Contabilidade da CBF é irregular, diz Geraldo Althoff
Geraldo Althoff, relator da CPI, inquiriu Ferreira depois de tomar conhecimento dos resultados de uma auditoria realizada na CBF pela firma KPMG. A investigação contábil revelou que uma empresa prestadora de serviços, a SBTR, era a responsável pela emissão de faturas utilizadas pela comissão, sem, entretanto, discriminar as despesas. Althoff informou que de 1998 a 2000, a SBTR recebeu pelos serviços prestados cerca de R$ 31 milhões, e que, durante o período, realizou apenas lançamentos "genéricos", sem validade fiscal, portanto, em nome da CBF.
Em resposta, o contador da CBF, Oswaldo Ferreira, reconheceu que os lançamentos realmente não seguem a boa técnica contábil. Ele informou que as faturas da SBTR, para serem legais, teriam que vir acompanhadas de documentos comprovando as despesas pagas, devidamente discriminadas. O contador também estranhou que a CBF tenha pago, na forma de "auxílio hospitalar", as despesas de internação e tratamento médico do presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, no valor de R$ 17 mil.
- Isso não é comum - admitiu Ferreira.
O contador da CBF não soube explicar as contas do Campeonato Mundial de Clubes de 2000, organizado pela Fifa e realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. É que houve uma diferença de R$ 4.571 milhões entre as despesas oficiais (R$ 12.642 milhões) e as despesas contabilizadas pela CBF (R$ 17.213 milhões). Essa diferença, segundo o relator, foi destinada a pagamentos de empresas que têm "um forte vínculo" com a Confederação Brasileira de Futebol, mas sem registro na contabilidade da entidade. Entre as empresas beneficiadas estão a SBTR, a Planeta Brasil e a Planeta Brasil Incoming.
- Os fatos comprovam que a contabilidade da CBF é uma farsa e tem por objetivo esconder desvios de recursos - acusou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR).O relator da CPI, Geraldo Althoff, chamou a atenção para a possibilidade de que as informações recebidas pelo contador "poderiam estar sempre manipuladas". Isso, a seu ver, mostra o desmando e a desorganização da confederação, e reforça as suspeitas de apropriação indébita por parte de dirigentes da entidade.
RELATÓRIO FINAL
Com o depoimento de Oswaldo Ferreira, a CPI encerrou a fase das audiências públicas. Nas próximas semanas, dois empresários ligados ao futebol, Reinaldo Pita e Francisco Monteiro, irão prestar depoimentos à Polícia Federal. O que disserem na PF constará do relatório final, a ser elaborado por Althoff.
No dia 4 de dezembro, a CPI reúne-se novamente para discutir e votar o relatório final. No dia 5, a comissão vota as propostas que serão apresentadas visando a modernizar e alterar a atual estrutura do futebol brasileiro.
Todas as propostas, de acordo com a assessoria da comissão, serão inseridas num projeto de lei a ser apresentado até o dia 15 de dezembro, data em que o Congresso Nacional entra em recesso. O projeto irá propor mudanças na atual legislação que rege o futebol, incorporando sugestões de representantes do Ministério da Educação, do Clube dos Treze e da Associação dos Atletas Profissionais. Durante um ano, a CPI colheu cerca de 50 depoimentos de dirigentes de clubes, de federações, jogadores, ex-jogadores, comentaristas esportivos e outras pessoas ligadas ao futebol.
08/11/2001
Agência Senado
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