Comoção e polêmica na aprovação do relatório final da CPI da Exploração Sexual



A comoção marcou a sessão em que foi aprovado o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual. De um lado, a relatora, deputada Maria do Rosário (PT-RS), defendia o acolhimento integral do documento, que recomenda o indiciamento de cerca de 250 suspeitos de envolvimento com a exploração sexual de crianças e adolescentes. Do outro, o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) solicitava a retirada do nome do vice-governador do Amazonas, Omar Aziz, da relação de possíveis indiciados.

A polêmica em torno do assunto foi suscitada com a apresentação de requerimento de destaque para votação em separado por Arthur Virgílio. Na justificativa, o senador tucano argumentava que o nome de Omar Aziz foi incluído no relatório final da CPI da Exploração Sexual “com base em indícios minimamente confiáveis”. Outro argumento invocado foi a “inexistência de provas consistentes” a fundamentar o pedido de indiciamento.

- Esse trabalho é meritório, é nojenta a exploração sexual, mas não precisa dilacerar uma vida política e familiar para chegar a um resultado – declarou. Ao destacar ser adversário político de Aziz, o parlamentar disse que não assumiria sua defesa se “não tivesse a convicção de estar com a verdade”. Segundo Arthur Virgílio, os depoimentos prestados contra o vice-governador são contraditórios, observando ainda que, na data do crime a ele atribuído, que teria sido praticado, na verdade, por um familiar, Aziz estava na UTI com sua filha.

Após admitir as pressões “terríveis” sofridas neste caso, Maria do Rosário declarou sua convicção em torno das denúncias contra Omar Aziz e a decisão de recomendar seu indiciamento.
- Minha convicção vem das palavras da menina (a vítima), que olhou nos meus olhos e disse que afirmava na cara dele que era ele (o autor da exploração sexual) - comentou. Ainda de acordo com Maria do Rosário, a mãe da adolescente endossou a acusação contra o vice-governador, que também teria pressionado e destratado a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Graça Silva, durante depoimento prestado à CPI.

Por falta de quorum, a votação do destaque de Arthur Virgílio foi adiada para a próxima terça-feira (13), a partir das 10h. Também deve ser examinado outro destaque, oferecido pela deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), que propõe o encaminhamento do relatório ao Ministério Público e às autoridades competentes, e não a simples sugestão de indiciamento dos suspeitos, como consta do texto aprovado.



08/07/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI da Exploração Sexual deverá entregar relatório final em maio

CPI da Exploração Sexual: trabalho continua mesmo depois do relatório final

Relatório da CPI da Exploração Sexual denuncia 250 suspeitos

Manifesto contra a exploração sexual de crianças e adolescentes na final do Carioca

Polêmica marca aprovação do relatório da MP da Lei da Seca

Vice-governador é retirado de relatório sobre exploração sexual