Coligação de Ciro avalia possibilidade de renúncia









Coligação de Ciro avalia possibilidade de renúncia
Integrantes do PDT e do PTB discutem apoio a Lula para derrotar Serra já no primeiro turno

BRASÍLIA - A queda do candidato Ciro Gomes (PPS) nas últimas pesquisas eleitorais expôs divergências na Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) sobre o destino político do presidenciável. Alguns integrantes do PDT e do PTB já discutem a possibilidade de Ciro retirar sua candidatura antes da realização do primeiro turno. Ciro rejeita a hipótese e ontem recusou-se a responder qualquer pergunta sobre o assunto.

O objetivo seria tentar transferir os votos do candidato para Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e provocar a derrota do candidato do governo, José Serra (PSDB), ainda no primeiro turno. De acordo com um integrante da cúpula do PTB contrário à estratégia, a proposta ganhou força na Frente Trabalhista. A idéia tem apoio maior dentro do PDT, mas o petebista afirma que ela já é encampada por membros do seu partido e do PPS.

O assunto foi discutido em uma reunião do PDT no Rio no último domingo. Foi tratado como uma solução extremada, caso Ciro não consiga recuperar os pontos perdidos nas últimas pesquisas de intenção de voto, e Serra se consolide definitivamente no segundo lugar da disputa presidencial.

A possibilidade de renúncia também foi tratada em uma reunião anteontem à noite no apartamento do presidente do PDT, Leonel Brizola, no Rio. O presidente do PPS, senador Roberto Freire, que estava na reunião, disse que Brizola tratou do assunto ligeiramente, ao analisar a possibilidade de ocorrerem fraudes eleitorais. Freire é contra a retirada da candidatura. "Não existe isso de desistir porque está mal nas pesquisas.

Temos um projeto político a perseguir", disse.

SILÊNCIO - Ciro Gomes adotou ontem silêncio no debate sobre o futuro de sua candidatura. Em visita à fábrica da Embraer em São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo), Ciro se recusou a responder perguntas que não tratassem de seu programa de governo para o setor aéreo. "Não vou comentar", afirmava o candidato interrompendo qualquer pergunta que questionasse a crise na Frente Trabalhista. Seu silêncio tem também como objetivo tentar mudar a imagem de destemperado que ficou com os ataques sofrido no horário eleitoral de seu adversário José Serra (PSDB).

Em passagem por Teresina, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, disse que o PFL seguirá unido no segundo turno das eleições presidenciais, quaisquer que sejam os candidatos. Ele afirmou que o partido votará em qualquer candidato que não seja Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O partido está dividido entre os apoios a Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, e José Serra, do PSDB. Esta posição evidencia que o PFL quer ser poder sobre quaisquer circunstâncias. "Que partido não quer ser poder?", perguntou.

O senador acredita que Ciro Gomes subirá nas pesquisas de intenção de votos e disputará o segundo turno das eleições. Ele assegurou que o PFL não está rachado. "O PFL estará unido no segundo turno, seja qual for o candidato. O PFL não é governista.

O partido saiu do governo no dia 27 de março. Ficamos impedidos de ter um candidato e cada um tomou seu rumo, mas não há racha e nem divergência", garantiu.


Candidatos a presidente enaltecem JK
Presidenciáveis tentam mostrar identificação com projetos e políticas de Juscelino Kubitschek

DIAMANTINA e BRASÍLIA - Os quatro candidatos à presidência da República aproveitaram a data de comemoração do centenário do ex-presidente Juscelino Kubitschek para fazer campanha e prometer a implementação de políticas semelhantes às adotadas com sucesso por JK.

Junto com o governador Itamar Franco(MG), o candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) e outros políticos de todos os partidos, o candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, participou de uma grande festa, com distribuição de medalhas pelo governador, em Diamantina, na casa de JK.

Lembrando o ex-presidente Juscelino e o plano de metas de seu governo, o candidato do PT disse que o Brasil precisa de uma política industrial e comercial mais arrojada com planejamento definido, para que a população possa cobrar do futuro presidente.

Na companhia do governador Joaquim Roriz, do PMDB, o tucano José Serra participou de uma homenagem ao ex-presidente no Memorial JK, em Brasília. Procurando mostrar identidade com o homenageado, Serra contou que teve uma conversa com a filha do ex-presidente, Maristela Kubitschek, em que disse a ela que se JK fosse vivo seria um tucano (político do PSDB).

O candidato da Frente Trabalhista a presidente, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), afirmou que resolveu fazer campanha ontem em Minas Gerais como uma forma de homenagear o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Para pegar uma "carona" com o centenário de nascimento de JK, Ciro elogiou-o. "Vou ser presidente da República para tentar imitar o que Juscelino um dia foi para o nosso País", disse, ao chegar a Lavras. "Está na hora de ter de novo na Presidência da República alguém que respeite o povo, que cuide de quem trabalha, que tenha a visão larga de desenvolver o País", afirmou.

O presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, também foi ontem a Minas para participar das comemorações do centenário de JK e fazer campanha nas cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. Ao chegar na capital de Minas, Garotinho reafirmou considerar Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas "os melhores presidentes que o país já teve". "No caso de JK, ele foi o único a enfrentar até hoje o Fundo Monetário Internacional para que o Brasil entrasse na nova era de industrialização", afirmou.

ALVORADA - O presidente Fernando Henrique Cardoso também homenageou os cem anos de nascimento Kubitschek (1902-1976) com uma solenidade no Palácio da Alvorada. Em mais um evento com clima de despedida, após quase oito anos na Presidência, Fernando Henrique exaltou em seu discurso o governante que, a exemplo do que ele próprio aspira, ocupa lugar de destaque na história do Brasil. Além do discurso, o presidente descerrou placa nos jardins do Alvorada em homenagem a JK, o responsável pela criação de Brasília. Uma orquestra de seresteiros fez uma apresentação e tocou a música folclórica Peixe-Vivo, a preferida de Juscelino. Cerca de 300 pessoas participaram da homenagem.


Governo do Rio tenta se livrar de Beira-Mar
RIO - O destino do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é a principal questão a ser resolvida pelo governo do estado nas próximos dias. O secretário de Segurança do Rio, Roberto Aguiar, repetiu em entrevista que é favorável à transferência do traficante. Aguiar ressaltou que o Estado cumpriu seu papel, controlando a rebelião sem aceitar qualquer reivindicação dos amotinados e garantindo a libertação dos reféns.

"Somos favoráveis à transferência de Beira-Mar e estamos negociando isso. Mas enquanto ele estiver aqui, ele não manda nada. Quem manda é o estado, é o poder eleito",disse Aguiar. O bandido comandou durante 23 horas a rebelião no presídio de segurança máxima Bangu I, na qual foram executados quatro traficantes, entre eles o seu maior adversário, Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê. Ao final da rebelião nenhum refém ficou ferido. Os traficantes Marcelo Lucas da Silva, o Café , e Celsinho da Vila Vintém, dados anteriormente como mortos, estão vivos.

Os bandidos só entregaram as armas depois que foi permitida a entrada de fotógrafos e cinegrafistas, uma exigência dos amotinados, que queriam garantir sua integridade física. Foram entregues à polícia cinco pistolas e uma escopeta. Ao ver fotógrafos e cinegrafistas dentro do presídio, com o fim da rebelião, Celsinho da Vila Vintém fez um sinal com o símbolo da facção crim inosa que integra.

Preso em 1996 em Minas Gerais, Beira-Mar fugiu pela porta da frente da cadeia um ano depois. Só foi recapturado em abril do ano passado, pelo exército colombiano, onde se refugiou abrigado por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Levado para Brasília, onde ficou preso na carceragem da PF, ele acabou sendo transferido para o Rio, em março deste ano, em uma decisão que causou uma crise entre autoridades federais e estaduais.

Na ocasião, o governo alertou para o perigo que Beira-Mar representava para a segurança do Rio, mas o Ministério da Justiça se negou a manter o bandido em Brasília, alegando também questões de segurança.

A governadora Benedita da Silva (PT), disse ontem que o governo agiu com precisão e que o presídio não foi invadido porque sua administração queria evitar mais derramamento de sangue. Segundo ela, é isso que a população do estado espera do governo: que aja com cautela e evite mais mortes. Ela disse que está procurando meios para transferir o traficante Fernandinho Beira-Mar, mas, segundo ela, isso não depende só dela e por isso pediu ajuda ao presidente Fernando Henrique Cardoso.


Dólar sobe e fecha a R$ 3,126
BC vendeu US$ 93,9 milhões ao mercado, sendo US$ 50 milhões em uma linha externa

SÃO PAULO - O dólar encerrou em alta de 0,64%, a R$ 3,124 para compra e a R$ 3,126 para venda, retornando ao mesmo nível da abertura dos negócios após ceder durante a tarde. O volume de negócios superou o de anteontem, mas ainda ficou abaixo do normal.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou praticamente estável (-0,09%). O Banco Central vendeu ontem US$ 93,9 milhões ao mercado, sendo US$ 50 milhões em uma linha externa e US$ 43,9 milhões em uma linha para financiamento de exportações. As atenções do mercado financeiro continuam voltadas para a possibilidade de guerra no Oriente Médio e para o cenário eleitoral no Brasil.

Sobre o primeiro tópico, o presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou à Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) que os EUA poderão intervir militarmente caso o organismo não tome providências. Mas Bush não anunciou ataques, como alguns analistas temiam, que poderiam elevar ainda mais os já altos preços do petróleo.

Já a notícia política foi uma pesquisa de intenção de voto do Vox Populi que confirmou o avanço de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB) e queda de Ciro Gomes (PPS), como mostraram antes Datafolha e Ibope, mas apontou estagnação do candidato governista, José Serra (PSDB), que defende a atual política econômica.

Segundo a diretora da corretora AGK, Miriam Tavares, o mercado já está dando como certa a hipótese de Serra disputar o segundo turno com o líder das pesquisas, Lula. "Se qualquer pesquisa mostrar outra coisa, o mercado deve reagir com força".

Ontem, também concentrou atenções o discurso de Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), ao Congresso norte-americano. Embora tenha pedido cautela nos gastos públicos, Greenspan confirmou o ritmo de recuperação na economia do país.

O presidente do Fed não deu pistas sobre se haverá um corte na taxa de juros na próxima reunião do conselho da instituição, no dia 24, nem fez previsões sobre o crescimento. Mas, ao responder à pergunta de um deputado, disse que as estimativas feitas em julho, de expansão entre 3,50% e 3,75% neste ano e entre 3,5% e 4% em 2003, "seriam um pouco menores", se feitas ontem.

A Bolsa paulista fechou em ligeira queda de 0,09% aos 10.172 pontos. O volume de negócios foi o mais baixo do mês. Totalizou apenas R$ 336,346 milhões, bem abaixo da média diária do mês passado (R$ 633 milhões).

A ação preferencial da TIM Sul (Tele Celular Sul) teve a maior alta do índice Bovespa. Subiu 4,2%.


Arrecadação federal cai 14,9%
BRASÍLIA - A arrecadação de tributos federais somou R$ 18,714 bilhões em agosto, uma queda real de 14,9% em relação a julho e de 0,91% na comparação com igual mês de 2001. Ainda assim, foi o melhor resultado para o mês, se forem consideradas apenas as receitas administradas (só impostos e contribuições, sem contar recolhimentos extraordinários como dividendos e royalties).

A queda com relação a julho já era esperada, disse o secretário-adjunto da Receita Federal, Jorge Rachid. A redução se explica mais pelo fato de julho ter sido um mês de elevada arrecadação do que por problemas na arrecadação de agosto.

Em julho, a Receita engordou seu caixa em R$ 1,115 bilhão apenas com a cobrança de tributos atrasados de empresas que estavam com ações contra o Fisco na Justiça e desistiram. A Medida Provisória 38 deu a elas incentivos para retirar as ações, como perdão de multas e de juros até janeiro de 1999. Permitiu, ainda, que o pagamento fosse feito em até seis parcelas. No entanto, muitas empresas recolheram os tributos em cota única em julho. Em agosto, os pagamentos com base na MP 38 caíram para R$ 737 milhões. Essa receita deverá declinar ainda mais nos próximos meses.

Além disso, a Petrobras recolheu royalties em julho, mas não o fez em agosto, pois o pagamento é trimestral. Isso também ajuda a explicar a queda na arrecadação, assim como o fato de agosto ter tido quatro semanas, contra cinco semanas em julho.

DIAS ÚTEIS - O menor número de dias úteis influenciou na queda de 13,95% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), 13,9% na Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) e 18,11% no Imposto de Renda Retido na Fonte.

A queda também se justifica pelo fato de, em julho, as empresas terem recolhido a primeira cota ou cota única do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no trimestre encerrado em junho.

Os recolhimentos caíram 37,45% e 35,03%, respectivamente. A queda teria sido ainda maior se as instituições financeiras não tivessem aumentado em R$ 70 milhões o pagamento de IRPJ e em R$ 60 milhões o da CSLL em agosto. A Receita ainda está investigando a causa desse aumento, considerado atípico.

A arrecadação de 2002 vem sendo sustentada, basicamente, com recolhimentos extraordinários de impostos. Dos R$ 152,7 bilhões recolhidos desde janeiro, um valor 8,33% maior do que o de igual período de 2001, R$ 7,395 bilhões são tributos atrasados dos fundos de pensão. Outro R$ 1,853 bilhão foi arrecadado com base na MP 38, ou seja, são impostos e contribuições que não estavam sendo pagos em função de ações na Justiça.


FMI avalia risco de contágio de emergentes
WASHINGTON - Relatório divulgado ontem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) conclui que o pacote de ajuda de US$ 30,4 bilhões ainda não melhorou o sentimento dos mercados com relação ao Brasil e teme que a crise econômica do país contagie outros mercados emergentes.

Análise trimestral do Fundo sobre a Estabilidade Financeira Global afirma que até países como o México, que antes resistia às turbulências da região, já começaram a sofrer contágio do Brasil. "Desde o fim de junho, a correlação do México com o Brasil aumentou fortemente", diz a análise do Fundo.

Segundo o documento, "os mercados aprovaram inicialmente o pacote maior que o esperado e a redução do piso das reservas, mas as preocupações dos investidores com relação à continuidade das reformas logo voltaram, à luz de comentários dos candidatos presidenciais sobre o programa de ajuda do Fundo.

Os efeitos positivos do programa sobre o Embi+ (índice que reflete o risco do mercado de dívida de países emergentes) se dissiparam rapidamente, eo real se enfraqueceu novamente para R$ 3,15 por dólar, embora tenha permanecido acima de seu patamar mais baixo". Ontem, a moeda dos EUA fechou cotada a R$ 3,127.

O relatório do FMI refere-se apenas ao primeiro semestre de 2002. No entanto um capítulo do documento atualiza a análise específica sobre o Brasil até 12 de agosto.

CRÉDITO - Num contraponto ao pessimismo do documento, o porta-voz do FMI, Thomas Dawson, declarou ontem, numa de suas entrevistas regulares, que o pacote do FMI possibilitou, mais recentemente, a retomada das linhas de crédito privado a empresas brasileiras e uma melhora dos spreads dos títulos do País.

Segundo Dawson, o FMI não se decepcionou com o impacto dos mercados com relação ao programa e o Fundo ainda confia que a equipe econômica brasileira conseguirá lidar com essa "situação difícil".

O documento estima que a aversão ao risco para governos e empresas de mercados emergentes permaneça forte e que, devido à existência de vários canais de contágio, a evolução da economiabrasileira será chave para determinar o comportamento de outros mercados emergentes.

"Um risco-chave é a possibilidade de os problemas de rolagem (de dívidas) enfrentados pelo Brasil se alastrarem para outros mercados. Há o risco de que os empréstimos bancários possam secar no Brasil e nos mercados emergentes em geral. '


Artigos

Observatório das metrópoles
Geraldo Santana

Análises comparativas de sete metrópoles (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Belém), enfocando aspectos da segregação sócio-espacial e da gestão, foram apresentadas no seminário Metrópoles: Entre a Coesão e a Fragmentação, a Cooperação e o Conflito, realizado entre 5 e 9 de agosto, no Rio de Janeiro, promovido pelo Observatório de Políticas Urbanas - Ippur/UFRJ - Fase, resultado de pesquisa nacional coordenada por Luiz C. Ribeiro. Na visão dos especialistas, as regiões metropolitanas ainda são ñficções jurídicasá, "politicamente não existem", são "vítimas" da geopolítica estratégica do regime militar, uma "herança" do entulho autoritário.

No processo de democratização e descentralização da gestão pública, iniciado na década de 80, a tese dominante e vitoriosa foi a da transferência, para o poder local, dos serviços urbanos como transporte, trânsito, saneamento, lixo e drenagem. Argumentava-se que os cidadãos, as pessoas comuns, não moram na União, nem no estado, e sim, nos municípios, onde suas necessidades do dia-a-dia deveriam ser atendidas.

Ampliando os poderes e a autonomia dos municípios, a Constituição Federal deixou de equacionar as relações de intergovernabilidade para o tratamento da questão urbana, naqueles aspectos que ultrapassam o âmbito municipal. Um terço da população do País concentra-se hoje nas 12 maiores cidades metropolitanas. Nesses aglomerados transmunicipais, a cidade não está mais contida pelo município, mas sim o contrário, o município encontra-se dentro da cidade (metrópole). Seus cidadãos são metropolitanos, têm necessidades diferentes dos cidadãos comuns, das pequenas cidades, afastadas umas das outras, do interior do País. Não moram em município, e sim, na cidade-metrópole, bem mais complexa, onde a produção e a operação dos serviços urbanos exigem escala regional.

Fundamentada no conceito de interesse comum metropolitano, a lei complementar à Constituição de Pernambuco redefiniu, em 1994, a Região Metropolitanado Recife, instituindo o seu atual sistema gestor, comandado por um conselho paritário (Conderm), com representantes do Estado e dos municípios, apoiado por câmaras setoriais com representantes da sociedade, tendo a Fidem como secretaria executiva.

O Conderm foi renovado (na sua metade municipal) com as novas administrações municipais em 2001, um quadro político que parecia mais favorável para uma melhor implementação e afirmação desse novo sistema gestor. Entretanto, quase nada se avançou (até o momento) como ação compartilhada no comando da Metrópole, na operacionalização do Fundo de Desenvolvimento - Funderm e na visibilização das suas específicas atribuições. Pode-se mesmo considerar que o "novo autoritarismo" (do municipalismo autárquico) continua imperando e agravando a situação, sobretudo pelos recentes insucessos institucionais em questões de saneamento, destino final do lixo e transporte coletivo.

No quadro da sucessão estadual, quando haverá a renovação da metade estadual do Conderm, abre-se nova oportunidade para uma melhor valorização da gestão metropolitana. E para que a população compreenda e exija uma ação forte e transparente no Governo da metrópole. Ação de explicitação de diretrizes e prioridades para alocação de recursos federais, estaduais e municipais do "orçamento metropolitano", instrumento essencial para o controle social.

Cabe ao Conderm exercer, nessas horas, uma ação pedagógica e civilizatória, de cidadania metropolitana, advertindo os futuros conselheiros sobre suas novas responsabilidades constitucionais, não apenas pela gestão do município, ou do estado, mas também pela gestão da cidade, na sua real condição metropolitana. Na falta de uma melhor avaliação institucional das metrópoles brasileiras, devemos reconhecer o pioneirismo e a posição exemplar de Pernambuco pelo avançado modelo de gestão da sua metrópole.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Sem tanto estresse
Não é possível que Jarbas Vasconcelos não fique bem humorado, agora, quando atingiu 66% das intenções do voto para se reeleger, como mostrou a nova rodada de pesquisa TV Globo/Ibope, ontem. E comece a fazer uma campanha animada, de vencedor, abandonando de vez certas implicâncias tão pequenas, verdadeiras picuinhas, que não combinam com sua trajetória política. Distante 51 pontos percentuais do segundo colocado, Humberto Costa (PT), quem sabe o governador não consegue acalmar os xiitas remanescentes de sua equipe, para que todos cheguem ao dia da eleição sem tanto estresse. Sem vislumbrar um inimigo em cada esquina, como se fosse pecado mortal alguém criticar ou discordar de Sua Majestade o governador. Porque é num imperador que eles estão tentando transformar Jarbas Vasconcelos, mesmo que a monarquia não seja a praia dos eleitores. Faltando pouco mais de duas semanas para o dia 6 de outubro, dificilmente o candidato da Frente de Esquerda conseguirá atingir um percentual capaz de ameaçar o primeiro colocado e esse motivo é mais do que suficiente para que os jarbistas entrem no clima de festa, acabando com as reclamações, a marca registrada do Palácio do Campo das Princesas nesses quatro anos de Governo. Se a performance de Jarbas Vasconcelos ajudará a eleger os dois candidatos ao Senado da coligação governista, não se sabe ainda. Marco Maciel lidera as pesquisas seguida de Carlos Wilson (PTB), enquanto Sérgio Guerra é o terceiro colocado. Mesmo assim o tempo é de comemoração na União por Pernambuco.

Todo cuidado é pouco, hoje, sexta-feira 13. Como esse é o número do PT, a data será comemorada com o show Juventude Marcando o 13, a partir das 18h, no Marco Zero, com as bandas que apóiam Luiz Inácio Lula da Silva e Humberto Costa

Militância
Os militantes de José Serra (PSDB) prometem fazer o maior auê na abertura da Vaquejada de Surubim, hoje à noite. Também na feira de Vertentes, amanhã e em Surubim, no comício de Jarbas Vasconcelos no município.

Jangada
Pedro Eurico (PSDB) faz propaganda na vela de uma jangada que navega no rio Capibaribe pelo Centro. Dependendo da maré, o nome dele aparece na rua da Aurora, Cais de Santa Rita ou perto da PCR. Uma boa idéia, essa do deputado, em busca de votos para se reeleger.

Amigos
Os amigos de Augustinho Rufino, do PSDC (foto), promovem festa, hoje, no Atlético Clube de Amadores, para reforçar a campanha do deputado por um novo mandato na Assembléia. Às 20h, na Estrada dos Remédios, 669, Afogados.
< BR>Espaço 1
Armando Monteiro Neto (PMDB-PE) não gostou da nota publicada aqui dizendo ele perderia espaço no meio empresarial se Sérgio Guerra (PSDB) ganhasse a eleição para o Senado, porque os dois disputam prestígio no mesmo segmento.

Espaço 2
O deputado explica que seu espaço entre os empresários "independe, totalmente, do resultado da eleição do Senado e até mesmo da circunstância de ser detentor de um mandato parlamentar".

Espaço 3
E que ele decorre "da minha origem empresarial, da longa militância na vida sindical, da passagem pela presidência da Fiepe robustecida com minha eleição para presidência da CNI". Vaidoso, o deputado.

Explicação
A secretária de Saúde de Camaragibe, Reneide Muniz, informa que a vice-prefeita Nadegi Queiroz é medica credenciada e continua trabalhando no Hospital Geral do município. E que a Clínica Santa Maria foi descredenciada por erro técnico, não por questões políticas como ela insinuou.

Sujeira
Manoel Sátiro (PDT) solicitou ao TRE a retirada das pichações políticas do Sítio Histórico de Olinda e o Tribunal deu o prazo de 48 para que os 33 candidatos limpassem a sujeira que fizeram. O vereador fez muito bem.

Estrada
Joel de Holanda, do PFL (foto), coloca o pé na estrada nesse final de semana e visita Pesqueira, Arcoverde, Buíque e Venturosa, em busca de votos para permanecer na Câmara Federal. Campanha suada, essa.


Editorial

ATOS DE TRUCULÊNCIA

A ousadia do tráfico e do crime organizado atinge níveis assustadores. A rebelião comandada por Fernandinho Beira-Mar em Bangu 1 constitui mais um exemplo. No confronto, duas facções do crime organizado. De um lado, integrantes do Comando Vermelho. De outro, do Terceiro Comando. Dois agentes penitenciários e seis trabalhadores de uma obra foram feitos reféns pelos bandidos. Várias mortes ensangüentaram as dependências do presídio de segurança máxima do Rio.

Outro espetáculo também espalhou terror pela antiga capital do Brasil. Policiais militares e traficantes do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, enfrentaram-se com assustadora violência. Em protesto contra a morte de dois bandidos, traficantes armados acompanhados de moradores da favela desceram o morro e levaram pânico ao asfalto. Incendiaram dois ônibus, apedrejaram lojas e carros, deram tiros para o alto e explodiram uma granada. O comércio fechou as portas. Os moradores, assustados, refugiaram-se em abrigos mais próximos. Temiam ser atingidos porbalas perdidas.

Casos de violência desse tipo multiplicam-se com crescente freqüência. Raro é o dia em que os cariocas não presenciam atos de truculência que lhes põem em risco a própria vida e a dos familiares. Ir ao supermercado, levar os filhos à escola, parar no sinal de trânsito deixaram de ser ações corriqueiras. Na guerra civil em que se transformou a vida no Rio, tornaram-se condutas temerárias cujo desfecho a todos assusta.

Cresce na população a consciência de que está perdendo a guerra contra o crime. A desesperança procede. Os bandidos movimentam enormes somas. São os grandes empregadores dos morros. Dispõem de armamentos modernos, sofisticada tecnologia de informação e conivência de autoridades corruptas. Controlam não só as bocas-de-fumo, mas também a comunidade e seu entorno. Determinam se o comércio deve ou não funcionar, se as escolas devem ou não abrir, se os ônibus devem ou não circular.

O envolvimento da polícia com os marginais preocupa e assusta. A entrada de celulares e armas emum presídio de segurança máxima é prova da parceria entre o aparato de segurança e os fora-da-lei. Não se distingue, hoje, o mocinho do bandido. A promiscuidade torna o cidadão indefeso e suspicaz. O Estado precisa reconquistar a confiança perdida. Só assim a população terá condições de se aliar a ele no combate aos Fernandinhos Beira-Mar.


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09/13/2002


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