PARA SUPLICY, PROER AGRAVOU DESIGUALDADES SOCIAIS



Ao comentar os lucros, em sua opinião exorbitantes, obtidos por bancos estrangeiros durante a desvalorização cambial em janeiro último, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou nesta quinta-feira (dia 15) a adoção do Programa de Reestruturação do Sistema Bancário (Proer). Para ele, não se justifica "a injeção de algumas dezenas de bilhões de reais para que instituições financeiras no vermelho pudessem ser adquiridas por outros bancos, enquanto aumentam os níveis de desemprego e se impõe aos aposentados a contribuição previdenciária". Suplicy pediu ao presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que fizesse uma avaliação dos efeitos concentradores de renda da política econômica do governo.Na opinião do presidente do BC, não há contradição entre o Proer e a necessidade de melhorar a distribuição de renda no país. "O Proer significou a melhor maneira de buscarmos soluções para os problemas do momento. O programa não contribuiu para agravar a concentração de renda, nem subsidiou a compra de bancos", argumentou.Suplicy também pediu informações sobre o programa de "Meta Zero", anunciado pela diretoria do BC, e que consiste em eliminar riscos de quebra de instituições bancárias. Ele teme que o governo acabe destinando mais dinheiro aos bancos em situação difícil. A pergunta foi respondida pelo diretor de Fiscalização, Luiz Carlos Alvarez. Ele garantiu que a intenção do BC é interferir no mercado antes que ocorram as quebras. "A regulamentação melhorou e hoje temos condições de propor a um banqueiro que venda seu banco. A fiscalização deve detectar casos que se encaminham para situação de risco", explicou.O senador petista pediu explicações sobre o sistema Anexo IV que permite a remessa de recursos para o exterior sem identificação. Armínio Fraga explicou que o sistema foi criado em 1991, quando ele comandava a área externa do BC, durante o governo Fernando Collor. Fraga argumentou que a remessa é feita através de instituições financeiras credenciadas, "pressupondo que se conheça o cliente". No entanto, admitiu, "isso nem sempre é garantido".

15/04/1999

Agência Senado


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