Considerar China economia de mercado prejudica o Brasil, diz Arthur Virgílio
Em discurso no Plenário nesta quarta-feira (17), o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou que o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter prometido reconhecer a China como economia de mercado junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) pode ser considerado "um crime de lesa-pátria".
- Não é um gesto de boa vontade. Tem implicações econômicas graves. Quando o Brasil trabalhava números para basear suas exportações em relação à China usava como base os preços da Indonésia, um país de livre mercado. Agora, com esse acordo, terá que tomar como base o mercado doméstico chinês, onde os preços são subsidiados - afirmou.
Com essa mudança, acredita Virgílio, fica aberta "a porta para a China entupir o Brasil de muamba de baixa qualidade". Arthur Virgílio acredita que ao reconhecer aquele país como economia de mercado Lula criará "10 milhões de empregos na China, não no Brasil".
Virgílio considera a política externa brasileira infantil. Na opinião do senador do Amazonas o Brasil teria que lutar para recriar o multilateralismo no mundo e não apenas para conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil deveria também lutar para que nenhum país tivesse direito a vetos no Conselho de Segurança da ONU. "Os EUA invadiram o Iraque quando quiseram", destacou.
- Anseio por mais negócios com a China, mas quero com mão dupla. Quero gerar empregos aqui - disse.
Respeito à oposição
Virgílio pediu que o governo tenha mais respeito com os senadores de oposição. Destacou que o senador Leonel Pavan (PSDB-SC) não pode ser chamado "senador da bengala". Virgílio afirmou que o fato de o senador Pavan ter sido chamado assim configura preconceito e que o caso poderia até ser levado ao Conselho de Ética e disse que nenhum senador pode ser discriminado por qualquer característica física.
- É um senador que representa o povo de Santa Catarina, não pode ser atacado pelo que seria um defeito físico - disse.
Arthur Virgílio afirmou que ou o governo retoma o respeito à oposição ou as votações na Casa serão prejudicadas.
- Não queremos cargo, dinheiro, comissões, vantagens. Queremos apenas respeito ao país e às nossas figuras - disse.
Em aparte, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que a afirmação sobre Pavan foi feita por ela dentro de um contexto e que a questão pode ser esclarecida na Corregedoria do Senado, mas pediu que não seja discutida tomando tempo de votação de matérias importantes, como a reforma do Judiciário.
17/11/2004
Agência Senado
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