Comissão analisa ação contra Olívio









Comissão analisa ação contra Olívio
A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul terá uma subcomissão especial para tratar exclusivamente da abertura de processo por crime de responsabilidade contra o governador do Estado, Olívio Dutra (PT).
Com isso, o deputado Jair Foscarini (PMDB), que assume hoje o posto de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, pretende acelerar a abertura de processo ainda neste ano.

O processo por crime de responsabilidade é uma das consequências da CPI da Segurança Pública, que investigou, de abril a novembro, suposta conexão do governo gaúcho e do PT com o jogo do bicho por intermédio do Clube de Seguros da Cidadania, que arrecadava fundos para o partido.

Em fita gravada clandestinamente, o presidente do Clube de Seguros da Cidadania aparece pedindo ao então chefe de polícia, Luiz Fernando Tubino, para amenizar a repressão ao jogo do bicho. Oliveira disse estar falando em nome do governador, o que depois, em depoimento, negou ser verdade.

Olívio Dutra também sempre negou que deu aval para alguém falar em seu nome e que o governo tivesse qualquer ligação com o jogo do bicho.

Integrantes
A subcomissão terá três integrantes -um relator e outros dois deputados, todos destacados da própria Comissão de Constituição e Justiça.

""Se não fizermos isso, nosso trabalho pode se tornar inócuo. A Comissão de Constituição e Justiça tem milhares de pareceres a dar durante o ano. Sem a subcomissão, terminará o mandato do governador e nada será feito", disse Foscarini, que afirmou estar certo da abertura do processo contra Olívio Dutra.

Com a instauração desse processo (depende da aprovação de 7 dos 12 deputados da comissão), pode ser aberto outro, de impeachment do governador -que depende, também, da aprovação de 7 dos 12 deputados e, depois, de votação em plenário.

A possibilidade de a abertura do processo por crime de responsabilidade resultar no impeachment de Olívio, porém, é considerada improvável até pela oposição, apesar de ela ter 43 deputados contra apenas 12 situacionistas.

A questão é meramente política: como Olívio está em fim de mandato, um eventual impeachment poderia ser utilizado pelo PT como forma de fazer do governador uma vítima da oposição.

Sobre outras implicações indicadas pela CPI houve as seguintes consequências: no Ministério Público estadual houve o arquivamento da acusação de improbidade administrativa; o Ministério Público federal pediu abertura de inquérito para investigar a possibilidade de o governador ter praticado o crime de prevaricação; o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) avalia se o governador praticou crime eleitoral.


Jarbas recua e deixa vaga de vice de Serra "aberta" ao PFL
Movimento tático visa dar espaço a articulação com legenda de Roseana

O governador de Pernambuco, o peemedebista Jarbas Vasconcelos, comunicou ontem ao pré-candidato tucano José Serra e à cúpula do PMDB que abre mão de sua candidatura a vice na chapa do PSDB em favor de outro nome do próprio PMDB ou do PFL. Trata-se de um recuo estratégico.

Serra e Jarbas concluíram que o melhor é deixar a vaga de vice em aberto, para manter um poderoso instrumento de negociação com os partidos e dar margem de manobra ao próprio Jarbas para conversar e articular apoios a Serra.

"É importante não agredir o PFL, mantendo uma política de vizinhança e uma porta aberta", disse Jarbas à Folha. Ele continua sendo o vice preferido de Serra, mas foi apontado por influente líder tucano como canal privilegiado entre a candidatura tucana e o partido de Roseana Sarney, que está bem à frente nas pesquisas.
Depois de ter declarado o apoio a Serra, Jarbas perdeu o contato com a governadora do Maranhão, mas não com a cúpula pefelista.

"Se Roseana não quiser conversar, nós podemos conversar com Jorge Bornhausen [presidente do PFL" e com Marco Maciel [pefelista pernambucano e vice-presidente da República"", disse.

No comando da candidatura Serra, já se fala até num nome alternativo para a vaga de vice, no lugar de Jarbas: o do senador Paulo Souto (PFL), ex-governador da Bahia e o mais provável candidato ao governo do Estado.
Seria um "golpe de mestre", porque não só aumentaria o cacife político de Serra na Bahia como, de duas, uma: poderia neutralizar a rejeição do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) a Serra ou facilitar um apoio silencioso e tácito do líder baiano.

A hipótese, porém, é considerada um "balão de ensaio", apenas para testar o pragmatismo do PFL, que em nenhum minuto admitiu abrir mão da candidatura Roseana em favor de Serra.

Outra facilidade para os tucanos com o adiamento estratégico da decisão de Jarbas é iniciar contatos com líderes do PMDB que começam a ficar sem saída na eleição presidencial. Exemplo: o senador Pedro Simon (RS).

Jarbas sugeriu ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e ao líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), que organizassem "uma comissão" para ir a Porto Alegre sondar Simon como um dos vices possíveis de Serra.

Simon se diz candidato a presidente, mas sabe que suas chances de ter a legenda são quase nulas. Ao mesmo tempo, dificilmente apoiaria Roseana, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) ou Ciro Gomes (PPS).

Na opinião das cúpulas do PSDB, do PMDB e do PFL, o ideal seria manter a aliança entre os três partidos governistas.

O problema é estabelecer a favor de quem: Roseana, hoje com mais de 20% nas pesquisas, ou Serra, que teve 7% no último levantamento do Datafolha, mas tem apoio do Planalto?

A necessidade de manter a aliança foi explicada ontem por Jarbas: "A coisa já está difícil com aliança, que dirá sem aliança".

O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), esteve ontem em Brasília, onde se encontraria com o presidente Fernando Henrique Cardoso e provavelmente também com Serra. Ele também se reuniria com o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), que foi convidado para comandar a campanha de Serra e disse que só aceitaria após falar com Tasso.

Serra ligou para Tasso segunda à noite, quando soube que o governador participaria da pré-convenção tucana de domingo, para a qual FHC gravará ou escreverá uma mensagem de apoio a Serra.


Tucano tenta conter "efeito dengue" na campanha
O ministro da Saúde, José Serra (PSDB), encomendou uma pesquisa para avaliar o tamanho do estrago da epidemia de dengue em sua campanha presidencial. Serra está assustado.

O ministro se reuniu ontem em Brasília com Orjan Olsen, ex-diretor do Ibope e pesquisador de sua campanha, a fim de elaborar um levantamento e delinear uma estratégia que minimize danos à sua pré-candidatura.

A dengue está tirando o sono de Serra desde a semana passada, quando ele decidiu reforçar a campanha de publicidade e as medidas de combate à doença no Rio de Janeiro, em Goiás e em Mato Grosso do Sul.

O Rio desperta atenção especial por ser o terceiro maior colégio eleitoral do país e reduto de dois adversários -o governador e presidenciável Anthony Garotinho (PSB) e o prefeito da capital, Cesar Maia (PFL), um dos articuladores da pré-candidatura de Roseana Sarney (PFL-MA).

O ministro chegou a pensar em adiar a saída do ministério, prevista para amanhã, a fim de não parecer que está fugindo do problema. Desistiu diante do diagnóstico técnico de que só em maio, com o fim do calor, é que diminuirão os casos da doença.

Na semana da volta ao Senado e da pré-convenção do PSDB, que ocorrerá no domingo, Serra prepara um balanço de sua gestão, destacando o que considera feitos que renderão votos, mas a dengue pode eclipsar esse objetivo.

"Presidengue"
Serra está incomodado com a tentativa de adversários, como Garotinho, de carimbá-lo com a dengue. A Folha apurou que Serra teme que colem bordões como o "candidato a presidengue".

Nos últimos dois dias, o ministro fez várias reuniões sobre dengue. Anteontem decidiu apelar para a Marinha e o Exército para o combate ao mosquito que transmite a doença.

Ontem, Serra recebeu o secretário da Saúde da Prefeitura do Rio, Ronaldo Cezar Coelho, tucano que integra a equipe do pefelista Maia. O ministro discutiu o que poderia fazer para combater a dengue e evitar desgaste político no Rio, Estado que responde pela metade dos casos da doença.

Dados da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) mostram que em um mês, janeiro, a dengue matou pelo menos 25 pessoas. Durante o ano passado, a versão mais grave da doença, a hemorrágica, tirou 28 vidas.
No momento em que tenta crescer nas pesquisas para fechar alianças e mostrar capacidade de superar Roseana, Serra teme que a dengue crie uma barreira nacional. Ele já tem dificuldade no Nordeste. Daí o interesse em se aliar ao PMDB.

Além do terceiro maior tempo de TV, o PMDB tem inserção na região onde Roseana é a governista mais bem votada.


Roseana faz convênio com Ipea para medir a fome no Maranhão
Governadora se reúne no Rio com diretor do instituto, que anuncia parceria com Estado no valor de R$ 120 mil

O diretor de Estudos Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ricardo Paes de Barros, disse ontem que o instituto vai supervisionar um estudo para medir, entre outros indicadores, a fome no Maranhão, governado por Roseana Sarney.

A PPV (Pesquisa sobre Padrões de Vida) analisa a dieta e os padrões de peso e altura para saber a situação nutricional da população. O estudo será financiado pelo governo maranhense e realizado antes da eleição presidencial.

Há dois anos o Ipea, órgão ligado ao Ministério do Planejamento, vem fazendo um diagnóstico da pobreza no Maranhão em parceria com o governo estadual. Segundo Barros, o convênio custou cerca de R$ 120 mil ao Estado.

Anteontem, Roseana declarou: "O Maranhão não tem fome, disso eu tenho certeza. Os indicadores sociais da periferia de São Paulo, de qualquer grande cidade, mostram que a pobreza é maior do que a pobreza do Maranhão". Segundo ela, a economia de subsistência garante a alimentação mínima da população pobre.

Depois de reunião entre técnicos do Ipea e Roseana, Barros disse que o estudo realizado até agora não tem condição de analisar a fome e que espera conseguir melhor análise com a PPV. Ele divulgou dados mostrando que o Maranhão apresenta ainda a mais alta taxa de indigência do Brasil: 33% da população vive com menos de R$ 50 mensais, enquanto, no Nordeste, a taxa é de 30%, e no Brasil cai para 14%.

Tecnicamente, disse ele, não é possível dizer se esses indigentes, apesar da extrema pobreza, estão passando fome, porque podem estar sobrevivendo graças à agricultura de subsistência e à pesca.

O diagnóstico apresentado à governadora diz que o Maranhão conseguiu, em alguns indicadores, uma melhora mais significativa que a média nacional. A renda familiar per capita, segundo o Ipea, subiu 30% no Maranhão de 1993 a 1999. No mesmo período, o indicador subiu 23% na região Nordeste e no Brasil.

Questionado se foi convidado para o comando do programa social de Roseana, Paes de Barros desconversou: "Estou disponível para conversar com qualquer pessoa que venha me pedir sugestões para combater a pobreza no Brasil".

A assessoria de Roseana protegeu ontem a governadora do assédio dos jornalistas. Não divulgou o local da reunião com técnicos do Ipea. Roseana não apareceu para entrevista coletiva ontem e o local onde ela está hospedada no Rio está sendo mantido sob sigilo. Numa reunião anteontem com coordenadores de campanha, Roseana disse que não irá desistir da candidatura e que, quanto mais críticas recebe, mais se sentia motivada. Os pefelistas acreditam em um segundo turno entre Roseana e Anthony Garotinho (PSB).


Brizola tenta atrair Itamar para Ciro e diz que rota do PT é "liberal"
O ex-governador Leonel Brizola, presidente nacional do PDT, promoveu ontem em Belo Horizonte uma nova investida na tentativa de unir em uma mesma candidatura presidencial o ex-ministro Ciro Gomes (PPS) e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), ambos pré-candidatos à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

Brizola e Itamar se reuniram por cerca de uma hora no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, mas não divulgaram acordos definitivos, apenas promessas de conversas futuras.

O pedetista foi um dos que mais defenderam que Itamar ingressasse no PDT e fosse o candidato do partido à Presidência. Como não obteve sucesso, fechou com Ciro Gomes, mas ainda espera o apoio do mineiro.
"Nós já combinamos que vamos sentar na mesa para conversar, o grupo de partidos que está em torno de Ciro Gomes [PPS, PDT e PTB" e ele [Itamar"", disse. O governador não se pronunciou.

A reunião, segundo Brizola, ocorrerá depois que o PMDB definir se terá ou não candidato à Presidência, já que itamaristas e governistas travam um embate sobre a questão.

Caso o ex-presidente consiga se sobrepor à cúpula do partido e se viabilizar como candidato, Brizola tenderia a apoiá-lo e tentaria fazer de Ciro o vice na chapa.

Se os governistas confirmarem o aparente controle sobre a legenda e enterrarem a candidatura própria, Brizola buscaria garantir o apoio de Itamar a Ciro.

O problema é que o governador também é cobiçado pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva, partido do qual Brizola diz estar cada vez mais distante. Em recente reunião em São Paulo, Itamar já teria se compromissado a apoiar o PT caso fosse derrotado pela direção nacional de seu partido.

"O Lula está costeando o alambrado, é muita a sua aproximação com o neoliberalismo. O distanciamento entre nós é cada dia maior", disse Brizola, que, em seguida, explicou o "costeando o alambrado": "É uma expressão gaúcha. Um boi começa a costear o alambrado, vai para lá, vai para cá, bota a cabeça ali, não passa, até que encontra um buraco para passar para o outro lado, que é o que ele [Lula" quer", disse.

O ex-governador se referia aos recentes entendimentos entre o PT e o PL sobre a possibilidade de aliança e o convite público de Lula, provável candidato à Presidência, para que o senador mineiro José Alencar (PL) seja seu vice.

Sobre outro nome da oposição, o do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), Brizola disse acreditar que ele vá desistir da pré-candidatura, pois estaria "isolado".


PT não vence sem aliança, diz Lula
O pré-candidato petista a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a formação de alianças para o partido ganhar as eleições deste ano.

Para Lula, as conversas do PT devem ser com partidos que se opõem ao projeto do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

"O PT quer disputar para ganhar. A maré está favorável para o partido. É preciso saber trabalhar o momento. Juntar forças, preparar o programa e ganhar as eleições", afirmou Lula ao chegar a Brasília ontem.
Para o petista, o principal adversário do PT é o PFL.

À noite, o pré-candidato esteve em um jantar na casa do deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), coordenador político da Igreja Universal do Reino de Deus, para discutir uma aproximação entre PT e PL. Também participaram do encontro os presidentes nacional do PT, José Dirceu, e do PL, Valdemar Costa Neto, além de deputados.

Lula disse que não vê problemas no PL, ao se referir a um possível racha no partido. Segundo ele, "com o PL a conversa é clara", porque o partido é contra as propostas do governo FHC.

"Estamos costurando. Se não der certo, amanhã não podem dizer que foi culpa d o PT", afirmou Lula ao falar sobre a ampliação de alianças.

"O que acho engraçado nessas conversas é que dizem que o PT não se abre, não procura aliados que não sejam de esquerda e não consegue fazer alianças com partidos mais de centro. Quando o PT procura, isso incomoda", disse o pré-candidato petista.


"O Clone exibe personagem com a doença
Na semana em que o ministro da Saúde e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, deixa seu cargo e luta para desvincular sua imagem da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, a novela das oito da Globo, "O Clone", terá uma personagem contaminada pela doença.

A menina Khadija (interpretada por Carla Diaz), que faz parte do núcleo principal da trama -é filha da protagonista, Jade (Giovana Antonelli)-, começa a apresentar sintomas da dengue a partir desta sexta-feira.
A novela já vinha tratando da prevenção à doença em capítulos anteriores e é o programa mais assistido da TV, com médias de 46 pontos no Ibope, o que equivale a cerca de 2,16 milhões de domicílios na Grande São Paulo.

A repercussão da epidemia na mídia -e principalmente num programa de grande audiência como "O Clone"- tem preocupado assessores do ministro, que temem que a dengue se torne um "carimbo na testa" de Serra, prejudicando sua candidatura e manchando a imagem de "melhor ministro da Saúde", uma das bandeiras de sua campanha à Presidência da República.

Além disso, a epidemia pode prejudicar Serra especialmente no Rio de Janeiro, um dos principais colégios eleitorais do país.

Maranhão
Em janeiro, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL à Presidência e governadora do Maranhão, havia usado a novela das oito para promover seu Estado.

Roseana fechou um acordo de merchandising com a Globo, que exibiu imagens de pontos turísticos do Maranhão em uma das principais cenas da trama -quando apareceu pela primeira vez como adulto o clone que dá nome à novela.

Personagens da trama também faziam comentários elogiando o Maranhão. Em troca, o governo do Estado proporcionou à equipe da Globo transporte, alimentação, segurança e liberação dos locais para gravação.
No mesmo período, o piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, uma das principais obras de Anthony Garotinho (PSB), governador do Rio e pré-candidato à Presidência, se tornou assunto recorrente na novela e era frequentado por alguns personagens. A emissora nega que tenha havido acordo de merchandising .

Glória Perez, autora de "O Clone", afirma que a trama não discute questões políticas. "Estou querendo apenas prestar um serviço de utilidade pública dentro das minhas possibilidades. Não tenho o menor interesse nas campanhas [políticas". Estou falando da dengue porque costumo incorporar às minhas novelas o que está acontecendo e sendo vivenciado pelas pessoas", disse.

Recentemente, alguns atores de "O Clone" foram contaminados pela dengue e ficaram impossibilitados de gravar a novela.


Artigos

A potência sem freios
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Duas notícias concomitantes do jornal "The New York Times" revelam uma escalada dos Estados Unidos no seu unilateralismo como polícia do mundo.

A primeira é a decisão de agir em outros países em caso de sequestro de norte-americanos.

Por muito legal que seja a iniciativa, conforme a Folha ouviu de especialistas, fica o risco de que uma ação norte-americana tenha conotações e consequências diferentes, conforme o país palco do sequestro tenha um governo "amigo" ou "hostil".

Se um norte-americano for sequestrado na Venezuela, haverá sempre o risco de os Estados Unidos atuarem de forma a ensaboar ainda mais o já escorregadio terreno em que se move o presidente Hugo Chávez.

Segunda notícia: "O Pentágono planeja divulgar informações, verdadeiras ou não, para as agências de notícias estrangeiras como parte de um novo esforço para influenciar o público e os governos de outros países, disseram oficiais militares" a "The New York Times".

Na verdade, não há grande novidade nisso. Os EUA sempre "plantaram" notícias em alguns jornais, para, por exemplo, desestabilizar governos que não fossem de confiança de Washington. O caso do financiamento da CIA a jornais chilenos para ajudar a derrubar o governo constitucional de Salvador Allende é um clássico.

É, no mínimo, assustadora a disposição de voltar a essa prática nefanda no momento de inédita hegemonia de um só país na cena mundial. Tal como os próprios EUA, o mundo precisa funcionar na base de pesos e contrapesos.

Ou, como escreve até mesmo um incondicional admirador dos EUA, o britânico Chris Patten, uma espécie de ministro europeu do Exterior:
"A lição do 11 de setembro é a de que nós necessitamos tanto da liderança norte-americana como de uma cooperação internacional em escala sem precedentes. É do interesse do mundo, como é do interesse da maior potência mundial, que a liderança seja exercida em parceria".


Colunistas

PAINEL

Dogmas de campanha
Exigências da Igreja Universal para apoiar Lula à Presidência: o PT não pode defender na campanha temas como legalização do aborto, descriminação das drogas e união civil entre pessoas do mesmo sexo -bandeiras de setores do partido.

Para inglês ver
FHC pediu para Tasso Jereissati fazer um discurso pro forma em defesa de José Serra na reunião de domingo do PSDB. Depois, o governador poderá se afastar da campanha. Desde que não se aproxime em demasia de Roseana Sarney (PFL).

Dia seguinte
Serra (PSDB) deixará o governo amanhã, em plena crise da dengue, para se dedicar à campanha. Meses atrás, lembra um adversário, o tucano dizia que as pessoas esperavam dele dedicação ao trabalho na Saúde, e não a "caraminholas eleitorais".

Longe do trabalho
Roseana acertou com o PFL que irá passar uma semana no governo do MA e outra em viagens pelo Brasil, alternadamente, até 4 de abril. Ela resistia à idéia, mas acabou cedendo porque acha que o vice José Reinaldo "pegou o jeito" de governar.

Lei Alckmin
O governo de Roseana (PFL) passou a oferecer recompensa para quem fornecer pistas sobre os autores dos assassinatos e castrações de 21 adolescentes no Maranhão -caso denunciado na OEA. Não foram definidos valores para a oferta.

Missão impossível
Pratini de Moraes (Agricultura) contratou uma empresa especializada para exterminar os ratos que infestam o seu prédio na Esplanada dos Ministérios.

Bancada ampla
Antônio Lavareda (MCI) vai prestar consultoria para Hugo Napoleão (PFL-PI). É o sétimo governo que o sociólogo -colaborador da campanha de Roseana- vai assessorar. Os outros são CE, MA, PE, PA, GO e DF.

Pé na estrada
Ciro Gomes inaugurará hoje em Brasília a nova fase de sua campanha. O presidenciável do PPS participará de uma carreata e visitará a periferia do DF. Aconselhado pelo partido, ele deixará os gabinetes e priorizará o contato com os eleitores.

Entraves regionais
Para ser fechada, a "aliança nacional trabalhista", articulada por PPS, PDT e PTB, enfrenta dificuldades em pelo menos quatro Estados: SP, GO, PR e RN. O PDT não aceita acordo pela metade: quer palanque único em todos os Estados.

Data unificada
Ciro Gomes (PPS), Leonel Brizola (PDT) e José Martinez (PTB) discutirão amanhã, no DF, como vencer as divergências nos Estados. Caso haja acordo, será debatida a realização de uma pré-convenção única para lançar Ciro à Presidência.

Papel passado
O PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) promove amanhã, em São Paulo, um encontro com 30 entidades empresariais para discutir uma forma de exigir publicamente dos candidatos à Presidência um compromisso efetivo com a reforma tributária.

Impasse amazônico
A formação de uma frente de oposição no Amazonas está ameaçada. O ministro tucano Arthur Virgílio (Secretaria Geral) e o ex-prefeito Eduardo Braga (PPS) exigiram a cabeça da chapa na disputa pelo governo, o que fez parar a negociação.

Visita à Folha
Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado do assessor de imprensa Carlos Eduardo Alves, da Máquina da Notícia.

TIROTEIO

Da coordenadora da Cáritas no Maranhão, entidade filantrópica da CNBB, Lucineth Machado, sobre Roseana Sarney (PFL) ter dito que o seu Estado "não tem fome":
- Ela disse isso ou por má-fé ou por completo desconhecimento da realidade do Estado. Um lugar onde eu sei que não tem fome é o palácio da governadora. O povo na roça está é morrendo com a barriga vazia.

CONTRAPONTO

Fome capitalista
O extinto PCB tinha, no início da década de 50, um "aparelho" em um sítio na serra da Mantiqueira, na divisa entre SP e MG.
Lá reunia-se a executiva do partido, então na clandestinidade. O caseiro era militante comunista e seu cão, chamado Rex, alegrava as reuniões.
Em 52, o PCB passou por uma séria crise financeira e não teve mais como pagar o salário do caseiro, que ameaçou pedir demissão. Um dirigente, com forte discurso ideológico, convenceu-o a continuar trabalhando de graça. Meses depois, os comunistas voltaram ao "aparelho". Ao encontrar os camaradas, o caseiro foi logo desabafando:
- Foi um período desgraçado, tive de me virar como bóia-fria, mas consegui sobreviver graças à firmeza ideológica.
- E o Rex, por onde anda? - perguntou um dirigente.
- O Rex não teve tanta firmeza ideológica. Morreu de fome.


Editorial

A DENGUE NO PAÍS

Encerradas as férias escolares e passado o Carnaval, a epidemia de dengue que castiga o Brasil deve entrar numa nova fase.

Pessoas que estiveram em lugares onde há muitos casos da doença voltam para suas casas, onde podem desenvolver a moléstia. O período de incubação é de 3 a 15 dias. Se houver focos do Aedes aegypti na região em que habitam, o mosquito que as picar torna-se, depois de uma incubação de 8 a 12 dias, vetor, transmitindo a patologia para outros indivíduos de cujo sangue se alimente. Cidades como São Paulo, onde o A. aegypti é endêmico, e que recebem de volta um amplo contingente de moradores que estiveram fora da cidade, devem ser especialmente afetadas.

Ganha relevância aqui o grave problema da subnotificação. Pelo menos em tese, a correta comunicação dos casos suspeitos à vigilância epidemiológica permite um combate mais inteligente à moléstia.

De posse de informações, autoridades sanitárias podem procurar pelos focos do A. aegypti na área em que o paciente habita/frequenta e os destruir, evitando novas contaminações. Como um rápido aumento no número de suspeitas numa dada região permite antecipar novos casos da doença, informação acurada também é fundamental para emitir alertas e preparar a rede hospitalar, num esforço que pode diminuir a taxa de óbitos pela dengue hemorrágica.

Surpreendentemente, porém, médicos e serviços de saúde deixam de comunicar suas suspeitas aos órgãos competentes. Na grande epidemia de 1991, foram notificados 86 mil casos no Estado do Rio de Janeiro. Estudos posteriores mostraram que o número real chegou a 1 milhão.

A dengue é um problema extremamente sério de saúde pública. Autoridades de todos os níveis e regiões já cometeram erros graves que permitiram que a epidemia tomasse as dimensões que tomou. É preciso agora minorar danos. E nunca é demais lembrar que a presença do A. aegypti também possibilita a reurbanização da febre amarela. O seu retorno é apenas uma questão de tempo.


Topo da página



02/20/2002


Artigos Relacionados


Vieira protocola ação no STF contra governador Olívio Dutra

Covatti ingressa com ação popular contra o governo Olívio

Comissão de Constituição e Justiça analisa pedido de impeachment de Olívio Dutra

Aliado de Olívio confirma ação em favor de bicheiros

CCJ analisa parecer sobre impeachment de Olívio

Comissão de Inteligência analisa suspeita de espionagem contra Antero