Controle da inflação não reduziu desigualdades sociais, afirma Suplicy



Apesar de reconhecer o mérito do Plano Real de estancar o processo inflacionário, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que, mesmo com a implantação da nova moeda, em julho de 1994, as desigualdades sociais não foram atenuadas. Outro fator negativo para a economia nacional pós-Real, na visão de Suplicy, foi o aumento da vulnerabilidade das contas do setor público, com a elevação da dívida pública.

- A estabilização de preços foi uma grande conquista para todos, estancando o processo inflacionário que prejudicava principalmente os mais pobres. No entanto, o Plano Real não orientou a economia brasileira para uma trajetória virtuosa de crescimento econômico com equidade social - analisou Suplicy.

Segundo o senador, a relação da dívida líquida do setor público com o Produto Interno Bruto saltou de 28%, em dezembro de 1994, para 56%, em maio de 2002. A dívida externa, continuou, apresentou um crescimento de 41,5% entre 1994 e 2001. Suplicy entende que os desequilíbrios das finanças nacionais pode ser observado na persistência de altas taxas de juros pelo Banco Central, o que inibe investimentos no setor produtivo e o aumento da oferta de emprego.

Para sustentar sua avaliação, o senador apresentou dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) que apontam a elevação do desemprego na Grande São Paulo de 16,1% em abril de 1993 para 20,4% em abril de 2002. Munido de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o senador informou também que o desemprego nas seis principais regiões metropolitanas cresceu de 6,6% para 8,2% nesse período.

- Se a inflação continha um aspecto perverso que contribuía severamente para prejudicar os mais pobres, as taxas de juro altas e o endividamento crescente também têm conseqüências danosas para os mais destituídos. O poder de barganha dos trabalhadores ao negociarem ajustes de salários diminuiu. Os detentores de títulos da dívida pública estão dentre os segmentos de maior patrimônio no país - identificou.

Diante desse cenário e com a perspectiva das eleições de outubro próximo, Suplicy afirma acreditar que o desafio do próximo governo será compatibilizar o crescimento econômico com a elevação do nível de emprego e a melhoria da distribuição da renda e da riqueza nacional.



11/07/2002

Agência Senado


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