícios políticos tradicionais é comum serem citados os nomes de todos os candidatos que compõem a chapa completa. Em tese, os tucanos deveriam terminar com um "Serra presidente!". Não em Antonina. Além das citações elogiosas a Ciro, "não se falou em presidenciável", relata o prefeito local, Iteildo Roque Araújo (PSD).

A fita de vídeo recebida pela Folha registra outro comício em que Ciro foi defendido efusivamente -no dia 12 deste mês, em Nova Olinda (11.300 habitantes), a 570 km de Fortaleza. A prefeita é Fábia Alencar, do PSDB.
"Nós temos, além do mais, uma pessoa que está trabalhando por muitos e muitos anos por esse Estado do Ceará, com projeção nacional", diz Fábia. E grita: "Ciro Gomes!". Em seguida, pede confiança para Ciro. Aplausos. O vídeo registra as palmas de Lúcio Alcântara.

Antonina e Nova Olinda são um retrato do que pesquisas locais demonstram estar ocorrendo no Ceará. Segundo levantamento do Ibope feito entre os dias 1 a 4 deste mês, Ciro tem 49% das intenções de voto. Lula, 34%; Serra e Garotinho, 7%.

Em 98, FHC ficou em terceiro lugar no Estado, mas teve um desempenho bem superior ao apresentado por Serra nas pesquisas. Obteve 30,31% dos votos válidos. Ciro ficou em primeiro, com 34,24%. Lula, em segundo, com 32,84%.


Ciro amplia vantagem sobre Serra
Nova pesquisa do Vox Populi amplia a distância entre os candidatos à Presidência da República Ciro Gomes (PPS), isolado em segundo lugar, e José Serra (PSDB), terceiro colocado na disputa.

Ciro subiu três pontos percentuais em relação ao levantamento anterior do instituto, feito há uma semana, e agora aparece com 27% das intenções de voto. Serra, que tinha 16%, está com 14%.

Com 35%, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na liderança -tinha 34%. Anthony Garotinho (PSB) recuou de 11% para 10%. A margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos.

O cientista político Marcos Coimbra, diretor do Vox, avalia que o movimento ascendente de Ciro não pode mais ser creditado exclusivamente à elevada exposição na TV experimentada pelo candidato da Frente Trabalhista ao longo do mês de junho.

"Essa explicação procedia nas pesquisas do início de julho, mas já não era tão válida na rodada seguinte, e menos ainda agora."

No que diz respeito à pesquisa espontânea -aquela em que não é apresentada ao entrevistado a relação de candidatos-, Coimbra chama a atenção para o desempenho de Lula, que já chegou a ter 31% e agora está com 27%.

"O patamar de hoje corresponde à votação obtida por ele em 1998", diz, "e pode denotar dificuldade em fixar o voto de quem não é eleitor tradicional de Lula".

Partidários de Serra levantaram dúvidas sobre o questionário do Vox, considerando a forma de apresentação dos nomes favorável ao ex-governador do Ceará.

Citaram o fato de o nome de Ciro aparecer acompanhado da qualificação "Frente Trabalhista: PPS/ PDT/PTB". Junto aos nomes dos demais candidatos aparece apenas a indicação do partido.

"Anexo 2"
Também reclamam porque no centro do cartão circular há uma expressão ("Anexo 2") que, quando colocada na posição correta, favoreceria a leitura do nome de Ciro. Os demais estariam em diagonal ou, no caso de Lula, de cabeça para baixo. "Anexo 2" é o nome que identifica, para os pesquisadores do Vox, a pergunta de intenção de voto estimulada.

Coimbra argumenta que Ciro é apresentado como candidato da Frente Trabalhista porque "assim o faz a mídia de maneira geral", enquanto Lula, Serra e Garotinho são mais frequentemente associados a seus respectivos partidos.

"Nosso objetivo é dar ao entrevistado um cenário o mais parecido possível com o do cotidiano."

Quanto à disposição dos nomes, ele afirma que ela se repete na sequência de pesquisas do instituto. Ciro, pondera, estava no mesmo lugar no cartão quando tinha 9% das intenções de voto, assim como Lula não deixou de ser líder pelo fato de seu nome estar de cabeça para baixo.

"Além disso", diz, "não há evidência de que entrevistadores e entrevistados manuseiem o cartão sempre na mesma posição".


Alckmin ganha ação de danos morais contra Maluf; ex-prefeito vai recorrer
Nota suspeitava de obras do Rodoanel

O candidato ao governo do Estado Paulo Maluf (PPB) foi condenado a pagar cem salários mínimos [R$ 20 mil" por danos morais ao governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, (PSDB).

A decisão é de primeira instância. O escritório de advocacia que representa o ex-prefeito afirmou que vai recorrer da sentença no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Em nota publicada pela Folha, em 14 de fevereiro deste ano, intitulada "Jogo sujo e mentiroso", Maluf criticou a viagem de representantes do Ministério Público à Suíça para investigar supostas contas bancárias em seu nome.

"..." A mesma velocidade de investigação não existe para encontrar os eventuais crimes que teriam sido praticados pelo governador Geraldo Alckmin no superfaturamento de 80% nas obras do Rodoanel [anel viário da região metropolitana de São Paulo"", diz trecho da nota.

O juiz Rodrigo Nogueira, da 25ª Vara Cível, acolheu a ação movida por Geraldo Alckmin contra Paulo Maluf, mas considerou improcedente o pedido do governador para que a sentença fosse publicada na Folha.
O advogado Eduardo Nobre, que representa o ex-prefeito, afirmou que a defesa vai recorrer. Segundo ele, a "nota teve um tom defensivo em um momento de muitos ataques [contra Maluf]".

Nobre disse ainda que requereu uma perícia técnico-contábil para comprovar ou não o superfaturamento do Rodoanel. Segundo o advogado, teria havido "cerceamento de defesa porque o pedido não foi apreciado pelo juiz".


Itamar vai exigir o apoio de seus secretários à campanha de Aécio
A movimentação política do governador de Minas, Itamar Franco (sem partido), nos últimos dias deixou evidente que o seu empenho é total em relação à candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao governo mineiro, mas não é tão intenso em relação ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ele em tese apóia.
Itamar disse que vai exigir do seu secretariado adesão à candidatura de Aécio, sob pena de terem que entregar os cargos. Mas não foi exigida fidelidade a Lula.

O secretário de Governo, Henrique Hargreaves, declarou apoio público ao presidenciável Ciro Gomes (PPS). Segundo nota da assessoria do governo, Hargreaves disse tratar-se de "uma opção pessoal, que o governador acata". E que Itamar confirmou, assinalando que "Ciro Gomes, além de um candidato que respeita, foi seu ministro [da Fazenda, na sua gestão presidencial de 92 a 94" e nada tem contra ele". Itamar lembrou ainda que Ciro apóia Aécio.

Mas Itamar começou a pedir votos para Lula em inaugurações de obras pelo interior, que antes era só para Aécio. Foi assim na sexta e ontem, em Juiz de Fora.

Por isso o PT diz não ter dúvidas do apoio. Agora, busca garantir uma participação mais ativa do governador, inclusive em viagens.

Ainda nesta semana o vice de Lula, senador José Alencar (PL-MG), se reúne com Itamar.

Em Divinópolis (MG), no sábado, Lula foi informado de que o secretariado de Itamar não terá que ser fiel à sua candidatura. Ele respondeu: "Não cabe a mim determinar como deve ser o comportamento do Itamar na minha campanha".


Artigos

De tijolos e globalização
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Quinta-feira é o dia que vai deixar um pouco mais claro o panorama da economia norte-americana -ou, talvez, mais escuro.

É a data prevista para a divulgação de dados a respeito de venda de casas. Qual é a importância desse número? Simples: até agora, a disposição do consumidor norte-americano para continuar indo às compras está muito mais vinculada ao mercado imobiliário do que aos Dow Jones e Nasdaqs da vida.

Explica a revista "The Economist", no seu endereço eletrônico: "Com as taxas hipotecárias no ponto mais baixo em décadas e com o preço das casas subindo a um ritmo constante, muitos proprietários de casas mudam seu financiamento, de forma a tirar vantagem de taxas mais baixas, e, no processo, usam parte do dinheiro levantado dessa maneira para gastar em bens de consumo".

Acrescenta a revista que há evidências de que a alta do preço de imóveis teve mais impacto no consumo do que a alta do preço das ações.

Se os dados de quinta-feira mostrarem que também esse boom está com os dias contados, é mais que razoável supor que a economia real norte-americana -a que gera bens, salários e empregos muito mais que a Bolsa- sentirá o impacto.

Por extensão, é óbvio que os problemas não só nos Estados Unidos, mas no resto do mundo, se tornarão ainda mais dramáticos.

O diabo é que, nesse tipo de coisa, não existe globalização que dê jeito. Não há ação de qualquer país, ainda mais periféricos, como o Brasil, que possa ajudar (ou atrapalhar) o comportamento do mercado imobiliário nos Estados Unidos.

Resta ao Brasil torcer para que os números não sejam desfavoráveis. Não parece ser um papel relevante no mundo globalizado, mas é tudo o que está disponível.


Colunistas

PAINEL

Missão impossível
Motivada pela queda de Serra nas pesquisas, a ala oposicionista do PMDB busca assinaturas para convocar uma convenção nacional extraordinária e, com isso, tentar anular a coligação com os tucanos e deixar o partido livre na sucessão de FHC.

Linha de oposição
Quatro diretórios do PMDB já prometeram assinar o pedido de convenção: SP (Quércia), PR (Requião), CE (Paes de Andrade) e GO (Maguito Vilela). É necessário o apoio de nove Estados. Os diretórios da PB e do PI, que aderiram à candidatura Lula, são os próximos alvos.

Arranhar a imagem
Embora admita que retirar o apoio do PMDB a Serra é muito difícil, a oposição do partido quer ao menos desgastar ainda mais a candidatura tucana. Com isso, tentará levar a sigla a fazer parte de um eventual governo de Lula ou de Ciro Gomes.

Dupla cidadania
Para evitar constrangimentos, Tasso Jereissati (PSDB) promoveu duas festas em sua casa de Fortaleza na sexta. No almoço, recebeu ACM. À noite, o convidado de honra foi Paulo Henrique Cardoso, filho de FHC.

Prato frio
FHC ainda não exonerou os assessores que deixaram o Ministério da Justiça em solidariedade a Miguel Reale Júnior. Enquanto a exoneração não for publicada no "Diário Oficial", eles não podem ser empregados.

Mais do mesmo
Não é só o PMDB-SC que reclama com FHC que o PFL ainda controla cargos federais nos Estados. Os peemedebistas da BA foram se queixar ao presidente que ACM tem mais de uma dezena de apadrinhados como dirigentes de empresas federais. E em AL, as centrais elétricas estão com pefelistas.

Um a menos
Mais uma defecção na campanha de Serra. O PFL-DF, comandado pelo deputado Paulo Octávio, aderiu a Ciro.

PT saudações
O encontro de Aloizio Mercadante com Armínio Fraga desagradou a parte da cúpula do PT. Petistas consideram que Lula perde votos se passar a imagem de que não fará mudanças profundas na economia.

Ampla contradição
Em resposta ao "Ciro é Collor", pichado em SP por adversários do presidenciável do PPS, o PTB começou a inscrever nos muros do Estado a frase "Ciro é sério". Detalhe: em Alagoas, o partido indicou o vice de Collor.

Marketing pessoal
ACM batizou com a própria sigla a chapa que lançou Paulo Souto ao governo da Bahia: "Coligação ACM (Ação, Competência e Moralidade)". O cacique do PFL é candidato ao Senado, ao lado de César Borges. Registrada no TRE, a marca tem de sair em toda publicidade da coligação.

Folhas mortas
Luiz Fernando Emediato, do comitê de Ciro em SP, é publisher da Geração Editorial, que editou o livro "Memória das Trevas", sobre ACM. O ex-senador pefelista apóia Ciro.

Nova orientação
A reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão, deixou o PPS e assinou a ficha de filiação ao PT com um grupo de professores d a instituição, na última sexta. "O PPS está derivando para a formação de um novo centrão", justificou-se Margarida.

Visitas à Folha
Paulo Maluf, candidato a governador de São Paulo pelo PPB, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado dos deputados federais Delfim Netto e Cunha Bueno, ambos do PPB, do marqueteiro José Maria Braga, e do assessor de imprensa Adilson Laranjeira.

O senador Romeu Tuma, candidato à reeleição pelo PFL, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do assessor Antonio Aggio Júnior.

TIROTEIO

Do deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), sobre o apoio de ACM a Ciro:
- Serra tem orgulho de seus aliados. Já Ciro tem de explicar diariamente seus apoios e escondê-los do palanque.

CONTRAPONTO

Um dia de cão
Um dos artífices da união entre o PL e o PT de Lula na sucessão presidencial, o deputado federal Valdemar Costa Neto foi convidado dias atrás a participar do aniversário de 9 aninhos de Ricky, em Mogi das Cruzes (SP), sua principal base eleitoral.
Ricky é o nome do cachorrinho de Rosacy Silva, que foi apelidada na cidade de a "Vera Loyola de Mogi das Cruzes".
Candidato à reeleição, Valdemar, que espalhou cartazes na cidade com a dobradinha Lula presidente/Maluf governador, fez questão de aparecer na festa.
Beijou a anfitriã, fez um longo afago no cachorrinho e cumprimentou um a um os cerca de 50 convidados da festa, sem esquecer de acenar para as câmeras da TV local que filmavam o evento.
Empolgado, na hora do bolo, Valdemar puxou o coro de "parabéns a você". Numa versão canina: cantou a música todinha trocando a letra por "au-au-au".


Editorial

BOLSA MURCHA

Além da desconfiança na veracidade de suas demonstrações financeiras, a WorldCom enfrentou uma acentuada retração nos preços dos serviços de telefonia e transmissão de dados via internet. O seu pedido de concordata, em meio a perspectivas de lucro menores das corporações em geral, desencadeou novo ciclo de queda nas Bolsas mundiais.

Os números da WorldCom são impressionantes: ativos em torno de US$ 107 bilhões, dívidas de US$ 32 bilhões, maquiagem contábil de US$ 3,8 bilhões. A cotação das ações atingiu US$ 64 no final de 1999, mas caiu para US$ 0,09 na sexta-feira passada. A insolvência da gigante de telecomunicações tomou o lugar da Enron como a maior concordata da história dos Estados Unidos.

Com a concordata, o controle da empresa passa para os bancos e os portadores de títulos que financiaram sua expansão. Os detentores de suas ações devem amargar pesados prejuízos. Bancos, fornecedores e outras companhias de telecomunicações devem reelaborar suas estratégias de expansão. Tudo isso pode agravar a instabilidade do mercado financeiro internacional e desacelerar a economia mundial.

O processo de desvalorização das ações, na magnitude com que tem ocorrido nos Estados Unidos e na Europa, exige que os principais bancos centrais permaneçam alerta. Há necessidade de apoiar a mudança na composição dos portfólios de bancos, fundos de investimento e fundos de pensão, para suavizar a queda nas cotações e conter as perdas patrimoniais. Caso contrário, pode generalizar-se um comportamento de irracional pessimismo entre os investidores, derrubando os preços de todos os ativos financeiros.

O Federal Reserve, banco central dos EUA, já efetuou cortes agressivos nas taxas de juros. O Banco Central Europeu (BCE) ainda tem margem de manobra. A taxa de juros na região do euro está em 3,25%, acima, portanto, da taxa americana, situada em 1,75%. Neste momento, o BCE, como pedem muitos analistas, poderia sinalizar uma indicação de apoio aos mercados mediante uma redução na taxa de juros e, com o apoio do Federal Reserve, fornecer crédito para os diferentes agentes.


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07/23/2002


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