Coordenador de Ciro está citado em caixa dois no PR









Coordenador de Ciro está citado em caixa dois no PR
Emerson Palmieri, da cúpula da campanha do candidato do PPS, teria recebido R$ 560 mil em 2000

Um dos três coordenadores nacionais da estrutura da campanha presidencial de Ciro Gomes (PPS), o primeiro-secretário nacional do PTB, Emerson Palmieri, está citado como receptor de R$ 560 mil nos documentos do caixa dois da campanha à reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), em 2000.
O caixa dois de Taniguchi já foi investigado pelo Ministério Público do Paraná. Todas as provas analisadas foram consideradas consistentes, e hoje o caso está com a Polícia Federal. O prefeito pefelista declarou à Justiça Eleitoral gastos de R$ 3,112 milhões. Numa contabilidade paralela aparecem despesas de R$ 32,904 milhões, segundo a Folha revelou em novembro do ano passado.

Entre as dezenas de receptores dos pagamentos feitos pela campanha de Taniguchi está Emerson Palmieri, que não chamava a atenção à época que o escândalo surgiu. Agora, sabe-se que ele é uma personagem importante dentro da direção nacional do PTB, assessorando diretamente o presidente da sigla, o deputado federal José Carlos Martinez (PR).

Segundo os registros paralelos da contabilidade de Taniguchi, Palmieri recebeu R$ 360 mil em 10 de agosto de 2000. Um segundo pagamento de R$ 200 mil foi efetuado em 4 de setembro do mesmo ano. Total: R$ 560 mil.

Esse dinheiro seria para irrigar as campanhas de candidatos do PTB a vereador em Curitiba, que estavam na mesma coligação de apoio à reeleição de Taniguchi. Não há registros no caixa dois sobre como Palmieri teria usado os R$ 560 mil. O petebista nega ter recebido esse numerário.

Na campanha de Ciro, Emerson Palmieri está na equipe denominada "Coordenação de Estrutura", composta por três pessoas. As outras duas são Lúcio Gomes, irmão do presidenciável, e Manoel Dias, do PDT. A função desses três é organizar comícios, mobilizações de rua e fazer encomendas de material impresso para a campanha, entre outras atribuições.

Palmieri tem 50 anos e está no PTB desde 1986. Foi levado para o partido pelo ex-presidente da sigla José Eduardo de Andrade Vieira. Trabalhou 30 anos no banco Bamerindus, que foi de Andrade Vieira. Na instituição, chegou a ser diretor da área financeira e de captação de recursos.

A descoberta de que Palmieri esteve envolvido com o caixa dois do PFL do Paraná em 2000 não é o único problema para a campanha de Ciro Gomes com o PTB. No último fim de semana, a revista "Veja" noticiou que o presidente dessa sigla é suspeito de enriquecimento ilícito e está sendo investigado pela Receita Federal.
José Carlos Martinez teria informado ao Fisco, segundo a revista, que seu patrimônio em 1990 seria equivalente a R$ 100 mil. No ano seguinte, teria passado para R$ 28 milhões.

No início dos anos 90, Martinez foi aliado do então presidente Fernando Collor de Mello. Chegou a declarar ter tomado um empréstimo de Paulo César Farias, o PC, que havia sido tesoureiro de Collor na campanha de 1989. À "Veja", o presidente do PTB negou qualquer irregularidade e disse que processará a Receita.
Agora, na campanha de Ciro Gomes, foi por indicação de Martinez que Emerson Palmieri passou a participar da coordenação. Ontem, ambos estavam no Rio em uma reunião da campanha.


Ciro diz que não sabe de acusação
O candidato Ciro Gomes (Frente Trabalhista -PPS, PTB e PDT) disse desconhecer a acusação contra Emerson Palmieri. Afirmou que teve algum contato esporádico com o petebista e que se lembrava de já ter visto o presidente do PTB, José Carlos Martinez, dando instruções a Palmieri. "Na minha estrutura só fica gente sem culpa formada. Eu não vou prestar atenção a acusação sem prova ou ataques. Mas quem tiver culpa formada não participa", afirmou Ciro.

Sobre o caso disse: "Estou falando em tese. Você está me dando notícia de alguma suspeição sobre ele e eu vou procurar saber o que é que tem. Mas, no momento, eu não sei de nada que o desabone".


Ciro janta com empresários em SP
Reunião sigilosa serviria para futuros pedidos de financiamento eleitoral

Na mesma hora em que eram divulgadas novas pesquisas que colocavam Ciro Gomes sete pontos à frente de José Serra na corrida à Presidência, um grupo de empresários se reunia, ontem, numa clássica mansão no Jardim Europa, em São Paulo, para um jantar em torno de Ciro.

O anfitrião foi o empresário Flávio Rocha, vice-presidente da holding Riachuelo-Guararapes, um dos maiores grupos têxteis do país, com uma rede de 70 lojas em 22 Estados. O encontro foi tratado como sigiloso pelos coordenadores da campanha de Ciro.

A agenda oficial do candidato dizia que, naquela hora, estaria viajando para o Acre, onde se encontraria com lideranças locais.

Conhecido pela frustrada campanha presidencial de 1994, quando defendeu a idéia de criação de um imposto único, Rocha convidou para o encontro, entre outros, José Ermírio de Moraes Neto, do grupo Votorantim, Olacyr de Moraes, da Constran, Adalmiro Baptista, do laboratório Aché, Simon Alouan, do Ponto Frio, Rogério Amato, Márcio Goldfarb, das Lojas Marisa, e João Veríssimo, do shopping Eldorado.

Entre os convidados estavam políticos como José Carlos Martinez, presidente do PTB e Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP).

No grupo não havia representantes do setor financeiro pois, de acordo com o deputado Martinez, "o Ciro não recebe banqueiros".

Martinez disse que o jantar serviria para que os empresários conhecessem melhor as idéias do candidato. A Folha apurou que teria utilidade, também, para abrir portas para futuros pedidos de contribuição financeira para a campanha eleitoral.

No jantar foram servidos, como entrada, caldo de feijão com cachaça e polenta; e como prato principal, vitela recheada com alecrim e damascos, tudo feito pelo bufê de Charlô.

No mesmo horário, o candidato José Serra (PSDB) se encontrava com representantes da Associação Nacional de Comerciantes de Materiais para Construção. Serra recebeu o título de "operário número 1" da construção em 2002.


PTB tenta aproximação entre FHC e Ciro Gomes
Candidato do PPS diz que não vai atacar presidente

O candidato do PPS, Ciro Gomes, fez um aceno político anteontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso, dizendo que não o agredirá na campanha, na esperança de ter o apoio do presidente e do PSDB em um eventual segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em reunião anteontem à noite no Palácio do Planalto, o presidente do PTB e coordenador-geral da campanha de Ciro, o deputado federal José Carlos Martinez, e o líder do partido na Câmara, Roberto Jefferson, transmitiram a mensagem de Ciro a FHC.

Além do apoio no segundo turno, o presidenciável sinalizou que deseja uma aliança com o PSDB para um eventual governo.

Martinez e Jefferson, que, além de interlocutores preferenciais de Ciro, integram a base de sustentação do governo no Congresso, tiveram sua terceira reunião com Fernando Henrique em menos de 60 dias para tentar firmar o que classificam como uma política de boa vizinhança.

Assim como a reunião de anteontem, as outras duas -realizadas no Palácio do Alvorada- ocorreram a pedido do PTB e com o incentivo de Ciro.

Segundo interlocutores dos petebistas na Frente Trabalhista, FHC concordou em eventualmente apoiar Ciro no segundo turno diante da promessa de que o PTB se juntará a Serra caso seja do tucano a vaga ao lado de Lula.

Na versão do governo, o presidente não assumiu esse compromisso, sinalizando que trabalharia intensamente para Serra e dizendo que acredita que o tucano estará no segundo turno.

Segundo tucanos, o presidente tem demonstrado pr eferir Lula em uma eventual disputa entre Ciro e o petista, ainda que não declare isso publicamente. Sua outra opção seria a neutralidade.

A Folha apurou que FHC julgou hábil a disposição de Ciro de não atacá-lo, por transmitir a idéia de responsabilidade em contraponto à sua imagem de impetuoso.

Segundo petebistas e membros do governo, Ciro tem dito que seu desejo é governar com o PSDB. Para tanto, tem reforçado laços e alianças com candidatos tucanos nos Estados. Exemplos disso são seu apoio a Aécio Neves (PSDB) na disputa pelo governo de Minas Gerais e sua aproximação com Marconi Perillo, em Goiás.
Conforme membros do governo, os deputados reclamaram dos tucanos que os relacionam a Fernando Collor de Mello, hoje candidato ao governo de Alagoas.

Tucanos têm dito que o Ciro é o ""novo Collor". Serra declarou que prova disso seria o apoio de ex-aliados de Collor a Ciro. Petebistas afirmaram que, por esse raciocínio, FHC e Serra seriam ligados a Collor, já que ambos são da base do governo e Serra tem apoio de Renan Calheiros (PMDB), antigo colaborador do ex-presidente.


Ibope mostra Ciro isolado em 2º
Pesquisa Ibope divulgada ontem à noite apontou o candidato Ciro Gomes (PPS) isolado em segundo lugar na disputa eleitoral, com 22% das intenções de voto. José Serra, do PSDB, vem agora em terceiro, com 15%. Já Anthony Garotinho (PSB) tem 10%.

A pesquisa, realizada entre os dias 12 e 14, revelou um crescimento de Ciro, que subiu quatro pontos em relação à pesquisa anterior do próprio Ibope, realizada de 4 a 7 de julho. Serra oscilou negativamente dois pontos (de 17% para 15%), assim como Garotinho (de 12% para 10%). Lula obteve 33%, um ponto percentual a menos do que na pesquisa anterior. O Ibope ouviu 2.000 eleitores. A margem de erro é de 2,2 pontos.

Nas simulações para o segundo turno, o candidato do PT fica tecnicamente empatado com Ciro. Em uma simulação entre Lula e Ciro, Ciro teria 44%, contra 43% de Lula. Numa disputa contra Serra, Lula teria 48% contra 37% do tucano. Contra Garotinho, o petista venceria por 50% a 32%.

Essa é a primeira pesquisa nacional após as entrevistas dos quatro candidatos ao "Jornal Nacional". Segundo o Ibope, 44% dos eleitores acompanharam pelo menos uma conversa. As entrevistas com Ciro e Garotinho tiveram audiência média de 38 pontos. Na de Serra, a audiência foi de 35 pontos e, na de Lula, de 40.


Candidato diz que se reunirá com Fraga
O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) à Presidência, Ciro Gomes, disse ontem que se encontrará com o presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga. Segundo ele, Fraga lhe telefonou de manhã e os dois ficaram de conversar em uma data ainda não marcada. Ciro afirmou estar disposto a dialogar, mas disse considerar a atual política econômica "um equívoco".

"Eu e Armínio somos amigos de longa data. Na hora em que ele me ligou, disse que estava às ordens e, então, ficamos de adaptar nossas agendas", afirmou o candidato, em entrevista após debate sobre esporte organizado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Questionado se discutiria um acordo de transição com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o candidato disse estar disposto a "cooperar", mas em outras bases de negociação. "Qualquer providência que projete políticas econômicas equivocadas não terá a minha concordância."


FHC quer mudança na campanha de Serra
Preocupado com a ascensão de Ciro Gomes (PPS) nas últimas pesquisas de intenção de voto, o presidente Fernando Henrique Cardoso aconselhou seu candidato, o senador José Serra (PSDB), a reforçar alianças regionais para evitar uma debandada e se uniu ao PMDB na defesa de uma correção de rumos da campanha.
O próprio presidente está disposto a socorrer mais fortemente o tucano, radicalizando o discurso de que Serra trará mais segurança econômica ao país, mas avalia que a liturgia do cargo lhe impõe limites para agir publicamente em favor do tucano.

FHC também acha que há problemas na coordenação política e na arrecadação de recursos (atraso no salário de funcionários e nos pagamentos de serviços e materiais de campanha).

Aliado de Serra e de FHC, o PMDB pede maior "coordenação entre governo e campanha", segundo disse o líder do PMDB na Câmara, deputado federal Geddel Vieira Lima (BA), após encontro com o presidente ontem à tarde.

Geddel disse também que o presidente "deve ir para a rua com Serra". No começo da noite, o líder do PMDB visitou Pimenta Veiga, coordenador político da campanha de Serra, para "fazer sugestões construtivas" e pedir correção de rumos na campanha.

Avaliação de Ciro
Na avaliação presidencial, Ciro cresceu num momento importante, porque a eleição passou a ser assunto de interesse concreto da população.

FHC lembra que ele e Fernando Collor de Mello, quando disputaram eleições presidenciais, se consolidaram nas pesquisas de intenção de voto a partir de julho. No entanto, FHC pensa que ainda há tempo suficiente para uma virada do candidato tucano.

Ontem, o governo trabalhava com a informação de que seriam divulgadas pesquisas com até 8 pontos percentuais de vantagem de Ciro sobre Serra (na pesquisa Ibope, Ciro apareceu com sete pontos de vantagem sobre o tucano). Lula cairia um pouco, mas ficaria acima dos 30%, o que deixaria a briga pela outra vaga no segundo turno entre Ciro e Serra, já que Anthony Garotinho (PSB) desceria para a casa dos 10%.

Para FHC, Ciro precisa ser combatido, mas não com ofensas pessoais. Devem ser atacadas as propostas de Ciro, procurando mostrar que são inconsistentes ou mentirosas. Na opinião do presidente, falar que o candidato do PPS é "novo Collor", como disse Serra anteontem, transmite imagem de desespero, exatamente o que Ciro disse ao rebater.

As críticas de Serra à política de preços da Petrobras desagradam a FHC, mas o presidente, segundo interlocutores, entende ser incômodo para um candidato explicar aumentos do gás de cozinha e da gasolina em ano eleitoral.

No entanto, o presidente julga ineficaz esse tipo de crítica, porque Serra está identificado com o governo federal.

Abandono e alianças
FHC pediu a Serra mais atenção para não perder aliados, especialmente no PFL, partido que tem uma expressiva parcela na campanha de Ciro. Passar a idéia de abandono agora seria mortal.

FHC avalia que Pimenta está sobrecarregado na coordenação política desde que o presidente do partido, José Aníbal (SP), assumiu a candidatura ao Senado por São Paulo. Aníbal, por ser candidato majoritário, precisa cuidar de seu projeto e tem menos tempo para ajudar Pimenta.

Ou seja, ao contrário dele, FHC, que teve figuras fortes como Tasso Jereissati, Sérgio Motta e Pimenta Veiga em suas campanhas presidenciais de 1994 e 1998, Serra está com déficit de dirigentes de peso no comando.
Um interlocutor de FHC diz que José Richa, um tucano histórico, e Euclides Scalco, secretário de Governo, não estão atuando fortemente.


Em desvantagem, Serra tenta demonstrar força
No momento em que é ultrapassado por Ciro Gomes (PPS) em pesquisas de intenção de votos para o Planalto, o tucano José Serra decidiu dar uma demonstração de força de sua candidatura presidencial.

Duas ações estão previstas. Hoje, em Brasília, haverá reunião com os principais líderes políticos que o apóiam. No sábado, o país amanhecerá com 2.100 outdoors do candidato espalhados por 30 cidades de todos os Estados.

Embora os tucanos afirmem que essas ações estavam programadas há algum tempo, na realidade refletem uma correção de rota que está sendo feita pela campanha de Serra, objeto de intensas discussões nos últimos dois dias pela equipe do candidato em reuniões em São Paulo.

O encontro marcado para hoje foi decidido de uma hora para outra, no início da tarde de ont em, numa conversa entre o vice presidente Marco Maciel (PFL-PE) e o coordenador político da campanha de Serra, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG).

São esperados governadores, presidentes de partidos e líderes que possam demonstrar "a densidade política da nossa candidatura", segundo Pimenta da Veiga.

A reunião está sendo organizada por Maciel, cuja fidelidade à candidatura Serra estava sendo posta em dúvida por pefelistas.

As listas de apoio em poder de Serra são diferentes das exibidas nos últimos dias por pefelistas. O PFL afirma que 13 diretórios já apoiariam Ciro, contra 11 que estariam com o tucano. A lista do candidato do governo mostra o contrário, além do apoio de 17 governadores de diversos partidos, contra cinco que estariam com Lula e um com Ciro (o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati).

Difícil é saber se o tucano conseguirá exibir todos esses apoios. Os anfitriões encontravam dificuldades ontem para localizar ou mudar a agenda de convidados.

O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB), candidato ao governo de Minas, terá um encontro separado com Serra, hoje ou na visita que o presidenciável fará amanhã ao Estado. Para demonstrar a "unidade tucana". Entre os governadores, é certa a presença de Jaime Lerner (PFL-PR).

Nem o presidente Fernando Henrique Cardoso, nem os ministros participarão. Segundo Pimenta, ficou estabelecido que a campanha tucana não pediria que FHC fizesse por Serra o que não tenha feito por ele próprio em 98.

Nas reuniões que fizeram nos últimos dois dias, os tucanos resolveram fazer correções na campanha. Uma delas é justamente tentar sincronizar ações de campanha com ações de governo.

O convite de Armínio Fraga, presidente do Banco Central, para uma conversa com Aloizio Mercadante (PT-SP), por exemplo, pegou o PSDB de surpresa.

Internamente, está sendo criada uma espécie de "comitê central" da campanha. Até agora, um setor não falava com outro. Funcionará em São Paulo, sob a coordenação de Milton Seligman.

Terrorismo
Ontem, Serra voltou a atacar Ciro, acusando-o de fazer "terrorismo" ao divulgar números falsos sobre o crescimento da dívida brasileira. "Há candidatos que apresentam uma visão terrorista", disse, na rádio Transamérica, em São Paulo. "Ciro disse que a dívida pública do Brasil cresceu dez vezes. É falso e causa pânico."

Em seu site, Ciro diz que a dívida interna cresceu dez vezes -também incorreto. As dívidas interna federal e em títulos do governo é que cresceram assim. Serra criticou ainda o que chamou de "obsessão" com pesquisas.


Candidata no Rio e filho de Maia rejeitam Rita
A candidata a governadora do Rio pelo PFL, Solange Amaral, e o presidente regional do partido, Rodrigo Maia, disseram ontem não aceitar a presença da vice de José Serra, Rita Camata (PMDB), nos palanques do Estado.

"Serra será sempre bem-vindo aqui, mas ela [Rita" pode tratar da campanha em outros Estados. Rita pode ter um bom papel fora do Estado, mas, aqui, queremos apenas mostrar que o aeroporto do Rio é um ótimo aeroporto para que ela faça conexões para Vitória", afirmou Rodrigo Maia, filho do principal cacique do PFL fluminense, o prefeito do Rio, Cesar Maia, e deputado federal.

Segundo a assessoria de Solange, Rodrigo fala também em nome dela, insatisfeita com Rita.

O desentendimento entre as duas ocorreu em encontro na semana passada para apresentar Rita a mulheres da sociedade carioca. Segundo Rodrigo, Rita não mencionou Solange em seus discursos. Apesar do mal-estar, os Maias dizem que o apoio a Serra é irreversível. "O episódio [no Rio] já foi superado", diz Cesar Maia.


Lula afirma que não acredita em anti-Lula
O petista Luiz Inácio Lula da Silva atacou ontem a tese de surgimento de uma candidatura anti-Lula na disputa pela Presidência.

"É como se fosse o anticristo. Não pretendo fazer campanha antininguém. Todos somos conhecidos. Não acredito no anti-Lula. Isso foi um medo criado pela mídia e pela elite em 1989", disse o petista durante campanha em João Pessoa, capital da Paraíba.

Ele negou que a lembrança do anti-Lula venha de uma ligação da imagem de Ciro Gomes (PPS) com a de Fernando Collor de Mello. "Não vou fazer essa comparação com quem quer que seja. Se houver um anti-Lula, só pode ser quem defenda a agiotagem, o grande sistema financeiro, a malversação do dinheiro público."
O petista negou que esteja preocupado com a alta de Ciro nas pesquisas. "Tem gente com mais razões para estar assustada. Estou numa situação confortável. Estamos trabalhando para vencer a eleição no primeiro turno. No segundo turno, enfrentamos quem o eleitor escolher."

Lula afirmou que os petistas estão divididos sobre quem preferem enfrentar no segundo turno, se Ciro ou José Serra (PSDB): "O José Dirceu, por exemplo, acha que o Ciro seria mais fácil. Eu, que sou mais velho que ele, sou mais light: não escolho adversário".

O candidato atribuiu a subida de Ciro à televisão ("com o uso da Patrícia Pillar como âncora") e ao início da campanha de rua.

Comício
À noite, Lula fez em João Pessoa seu maior comício desde 6 de julho (início oficial da campanha). Segundo a Polícia Militar, cerca de 12 mil pessoas estavam presentes na praça de Mangabeira. A organização fala em um público entre 20 mil e 30 mil pessoas.

No seu discurso, Lula criticou o governo FHC e pediu aos eleitores um presente de aniversário: que permitam que ele ganhe a disputa logo no primeiro turno, em 6 de outubro.

O comício foi visto por Ricardo Brindeiro, militante petista irmão do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Arquiteto e teólogo, Ricardo foi apresentado a Lula no final do comício. "Ele [Geraldo] tem dado muita insônia no pessoal lá de casa", disse.


Em crise, Garotinho corta custos
Acendeu a luz amarela na campanha do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho. Abatidos pela queda nas intenções de voto do candidato nas pesquisas, coordenadores de campanha passaram o dia reunidos para discutir uma nova estratégia eleitoral. Uma das propostas é a de cortar custos -até mesmo assessores de campanha poderão ser dispensados.

Garotinho mantém dois assessores de imprensa, uma redação no Rio, além do coordenador de campanha, Carlos Rayel. Parte dos assessores acham que ele deve reduzir o número de viagens pelo país em jatos fretados e se concentrar em Estados importantes, como Rio, São Paulo e Minas Gerais.

A avaliação dos responsáveis pela campanha é de que o episódio das fitas proibidas, que levou Garotinho a brigar com a Rede Globo, repercutiu muito mal na imagem do candidato.

"Não podemos ficar perdendo mais tempo com futricas. O tempo agora é de campanha na rua", afirmou Rayel.

A expectativa é de que a situação de Garotinho só vai melhorar a partir de 20 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito de televisão. Radialista, o ex-governador terá, acreditam os assessores, facilidade para inverter a tendência de queda nas pesquisas. Além do desânimo da equipe, começa a faltar dinheiro para a campanha. Com a queda nas pesquisas, alguns financiadores estão abandonando o candidato. O bônus de R$ 1, que deveria ser lançado na semana passada, foi adiado por tempo indeterminado, pois falta dinheiro para imprimir os 23 milhões de cupons que seriam vendidos no país.

A primeira semana oficial de campanha não foi boa para Garotinho. O primeiro contratempo foi o comício em Pernambuco no último dia 6, que só reuniu cem pessoas. Depois, o adiamento do lançamento do bônus de R$ 1. Por fim, a polêmica das fitas com a Rede Globo.

Em entrevista ao "Jornal Nacional", o candidato liberou a divulgação das fitas. No dia seguinte, voltou atrás. Ele acusou a emissora de censurá-lo por não levar ao ar uma entrevista em que levantava suspeitas contra adv ersários.

A entrevista seria a condição de Garotinho para que as fitas fossem veiculadas. A emissora não aceitou. As gravações, de 1995, revelam diálogos do candidato com ex-assessores, numa suposta negociação para o pagamento de propina a um fiscal da Receita.


Artigos

Serra e Ciro, sem Lula?
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - O deputado João Herrmann Neto, vice-presidente nacional do PPS (o partido de Ciro Gomes), aposta: "Vai dar Ciro e Serra" (no segundo turno).

João Herrmann é um impetuoso, mas, no caso, sua aposta está calçada em um raciocínio: "Lula se esvai porque perdeu completamente a identidade de oposição. Já Serra permanece porque a situação internacional é tão séria que exige uma blindagem para o Brasil. E Serra é o "blindex" disponível no mercado".

Eu não estou seguro nem da primeira nem da segunda hipótese, mas o deputado do PPS não é o único que, nos dias mais recentes, anda falando na eventualidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT, ficar fora do segundo turno.

Consta que o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que de eleições entende, anda fazendo o mesmíssimo cálculo.

No PT, as apostas são no sentido inverso: os caciques petistas acham que, por falta de estrutura, Ciro desmanchará no ar nas etapas seguintes da campanha. Logo, sobrarão mesmo Lula e Serra, tal como diz a sabedoria convencional.

Já no canto tucano, o deputado Jutahy Júnior (BA), líder do partido na Câmara, até festeja a ascensão de Ciro a partir do seguinte argumento: "Agora, ele passa a ser vidraça, e é uma vidraça de baixa resistência".

Desnecessário acrescentar que o tucanato vai investir -mais pesadamente- na versão de que Ciro Gomes é o novo Collor, aliado "à direita mais atrasada e mais corrupta" no dizer de Jutahy Júnior.

Como não faço a mínima idéia de como o brasileiro forma a sua intenção de voto, fujo de palpites sobre o futuro. Como o vice Marco Maciel, só faço previsão sobre o passado.

Mas registro, com todo o respeito, opiniões alheias. É claro que, mais adiante, uma ou mais de uma delas vai perder o direito ao respeito. Mais dois meses e meio e saberemos qual (ou quais).


Colunistas

PAINEL

Campanha em crise
A cúpula do PMDB avalia que há uma única maneira de José Serra superar a crise política e retomar o segundo lugar nas pesquisas: a participação intensiva de FHC em sua campanha presidencial. O diagnóstico foi transmitido ontem à noite por peemedebistas ao presidente.

SOS Planalto
Para o PMDB, FHC deve assumir, na prática, a coordenação política da campanha de Serra. Com a subida de Ciro, será difícil evitar novas defecções se o presidente não interferir.

O bombeiro
Pedro Parente (Casa Civil) foi convocado ontem por FHC para interromper suas férias de duas semanas no Ceará e voltar a Brasília. A missão do ministro é contornar a crise política causada pelo crescimento de Ciro nas pesquisas à Presidência.

Ônus governista
Serra reclamou a FHC de mais uma má notícia do governo que prejudica sua campanha: o aumento de 11,9% nos ônibus intermunicipais. Devido ao aumento, 40 ônibus foram depredados ontem em Brasília.

Defesa desguarnecida
O PT considera que foi displicente na tentativa de atrair Ciro para a chapa de Lula, no início do ano. Os petistas procuraram o diálogo, mas não insistiram muito em razão da oposição de Roberto Freire e do PTB. Na época, não imaginavam que Ciro poderia ameaçar Lula.

Praia à vista
A subida de Ciro sepultou a esperança do PT de Lula vencer a eleição no primeiro turno.

Discurso ao inimigo
Paulo Maluf guardou para usar na campanha ao governo de SP imagens de Cláudio Lembo (PFL), vice na chapa de Alckmin, da época em que o pefelista foi seu secretário na Prefeitura de SP. "Tive a felicidade de ficar só quatro meses. Saí na hora certa", responde o pefelista.

Veto pessoal
Os procuradores Luiz Francisco e Celso Três, voluntários para compor a força-tarefa no Espírito Santo, tiveram seus nomes vetados por Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República.

Intervenção federal
Cláudio Baldino Maciel, da Associação dos Magistrados Brasileiros, pedirá hoje a Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) proteção a três juízes criminais do Espírito Santo que receberam ameaças de morte.

Aliança à distância
As relações entre Geraldo Alckmin e Romeu Tuma, candidato a senador em São Paulo pela coligação (PFL-PSDB), não estão nada boas. A ordem no comitê do tucano é para que nem a agenda do governador paulista seja enviada ao pefelista.

Receita de saúde
Cerca de 600 secretários municipais de saúde de todo o país, reunidos em SC, elaboraram no final de semana uma carta aberta aos candidatos à Presidência. Advertem que os recursos financeiros para o setor "são insuficientes" e reivindicam a adoção urgente de seis medidas.

Área de risco
Além de mais dinheiro para a rede básica de saúde, os secretários municipais pedem a "responsabilização das três esferas de governo [federal, estadual e municipal] na manutenção, reposição e expansão dos trabalhadores de saúde".

Visitas à Folha
Fernando Morais, candidato a governador de São Paulo pelo PMDB, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Abelardo Blanco, coordenador de campanha.

João A. Alves, diretor-geral da Sun Microsystems do Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de André Echeverria, diretor de marketing, e de Ronaldo de Souza, da S2 Comunicação Integrada S/C Ltda.

TIROTEIO

Do presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), sobre as dificuldades da campanha presidencial de José Serra:
- José Serra é um candidato nascido a fórceps e deformou. Não sou médico nem enfermeiro, mas sei que fórceps pode causar traumas permanentes.

CONTRAPONTO

Não esqueçam de mim
Candidato do PSDB ao governo do Ceará, o senador Lúcio Alcântara participou na noite de anteontem da inauguração da sede de um comitê onde ficará a equipe responsável por seu plano de governo, em Fortaleza.
Programado para as 19h, o evento atrasou devido à demora da chegada de Tasso Jereissati, candidato tucano ao Senado e padrinho político de Lúcio.
Na mesma noite, a partir das 20h, ocorreu em Fortaleza um comício de Lula e do candidato do PT a governador, José Cirilo.
Quando Tasso chegou, por volta das 20h30, muitas pessoas já haviam ido embora. Percebendo que perdia público para Lula, Lúcio fez um afago nos petistas em seu discurso:
- Muita gente que estava aqui já saiu para ver o comício do Lula. Eu entendo e não fico bravo. Mas desde que os eleitores do Lula votem em mim para governador!


Editorial

ALERTA NA ARRECADAÇÃO

Até há pouco, as notícias que provinham da Receita Federal a respeito da coleta de impostos eram quase monótonas: recordes e mais recordes de arrecadação. No final da semana passada, no entanto, um ruído soou nessa trajetória. Foi anunciada uma diminuição na massa de tributos federais, em junho, da ordem de 5,6% sobre maio de 2002 e de 0,05% sobre junho de 2001. Há explicações conjunturais para esse resultado -atreladas à queda nos ganhos de fundos de renda fixa. Mas, olhando também para o comportamento de tributos municipais e estaduais, aumentam os temores de que um ciclo vicioso na arrecadação esteja prestes a começar.

O aumento do dispêndio com juros -um dos frutos mais onerosos de quatro anos e meio de política do "real forte"- foi financiado, como se sabe, pelo crescimento da massa de impostos. A carga tributária, que girava em torno de 22% do PIB em 1994, sa ltou para um patamar superior aos 34% do PIB em 2001 -um crescimento de 55%. Esse "avanço" no bolso do contribuinte foi o que impediu as finanças públicas de entrarem em colapso.

Agora os sortilégios dos arrecadadores de impostos parece que vão chegando ao fim. A política de seguir aumentando a tributação chegou a um limite asfixiante. As fontes extraordinárias de receita vão minguando. Restou aos governos cortarem seus gastos e investimentos.

Ajustar o tamanho do Estado ao ambiente econômico mirrado é imperativo. Mas essa tarefa tem de seguir dois pressupostos. Tem de ganhar em qualidade, para que as necessidades fiscais não continuem a estrangular a produção. Além disso, o ajuste fiscal não pode durar para sempre, pois, a partir de certo ponto, ele começa a ser um elemento que dificulta o crescimento do país. Em suma, se o ajuste não for feito também pelo lado do PIB, que precisa voltar a expandir-se a taxas razoáveis, não haverá magia fiscal capaz de livrar o Brasil da sina da estagnação.


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07/17/2002


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