Conselho de Ética decide se ouve procuradores em sessão secreta



O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado reúne-se na próxima terça-feira (dia 27), às 17h, para decidir se os procuradores da República Guilherme Schelb e Eliana Torelly vão prestar novo depoimento ao colegiado, desta vez em sessão secreta. A proposta foi objeto de requerimento do senador Paulo Souto (PFL-BA) e resultou na suspensão do depoimento sigiloso dos procuradores, previsto para esta quarta-feira (dia 21).

O presidente do colegiado, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), já manifestou sua opinião de que são suficientes os esclarecimentos prestados por Guilherme Schelb e Eliana Torelly na quarta-feira passada (dia 14), quando também foram ouvidos o procurador da República Luiz Francisco de Souza e três jornalistas da revista IstoÉ. Esses depoimentos foram tomados para instruir a investigação requerida pelas oposições sobre a conversa que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) teve com os três procuradores. Na conversa, publicada pela IstoÉ, Antonio Carlos teria dito que possuía uma lista dos senadores que, em sessão secreta, votaram contra e a favor da cassação do senador Luiz Estevão.

Tebet vai aproveitar a reunião da terça-feira para anunciar o nome do relator do processo que investiga a suposta fraude no painel eletrônico de votação da Casa e possível quebra do decoro parlamentar.

- Sou muito exigente e estou trabalhando para escolher uma pessoa que atenda às particularidades do caso - declarou o presidente, que disse estar evitando envolver questões partidárias nessa indicação.

Mesmo que o laudo dos técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp), esperado para esta sexta-feira (dia 23), constate não ter havido manipulação do painel de votações, o Conselho de Ética, na avaliação de Tebet, não perde o seu objeto de apuração. Segundo observou o presidente, alguém com senha de acesso ao sistema pode ter obtido informações sigilosas e, depois, tentado apagar os vestígios da violação, prática que teria de ser apurada por uma investigação policial. A expectativa em torno do parecer da Unicamp levou o senador Romeu Tuma (PFL-SP), corregedor do Senado, a apresentar requerimento pedindo o adiamento do depoimento secreto dos procuradores.

Também na reunião da próxima terça-feira, o Conselho de Ética deve deliberar sobre requerimento do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que pede a convocação do jornalista Fernando César Mesquita, ex-diretor da Secretaria de Comunicação do Senado. Mesquita é apontado como autor de declarações aos procuradores de que foi o responsável pelo vazamento de informações à imprensa sobre dados relativos ao sigilo fiscal e telefônico de Luiz Estevão.

Outros requerimentos devem ser formalizados no âmbito do Conselho de Ética. na próxima semana. Enquanto os senadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Pedro Simon (PMDB-RS) devem pleitear a contratação de novo trabalho de degravação da fita com a conversa do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e os três procuradores da República, o senador Roberto Freire (PPS-PE) deve propor a convocação de depoimento de jornalista da Folha de São Paulo que, em reportagem, teria levantado suspeita de participação de funcionários do Prodasen na suposta violação do painel eletrônico.

21/03/2001

Agência Senado


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