Conveniência eleitoral opõe partidos









Conveniência eleitoral opõe partidos
Aliança entre PT e PL acirra ânimos nas bancadas. Garotinho prefere a companhia das pequenas legendas

Brasília - Eles querem marchar juntos nas eleições presidenciais de outubro. Liberais e petistas, contudo, não se entendem. A perspectiva da união entre Luiz Inácio Lula da Silva e o senador mineiro José Alencar divide as bancadas dos dois partidos na Câmara. O clima esquentou depois das declarações do deputado Milton Temer (RJ), que condenou a aliança em entrevista ao JORNAL DO BRASIL. Comparou-a a um casamento entre ''cavalo e vaca: não dá leite, nem puxa carroça''.

Lula reagiu. Chegou ontem a Brasília para um jantar com o deputado Bispo Rodrigues (RJ) e a cúpula do PL. Irritado, defendeu o acordo eleitoral. ''Se o Brasil inteiro pensasse como o Milton Temer, o PT nacional estaria numa situação tão delicada como a do PT do Rio após as últimas eleições: reduzido a nada'', disse Lula. O candidato do PT à Presidência rejeitou a idéia defendida por Temer de que a aliança com o PL assemelha-se à associação entre PSDB e PFL, que elegeu fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.

A bancada do PT, de 60 deputados, tinha reunião marcada para a aleição do novo líder, o paulista João Paulo Cunha. Temer ouviu palavras de solidariedade, mas a maioria votou com João Paulo, um defensor da união com o PL. ''Para vencer a eleição, temos de procurar os partidos que são contra o governo'', justificou João Paulo. ''E o PL é um deles.'' Solidário com Temer, Avenzoar Arruda, da Paraíba, acha que a aliança desmotiva os militantes. ''Pode tirar votos da própria esquerda'', observou.

O presidente do PT, José Dirceu (SP), interpretou a eleição do novo líder como sinal verde para o entendimento com o PL. Dirceu acusou Temer de ''sectarismo'' ao tentar desqualificar as negociações. O mineiro Paulo Delgado concorda. Citado na entrevista de Temer como um dos artífices da nova face do PT, mais light, Delgado defendeu o pacto com os liberais e preferiu responder ao colega de partido por meio de uma carta (leia nesta página).

A situação não é menos tensa no PL. Cortejado por Lula para compor a chapa como vice, José de Alencar condenou integrantes do PL, ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, que pediram moderação no discurso petista de campanha. ''Nada disso. Quero ser a esquerda de Lula. Minha bandeira é a alternância do poder, é oxigenar a máquina administrativa'', disse o senador ao JB. Alencar só confirma em maio se aceita ou não o convite de Lula.

O discurso afinado de Alencar, no entanto, está longe de unificar a bancada do PL. Dos 24 deputados liberais, os seis que pertencem à Igreja Universal preferem uma coligação com o governador do Rio, Anthony Garotinho, do PSB, também evangélico. ''Para o partido é mais fácil caminhar com ele. Temos muitos problemas de palanques com o PT'', admite o coordenador político da Universal, deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ).


Violência aumenta no Rio de Janeiro
Estudo mostra que maior parte dos índices de criminalidade cresceu entre 1998 e 2001 e contraria dados do Estado

O Rio está mais violento. Esta a conclusão de estudo do delegado Vinícius George sobre a evolução da criminalidade no Estado entre 1999 e 2001, obtido pelo Jornal do Brasil. Ao contrário do que apregoa o governo estadual, a análise do policial, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública, revela que os índices de crimes pioraram nos últimos quatro anos. Vinícius integra a safra de delegados jovens prestigiados na gestão do hoje deputado Hélio Luz (PT) à frente da Polícia Civil. Chefiou a Operações da Delegacia Anti-Seqüestro e hoje é assessor do ex-chefe na Assembléia Legislativa. O minucioso levantamento do policial contradiz o discurso do governador Anthony Garotinho para quem os indicadores de violência no Estado melhoraram. ''Garotinho escolhe cuidadosamente o que comparar, e em que períodos, para chegar a resultados que o favoreçam'', afirma o delegado.

O assessor de imprensa da Secretaria de Segurança, Renato Homem, seguiu o conselho do delegado. Observou que na maioria dos casos não havia diferença, ou não era relevante. O assessor notou, contudo, que dois tipos de crimes, cuja incidência diminuiu ''estupro e roubo a instituições financeiras'', não foram tratados no estudo. Os estupros caíram de 1.493 em 1998 para 1.364 (queda de 9%) e os roubos a instituições financeiras passaram de 351 para 163 (menos 53%). Para evitar ''contestação'', Vinícius se baseou em dados oficiais. ''Quem comparar os números de 1998, o último ano antes de Garotinho, com os de 2001 verá que quase todos os indicadores pioraram'', garante.

Homicídios dolosos - Vinham em queda desde 1995. Em 1998 foram 5.741. Em 2001, chegaram a 5.877. O assessor da secretaria forneceu cifra um pouco menor: 5.850. O crescimento não foi significativo, mas é inegável que, no atual governo, a tendência de queda da quantidade de homicídios se inverteu. Estatísticas sobre homicídios dolosos não são confiáveis, observa o delegado Vinícius George. Deixam de fora os latrocínios (quando o roubo leva à morte da vítima), truque contábil adotado antes da atual gestão. Também em outra rubrica são incluídas nas estatísticas oficiais os •encontros de cadáveres–. Muitos dos corpos aparecem crivados de balas ou esfaqueados ou com marcas que comprovam a ocorrência de homicídio.

Latrocínios - O estudo do assessor do deputado Hélio Luz mostra que foram 130 casos em 1998. Em 2001 chegaram a 192. O aumento de 47% faz piscar o sinal de alerta às autoridades estaduais.

Desaparecimentos - Esse tipo de ocorrência •é mais grave do que parece, porque boa parte dos casos é de pessoas assassinadas e cujos corpos não foram encontrados–, observa Vinícius. Como não há cadáver, o caso não é registrado como homicídio. Em 1998 houve 3.193 desaparecimentos. Em 2001, 3.872. O crescimento ficou em 21%.

Extorsão mediante seqüestro - As estatísticas favorecem o governo estadual, especialmente quando se compara dados de 1995, quando as ocorrências de seqüestro integravam a rotina no Estado. Naquele ano, foram 122 casos. Em 2001, apenas oito, queda de 94%. Em 1996, chegaram a 65. Um ano depois, baixaram para 59. Despencaram para 18 em 1998 e a mesma quantidade foi anotada em 1999. Um ano depois somaram cinco. Entre 1998 e 2001, a baixa estatística ficou em 65%.

A queda significativa acompanha os investimentos feitos na Delegacia Anti-Seqüestro a partir de 1995, observa o delegado Vinícius George. •Além disso, foi desmantelado um esquema de cumplicidade de policiais com seqüestradores.– O fim desta conspícua relação, lembra Vinícius, inspirou a famosa frase do então secretário e hoje deputado Hélio Luz à epóca: •A partir de agora a DAS não seqüestra mais.

Seqüestros-relâmpagos - Por ser um tipo de crime relativamente novo, não há registros anteriores a julho de 2000. Mas os casos vêm crescendo. De julho a dezembro de 2000 foram 95. Em 2001, 360 foram anotados. Roubos ˜ Em 1998 , registraram-se 43.973 roubos, tipo de crime que pressupõe violência ou intimidação da vítima. Em 2001, chegaram a 55.874, crescimento de 27%.

Roubos de carros - De 21.519 casos em 1998, subiram para 28.092 em 2001. Aumento de 30%. O número apresentado pelo assessor da secretaria foi 25.083. Roubos em residências ˜ Foram 903 em 1998 e 1.423 em 2001. Crescimento de 57%. Roubos em estabelecimentos comerciais ˜ Outro aumento significativo (64%). De 3.964 registros em 1998 houve um salto para 6.497 em 2001. Prisão de traficantes ˜ Caíram. De 4.129 prisões em 1998 houve uma queda para 3.717 em 2001.

Vinícius chama a atenção para outro aspecto que demonstraria a falta de controle sobre a ação policial. Há batalhões da Pol


Artigos Relacionados


Conveniência eleitoral pauta as migrações

PEC tenta quebrar monopólio eleitoral dos partidos

Minirreforma eleitoral também altera Lei dos Partidos Políticos

Partidos tentam definir posição sobre sistema eleitoral

Mozarildo defende reforma na política, nos partidos e na Justiça Eleitoral

CCJ vota sistema eleitoral, financiamento de campanha e funcionamento de partidos